Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sexta-feira, 5 de junho de 2020

A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE JUNHO.



A Guarda de Honra do Sagrado Coração


Todos os reis da terra têm sua guarda de honra, formada do que a nação possui de mais nobre e devotado. O Reis dos reis, Jesus Cristo, quis também ter Sua guarda de honra durante Sua vida mortal. Em Belém, no Egito, em Nazaré, ela compunha-se de Maria e José; era pequena pelo número, mas muito grande pela dignidade das personagens. Durante Sua vida pública, o Salvador recebeu de Seu Pai, para O acompanharem nos seus cursos e participarem de Seus trabalhos, os doze Apóstolos e os setenta e dois discípulos. No Calvário, vemos a corte do Redentor crucificado formada de Maria, Sua Mãe, algumas santas mulheres, Maria Madalena e São João, aos quais podemos ajuntar o Bom Ladrão. Estes últimos poderiam chamar-se, por título especial, a Primeira Guarda de Honra do Sagrado Coração; porque eles não foram somente as testemunhas constantes das chamas de amor que Dele surgiram durante a Paixão, mas ainda tiveram o grande privilégio de O ver aberto pela lança do soldado Longino, e de contemplar a Chaga Dele, quando os membros frios de Jesus foram depostos nos joelhos de Sua Mãe. Os olhos de amor puderam então descobrir os Mistérios do Coração de Jesus pelas aberturas feitas no Seu Corpo, diz São Bernardo. Quem não teria querido participar da felicidade destas almas fiéis? Mas que digo? É esta a linguagem da fé? Não temos na Eucaristia este mesmo Corpo que foi pregado na Cruz, este mesmo Sangue, que foi derramado no Calvário, este mesmo Coração, que foi aberto para nos dar asilo?



Quereis então, alma piedosa, fazer parte da Guarda de Honra do Sagrado Coração? Ide muitas vezes visitá-Lo no Santo Tabernáculo. Oh! Quantos são agradáveis ao Coração de Jesus aqueles que O visitam muitas vezes, e fazem consistir suas delícias em Lhe fazer companhia nas igrejas onde Ele reside em Seu Sacramento! Ele exigiu de Santa Maria Madalena de Pazzi, que ela O fosse visitar trinta vezes por dia. São Luís de Gonzaga sentia-se de tal modo arrebatado pelos suaves atrativos do Salvador, que, ao separar-se do Tabernáculo, com ternura comovente lhe dizia: Deixai-Me, Senhor. O grande Apóstolo das Índias, São Francisco Xavier, ia refocilar-se de seus grandes trabalhos diante do Santíssimo Sacramento. São João Francisco Regis fazia a mesma coisa; e quando achava a igreja fechada, consolava-se ficando de joelhos diante da porta, exposto à chuva, ao frio, para assim fazer corte, ao menos de longe, ao Divino Consolador. Todos os Santos tiveram sempre esta devoção. Fiquemos persuadidos de que a alma que se conserva diante do Santíssimo Sacramento, por pouco recolhida que seja, recebe de Jesus Cristo mais consolação do que o mundo poderia dar por todas as suas festas e prazeres. Oh! Quão delicioso é estar com fé ao pé do altar!


Se queres fazer parte da Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus, não deixeis passar dia algum sem assistir à Missa. O Senhor concede em todo tempo Seus favores, quando Lhe são pedidos em Nome de Jesus: mas durante a Missa Ele os concede com mais abundância; porque nossas orações são então fortificadas e acompanhadas pelas do Coração de Jesus, oferecendo-Se para nos obter as graças de Seu Pai. Conforme o santo Concílio de Trento,
o tempo da celebração da Missa é justamente aquele em que o Senhor está sobre Seu Trono de Graça. São João Crisóstomo afirma que os Anjos esperam este momento precioso, a fim de intercederem mais eficazmente por nós; o mesmo Santo acrescenta que aquilo que não se alcança durante a Missa, dificilmente se poderá alcançar em qualquer outro tempo. Oh! Que tesouros de graças podemos então obter para nós e para os outros! Não esqueçamos que, ouvindo a Missa, nós a oferecemos com o celebrante: não nos dispensemos, pois, Dela. O Venerável João de Ávila, extenuado por uma longa viagem, dispunha-se a não celebrar naquele dia; mas Jesus Cristo lhe apareceu e, descobrindo-lhe Seu peito, fez-lhe ver Suas Chagas, principalmente a do Sagrado Lado: esta visão animou o servo de Deus, e ele disse a Missa, não obstante a fraqueza em que estava.


Se queres fazer parte da Guarda de Honra do Sagrado Coração, aproximai-vos o mais possível da Santa Mesa. Felizes aqueles que têm fome do Pão dos Anjos!… Os teólogos concordam em dizer, que a Comunhão nos procura mais graças do que todos os outros Sacramentos, porque nela recebemos a Jesus Cristo, Autor mesmo da Graça. Quando um príncipe faz por sua própria mão um dom a alguém, este dom é sempre maior que o que ele concede por intermediários. Eu não sou digno de comungar constantemente, dizeis vós. Escutai o que dizia uma santa alma: Por isso mesmo que eu conheço minha indignidade, quisera comungar três vezes por dia; porque comungando mais vezes, espero tornar-me menos indigna. Quanto mais fracos nos sentimos, tanto mais devemos usar do remédio, que nos é oferecido na Comunhão; quando um muro pende, põem-se-lhe escoras, não para endireitá-lo, mas para impedir que ele caia. Não é grande bem ser preservado, pela Comunhão, da queda no pecado mortal? Comungai muitas vezes, Filotéia, dizia São Francisco de Sales, comungai o mais frequentemente que puderdes, com licença de vosso Pai Espiritual; e crede-me, as lebres tornam-se brancas nas nossas montanhas, porque comem só neve; à força de comerdes a pureza mesma, neste Divino Sacramento, tornar-vos-eis inteiramente pura. Mas muitas vezes uma pessoa foge da Comunhão, porque sabe, que a Comunhão frequente não concorda com a vida de prazeres, amizades mundanas, vaidades, estima própria, mesas regaladas; eis aí porque evita comungar com frequência. Temem-se as repreensões interiores, que Jesus Cristo faz cada vez que é recebido em Seu Sacramento de amor; numa palavra, a razão porque muitos só raramente comungam, é porque desejam viver com mais liberdade. Que dizeis a isto?

Prática

Todos os dias irei fazer um momento de guarda diante de Jesus Cristo na igreja; se não me é possível ter este favor, pedirei a meu bom Anjo para que vá em meu lugar, e leve meu coração e todos os meus afetos para meu bom Rei amadíssimo.



Afetos e Súplicas


Querido Salvador meu, Vós Sois o Senhor do Céu, o Rei dos reis, o Filho de Deus: como Vos vejo nas igrejas, abandonado de todo o mundo? Junto de Vós só percebo Anjos e algumas almas fervorosas. Ah! Quero ajuntar-me a eles para Vos fazer companhia: não me recuseis esta honra. Sim, a Vós irei, para conversar convosco a sós, ó Divino Solitário, ó Único amor de minha alma! Insensato fui, eu Vos abandonei, eu Vos deixei só, para ir mendigar junto das criaturas alguns prazeres miseráveis e envenenados; mas agora, iluminado por Vossa graça, não tenho mais outro desejo que viver solitário convosco, que quereis viver solitário por amor de mim. Ah! Quem me dará asas? E forças para sair deste mundo, onde tantas vezes achei minha ruína, fugir e morar sempre convosco, que Sois a alegria do Paraíso e o verdadeiro Amigo de minha alma? Senhor, apegai-me ao Vosso Coração, a fim de que não me separe mais de Vós, e ache minha felicidade em fazer-Vos muitas vezes companhia nas igrejas. Por Vossa solidão no Santo Tabernáculo, concedei-me contínuo recolhimento interior; fazei que minha alma se converta em oratório solitário, onde só me ocupe convosco, a quem submeto todos os meus pensamentos e todas as minhas ações, e consagro todos os meus afeto, a fim de que Vos ame sempre, suspirando sem cessar pelo momento em que sairei da prisão de meu corpo, para ir Vos amar e Vos ver sem véu no Céu. Eu Vos amo, Bondade infinita, e espero Vos amar sempre, no tempo e na eternidade. Ó Maria, rogai a Jesus que me prenda a Seu Divino Coração por Seu amor, e não permitais que me suceda ainda perder o grande tesouro de Sua graça.

Oração Jaculatória

Louvado e agradecido seja a cada momento o Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!1





Exemplo

Não basta falar cristãmente, dizia Marceau, este grande amigo do Coração de Jesus. Edifiquemo-nos com a devoção deste capitão de fragata para com a adorável Eucaristia. Quando ele teve a felicidade de converter sua mãe, recomendou-lhe instantemente a audição da Santa missa, ainda quando isto lhe custasse muito, e a visita ao Santíssimo Sacramento. “Jesus Cristo, dizia ele, está presente sobre os altares; lá espera nossas orações, e nós O deixaríamos?” E a fim de dar novo peso à sua recomendação, contava-lhe que, se ele havia entrado tão facilmente no seio da Igreja, era por ter, desde o começo, assistido fielmente à Missa todas as manhãs, e visitado cada dia a Nosso Senhor na adorável Eucaristia. Um dia, seus amigos lhe disseram: “Não sabemos como fazes, Marceau; teus marinheiros estão sempre contentes, quaisquer que sejam os serviços que lhes mandas: e os nossos se queixam, clamam, ficam furiosos; não podemos domá-los”.“Senhores, disse Marceau, vou indicar-vos como procedo: quando vejo que eles estão descontentes, vou passar uma hora ou duas diante do Santíssimo Sacramento, por sua intenção, e então tudo corre bem”. Alguém lhe mostrava num conflito entre os oficiais: “Por que espantar-vos? Disse Marceau, eu comunguei hoje!” Comandante da Arca d’aliança, ele tinha estabelecido a bordo a mais bela ordem. Começava-se o dia pela oblação do Santo Sacrifício. O capitão mesmo preparava os ornamentos, depois reivindicava para si o privilégio de ajudar à Missa. Ele ajudava cada dia três, e durante elas ficava como aniquilado de joelhos. Tendo Marceau sabido que muitos marinheiros murmuravam por ele comungar todos os dias, reuniu-os e disse-lhes: “Em vez de vos escandalizardes e murmurardes, deveis regozijar-vos. Se eu não comungasse todos os dias, ao menor descontentamento que me désseis, meter-vos-ia todos no mar”. Certo dia um amigo manifestava o temor que tinha de comungar, porque faltava-lhe o fervor. “E eu, respondeu o comandante, porque sou um miserável, é que comungo tantas vezes; tenho necessidade de um remédio cotidiano para me sustentar”. Em 1851, quando foi acometido da enfermidade de que morreu, ele quis ir recomendar seus pios projetos ao Santuário bendito do Coração de Jesus, Paray-le-Monial. A irmã que lhe prestou os derradeiros serviços, dizia: “Nunca encontramos modelo mais perfeito em todas as virtudes”. Quem poderá desesperar vendo Marceau, livre pensador, tornar-se um santo! Nele se verificou a bela palavra de São Francisco de Sales: “Uma só alma fervorosa dá mais glória a Deus que mil cristãos negligentes e tíbios”.


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Fonte: O Sagrado Coração de Jesus, segundo Santo Afonso de Ligório, ou, Meditações para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mês; coligidas das Obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, C.Ss.R., A Primeira Sexta-feira do Mês de Junho”, pp. 324-331. 5ª Edição Portuguesa, Tipografia de Frederico Pustet, Impressores da Santa Sé. Ratisbona/Alemanha, 1926.

1.  Indulgenciada (24 de Maio de 1776).

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