São Pedro Damião, já adiantado em anos, escrevendo à Condessa Willa, confessa-lhe que prefere escrever a conversar com ela, pois, para ele, é motivo de temor falar com uma mulher jovem e bonita:
“Eu, embora sendo velho, posso olhar sem temor para uma mulher velha e rugosa, de olhos apagados, mas das mulheres jovens e bonitas devo me guardar, como do fogo. Que coração infeliz é o meu! Posso ler cem vezes os Mistérios do Evangelho sem lembrá-los, mas basta ver uma só vez uma beleza para não conseguir perder sua lembrança. Enquanto a Lei escrita pelo “Dedo de Deus” não fica imprimida, uma imagem vã não pode ser esquecida... A beleza impura torna atraente a mulher, através da elegância, do jeito de andar, da voz, da conversa, todo o ser estremece”.
Esta confissão de um velho homem da Igreja torna-o simpático e perto de nós. Este Prelado idoso, este Monge e Eremita tão santo, penitente, até o heroísmo, tem ainda medo de si mesmo e, por isso, assume a defesa da sua virtude e procura ajudar os outros; diante da mulher reage como homem normal e como exemplo para todo cristão.
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Fonte: J. Leclerque, “Momentos e Figuras”, p. 348.
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