A
Primeira Grande Revelação
Durante
a Oitava do Santíssimo Sacramento, no ano de 1675, Nosso Senhor
comunicou à Santa (Margarida Maria) numa só aparição, a “Grande
Revelação”, confiando-lhe de novo os Seus desígnios, e
fazendo-lhe conhecer os principais motivos, objetos e práticas da
Devoção ao Seu Sagrado Coração, e pediu-lhe transmiti-los ao
Padre Cláudio de la Colombière, S.J., que escolhera a fim de servir
em parte ao estabelecimento da nova devoção. Esse eminente
religioso tinha chegado pouco antes a Paray, onde ocupava o cargo de
Superior dos Jesuítas. Ela obedeceu, e Padre de la Colombière
consagrou-se logo inteiramente ao Sagrado Coração de Nosso Senhor,
e ordenou a Santa Margarida Maria que escrevesse a narração da
“Grande Revelação”, o que ela fez imediatamente.
Esse
religioso procurou desde logo divulgar o novo Culto. Enviado pouco
tempo depois para a Inglaterra na qualidade de Confessor de S. A. R.
a duquesa de York, que foi mais tarde Rainha da Inglaterra, conseguiu
durante a sua permanência em Londres inspirá-la a diversas pessoas,
como refere nos seus escritos. Ao concluir então o Diário de seus
“Retiros Espirituais”, nele transcreveu o escrito de Santa
Margarida Maria, assim como uma Oblação ao Sagrado Coração de
Jesus Cristo que compôs ao consagrar-se ali novamente a Ele.
Vindo
a falecer o Bem-aventurado Padre de la Colombière em 1682, alguns
anos após ter regressado à França, todas as suas obras foram
publicadas em 1684; pelo seu singular valor, e por ser esse Padre
muito conhecido e estimado pelo seu fervor e pela sua eloquência,
gozando mesmo de fama de santidade, lograram imediatamente grande
sucesso; e foi desta forma que, pela leitura dos “Retiros
Espirituais” desse venerando religioso, o público teve pela
primeira vez conhecimento de uma aparição de Nosso Senhor Jesus
Cristo relativa à instituição da Devoção ao Seu Sagrado Coração.
É
o seguinte o trecho em apreço que reproduz o escrito de Santa
Margarida Maria:
“Acabando,
diz ele, este retiro, cheio de confiança na Misericórdia de meu
Deus, fiz-me lei procurar por todos os meios possíveis, a execução
do que me foi prescrito da parte de meu adorável Mestre, com relação
ao Seu precioso Corpo no Santíssimo Sacramento do Altar, onde o
creio Verdadeira e Realmente presente; cumulado das doçuras em que
posso tomar gosto e que posso receber da Misericórdia de meu Deus
sem as poder explicar, reconheci que Deus queria que O servisse
procurando o cumprimento de Seus desejos relativos à Devoção que
sugeriu a uma pessoa a quem se comunica muito confiadamente, e para a
qual quis servir-se de minha fraqueza. Já a inspirei a muitas
pessoas na Inglaterra, e escrevi a respeito para a França, e roguei
a um de meus amigos fazê-la ali muito útil, e o grande número de
almas escolhidas que há naquela Comunidade me faz crer que a prática
nessa Casa santa será muito agradável a Deus. Pudesse eu, meu Deus,
estar em toda parte, e publicar o que esperais de Vossos servos e
amigos?
Tendo-se
Deus manifestado, pois, à pessoa que se tem motivo de crer estar
conforme ao Seu Coração, pelas grandes Graças que lhe fez, ela
explicou-se comigo a respeito, e obriguei-a a escrever o que me
dissera, que de boa mente quis escrever eu mesmo no diário dos meus
retiros, porque o Bom Deus quer na execução deste desígnio,
servir-se das minhas fracas dedicações (esforços).
Estando,
diz esta santa alma, diante do Santíssimo Sacramento num dia de Sua
Oitava, recebi de meu Deus Graças excessivas de Seu Amor; tocada do
desejo de usar de algum retorno, e de pagar amor por amor, Ele me
disse: Não Me podes corresponder melhor, que fazendo o que tantas
vezes Te pedi; e descobrindo-me Seu divino Coração: Eis este
Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até exaurir-se
e consumir-se para lhes testemunhar o Seu Amor; e em reconhecimento
não recebo da maior parte, senão ingratidões, pelos desprezos,
irreverências, sacrilégios e friezas que eles tem para Comigo neste
Sacramento de Amor; porém, o que mais Me desgosta, é que são
corações que Me são consagrados. É por isso, que te peço que a
Primeira Sexta-feira depois da Oitava do Santíssimo Sacramento, seja
dedicada a uma Festa Particular para honrar o Meu Coração,
fazendo-lhe reparação de honra com um Ato de Desagravo, comungando
nesse dia, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo
que esteve exposto nos Altares; e Eu te prometo que Meu Coração se
dilatará para derramar com abundância aos influxos do Seu divino
Amor sobre os que lhe prestarem esta honra. – Mas, meu Senhor, a
quem Vos dirigis, lhe disse essa pessoa, a tão fraca criatura e tão
pobre pecadora, que sua indignidade seria mesmo capaz de impedir o
cumprimento de Vosso desígnio? Tendes tantas almas generosas para
executar os Vossos desígnios. – Pois, que, não sabes que Me sirvo
dos mais fracos seres para confundir os fortes? Que é ordinariamente
sobre os mais pequenos e pobres de espírito, sobre os quais faço
ver o Meu poder com mais fulgor, a fim de que nada se atribuam a si
mesmo? – Dai-me pois, disse-lhe eu, o meio de fazer o que Me
ordenais; – por então Ele acrescentou: Dirige-te a Meu servo N. e
dize-lhe de Minha parte, que faça o que puder para estabelecer esta
Devoção, e dar este prazer ao Meu divino Coração; que não
esmoreça pelas dificuldades que há de encontrar nisto, pois elas
não faltarão, mas ele deve saber que é todo-poderoso aquele que
desconfia inteiramente de si mesmo, para confiar-se inteiramente a
Mim”.
Devoção
Para os Últimos Tempos
“Mas
Deus não deixou a Sua Obra imperfeita, inspirou Ele mesmo esta
Devoção, que fizera conhecer a Santa Gertrudes ser particularmente
reservada para estes últimos tempos, a fim de excitar com este meio
a tibieza e a covardia dos fiéis; e por meio de um pequeno livro
composto quase por acaso, sem estudo, sem arte, sem desígnio,
inspirou esta Devoção mesmo às pessoas que nunca a tinham
apreciado, e que outrora sem saber quase de que se tratava, a haviam,
por assim dizer, desacreditado, e Deus serviu-se mesmo
particularmente destas para inspirá-la quase por toda parte...
Enfim, a aprovação universal que teve esta Devoção, a estima que
dela fazem pessoas de um mérito e de uma virtude universalmente
reconhecidos, faz esperar que Jesus Cristo será de ora em diante
menos esquecido, melhor servido, e muito mais amado”.
Objeto
Particular desta Devoção
“O
objeto particular desta Devoção é o Amor imenso do Filho de Deus,
que O levou a entregar-se por nós à morte, e a Dar-se inteiramente
a nós no Santíssimo Sacramento do Altar, sem que a vista de todas
as ingratidões e de todos os ultrajes que devia receber nesse Estado
de Vítima Imolada até o fim dos séculos, tivesse podido impedi-lo
de fazer este prodígio: preferindo expor-se todos os dias aos
insultos e aos opróbrios dos homens, do que não lhes testemunhar,
pela maior de todas as maravilhas, até que excesso Ele nos ama”.
Agraciamento
de Santa Margarida Maria
“Pode-se
dizer que este amável Salvador reuniu em nosso tempo na pessoa desta
santa religiosa, todas aquelas Graças extraordinárias, que fizera
nos séculos passados às maiores Servas de Deus. (Ela) Teve a
felicidade de conversar diversas vezes intimamente com Jesus Cristo
como Santa Mechtilde e como Santa Gertrudes. O Filho de Deus deu-lhe
o Seu Coração da mesma maneira que O havia dado a Santa Catarina de
Sena, tendo-lhe tomado o seu que purificou, e que o abrasou com Seu
puro Amor, como fizera àquela grande Santa. Quis deixar-lhe, como a
Santa Teresa, uma prova contínua e sensível desta Graça
extraordinária, por uma dor no lado muito sensível, que nenhum
remédio humano jamais pode aliviar, e que a acompanhou até o
túmulo...”.
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S. Margarida Maria |
Procuro
uma Vítima
“Dir-vos-ei
pois, que este Divino Salvador, tendo um dia aparecido a sua indigna
escrava, Me disse: – Procuro uma vítima para o Meu Coração, a
qual queira se sacrificar como uma hóstia de imolação ao
cumprimento dos Meus desígnios; – e então sentindo-me toda
penetrada da grandeza daquela Soberana Majestade, prosternei-me
humildemente a Seus pés, e apresentei-lhe diversas santas almas que
corresponderiam fielmente aos Seus desígnios. – Não, outra não
quero senão a ti, disse-Me este amável Salvador, e é por isso que
Te escolhi. – Então desfazendo-me em lágrimas, repliquei-lhe que
bem sabia Ele ser eu uma criminosa, e que as vítimas deviam ser
inocentes, que na verdade não tinha outra vontade senão a Dele, mas
que não me podia resolver a fazer outra coisa do que aquilo que a
minha Superiora me ordenasse: ao que consentiu... Mas era em vão que
Lhe resistia, porquanto, não me deu descanso, até que por ordem da
obediência, me tivesse imolado a tudo aquilo que desejava de mim,
que era me tornar uma vítima imolada a toda sorte de sofrimentos, de
humilhações, de contradições, de dores e de desprezos sem outra
pretensão que a de cumprir os Seus desígnios; tendo-me oferecido a
isto de todo o meu coração, disse-Me saber quais eram meus receios;
mas que Me prometia (como creio já vo-lo ter dito) ajustar de tal
forma as Suas Graças ao espírito de minha Regra, à obediência
devida às minhas Superioras, à minha fraqueza e enfermidade, que um
não impediria ao outro”.
Aprendei
de Mim,
que
Sou Manso e Humilde de Coração,
e
achareis descanso para as vossas almas.
“Quanto
ao que concerne aos assinalados favores que meu Salvador me fez a
respeito da Devoção ao Seu Sagrado Coração, eu não saberia
empreender relatá-los pormenorizadamente. Eis a respeito para
satisfazer às ordens de minha Superiora. Foi que num dia de São
João Evangelista, após ter recebido de meu divino Salvador uma
Graça, pouco mais ou menos semelhante àquela que recebeu na noite
da Ceia, esse bem-amado Discípulo, este divino Coração foi-me
representado como num trono todo de fogo e de chamas, radiando de
todo lado, mais brilhante que o sol, e transparente como um cristal.
A Chaga que recebeu na Cruz, n'Ele aparecia visivelmente; havia uma
coroa de espinhos ao redor deste Sagrado Coração, e uma Cruz em
cima; e meu divino Salvador fez-Me conhecer que estes instrumentos de
Sua Paixão significavam, que o imenso Amor que teve para com os
homens, havia sido a Fonte de todos os Seus sofrimentos, e de todas
as humilhações que quis sofrer por nós: que desde o primeiro
instante de Sua Encarnação, todos estes tormentos e estes desprezos
lhe haviam estado presentes, e que foi desde este primeiro momento
que a Cruz foi, por assim dizer, plantada no Seu Sagrado Coração,
que aceitou desde então para nos testemunhar Seu Amor, todas as
humilhações, a pobreza, as dores, que a Sagrada Humanidade devia
sofrer durante todo o curso de Sua Vida mortal, e os ultrajes a que o
Amor O devia expor até o fim dos séculos sobre os altares no
Santíssimo e Augustíssimo Sacramento.
Fez-me
conhecer em seguida que o grande desejo que tinha de ser
perfeitamente amado dos homens, Lhe fizera formar o desígnio de Lhes
manifestar o Seu Coração, abrindo-lhes todos os tesouros de Amor,
de Misericórdia, de Graças, de Santificação e de Salvação que
contém, a fim de que todos os que quiserem prestar-Lhe e
procurar-Lhe todo o amor e toda a honra que lhes fosse possível,
fossem enriquecidos com profusão de Seus divinos tesouros de que
este Sagrado Coração é a Fonte, assegurando-Me que tinha um prazer
especial em ser honrado na Figura deste Coração de Carne, do qual
queria que fosse a Imagem exposta em público: a fim, acrescentou, de
tocar com este objeto o coração insensível dos homens,
prometendo-Me que derramaria com abundância no coração de todos
aqueles que O honrassem, (com) todos os Dons de que está cheio, e
que em todas as partes onde esta Imagem fosse exposta para ser
especialmente honrada, Ela atrairia toda a sorte de bênçãos: que,
aliás, esta Devoção era como um último esforço de Seu Amor, que
queria favorecer os Cristãos nestes últimos séculos, propondo-Lhes
um objeto e um meio ao mesmo tempo tão próprios para convidá-los
amorosamente a amá-Lo, e a amá-Lo solidamente.
Depois
disto este divino Salvador me disse pouco mais ou menos estas
palavras: “Eis, minha filha, o desígnio para o qual Te escolhi; é
por isto que Te fiz tão grandes graças, e que tomei um cuidado tão
particular de ti, desde o berço. Tornei-Me Eu mesmo teu Mestre e teu
Diretor, só para dispor-te a receber todas estas grandes graças,
entre as quais deves contar esta, como uma das mais assinaladas, pela
qual Te descubro, e Te dou o maior de todos os tesouros,
mostrando-Te, e dando-Te ao mesmo tempo o Meu Coração”. Então,
prostrando-me com a face em terra foi-me impossível expressar meus
sentimentos de outro modo que pelo meu silêncio, que interrompi em
breve com as minhas lágrimas e com os meus suspiros.
Desde
aquele tempo as graças de meu Soberano Mestre tornaram-se mais
abundantes, o que fez que não podendo conter os sentimentos do
ardente amor que sentia para com Jesus Cristo, eu procurava
difundi-los pelas minhas palavras em todas as ocasiões, com o
pensamento que tinha de que os outros recebendo as mesmas graças que
eu, estivessem com os mesmos sentimentos. Mas fui disto dissuadida
tanto pelo Reverendo Padre de la Colombière, quanto pelas grandes
oposições que a isto encontrei...
O
tempo que o meu divino Salvador havia destinado para esta Obra ainda
não chegara; entretanto, cuidou Ele mesmo, como Me havia prometido,
de me dispor segundo o Seu desejo, às graças que me queria fazer,
mas só foi fazendo-Me graças ainda maiores do que aquelas que já
me fizera. A primeira, foi que depois de uma Confissão Geral de toda
a minha muito criminosa vida, logo após a absolvição, fez-Me ver
um vestido mais branco que a neve ao qual chamava o vestido de
Inocência, de que Me revestiu, dizendo-Me, parece-me, pouco mais ou
menos estas palavras: “Minha filha, de agora em diante as faltas
que cometeres, humilhar-te-ão muito, mas não Me obrigarão a
afastar-Me de ti”. Em seguida, abrindo-Me pela segunda vez o Seu
adorável Coração, acrescentou: “Eis aqui, o lugar de tua morada
eterna, onde poderás conservar sem mácula, o vestido de Inocência
de que revesti tua alma”. Desde aquele tempo não me lembro de ter
jamais saído deste amável Coração. Encontro-me sempre Nele, mas
de um modo e com sentimentos que não me é permitido exprimir: tudo
o que posso dizer, é que habitualmente me encontro Nele como numa
fornalha ardente de puro amor...”.
Revelação
da Hora Santa
“Minha
filha, esteja atenta à Minha Voz, e ao que Te peço para dispor-te
ao cumprimento dos Meus desígnios: Receber-Me-ás no Santíssimo
Sacramento tão frequentemente quanto a obediência te o quiser
permitir, por mais mortificações e humilhações que disto te devam
advir, as quais receberás como um penhor do Meu Amor; comungarás
além disso, todas as primeiras Sextas-feiras de cada mês: e todas
as noites de Quinta-feira para Sexta-feira far-Te-ei participar
daquela mortal tristeza, que aceitei sofrer no Jardim das Oliveiras,
e a qual te reduzirá a uma espécie de agonia mais dura de suportar
que a morte. E para acompanhar-Me naquela humilde prece que
apresentei então a Meu Pai no lastimoso estado a que estive
reduzido, levantar-te-ás entre onze horas e meia-noite, para passar
uma hora em oração, prosternada, com a face por terra, tanto para
aplacar a Minha Cólera pedindo misericórdia pelos pecadores, quanto
para adoçar de algum modo a amargura que senti então, vendo-Me
abandonado de Meus Apóstolos: o que Me obrigou a lhes censurar a sua
covardia dizendo-Lhes que não haviam podido vigiar uma hora Comigo;
e durante aquela hora Eu mesmo Te ensinarei o que tiveres de fazer.
Mas
no meio de todas as graças que Te faço, tem muito cuidado, Minha
filha, em não crer ligeiramente em todo espírito, e nele não te
fies, pois o Demônio nada esquecerá para te enganar; por isso nunca
faças nada sem a aprovação daqueles que te dirigem, a fim de que
tendo o consentimento de tuas Superioras, jamais caias nos laços que
te arma, porque ele não tem poder sobre os verdadeiros obedientes”.
O
Amor Não é Amado:
Amorosas
Queixas de Nosso Senhor.
“Os
homens, tem apenas friezas e recusa por todas as Minhas solicitudes
para lhes fazer o bem...”.
Olha
como os pecadores Me tratam... Meu povo escolhido Me persegue...”.
“Não
haverá ninguém que tenha piedade de Mim e que queira compadecer-se
de Mim e tomar parte na Minha dor, no lastimável estado em que os
pecados Me colocam, sobretudo nestes tempos?”.
Satanás
“precipita (as almas) aos montes no caminho da perdição...” É
necessário, pois, “retirar as almas do caminho da perdição
eterna...”, e as “colocar no caminho da salvação”.
Ardentes
Desejos de Nosso Senhor
“Se
soubesses como estou ansioso por Me fazer amar pelos homens, nada
pouparias... Tenho sede, abraso-Me em desejos de ser amado!”.
“Meu
divino Coração anda tão apaixonado de amor pelos homens...”.
“O
adorável Coração de Jesus quer estabelecer Seu Reino de amor em
todos os corações, (e com isso) destruir e arruinar o (reino) de
Satanás. Parece-me que O deseja tanto, que promete grandes
recompensas aos que de bom grado se dedicarem a isso de todo coração,
segundo a capacidade e as luzes que Lhes der”.
“É
preciso que Meu Coração difunda por meio de ti as chamas de sua
ardente Caridade e se manifeste aos homens para enriquecê-los com
Seus preciosos tesouros... que contêm as graças santificantes e
salutares, para retirá-los do abismo da perdição”.
Tal é “o derradeiro esforço de Seu amor...” para “favorecer
os homens, nesses últimos séculos, com Sua Redenção amorosa”.
A
Entronização da Imagem do Sagrado Coração
de
Jesus Cristo nos Lares Cristãos
“A
Entronização pode definir-se: o reconhecimento oficial e social da
Soberania do Coração de Jesus sobre uma família cristã.
Reconhecimento
afirmado, tornado sensível e permanente pela instalação solene da
Imagem desse Coração Divino, no lugar de honra e pelo Ato de
Consagração.
Foi
o próprio Deus de Misericórdia que disse: que, 'sendo a Fonte de
todas as bênçãos, Ele as distribuiria em abundância em todos os
lugares onde fosse colocada a Imagem do Seu Coração, para ser amada
e honrada'.
Disse
ainda: 'Eu reinarei apesar dos Meus inimigos e de todos aqueles que
quiserem se opôr'.
A
Entronização não é, então, outra coisa senão, a inteira
realização do conjunto dos pedidos feitos pelo Sagrado Coração em
Paray-le-Monial e das Promessas magníficas que acompanharam esses
pedidos.
Digo
o conjunto, porque a família a santificar é o objeto transcendente
de todo esse apostolado: célula social, ela deve ser o primeiro
trono vivo do Rei de Amor.
Para
transformar, para salvar de novo o mundo, é preciso que o Natal se
perpetue, que o Emanuel, o Jesus do Evangelho, habite sempre entre
nós.
É
preciso, para se chegar ao Reino Social de Jesus Cristo, retomar a
Sociedade pela base e refazer a família cristã.
É
pela família que se afirma e se mede o valor de um povo. O povo vale
o que vale a família.
Dizia-me
um grande convertido: 'Padre, o senhor nunca poderá exagerar a
importância da Cruzada que está pregando. Deixamos de boa vontade
para os católicos as igrejas, as capelas, as catedrais; basta-nos,
para perverter a Sociedade, possuir as famílias. Se nisso formos bem
sucedidos, acabou-se a vitória da Igreja'.
Oh!
Como será sempre verdadeira esta Palavra de Jesus: 'Os filhos deste
século são mais prudentes que os Filhos da Luz'.
O
grande mal da nossa Sociedade é que Ela perdeu o sentido do Divino.
Que remédio dar a esse mal?
Voltar
a Nazaré.
Foi
por Nazaré, fundando a Santa Família, que o Verbo começou a
Redenção do Mundo. As Sociedades para serem redimidas deverão
voltar para lá.
Mostraram-vos
quadros horríveis da devastação das igrejas nos países invadidos;
vossas almas de católicos ficaram revoltadas. Pois bem, a ruína da
família cristã é um ainda maior... A família é um templo dos
templos. Não são essas igrejas esplêndidas, essas igrejas de pedra
que salvarão o mundo, são as famílias cristãs, é Nazaré.
A
família é a fonte da vida, a primeira escola da criança. Se a
fonte da vida nacional for envenenada, a nação perecerá. O que
queremos é inocular nas famílias a Fé e o Amor ao Sagrado Coração.
Se Jesus Cristo for inoculado nas raízes, toda a árvore será de
Jesus Cristo.
Ora,
a Entronização é Nosso Senhor vindo reclamar Seu lugar no lar;
como outrora, no fim de Suas viagens apostólicas, Ele pedia
hospitalidade em Betânia; lugar de honra, porque Ele é Rei
e, --- nós o repetimos --- Ele deve reinar sobre cada família em
particular, a fim de vir a reinar bem cedo sobre a Sociedade... lugar
íntimo e familiar porque Ele é Amigo
e é pelo Seu Coração, pelo Seu Amor que Ele quer reinar.
A
Entronização é, portanto, de fato, o Emanuel, o Jesus do Evangelho
habitando ainda entre nós.
Todos
os dias os milagres mais esplêndidos, mais inesperados, vem
corresponder à confiança das famílias que souberam dizer 'Mane
nobiscum!'.
Sim, fica conosco! Fica... fecharemos a porta depois que entrares,
queremos guardar-Te conosco para sempre!...”.
*
Chamai um Sacerdote amigo e fazei o quanto antes a Entronização da
imagem do Sagrado Coração de Jesus em sua casa. “Venha a nós o
Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no
Céu”.
Devoção
da Guarda de Honra
do
Sagrado Coração de Jesus
“Eu
quero formar ao redor de Meu Coração uma coroa de doze estrelas,
composta dos Meus mais queridos e fiéis servos*”
(Nosso Senhor a S. Margarida Maria Alacoque).
*Aqueles
fiéis servos repartidos às doze horas são:
I.
São José. II. Os Justos. III. Os Serafins. IV. Os Querubins. V. Os
Tronos. VI. As Dominações. VII. As Virtudes. VIII. As Potestades.
IX. Os Principados. X. Os Arcanjos. XI. Os Anjos. XII. Nossa Senhora.
Devem
ser recitados diariamente pelos Guardas de Honra o Pai Nosso, a Ave
Maria, o Glória ao Pai, o Credo, e a jaculatória: “Doce Coração
de Jesus, fazei que eu Vos ame sempre cada vez mais” (300 dias de
indulgência).
Guarda
de Honra
A
Associação da Guarda de Honra foi instituída para consolar ao
Divino Salvador da ingratidão e ultrajes dos homens, dar-Lhe
glória, tributar-Lhe amor e fazer a Seu Divino Coração reparação
dos desacatos que continuamente recebe no Santíssimo Sacramento. É
a Guarda de Honra uma piedosa milicia que se revesa ao redor do
Trono Eucarístico de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Foi
a Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus erigida por Leão
XIII, em Arquiconfraria na igreja das Religiosas da Visitação, em
Bourg (Ain), para a França e Bélgica, e em Roma na igreja dos
Santos Vicente e Anastácio para a Itália. Foi esta Associação
enriquecida de muitas indulgências por Pio IX que considerava “uma
das suas maiores glórias ser o primeiro Guarda de Honra do Sagrado
Coração de Jesus; e que um dos seus mais ardentes votos (dizia ele)
era ver propagada a Guarda de Honra por todo o mundo”.
Os
Protetores especiais da Guarda de Honra são: Nossa Senhora do
Sagrado Coração, cuja Festa é a 31 de Maio; S. José, a 19 de
Março; S. Francisco de Assis, a 4 de Outubro; S. Francisco de Sales,
a 29 de Janeiro, e S. Margarida Maria Alacoque, a 27 de Outubro.
Oferecimento
da Hora de Guarda
Ó
Divino Jesus, meu dulcíssimo Salvador, eu Vos ofereço esta hora de
guarda, durante a qual em união com os Protetores (nomeie-se o
Protetor da hora que se tiver escolhido), desejo muito do fundo do
coração amar-Vos, glorificar-Vos e principalmente consolar o Vosso
Adorável Coração com meu amor. Aceitai, pois, nesta intenção os
meus pensamentos, as minhas palavras, as minhas ações, e minhas
penas. Recebei sobretudo o meu coração: eu vo-Lo ofereço sem
reserva, suplicando-Vos que o inflameis no fogo do Vosso Amor. Amém.
Oração
Para se Recitar no Fim da Hora de Guarda
Ó
Jesus, meu amantíssimo e dulcíssimo Salvador, permiti que Vos
ofereça a Vós, e por Vosso intermédio ao Pai Eterno, o
Preciosíssimo Sangue e Água que manaram da Chaga aberta em Vosso
Divino Coração, na Árvore da Cruz. Dignai-Vos de aplicar
eficazmente este Sangue e esta Água a todas as almas, e
principalmente às dos pobres pecadores, e à minha. Purificai,
regenerai, salvai a todos os homens pelos Vossos merecimentos
infinitos. Concedei-Nos, enfim, ó Jesus, entrar em Vosso Coração
amantíssimo e nele habitar para todo sempre! Amém. (100 dias de
indulgências)
Jaculatória
Louvado,
adorado, amado seja a todo momento o Santíssimo Coração
Eucarístico de Jesus em todos os tabernáculos do mundo até a
consumação dos séculos. Amém. (Indulgenciada)
O
Sagrado Coração de Jesus
conquista
e santifica o
Presidente
da República
do
Equador
Garcia
Moreno foi um cristão digno desse nome; desde sua viagem a Paris,
nunca mais foi vítima do respeito humano.
Aquele,
cuja virtude não tem por fundamento a graça de Deus, obtida pela
oração e humildade, é sempre pequeno e vicioso por muitos lados.
A
piedade num Estadista é hoje um fato raro e excepcional. Onde se
acha um São Luís, um São Fernando, um Santo Eduardo nos tronos do
nosso mundo moderno?
A
piedade em Garcia Moreno não era cega. Baseava-se numa fé viva e
esclarecida: viva como os filhos da Católica Espanha; refletida
como a de um sem número de inteligências de primeira ordem de todos
os séculos, de sábios sem par em todos os ramos da ciência. “Pouca
ciência afasta de Deus, muita ciência faz a Ele voltar”. E,
com efeito, nunca tem brilhado, como hoje, a verdade desse axioma,
porquanto, ao passo que os grandes sábios se prostram humildes
diante do Altíssimo, a turbamulta dos que tem apenas um
vislumbre de ciência, anda por toda a parte a atacar e blasfemar o
que jamais estudaram.
Tal
não era Garcia Moreno.
Filósofo
de uma lógica de ferro, dotado de bom senso admirável, iniciado em
todos os segredos das ciências históricas, naturais e físicas,
sentia-se antes movido à compaixão, quando lia ou ouvia as
discussões absurdas e afirmações infundadas de certos jornais e
livros inimigos do Catolicismo. Quando alguém se atrevia a repetir
diante dele aquelas objeções, que apenas servem a muitos de
pretexto, para não cumprirem os seus deveres de cristãos, ele as
pulverizava com tanta erudição e lógica, que até os mais
ilustrados ficavam atônitos.
Ao
ouvir certos católicos, que ousavam atacar o Syllabus, mal
podia conter a sua indignação. “O Syllabus,
dizia ele, deve ser o Credo dos povos, que
não querem perecer”. E, com efeito, poderá haver erros mais
perniciosos para a sociedade do que o Panteísmo, a Liberdade
Absoluta de pensar e escrever, o Naturalismo, o Socialismo, etc.!
Não
era, porém, só com as luzes da ciência e da razão que Garcia
Moreno procurava fortalecer em sua alma o dom preciosíssimo da fé;
era mais ainda recorrendo à fonte das luzes sobrenaturais, à oração
e a meditação.
“Se
os reis, dizia Santa Teresa, fizessem todos os dias, meia hora de
oração, quão depressa seria transformada a face da terra!”
Garcia Moreno realizou o desejo da grande Santa, e daí lhe veio sem
dúvida a inspiração das suas empresas tão bem sucedidas pela
regeneração da Pátria.
Fossem
quais fossem as suas ocupações, fazia todos os dias meia-hora de
meditação nos seus livros de predileção: o Evangelho e a
Imitação de Cristo. Nos seus últimos anos nunca deixou de
fazer retiro espiritual.
Concebeu
assim tão grande ideia da Majestade Divina e dos seus atributos que,
em todas as dificuldades, repetia a sua divisa familiar, que também
havia de ser a sua última palavra neste mundo: Deus não
morre!
A
Deus só, atribuía tudo o que fazia. Numa mensagem ao Congresso,
depois de dizer os grandes progressos realizados, assim concluía:
“Se falo destes felizes resultados, não é para glória minha, mas
para a glória d'Aquele a quem tudo devemos, e a quem adoramos como
nosso Redentor, nosso Pai, nosso Salvador, nosso Deus.
Tinha
para com os Sacerdotes, extraordinária veneração. Um pobre
capuchinho, de passagem em Quito, indo lhe fazer uma visita,
apresentou-se com o solidéu na mão. – “Cobri-vos, meu Padre”,
disse o Presidente logo que o viu, e descobriu-se a si mesmo.
– “Um
pobre religioso, atalhou o frade, não pode estar de cabeça coberta
diante do Presidente da República”.
– Não,
Padre, respondeu Garcia Moreno, o Chefe do Equador nada é na
presença de um Sacerdote do Altíssimo” e colocou-lhe o solidéu
sobre a cabeça.
Foi
também na meditação que hauriu o desapego dos bens terrenos que o
fazia dar o seu dinheiro sem contar para alívio dos pobres e
doentes, viúvas e órfãos.
Foi
nela que hauriu a paciência admirável, de que deu prova nas
tribulações, que lhe amarguraram a vida.
Onde
poderia ele aprender, a não na meditação, a sofrer por Jesus
Cristo as maiores afrontas e a dizer aos amigos palavras sublimes,
como as seguintes:
“A
injúria é meu salário. Se meus inimigos me perseguissem pelos meus
crimes, pedir-lhes-ia perdão. Mas eles me odeiam, porque amo a minha
Pátria; porque quero conservar-lhe o seu mais precioso tesouro, a
Fé; porque sou e me mostro filho submisso da Igreja. A esses homens
de ódio nada tenho a dizer, senão: Deus não morre!”
Para
darmos ideia adequada da firmeza da sua fé, nada podemos dar mais
probante do que as resoluções, que ele próprio escrevera na última
página da sua Imitação de Cristo.
“Todas
as manhãs farei oração e pedirei particularmente a virtude da
humildade. Todos os dias assistirei à Missa, rezarei o Rosário,
lerei um capítulo da Imitação e este Regulamento.
Cuidarei
em me conservar o mais possível na Presença de Deus, sóbrio nas
conversas, a fim de não dizer palavra alguma demais! Oferecerei
muitas vezes meu coração a Deus, principalmente, no começo das
minhas ações.
Direi
cada vez que soar a hora: sou pior do que um Demônio e o Inferno
devia ser a minha morada. Estando no meu aposento, nunca rezarei
sentado, podendo fazê-lo de pé.
Fazer
atos de humildade, beijar a terra, desejar toda a sorte de
humilhações, alegrar-me, quando censurarem minha pessoa ou meus
atos. Nunca falar de mim, a não ser para confessar meus defeitos e
faltas.
Todas
as manhãs porei por escrito aquilo que tiver de fazer no dia.
Observarei escrupulosamente as leis em todos os meus atos.
Confessar-me-ei todas as semanas. Não passarei mais de uma hora a
jogar e nunca antes da 8 horas da noite”.
Este
Regulamento foi sempre cumprido à risca por Garcia Moreno, até na
guerra e em viagem, com suma edificação de todos aqueles que o viam
ou tinham a felicidade de ser hospedado em sua casa.
De
manhã, ele mesmo preparava o Altar e os Paramentos para a Missa,
ajudando-a em presença de toda a família e hóspedes. De noite,
cercado da família, criados e ajudantes de ordens, ele rezava a
oração. Aos Domingos jamais deixava de assistir aos Ofícios da
Igreja e ensinava o Catecismo aos criados.
Viam-no
sempre a seu posto nas demonstrações religiosas, acompanhado dos
ministros e de todas as autoridades civis e militares.
Visitava
frequentemente a Jesus Cristo Sacramentado; fazia a Santa Comunhão
todos os Domingos, e às vezes na semana. Quando levavam o Santíssimo
a um doente, apressava-se em escoltar ao seu Deus no meio do povo com
todo o recolhimento.
Como
todo católico, tinha Garcia Moreno especial devoção para com Maria
Santíssima. Já vimos que, depois da tomada de Guayaquil, atribuindo
a vitória à proteção da Virgem, obteve que o Congresso declarasse
Nossa Senhora das Mercês Padroeira da República.
Depositava
na Mãe de Deus, toda a sua confiança e trazia sobre si o bentinho e
o terço que rezava todos os dias. Quis também entrar na Congregação
de Nossa Senhora; havendo, porém, duas seções, sendo uma para
pessoas de distinção e outra para operários, escolheu esta,
dizendo: “O meu lugar está no meio do povo”. Imagine-se a
alegria desses bons operários, vendo o Presidente alistar-se nas
suas fileiras.
Da
sua devoção para com São José deu prova pela inscrição da Festa
desse glorioso Santo entre os dias santificados.
Ainda
mais notável foi a sua devoção para com o Sagrado Coração de
Jesus, e bem o provou pela Consagração Oficial da República
do Equador ao Divino Coração, declarando que a sua Festa seria
festa nacional.
Por
inspiração de Garcia Moreno, o terceiro Concílio Nacional de
Quito, lavrou um Decreto, mandando consagrar o Equador ao Coração
de Jesus.
Por
seu lado, apresentou ele ao Congresso uma Moção, pedindo que o
Estado se unisse oficialmente à Igreja nesse ato solene. Esta Moção
foi votada por unanimidade.
Pouco
tempo depois, no mesmo dia e hora, em todas as Igreja da República,
teve lugar e cerimônia da Consagração.
Em
Quito o ato foi imponentíssimo.
Quando
o Arcebispo acabou de pronunciar a fórmula em nome da Igreja, Garcia
Moreno, cercado de todas as autoridades, a pronunciou em nome da
Nação.
Tal
foi o entusiasmo produzido por esta grande manifestação de fé dos
Equatorianos que diversos membros do Congresso pensaram em erigir, em
nome da Nação, um templo ao Sagrado Coração, sendo, porém, este
projeto adiado até 1884 por motivo de economia.
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Um comentário:
Boa tarde!
Salve Maria
Já faço parte da Arquiconfraria da Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus a 05 anos.
Como faço para receber a medalha de guardião de honra do Sagrado Coração de Jesus?
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