1. Jesus. Vinde a Mim, todos os que padeceis e estais acabrunhados, e Eu vos aliviarei.1
Quem é justo, venha justificar-se ainda mais. Quem é tíbio, venha afervorar-se. Quem é pecador, venha purificar-se e santificar-se.
Ai da fragilidade humana! Qual é o homem que não tenha pecado? Quem disser não ter pecado, ilude a si mesmo, e a verdade não está nele.2
2. Meu filho, se te sentes carregado de pecados ou defeitos, corre ao Meu Coração, onde hás de recuperar liberdade e alento. Não te deixes atemorizar pelo número dos teus males ou pela grandeza da Minha Majestade. Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência.3
Quanto maiores são as misérias a oprimir-te, tanto mais de ti Me compadeço, pois o que está mais enfermo, mais necessita do médico.
Não Me surpreendem tuas misérias, pois conheço teu coração e a frágil matéria de que és feito. Se não caíste em maiores males, principalmente o deves à Minha graça. Admiro-Me, porém, de que, oferecendo-Me Eu a curar-te, não o queiras, ou, se o queres, pareces duvidar da Minha bondade.
Ah, filho! Não faças tão acerba injúria ao Meu Coração, que se compraz em perdoar e não se cansa de fazê-lo.
Vê com que bondade trato os pecadores verdadeiramente arrependidos, a ponto de ser chamado Amigo dos pecadores!
3. Onde está o coração capaz de amar como o Meu Coração? Não há maior caridade do que dar a vida por seus amigos; Eu, porém, o Filho de Deus, excedi essa caridade, pois dei a vida por Meus inimigos.
Quem jamais foi o primeiro a amar-Me? Quem Me consagrou seus afetos, sem haver antes experimentado os efeitos da Minha dileção?
4. Sendo mui numerosos os que perdem a inocência antes de conhecê-la claramente ou apreciar-lhe o valor, a grande glória do Meu Coração consiste em triunfar dos seus corações e fazer dos pecadores santos.
Oh! Se conhecesses a caridade do Meu Coração, compreenderias com que ternura ama as almas fiéis e com que suavidade busca os pecadores.
Quem sofre, sem que o Meu Coração se compadeça? Quem peca sem causar-lhe mágoa? Quem se acha enfermo, sem que o Meu Coração lhe dê remédio? Quem é infeliz, sem que o Meu Coração o sinta? Quem há, finalmente, neste mundo que não deva benefícios ao Meu Coração?
5. Sou o Bom Pai que aos filhos gerados na Cruz abraço com o amor deste Coração que lhes permanece aberto, para encontrarem em todo tempo, não um asilo qualquer, porém, o próprio centro das Minhas afeições.
Enquanto dormem, vela o Meu Coração para guardá-los. Quando acordados, cuida da sua conservação.
Tão grande amor arde em Meu peito para com eles, que a cada um amo e acaricio como se fosse o único.
Se algum deles, seduzido pelo Inimigo, de Mim se aparta, doi-Me o Coração como pela morte de um filho único. Com amor acompanho o fugitivo; convido, insisto, prometo. Se, porém, não Me quer ouvir, tenho paciência e, permanecendo à porta do seu coração, bato com frequência.
Finalmente, se decide voltar a Mim, corro-lhe ao encontro para estreitá-lo ao peito, e o Meu Coração exulta por ver junto de si, são e salvo, o filho a quem pranteara como morto.
Cheio de alegria, convido todo o Céu a congratular-se e exultar Comigo.
6. Portanto, se queres confortar o Meu Coração, alegrar o Céu e refrigerar tua alma, volta a Mim de todo o coração.
Quer tenhas graves ou leves pecados, vem ao Meu Coração, onde encontrarás remédio para os teus males.
Confiança, meu filho, não temas. Chamo-te não para exprobrar-te, mas, sim, para apagar as tuas iniquidades.
Vem, filho, vem! Espero-te de braços abertos e com o Coração ardente.
7. Discípulo. Corro a Vós, cheio de confiança, ó dulcíssimo Jesus, animado pela imensa bondade do Vosso Coração.
Ao chegar, clamo, suplicante: “Recebei com clemência o filho pródigo que volta de região longínqua, acabrunhado de pecados e repleto de misérias.
Não sou digno de ser chamado Vosso filho, pois que tão indignamente Vos abandonei e com graves ultrajes Vos afligi.
Pequei contra o Céu e perante Vós. Culpado, não ouso lançar-me nos Vossos braços: eis-me a Vossos pés, prostrado no pó, apelando para o Vosso Coração paterno, para obter o perdão.
Vós me chamastes, quando de Vós fugia, buscastes-me, quando perdido, suportastes os abusos que fiz da Vossa bondade, com admirável doçura me incitastes a converter-me. Agora que volto neste mísero estado, não só me recebeis, mas ainda me acolheis nos Vossos braços. Ó Jesus! Não há pai semelhante a Vós!
Regozijem-se e alegrem-se Comigo todos os Anjos e Santos e juntamente louvem e exaltem para sempre Vossa misericórdia! Eis que agora sou perpetuamente Vosso. Com fidelidade Vos amarei, ó Senhor, e por Vosso amor cumprirei todas as Vossas vontades”.
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Fonte: Rev. Pe. Pedro Arnoudt, S.J., “A Jesus os Corações ou Imitação do Sagrado Coração de Jesus”, 1ª Parte, Cap. X, pp. 51-55; Editora Vozes Ltda, Petrópolis-RJ, 1941.
1. Mt. 11, 28.
2. I Jo. 1, 8.
3. Lc. 5, 32.
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