BLOG CATÓLICO PARA OS CATÓLICOS.

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 26 de outubro de 2025

A INCOMPREENSIBILIDADE E A UNIVERSALIDADE DO AMOR DE DEUS.


A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A SERVIÇO DO CATOLICISMO



AS TEOFANIAS DO AMOR


No princípio o Amor criou…”. (Gên. 1, 1)

No princípio era o Amor”. (Jo. 1, 1)

Na plenitude dos tempos,

Deus enviou o seu Amor…”. (Gál. 4, 4)

Eis que o Amor vem sem demora…

o princípio e o fim…”. (Ap. 22, 12-14)




HINO AO AMOR


O que os Santos Padres da Igreja

comentaram sobre I Cor. 13, 1-13?


Aqui estão alguns dos principais comentários dos Santos Padres da Igreja sobre o capítulo 13 da carta de Paulo de Tarso aos Corinto (1 Cor 13, 1-13) — com foco em sua interpretação da união de fé, esperança e caridade (amor).


São João Crisóstomo (século IV)


Em sua Homilia 32 sobre 1 Coríntios, ele comenta 1 Cor 13, 1-3 e destaca:


“Vês até a que ponto ele primeiramente exalta o dom, e depois o deita por terra?” — referindo-se ao “…falar em línguas dos homens e dos anjos, e não ter amor, sou cobre que soa, ou címbalo que retine. “Ele realça que S. Paulo primeiro amplia ao máximo os dons (línguas, profecia, fé grande) e em seguida afirma que, se não houver amor, mesmo isso se torna ”como cobre que soa” — algo sem fruto.


Paráfrase/Comentário: Crisóstomo comenta os versículos 1-3 de 1 Cor 13 destacando como S. Paulo “eleva ao máximo” os dons — falar em línguas de homens e de anjos, profecia, fé poderosa, dar todos os bens, entregar o corpo — e depois afirma que, se não houver amor, tudo isso “é nada, ou antes um peso e incômodo”. Ele enfatiza: atenção especial ao argumento de S. Paulo que sem amor os maiores dons perdem valor.


Observações úteis para estudo:


  • Crisóstomo destaca que “falar em línguas de anjos” não é literalmente querer que existam línguas angélicas corporais, mas é hipérbole para mostrar o ápice do dom humano.

  • Ele aplica: o verdadeiro critério cristão não é o dom extraordinário, mas o amor concreto para com o próximo.

  • Aplicação comunitária: numa Igreja (como a de Corinto) onde os dons eram valorizados, o predomínio do amor era o teste mais seguro.


Em Homilia 33 sobre 1 Cor 13, 4-8, ele analisa as qualidades do amor (“sofre longamente, é benigno; não possui inveja; não se vangloria…” etc) apontando que essas virtudes curam os males da comunidade: divisão, inveja, vanglória.


Paráfrase/Comentário: Crisóstomo observa que S. Paulo já mostrou que sem amor os dons são inúteis; agora ele apresenta o amor em si — suas qualidades: “sofre longamente, é benigno; não possui inveja; não se vangloria…” (v. 4-7) — uma «imagem pintada» das virtudes do amor. Em v.8 ele afirma que o amor “nunca falha”, que permanece quando profecias, línguas, conhecimento cessarem.


Observações para estudo:


  • A metáfora “coroa no arco” indica que o amor ocupa o lugar de supremacia entre os dons.

  • Crisóstomo aplica isso à vida cristã cotidiana: a virtude do amor é formada por um conjunto de atitudes concretas — paciência, bondade, humildade, pacificação etc.

  • Ele mostra que esta virtude do amor “cura” os males comunitários: inveja, vanglória, divisão, orgulho.


Em Homilia 34 sobre 1 Cor 13, 13, ele comenta:


“Porque a fé e a esperança, quando as boas coisas esperadas vierem, cessam. Mas o amor é então mais elevado e se torna mais veemente”. Ou seja, ele vê que fé e esperança têm um fim quando “o que é perfeito vier”, mas o amor permanece.


Paráfrase/Comentário: Crisóstomo analisa os versículos finais 9-13. Ele entende que “quando o que é perfeito vier” refere-se ao estado em que veremos face a face, conheceremos plenamente — ou seja, ao futuro definitivo. O amor permanece além da fé e da esperança, porque fé e esperança têm seu cumprimento no futuro, mas o amor “permanece”.


Observações para estudo:


  • A distinção “agora vemos em parte… então face a face” (v. 12) é central para a escatologia de Crisóstomo: a vida presente é “em parte”, o estado futuro será “completo”.

  • O amor (caridade) é destacado como “maior que estes” (fé, esperança) porque não apenas participa da escatologia mas já começa a operar aqui e agora.

  • Importante: Crisóstomo aplica ao crente concreto: viver o amor agora para ter posse do reino futuro.


Resumo da leitura de Crisóstomo: S. Paulo ensina que os dons (línguas, profecia, fé, sacrifício) são grandes, mas sem amor perdem o valor. Depois ele pinta a imagem do amor como virtude dinâmica que opera em comunidade. Finalmente, ele coloca o amor como o maior porque permanece além deste mundo.


Santo Agostinho (século IV-V)


Em De Doctrina Christiana (Livro I, cap. 39), comenta 1 Cor 13, 13:


“Quando firmemente alguém repousa em fé, esperança e caridade e conserva-as, tal pessoa não precisa mais das Escrituras senão para ensinar os outros”.


Em outras reflexões, ele destaca que “onde não há amor, não pode haver justiça” e que a caridade (amor) é o cumprimento supremo, porque aproxima até de Deus.


Ele também interpreta “quando vier o que é perfeito” (1 Cor 13, 10) como a visão de Deus face a face, e que fé e esperança terão fim neste estado, mas o amor permanece.


Paráfrase/Comentário: Agostinho interpreta “o que é perfeito” como o gozo da vida eterna, a visão de Deus face a face, e que ali fé e esperança cessarão porque terão cumprimento, mas a caridade permanecerá. Ele também liga a caridade à justiça: sem fé não há justiça, sem caridade também não.


Observações para estudo:


  • Para S. Agostinho, o amor não é apenas um dom entre muitos, mas a via mediante a qual o crente alcança Deus.

  • Ele enfatiza a dimensão escatológica: a perfeição futura é aquela em que contemplaremos Deus e seremos transformados à sua imagem.

  • A prática da caridade no presente é preparação para esse estado eterno.


Resumo da leitura de S. Agostinho: Para ele, a tríade fé-esperança-caridade (amor) é estrutural para a vida cristã, mas o amor ocupa lugar de destaque porque perdura e porque revela o próprio relacionamento com Deus. A vida cristã madura é vista como aquela em que essas virtudes estão firmes e a caridade reina.


Outros Padres brevemente


São Gregório de Nissa menciona a tríade “fé, esperança, amor” (1 Cor 13, 13) como direção ascética e chama atenção para o amor como “primeiro e maior dos mandamentos”, particularmente amor ao pobre como expressão excelente da caridade.


No comentário católico (ex: Haydock) sobre 1 Cor 13, 2-3, é observado que “onde não há verdadeira fé, não pode haver justiça; e onde não há caridade, não pode haver justiça”.


5. Síntese versículo-a-versículo (resumo interpretativo)


Versículo

Interpretação patrística – principais ideias

13, 1-3


Os dons extraordinários (línguas, profecia, fé, sacrifício) sem amor são inúteis; o amor é condição básica para que os dons sirvam. (Crisóstomo)


13, 4-7


O amor é descrito em suas virtudes: paciência, benignidade, não inveja, não vanglória, tudo sofre, cria unidade. (Crisóstomo)


13, 8


“O amor nunca falha” — os dons cessarão, mas o amor permanece. (Crisóstomo)


13, 9-10


Conhecimento e profecia são parciais; “quando o que é perfeito vier” = estado escatológico de plenitude. (Crisóstomo, Agostinho)


13, 11-12


Analogias de criança/adulto, ver em parte/face a face — o futuro trará maturidade e plenitude. (Crisóstomo, Agostinho)


13, 13


Permanecem fé, esperança, amor; mas o maior é o amor — porque ele já opera aqui e terá continuidade no futuro. (Crisóstomo, Agostinho)


6. Como utilizar esse material para estudo


  • Leia o texto bíblico (1 Cor 13, 1-13) em português ou no original.

  • Compare cada bloco (como 1-3, 4-7, 8-10, 11-13) com os excertos acima.

  • Pergunte-se: como o amor se manifesta hoje na minha vida à luz desses Padres?

  • Reflita na escatologia: como a “plenitude” futura (ver Deus face a face) molda a vida presente?

  • Use os excertos para meditar: por exemplo, “Se eu falo com línguas… mas não tenho amor, sou cobre que soa” — o que isso significa para mim hoje?




Fazer um Paralelo entre I Cor. 13, 1-13

e os Ensinamentos de Jesus Cristo.


Excelente pedido — e teologicamente muito rico.


Vamos fazer um paralelo entre 1 Coríntios 13, 1-13 (“Hino à Caridade”) e os ensinamentos de Jesus Cristo nos Evangelhos, destacando como S. Paulo, ao escrever este capítulo, reflete e desenvolve o próprio coração da mensagem de Cristo.


Estrutura do Paralelo


Tema Principal

1 Coríntios 13

Ensinamentos de Jesus Cristo

Paralelepípedo Teológico

1. Amor como essência da vida cristã


“Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos… se não tiver amor, sou como bronze que soa.” (v. 1)

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” (Jo 13, 34-35)

Tanto S. Paulo quanto Jesus colocam o amor como o critério autêntico da vida cristã. O amor não é acessório, é a própria identidade do discípulo.

2. Amor acima de dons e obras


“Ainda que eu tenha o dom da profecia… e ainda que distribua todos os meus bens… se não tiver amor, nada sou.” (vv. 2-3)

“Muitos me dirão: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome?’… Então lhes direi: nunca vos conheci.” (Mt 7, 22-23)

Jesus advertiu contra praticar obras ou ter dons sem comunhão de coração com Ele. S. Paulo retoma isso: o valor espiritual das obras depende do amor.

3. As qualidades do amor

O amor é paciente, é benigno… não se ensoberbece, não busca seus próprios interesses…” (vv. 4-7)


“Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração.” (Mt 11, 29) – “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso.” (Lc 6, 36) – “Amai os vossos inimigos…” (Mt 5, 44)

As virtudes descritas por S. Paulo são, na prática, um retrato moral de Cristo. Ele encarna todas essas atitudes em sua vida e paixão.

4. Amor como plenitude da Lei

“O amor tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (v. 7)


“Amarás o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas.” (Mt 22, 37-40)

S. Paulo ecoa a visão de Jesus: o amor cumpre a Lei (Rm 13, 10). A caridade é a forma final da justiça cristã.

5. Amor que permanece para sempre

“O amor jamais passará.” (v. 8)


“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.” (Mt 24, 35) – “Permanecei no meu amor.” (Jo 15, 9)

O amor tem caráter eterno porque é a própria natureza de Deus (1 Jo 4, 8). Jesus convida a permanecer nesse amor — S. Paulo diz que é o único dom que não cessará.

6. Fé, esperança e amor

“Agora permanecem fé, esperança e amor… mas o maior deles é o amor.” (v. 13)


“Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede também em mim.” (Jo 14, 1) – “Alegrai-vos e exultai, porque grande será a vossa recompensa no céu.” (Mt 5, 12) – “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros.” (Jo 15, 12)

Jesus ensina fé (confiança em Deus), esperança (esperar o Reino) e amor (mandamento novo). S. Paulo sistematiza: essas três virtudes teologais são a estrutura da vida em Cristo.


Síntese Teológica


  1. Jesus é o modelo e a fonte do amor que Paulo descreve.

    Tudo o que S. Paulo diz sobre o amor em 1 Cor 13 pode ser lido como uma descrição da pessoa de Cristo:

  • “O amor é paciente” → Cristo na Cruz;

  • “O amor não busca seus interesses” → Cristo que “se esvaziou” (Fl 2, 7);

  • “O amor tudo suporta” → Cristo que carregou os pecados do mundo.

  1. O mandamento novo de Jesus (“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”) é o fundamento do hino de S. Paulo.

    • Paulo traduz esse mandamento em termos de vida comunitária e espiritual.

  2. O amor como virtude eterna:

    • Jesus revelou um amor que vence a morte (“tendo amado os seus, amou-os até o fim” – Jo 13, 1).

    • S. Paulo reconhece que, mesmo no céu, o amor não cessará, pois é comunhão plena com Deus.

  3. Fé e esperança apontam para o amor.

    • A fé crê no Amor (Deus).

    • A esperança aguarda o Amor (visão de Deus).

    • O amor vive o Amor (Deus presente).

    • Assim, o amor é o fim e a plenitude das outras virtudes.


Conclusão Espiritual


1 Coríntios 13 é, por assim dizer, o eco paulino do Sermão da Montanha e do Mandamento Novo de Cristo.


Se quisermos resumir o paralelo:


  • Jesus viveu o amor; S. Paulo o descreveu.

  • Jesus mostrou o caminho; S. Paulo explicou os passos.




Monte um estudo bíblico temático com passagens dos Evangelhos

ao lado de cada versículo de 1 Cor 13 (um tipo de sinopse amor-caridade),

útil para grupos de oração ou aulas bíblicas.


Perfeito — a seguir está um quadro comparativo versículo a versículo entre 1 Coríntios 13, 1-13 (o “Hino à Caridade” de São Paulo) e os ensinamentos de Jesus Cristo nos Evangelhos.


A ideia é mostrar que tudo o que S. Paulo descreve como “caridade” é a expressão prática do amor vivido e ensinado por Cristo.


Paralelo entre 1 Coríntios 13, 1-13 e os Ensinamentos de Jesus Cristo.

1 Coríntios 13


Palavras ou Ações de Jesus

Comentário e Aplicação


v. 1 – “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como bronze que soa ou címbalo que retine”.

“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai” (Mt 7, 21).


Jesus adverte que não bastam dons ou palavras; importa o coração unido a Deus. S. Paulo ecoa essa advertência: a caridade é o critério de autenticidade espiritual.


v. 2 – “Ainda que eu tenha o dom da profecia, conheça todos os mistérios e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada sou”.

“Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda direis a esta montanha: ‘Move-te’… e ela se moverá.” (Mt 17, 20) + “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).

A fé verdadeira deve conduzir à mansidão e ao amor. Jesus mostra que o poder da fé deve servir ao bem e à misericórdia — não ao orgulho.


v. 3 – “Ainda que eu distribua todos os meus bens… e entregue o corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada me aproveita.”

“Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita…” (Mt 6, 3) + “O bom Pastor dá a vida por suas ovelhas.” (Jo 10, 11)

A caridade não é ostentação. Mesmo o sacrifício e a esmola só têm valor se brotarem de amor verdadeiro — como o sacrifício de Cristo na cruz.

v. 4 – “O amor é paciente, é benigno.”


“Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração.” (Mt 11, 29) + “Bem-aventurados os mansos…” (Mt 5, 5)

A paciência e a bondade são traços do coração de Cristo. Ele é o modelo da caridade que sabe esperar, suportar e acolher.

v. 4 – “O amor não é invejoso, não se vangloria, não se ensoberbece”.


“Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.” (Mt 23, 12) + “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10, 45).

Jesus é o antídoto da vanglória. A humildade é a forma concreta do amor. S. Paulo traduz essa lição para a vida comunitária.

v. 5 – “O amor não é inconveniente, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.”


“Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” (Mt 5, 39) + “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34).

A caridade cristã é desinteressada e perdoa sempre. O perdão de Jesus na cruz é a expressão suprema desse amor sem rancor.


v. 6 – “O amor não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade”.

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6) + “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça” (Mt 5, 6).

Cristo une verdade e amor: o amor cristão não é cumplicidade com o mal, mas alegria no bem e na verdade divina.


v. 7 – “Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

“Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24, 13) + “Bem-aventurados os misericordiosos…” (Mt 5, 7).

O amor de Jesus é perseverante: crê, espera e suporta. Assim também o cristão é chamado a amar até o fim, mesmo na dor.

v. 8 – “O amor jamais passará”.


“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mt 24, 35) + “Permanecei no meu amor” (Jo 15, 9).


Jesus mostra que o amor tem caráter eterno — é o que permanece. S. Paulo afirma o mesmo: os dons cessam, mas o amor continua na eternidade.


v. 9-10 – “Conhecemos em parte… quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é parcial”.

“Agora não sabes o que eu faço, mas compreenderás mais tarde” (Jo 13, 7) + “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8).

Na terra vivemos a fé “em parte”; o amor é o caminho que nos prepara para a visão plena de Deus.


v. 11 – “Quando eu era criança, falava como criança… agora que me tornei homem, deixei as coisas de menino”.

“Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48).

O amor amadurece o cristão. Assim como Jesus chama à perfeição do Pai, S. Paulo chama à maturidade da caridade.


v. 12 – “Agora vemos como em espelho, confusamente; mas então veremos face a face”.

“Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8) + “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

A promessa de ver Deus face a face é a consumação do amor. Jesus, imagem do Pai, antecipa essa visão na fé.


v. 13 – “Agora permanecem fé, esperança e amor; mas o maior deles é o amor”.

“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 15, 12).

Jesus coloca o amor como mandamento supremo. S. Paulo conclui o mesmo: fé e esperança passam, o amor é o maior porque é a própria vida de Deus.


Síntese Final


  • Jesus viveu o amor que S. Paulo descreve. O hino de 1 Coríntios 13 é praticamente um retrato moral de Cristo.

  • O Sermão da Montanha (Mt 5-7) é o pano de fundo direto de 1 Coríntios 13.
    Paciência, misericórdia, perdão, pureza de coração e humildade — tudo isso é o amor que “tudo suporta”.

  • A Cruz é o ápice do hino. O amor que “tudo crê, tudo espera, tudo suporta” é o amor de Cristo crucificado, que “amou até o fim” (Jo 13, 1).

  • O amor é a eternidade já começada. Fé e esperança guiam o caminho, mas o amor é o próprio destino: a comunhão com Deus, que é Amor (1 Jo 4, 8).




Trace-me um Paralelo entre I Cor. 13, 1-13

e os ensinamentos dos Livros Sapienciais.


Excelente! Agora vamos traçar um paralelo entre 1 Coríntios 13, 1–13 (o “Hino à Caridade”) e os ensinamentos dos Livros Sapienciais do Antigo Testamento (Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria, Eclesiástico/Sirácida e Cântico dos Cânticos).


Este paralelo é muito fecundo, porque os livros sapienciais representam a maturidade moral e espiritual de Israel, enquanto S. Paulo expressa a plenitude dessa sabedoria à luz de Cristo — o Amor divino encarnado.


Assim, o Apóstolo não contradiz a sabedoria antiga, mas a cumpre e eleva à caridade cristã.


Paralelo: 1 Coríntios 13 e os Livros Sapienciais


Tema

1 Coríntios 13

Livros Sapienciais

Paralelepípedo Teológico

1. O valor do amor acima de toda sabedoria

“Ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência... se não tiver amor, nada sou.” (v. 2)


“A sabedoria é melhor do que as pérolas, e tudo o que desejas não se pode comparar com ela.” (Pr 8, 11) “A caridade cobre todas as faltas.” (Pr 10, 12)

A sabedoria antiga já ensinava que a sabedoria verdadeira é moral e espiritual, não apenas intelectual. S. Paulo revela que essa sabedoria tem um nome: Caridade, expressão do próprio Deus.

2. O amor como fruto da paciência e da bondade

“O amor é paciente, é benigno.” (v. 4)

“A paciência é melhor do que a bravura.” (Pr 16, 32) “Um homem bondoso faz bem a si mesmo.” (Pr 11, 17)


Nos Provérbios, a paciência e a bondade são marcas do justo. S. Paulo as une e as eleva: são as primeiras manifestações do amor divino no coração humano.

3. O amor como antídoto contra a soberba e a inveja

“O amor não é invejoso, não se ensoberbece.” (v. 4)

“O orgulho precede a ruína.” (Pr 16, 18) “A inveja e a ira abreviam os dias.” (Eclo 30, 24)


A sabedoria antiga via o orgulho e a inveja como causas de destruição. S. Paulo ensina que a caridade é o caminho da humildade, e nela o homem encontra paz.

4. O amor que perdoa e não guarda rancor

“O amor não se irrita, não guarda rancor.” (v. 5)


“Não guardes rancor contra o teu próximo.” (Eclo 28, 7) “O insensato mostra logo a sua ira, mas o prudente ignora a afronta.” (Pr 12, 16)

O livro do Eclesiástico e os Provérbios antecipam o espírito do Evangelho: perdoar é sabedoria. S. Paulo mostra que perdoar é o modo de amar.

5. Alegrar-se na verdade, não na injustiça

“O amor não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.” (v. 6)


“A língua veraz permanece para sempre, mas a língua mentirosa dura um instante.” (Pr 12, 19) “A verdade é luz eterna, e a justiça é imortal.” (Sb 1, 15)

A sabedoria bíblica identifica verdade e justiça como dons divinos. S. Paulo mostra que o amor é a raiz delas — amar é alegrar-se na verdade de Deus.

6. O amor perseverante

“Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (v. 7)


“O homem paciente suporta até o momento oportuno, e no fim a alegria lhe será restituída.” (Eclo 1, 29) “A esperança dos justos é alegria.” (Pr 10, 28)

O sábio do Antigo Testamento já via a perseverança e a esperança como virtudes do justo. S. Paulo mostra que essas virtudes se unem no amor, que nunca desiste.

7. O amor eterno e superior aos dons

“O amor jamais passará.” (v. 8)


“A sabedoria resplandece e não murcha, e facilmente é vista por aqueles que a amam.” (Sb 6, 12)

A Sabedoria é apresentada como eterna e divina. S. Paulo identifica essa Sabedoria com o Amor de Deus, que é imortal e permanece para sempre.

8. O conhecimento imperfeito e o “ver face a face”

“Agora vemos como em espelho, confusamente; então veremos face a face.” (v. 12)


“Ela [a Sabedoria] é um reflexo da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus.” (Sb 7, 26)

A literatura sapiencial via a Sabedoria como reflexo de Deus. S. Paulo anuncia o cumprimento: em Cristo e na caridade, veremos o próprio Deus face a face.

9. A tríade fé, esperança e amor

“Agora permanecem fé, esperança e amor; mas o maior deles é o amor.” (v. 13)


“A esperança do justo é cheia de imortalidade.” (Sb 3, 4) “Feliz o homem que confia no Senhor.” (Pr 16, 20) “A caridade é uma oferta agradável a Deus.” (Eclo 35, 2)

Nos livros sapienciais, fé (confiança), esperança (expectativa) e amor (caridade/justiça) são virtudes centrais. S. Paulo as reúne e declara que a caridade é o ápice de toda a sabedoria.


Síntese Teológica


  1. A Sabedoria e o Amor coincidem em Cristo. Nos livros sapienciais, a Sabedoria é “emanada de Deus”, criadora e justa (Sb 7, 22–30). S. Paulo revela que essa Sabedoria é o Amor de Deus manifestado em Jesus (cf. 1 Cor 1, 24: “Cristo, poder e sabedoria de Deus”).

  2. A Caridade é a plenitude da Sabedoria. O sábio de Israel buscava o coração prudente; o cristão, iluminado por Cristo, busca o coração amante.
    A sabedoria sem amor torna-se vaidade; o amor é a sabedoria “em ato”.

  3. Do temor à caridade. Nos livros sapienciais, “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pr 1, 7). Em S. Paulo, o amor é o seu cumprimento: “O amor perfeito lança fora o temor” (1 Jo 4, 18). O temor inicia a relação com Deus; o amor a consuma.

  4. A eternidade do amor. Assim como a Sabedoria é eterna em Deus, também o amor o é — porque ambos são expressões do ser divino. O homem sábio do Antigo Testamento procurava participar da Sabedoria; o cristão participa do próprio Amor eterno.


Conclusão Espiritual


O Hino à Caridade é o cume da espiritualidade sapiencial bíblica.


Tudo o que os Livros Sapienciais intuíam sobre a Sabedoria — sua paciência, justiça, fidelidade e bondade — S. Paulo o vê realizado no Amor, que é o próprio Espírito de Deus agindo no coração humano.


Em suma:


  • Provérbios e Sabedoria mostraram o caminho da vida justa e prudente.

  • S. Paulo mostra o caminho da vida perfeita e divina — o amor que não acaba.




Faça-me um Paralelo entre I Cor. 13, 1-13

e as Epístolas de São João Apóstolo.


Perfeito — este é um dos paralelos mais belos e profundos do Novo Testamento, porque São João e São Paulo convergem na mesma revelação central: Deus é Amor, e o amor (caridade) é a marca distintiva do cristão.


A seguir, apresento um paralelo detalhado entre 1 Coríntios 13, 1-13 e as Epístolas de São João Apóstolo (principalmente 1 João 3–4, mas também 2 João e 3 João), mostrando como ambos falam do amor como essência da vida em Deus.


1. Introdução: S. Paulo e S. João — duas vozes, uma mesma teologia


  • Paulo (1 Cor 13) escreve em tom doutrinal e poético: descreve o amor como a virtude suprema, que dá valor a todas as obras e dons.

  • João (1 João 4) fala em tom contemplativo e experiencial: quem ama conhece Deus, quem não ama permanece nas trevas.

  • Ambos, porém, se encontram no mesmo ponto: o amor é a própria vida divina participada no homem.


Paralelo: 1 Coríntios 13 e as Epístolas Joaninas


1 Coríntios 13

Epístolas de São João

Paralelo Teológico e Espiritual

v. 1–3 – “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos… se não tiver amor, nada sou.”


1 Jo 4, 7-8 – “Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.”

S. Paulo fala do amor como critério do verdadeiro dom espiritual; S. João fala do amor como critério do verdadeiro conhecimento de Deus. Em ambos, sem amor, toda religiosidade é vazia.

v. 4 – “O amor é paciente, é benigno.”


1 Jo 3, 17-18 – “Quem possuir bens do mundo e vir o seu irmão passar necessidade, mas lhe fechar o coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos com palavras, mas com obras e em verdade.”

A paciência e a bondade que S. Paulo descreve são a caridade concreta que S. João exige. O amor verdadeiro age e sofre pelo outro.

v. 4 – “O amor não é invejoso, não se ensoberbece.”


3 Jo 9-11 – S. João censura Diótrefes, “que gosta de ser o primeiro entre eles” e não acolhe os irmãos.

A inveja e a vanglória destroem a comunhão eclesial. S. João e S. Paulo convergem: quem busca exaltar-se, perde o amor.

v. 5 – “O amor não busca seus interesses, não se irrita, não guarda rancor.”


1 Jo 3, 15 – “Todo aquele que odeia seu irmão é homicida, e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.”

O amor, para S. João, é vida eterna presente; o ódio é morte. S. Paulo traduz em termos morais o mesmo princípio: o amor renuncia ao egoísmo e ao rancor.


v. 6 – “O amor não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.”

2 Jo 1-2 – “Aos eleitos… a quem amo na verdade; e não só eu, mas todos os que conhecem a verdade.”

Em S. João, verdade e amor caminham juntos; o amor cristão é alegre porque se fundamenta na verdade divina.

v. 7 – “Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”


1 Jo 4, 16-17 – “Quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele. Nisto se aperfeiçoa o amor em nós: para que tenhamos confiança no dia do juízo.”

Para S. João, o amor gera confiança e perseverança. S. Paulo fala do mesmo amor que crê, espera e suporta — ambos expressam a força fiel do amor divino em nós.

v. 8 – “O amor jamais passará.”


1 Jo 2, 17 – “O mundo passa, e sua concupiscência; mas quem faz a vontade de Deus permanece eternamente.”

S. João confirma: tudo é transitório, só o amor permanece, porque ele é a vontade eterna de Deus.

v. 9-10 – “Conhecemos em parte… quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é parcial.”


1 Jo 3, 2 – “Agora somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é.”

S. Paulo fala do ver face a face; S. João explica: essa visão será a transformação total em Cristo. O amor é o caminho que nos conduz a essa plenitude.


v. 11-12 – “Agora vemos como em espelho, confusamente; então veremos face a face.”

1 Jo 4, 12 – “Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é perfeito em nós.”

S. João antecipa a “visão” de S. Paulo: já vemos Deus pelo amor que permanece em nós, ainda que não O vejamos plenamente. O amor é a presença invisível de Deus.


v. 13 – “Agora permanecem fé, esperança e amor, mas o maior deles é o amor.”

1 Jo 4, 16 – “Deus é amor; e quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele.”

S. João dá a explicação final de S. Paulo: o amor é maior, porque é o próprio Deus. Fé e Esperança são caminhos; o Amor é o fim — a união com Deus.


Síntese Teológica


  1. Amor como essência de Deus

    • S. João: “Deus é amor” (1 Jo 4, 8).

    • S. Paulo: “O amor jamais passará” (1 Cor 13, 8).

      ➜ Ambos afirmam que o amor é divino, eterno e absoluto — não uma virtude entre outras, mas o próprio ser de Deus.

  2. Amor como critério de autenticidade cristã

    • S. João: “Quem não ama, permanece na morte.” (1 Jo 3, 14)

    • S. Paulo: “Se não tiver amor, nada sou.” (1 Cor 13, 2)

      ➜ O amor é o sinal de vida espiritual verdadeira; sem ele, toda fé é estéril.

  3. Amor como comunhão

    • S. João: “Quem ama, permanece em Deus e Deus nele.” (1 Jo 4, 16)

    • S. Paulo: o amor “une” o corpo místico, sendo “o vínculo da perfeição” (Cl 3, 14).

      ➜ O amor é o laço que une o homem a Deus e os irmãos entre si.

  4. Amor perfeito expulsa o medo

    • S. João: “No amor não há temor, mas o perfeito amor lança fora o medo.” (1 Jo 4, 18)

    • S. Paulo: “O amor tudo suporta.” (1 Cor 13, 7)

      ➜ O amor maduro vence o medo e a dor, porque confia totalmente em Deus.

  5. Eterno destino do amor

    • S. João: “Quem faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1 Jo 2, 17)

    • S. Paulo: “O amor jamais passará.” (1 Cor 13, 8)

      ➜ A Caridade é a única realidade que atravessa a morte, pois é a própria vida de Deus em nós.


Conclusão Espiritual


O que S. Paulo define, S. João revela. O que S. Paulo exalta, S. João personifica em Deus.


  • Para S. Paulo, o amor é a virtude suprema.

  • Para S. João, o amor é a natureza divina.

  • Ambos proclamam que o cristão autêntico é aquele em quem a vida de Deus se torna amor vivido.


Assim, podemos dizer:


  • 1 Coríntios 13 é o hino à caridade;

  • 1 João 4 é o hino ao Deus que é Caridade.




Faça-me uma Síntese entre I Cor. 13, 1-13

com os ensinamentos de Jesus Cristo,

dos Livros Sapienciais e as

Epístolas de São João Apóstolo.


Excelente pedido — e profundo!


Você quer unir as três grandes linhas da espiritualidade bíblica:


  • a sabedoria do Antigo Testamento,

  • o amor encarnado em Cristo,

  • e a contemplação mística de S. João, tendo como eixo o hino de 1 Coríntios 13, 1-13, o “coração pulsante” da teologia de São Paulo.

A seguir, apresento uma síntese teológica e espiritual que mostra a harmonia entre esses três horizontes — a Sabedoria, Jesus e João — todos convergindo no mesmo ponto: o Amor como plenitude da revelação e da vida humana em Deus.


I. A Estrutura do Amor segundo 1 Coríntios 13


São Paulo não fala do amor como sentimento, mas como a forma suprema da vida espiritual.


O hino divide-se em três partes:


  1. A primazia do amor (vv. 1-3): sem amor, tudo perde sentido.

  2. As qualidades do amor (vv. 4-7): paciência, humildade, perdão, verdade.

  3. A eternidade do amor (vv. 8-13): o amor é a única realidade que não passará.


Este é o núcleo que unirá a sabedoria antiga, o Evangelho e a teologia joanina.


II. O Eco dos Livros Sapienciais: o Amor como Sabedoria Divina


Nos livros de Provérbios, Sabedoria e Eclesiástico, encontramos a preparação espiritual para o hino paulino:


Tema

Livros Sapienciais

Convergência com 1 Cor 13

A sabedoria acima de tudo

“A sabedoria é melhor que as pérolas.” (Pr 8, 11)


S. Paulo: “Ainda que eu conheça todos os mistérios, se não tiver amor, nada sou.” O amor é a sabedoria em ato.


A paciência e a bondade do justo


“A paciência é melhor do que a bravura.” (Pr 16, 32)


S. Paulo: “O amor é paciente, é benigno.”


A humildade como virtude do sábio

“O orgulho precede a ruína.” (Pr 16, 18)

S. Paulo: “O amor não se ensoberbece.”


A justiça e a verdade


“A verdade é luz eterna.” (Sb 1, 15)


S. Paulo: “O amor rejubila-se com a verdade.”

A esperança e a perseverança


“O homem paciente suportará até o fim.” (Eclo 1, 29)

S. Paulo: “O amor tudo suporta.”


Síntese sapiencial:


A verdadeira sabedoria é agir com amor, pois é nesse agir que o homem participa da luz divina. O hino de São Paulo é o coroamento da sabedoria bíblica: o Amor é a Sabedoria viva.


III. O Ensinamento de Jesus Cristo: o Amor como Mandamento e Vida


Nos Evangelhos, Jesus não apenas ensina o amor — Ele o encarna. Tudo o que S. Paulo canta em 1 Cor 13 é visível na vida de Cristo:


1 Cor 13

Ensinamento de Jesus

Síntese

“O amor é paciente, é benigno.”


“Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração.” (Mt 11, 29)

Jesus é a paciência e a bondade encarnadas.


“O amor não busca os próprios interesses.”


“O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir.” (Mc 10, 45)

O amor de Cristo é serviço.


“O amor tudo desculpa, tudo suporta.”


“Pai, perdoa-lhes.” (Lc 23, 34)


A Cruz é o cume do amor que tudo suporta.


“O amor jamais passará.”


“Permanecei no meu amor.” (Jo 15, 9)


O amor é eterno porque é a própria comunhão com Deus.


Síntese evangélica:


Jesus leva a sabedoria antiga à perfeição: Ele é o Modelo vivo do amor que S. Paulo descreve. O Sermão da Montanha e o Hino à Caridade são duas faces da mesma lei: a do Amor que é Deus.


IV. As Epístolas de São João: o Amor como Essência Divina


Em João, o amor deixa de ser apenas Mandamento — torna-se ontologia divina:


1 Cor 13

1 João

Convergência


“Sem amor, nada sou.”


“Quem não ama não conhece a Deus.” (1 Jo 4, 8)


Amor é o critério da vida espiritual.


“O amor tudo crê, tudo espera.”


“Quem permanece no amor permanece em Deus.” (1 Jo 4, 16)


Amor é comunhão e permanência em Deus.

“O amor jamais passará.”


“O mundo passa... mas quem faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1 Jo 2, 17)

O amor é eterno porque é o próprio Deus.


Síntese joanina:


São João contempla aquilo que S. Paulo descreve: Deus é Amor.


O hino paulino fala do que o amor faz; São João fala do que o amor é.


No amor, o cristão conhece e participa de Deus.


V. Síntese Final — O Amor como Cume da Revelação


Dimensão

Expressão Bíblica

Núcleo da Mensagem


Sabedoria (Antigo Testamento)


O amor é o caminho da prudência, da justiça e da paz.

“Quem ama age sabiamente.”


Cristo (Evangelhos)


O amor é Mandamento e entrega total.


“Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei.”


Caridade (Paulo)


O amor é a virtude suprema e eterna.


“O maior deles é o amor.”


Comunhão (João)


O amor é a própria vida de Deus em nós.


“Deus é amor.”


Síntese Teológica e Espiritual


  1. A Sabedoria busca Deus pela reta conduta.

  2. Jesus revela Deus pelo amor vivido.

  3. São Paulo ordena a vida cristã pelo amor operante.

  4. São João contempla Deus como o próprio Amor.


A Sabedoria é o caminho;

Jesus é o modelo;

Paulo é o teólogo;

João é o místico.


Todos conduzem ao mesmo centro: Deus-Amor.


Conclusão Espiritual


O amor é a chave de toda a Revelação.


A Sabedoria o pressentiu, Cristo o viveu, Paulo o cantou, João o contemplou.


Em 1 Coríntios 13, a Bíblia inteira encontra sua voz unificada:


  • o sábio o busca,

  • o discípulo o pratica,

  • o apóstolo o proclama,

  • o místico o contempla.


“Agora permanecem fé, esperança e amor; mas o maior deles é o amor.” (1 Cor 13, 13)




Desta Síntese do Amor,

de que forma reflete na vida da Virgem Maria?


Que pergunta linda e profunda!


A Virgem Maria é, sem dúvida, a encarnação perfeita do Amor conforme descrito em 1 Coríntios 13, pois sua vida reflete na prática — de modo único e exemplar — toda a sabedoria, o amor de Cristo e a comunhão divina que Paulo, os Livros Sapienciais e São João contemplam.


Vamos ver como a síntese do amor se manifesta na vida da Virgem Maria:


1. Maria e a Sabedoria dos Livros Sapienciais


  • O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pr 1, 7) — Maria é a “Servo do Senhor” que aceita com humildade e fé total a vontade de Deus (Lc 1, 38).

  • Ela vive a sabedoria em atitude constante de escuta e obediência, como aquela que “meditava tudo no seu coração” (Lc 2, 19.51).

  • Sua vida é um exemplo de paciência, mansidão e confiança — virtudes centrais dos livros sapienciais.


2. Maria como Modelo do Amor de Cristo


  • O amor paciente e benfazejo de Maria está no seu sim incondicional, na aceitação da cruz que Jesus viveria, acompanhando-O até o Calvário (Jo 19, 25-27).

  • Ela não busca seus próprios interesses, mas serve com generosidade e doação, ensinando e intercedendo (Caná, Jo 2).

  • O amor de Maria é indulgente e fiel, sustentando Jesus em sua missão até o fim.


3. Maria no Espírito de São Paulo (1 Cor 13)


  • Pacientemente ela suporta as dores da missão e do sofrimento do Filho, sem perder a fé.

  • Humilde, nunca se coloca acima dos outros, é a “serva do Senhor”.

  • Bondosa, cuida dos primeiros discípulos na comunidade nascente (At 1, 14).

  • Fiel até o fim, permanece no amor que “tudo suporta” e “nunca falha”.

  • Ela encarna o amor que é maior que a fé e a esperança, pois acredita no amor eterno de Deus.


4. Maria e a Comunhão com Deus segundo São João


  • Maria é aquela que permanece no amor de Deus como ninguém mais (Jo 15, 9).

  • Ela é a “Mãe do amor” que gerou Jesus, o Verbo eterno do amor encarnado.

  • Sua vida é uma contínua oração e entrega, um espelho da comunhão perfeita entre o Pai e o Filho.

  • Maria é a mulher nova que vive na intimidade do Deus-Amor, e de quem nasce a Igreja, o Corpo do amor encarnado.


Síntese final: Maria, a obra-prima do Amor Cristão


Dimensão do Amor

Como Maria a vive


Sabedoria


Aceita o plano de Deus com confiança e humildade

Amor de Cristo

Dá-se inteira, até a cruz, no serviço aos outros

Amor de Paulo

Vive o amor paciente, bondoso, humilde e fiel

Amor de João

Permanece no amor eterno, em perfeita comunhão com Deus


Conclusão


Maria não só reflete, mas é o modelo vivo e supremo do amor que Paulo canta em

1 Coríntios 13:


ela é a mulher da sabedoria, da entrega total, da paciência e da comunhão profunda com Deus, pela qual o amor nunca passa, nunca falha.


Ela é o exemplo para cada cristão que deseja fazer do amor a sua lei de vida, inspirando-nos a dizer todos os dias com ela o nosso “sim” ao Amor que salva o mundo.




Desta Síntese, trace-me um Itinerário Prático

e Diário para todo Cristão.


Excelente — e muito maduro espiritualmente!


A partir dessa síntese entre 1 Coríntios 13, os Livros Sapienciais, os ensinamentos de Jesus e as Epístolas de São João, podemos construir um Itinerário Prático e Diário de Vida Cristã, que une sabedoria, seguimento e comunhão — o caminho do amor em ato.


Este itinerário não é uma lista de tarefas morais, mas um ritmo de vida espiritual, inspirado no próprio modo como o amor divino cresce no coração humano.


Dividiremos em três momentos diários (manhã, dia e noite) e sete atitudes permanentes (um para cada virtude do amor segundo 1 Cor 13).


ITINERÁRIO PRÁTICO E DIÁRIO DO AMOR CRISTÃO


Inspirado em 1 Cor 13; nos Livros Sapienciais; nas palavras de Jesus e nas cartas de São João.


1. MANHÃ — Acolher a Sabedoria e a Presença de Deus


  • O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” (Pr 1, 7)

  • Permanecei no meu amor.” (Jo 15, 9)


Atitudes práticas:


  1. Acordar em espírito de gratidão.


    Ao despertar, fazer o Sinal da Cruz e dizer:

  • “Senhor, hoje quero amar como Tu amas.”


Isso coloca o coração sob a luz do amor divino.


  1. Meditar brevemente uma Palavra do Livro da Sabedoria.


    Pode ser um versículo dos Provérbios, do Eclesiástico ou do Evangelho do dia.


    Pergunte: Como posso viver esta sabedoria em amor hoje?

  2. Oferenda do dia.

  • “Tudo o que fizer, que seja por amor.”


Esta é a sabedoria de Paulo (1 Cor 13, 3): sem amor, nada tem valor.


2. DURANTE O DIA — Viver o Amor em Ação


  • Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.” (Jo 15, 12)

  • O amor é paciente, é benigno.” (1 Cor 13, 4)


Atitudes práticas:


  • Exercitar a paciência.

    Quando surgir o contratempo, respire e repita:

  • “O amor é paciente.”


É a sabedoria do coração (Eclo 1, 29) em ato.


  • Fazer o bem silenciosamente.


    Um gesto discreto de bondade, sem buscar reconhecimento (Mt 6, 3).


    Assim, o amor se torna puro e humilde.

  • Fugir da murmuração e do julgamento.


    “O amor não se irrita, não guarda rancor” (1 Cor 13, 5).


    Em vez de julgar, reze interiormente por quem o magoa — o perdão é o exercício do amor perseverante.

  • Alegrar-se na verdade.


    “O amor se rejubila com a verdade” (1 Cor 13, 6).


    Busque falar e agir com sinceridade, mesmo nas pequenas coisas. A verdade é o solo onde floresce o amor.


3. NOITE — Contemplar e Purificar o Coração


  • Examinai-vos, para ver se permaneceis no amor.” (cf. 2 Cor 13, 5)

  • Quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele.” (1 Jo 4, 16)


Atitudes práticas:


  1. Silêncio e revisão do dia.


    Pergunte a si mesmo:

    • Onde pratiquei o amor hoje?

    • Onde falhei em paciência, bondade ou verdade?

    • Onde posso reparar amanhã?

  2. Agradecer e oferecer.


    Agradeça as oportunidades de amar e ofereça a Deus suas quedas. Isso transforma cada dia em aprendizado no amor.

  3. Pequeno ato de confiança.


    Antes de dormir, diga:

  • “Senhor, o amor jamais passará. Permanece em mim.”


Essa oração é o eco final de 1 Cor 13, 8.


AS SETE ATITUDES PERMANENTES DO AMOR CRISTÃO


Virtude

Fonte Bíblica

Prática Diária


1. Paciência


1 Cor 13, 4; Pr 16, 32


Esperar, ouvir e suportar com mansidão.

2. Bondade

Lc 6, 35; Eclo 35, 2


Fazer o bem gratuitamente, sem cálculo.


3. Humildade


Mt 11, 29; Pr 16, 18


Preferir servir a ser servido.


4. Perdão


Lc 23, 34; Eclo 28, 7


Libertar o coração do rancor.


5. Verdade


Jo 8, 32; Sb 1, 15


Falar com sinceridade e agir com retidão.


6. Esperança


1 Cor 13, 7; Sb 3, 4


Ver em cada dor uma semente de bem.


7. Perseverança no Amor


1 Jo 4, 16; 1 Cor 13, 8


Amar mesmo quando é difícil. Amar sempre.


Síntese Espiritual Final


  • A Sabedoria ensina o como viver.

  • Jesus mostra o exemplo do amor vivido.

  • Paulo ordena o caminho do amor.

  • João revela o mistério de Deus que é amor.


O cristão, unindo esses quatro caminhos, faz do seu dia uma escola de amor:


  • Pensa com a Sabedoria (prudência e serenidade).

  • Age com Jesus (bondade e serviço).

  • Disciplina-se com Paulo (constância e verdade).

  • Permanece com João (oração e comunhão).


Oração Final para Encerrar o Dia


“Senhor Jesus, Sabedoria do Pai,

ensina-me a amar com o coração paciente de Paulo,

com a simplicidade dos teus Evangelhos,

com a pureza dos sábios e a luz de João,

para que cada gesto meu seja reflexo do Teu amor.

Amém.”


Nenhum comentário:

Redes Sociais

Continue Acessando

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...