"Duas sorte de pessoas pecam muitas vezes,
e a terceira provoca a ira e a perdição.
A alma ardente como um fogo aceso não se acalma
sem ter devorado alguma coisa (Fornicação),
e o homem que abusa do seu corpo
não terá sossego
enquanto não acender o fogo (Onanismo).
Todo o pão é doce para o homem fornicário;
não se cansará de pecar até ao fim da vida.
Todo o homem que desonra o seu tálamo conjugal,
despreza a sua alma (Adultério) dizendo:
Quem me vê?
As trevas cercam-me, e as paredes cobrem-me,
e ninguém de parte alguma olha para mim;
de quem tenho eu receio?
O Altíssimo não se lembrará dos meus pecados..."
(Eclesiástico 23, 21-38).
Santo
Antônio Maria Clarét
Bálsamo
Eficaz
para
curar e preservar
das
feridas contra a
Castidade
Tradução
de
Antônio
Chalbaud Biscaia
1936
Nihil
Obstat
P.
Francisco Prada, C. M. F.
Censor
Imprimi
Potest
P.
Mariano Frias, C. M. F.
Sup.
Provincialis
Imprimatur
S.
Paulo, 28 de Fevereiro de 1937
Mons.
Ernesto de Paula
Vig.
Geral
Preâmbulo
Encetando a tradução de mais
esta obra do Beato Antônio Maria Clarét, a segunda que temos a
satisfação de levar a bom termo, outro fim não temos senão o de
cooperar para a divulgação dos trabalhos do Santo e Venerável
Arcebispo de Cuba, grande amigo e batalhador da Boa Imprensa e
emérito Médico de Almas, hoje já elevado às honras dos altares,
graças aos esforços de seus dedicados filhos, os Missionários do
Imaculado Coração de Maria.
Com a divulgação das obras
do Beato Clarét entre nós almejamos que tenham elas, e com
especialidade a presente, acolhida calorosa e entusiasta, pois que na
proporção de sua divulgação serão os benefícios que
causarão, serão as feridas medicadas e fechadas por esse
verdadeiro “Bálsamo Eficaz”.
Que Maria Santíssima, pelo
Seu Imaculado Coração – a grande e especial devoção do Beato
Clarét – abençoe o nosso modesto esforço, a nossa humilde
tarefa, é o nosso mais ardente desejo.
*
* *
Ao traduzirmos com vocábulos
da língua portuguesa os pensamento, máximas e ensinamentos do
Fundador da Congregação Córdi-Mariana, não tivemos maior
preocupação do que a de sermos fiéis à letra e ao espírito do
texto original. Procuramos, tanto quanto o permitem as duas línguas
irmãs, fazer uma tradução quase que literal. Isso, se bem que
tenha evitado possíveis deturpações dos pensamento e
conceitos do Beato Clarét, não deixou de causar algum sacrifício
à beleza da forma e a concisão e correção da linguagem. Essas e
outras, possivelmente mui maiores falhas, esperamos toleradas pelos
que nos lerem.
AD
MAJOREM DEI GLORIAM!
Antônio
Chalbaud Biscaia
Advertência
Esta obrinha pode se chamar
SEMANA SANTA por ser consagrada aos sete dias da semana dedicada
à Maria Santíssima em memória de suas sete dores. Fazendo menção
em cada dia de uma das dores que padeceu esta Celestial Senhora e
pedindo-lhe, pelos méritos daquela dor, a graça de não pecar mais,
especialmente durante o mesmo dia, devemos ter presente que os
pecados são outras tantas espadas que transpassam o peito e o
Coração desta Divina Mãe. Por isso mesmo, é de grande proveito
comungar nos sete dias em que se praticar esta devoção, ou pelo
menos, receber a Santa Comunhão no último deles, preparando-se
durante os precedentes com uma confissão conscienciosamente
preparada.
Oração
À Maria Santíssima
Ó
Virgem e Mãe de Deus, eu me entrego por vosso Filho e para honra e
glória de vossa pureza, ofereço-vos minha alma, corpo, potências e
sentidos, suplicando-vos que me alcanceis a graça de não cometer
jamais nenhum pecado. Amém, Jesus. (3 Ave Maria)
Mãe minha, aqui tendes vosso
filho.
Mãe minha, aqui tendes vosso
filho.
Mãe minha, aqui tendes vosso
filho.
Em Vós, Mãe minha
dulcíssima, pus minha confiança: nunca serei confundido
Aos
Padres Confessores,
Aos
Pais de Família e
Aos
Educadores
A
leitura das obras que nos deixaram autores como Tissot, Duvei,
Debreyne, Doussin, Frank, Salzman, Campe, Gautier-Wogel, etc., e a
grande experiência que tenho de dirigir meninos e moços, obriga-me
a escrever a presente obrinha e a dedicá-la ao vosso zelo e
vigilância, afim de que a apliqueis como um meio o mais eficaz e
medicinal ao moço ou ao menino no momento em que conheçais que por
desgraça se encontra contaminado da peste da masturbação ou
onanismo, que tantos prejuízos causa ao homem, sobretudo nos
primeiros anos. Estou certo de que se eles conhecessem o dano
corporal e espiritual, temporal e eterno, que lhes acarreta esse
abominável vício, não se deixariam tão facilmente enganar
pelo companheiro sedutor, nem pela sua própria paixão, nem,
alucinados por falaz e momentâneo deleite, precipitar-se-iam num
abismo de males físicos e morais, que se não se atalham de início,
serão irremediáveis, arrastando seus corpos ao sepulcro antes
do tempo e quiçá suas almas aos infernos por toda a eternidade. O
objeto, pois, desta obrinha e a razão de dedicá-la a vós é que,
tendo-a à mão, a fareis ler e meditar pelo jovem ou menino que
creiais pervertido pela peste da masturbação. Eu me atrevo a
assegurar que aquele que ler com atenção o que esse livrinho contém
e praticar os remédios espirituais e higiênicos que prescreve,
corrigirá seu vício e reformará seus costumes, com grande proveito
para a alma e para o corpo. E se é bem verdade que o fim que me
propus ao escrever esta obrinha foi curar ou medicar os pervertidos,
contudo não será fora de propósito se alguma vez a deres
a um jovem casto, para que melhor possa conservar-se em sua
continência e castidade, com o que lhe fareis maior serviço, pois,
como diz São Tomás, maior graça se adquire guardando ou
preservando a queda, do que se levantando o caído.
Mas, não só dedico esta obrinha aos sacerdotes, pais de família e
educadores de meninos, como também aos moços zelosos e virtuosos,
aos quais não será menos proveitosa a prática do que ela ensina,
pois, sabido é que os meninos e jovens comunicam-se com muita
frequência e demasiada liberdade e fazem coisas incríveis, que
com sagacidade dissimulam e ocultam de seus pais e superiores,
procedendo muitos neste particular com tal hipocrisia que os pais
pensam ter em seus filhos uns anjos, quando são a personificação
da leviandade e da luxúria. E o pior é que vindo sofrer das
enfermidades e misérias consequentes de tal maldade, negam ao médico
sábio e experimentado, a verdadeira causa de seu deplorável estado,
morrendo, às vezes, vítimas de sua própria hipocrisia, porque
impedem que se aplique o verdadeiro e direto remédio para sua
enfermidade. E, coisa terrível! Não só enganam o médico
corporal, como também o espiritual, quero dizer o confessor, e
ocultando muitos no Tribunal da Penitência seus pecados vergonhosos,
acrescentando sacrilégios a sacrilégios e se condenam. Mas ao passo
que com tanto detrimento e prejuízo de seus corpos e de suas almas
ocultam aos pais, diretores, médicos e confessores o vício que os
domina, mesmo interrogados sobre ele, com suma desfaçatez e
atrevimento falam dele sem serem perguntados entre seus amigos e
camaradas. Por isso, disse que os jovens zelosos terão talvez mais
oportunidades de aplicar como caritativos samaritanos aos seus
companheiros, este precioso BÁLSAMO, composto de azeite e vinho, de
piedade e precaução, derramando-o sobre as chagas abertas pelas
suas obscenidades, chagas que os deixam semi-vivos, segundo a frase
do Evangelho na parábola daquele desgraçado que caiu nas mãos
dos ladrões e cuja lastimável situação bem pode ser aplicada
ao jovem que caiu nas garras desses vícios, que o deixam
inteiramente morto na alma e semi-vivo, não mais, no corpo. E ainda
esta mesma vida do corpo muito breve perderá se não se corrigir,
como veremos nos exemplos que referiremos.
O
Amante da Juventude.
Introdução
A experiência fez-nos
conhecer quão sábio e oportuno é o aviso que dava o Apóstolo São
Paulo aos fiéis de Corinto dizendo-lhes que, às vezes, o próprio
Satanás se transfigura em anjo de luz (II
Cor. 11, 14), pois, frequentemente vemos que o mesmo continua fazendo
em nossos dias os seus sequazes ou os homens maus, que com pretexto e
capa de virtude perseguem a mesma virtude e propagam o vício (que é
justamente o ofício dos Demônios) e também alguns falsos
prudentes ou prudentes segundo a carne e não conforme Deus. Quero
dizer com isto que talvez algum sequaz do Diabo ou algum
presumido de prudente vendo que esse livrinho saiu à luz, dirá com
falso zelo que não convinha publicá-lo, porque sua leitura pode
escandalizar alguém. Responderei que esse tal será ou muito
ignorante ou muito malicioso; ignorante se desconhece o que se passa
entre meninos e jovens, esquecendo-se do que ouviu e viu quando era
menino e jovem, e que por mais vigilantes e cautelosos que
tivessem sido seus pais e superiores, não o foram, talvez,
bastante para impedir que tivesse conhecimento dessas coisas e caísse
nesse laço, do qual quiçá seria preservado se tivesse a ventura
de ler livro semelhante ao que ora sai a lume. Se lhe faltou,
portanto, um bom mentor que lhe aconselhasse para se preservar, não
queira privar aos demais da dita que não lhe coube. O mal é
demasiado grave e comum para que durmamos por mais tempo e não
procuremos um remédio eficaz e, não nos iludamos porque, ou se cura
essa horrível gangrena, ou muito breve se corromperá o gênero
humano, como nos dias de Noé. Mas, se tal objeção não for filha
da ignorância ou do pedantismo, será da malícia, porque a
experiência me ensinou que os mais pervertidos pela impureza
são os mais raivosos críticos contra os que falam deste vício,
para procurar sua emenda. E ao passo que eles falam dele a cada
momento para propagá-lo, não podem tolerar que outros dele
falem quando se trata de corrigi-lo e refreá-lo. Como fazem o
ofício do Demônio e de seus ministros, não podem tolerar que as
almas sejam avisadas e preservadas dessa maldade. Dir-te-ei, porém,
leitor amado, o que Jesus Cristo dizia a seus Discípulos sobre o
modo de se comportar com os judeus que criticavam seus divinos
ensinamentos: SINITE ILLOS, COECI SUNT: não façais caso deles,
são cegos. O mesmo te digo, leitor amado; se alguns criticarem a
presente obrinha, não façais deles o menor caso, porque a
ignorância ou seus vícios cegaram-nos miseravelmente. Lê e
aproveita tudo quanto nela está ensinado, porque tudo ditou-me a
mais sã e reta intenção. E se apesar disto alguém não me
agradecer, espero que Deus me pagará. Ele sabe que não me
propus outro fim que não fosse a sua maior honra e glória e o
bem de meus semelhantes. Não obstante, é bom que saibas que quanto
digo tirei de autores conhecidos por sua piedade e sabedoria, cujas
obras estão aprovadas pela autoridade e bem acolhidas pelo público.
Mas, se censurarem o modo pelo qual vulgarizo essa matéria
parece-me que, ainda, têm pouca razão porque, como manifestei
acima, esta obrinha só escrevi para aqueles a quem a dediquei e não
para todos indiferentemente, ainda que se algum exemplar cair nas
mãos de algum inocente não creio que se escandalizará ou que seja
incitado ao pecado, ao contrário, estou muito certo de que ao ler
esta obrinha e ao ver este vício pintado com suas verdadeiras
cores feias e horrorosas, longe de se deixar alucinar por ele, fugirá
deste monstruoso pecado como da presença da serpente, segundo
diz o Espírito Santo.
1º
Dia
– Domingo
Primeira
dor: a que sofreu a
Virgem Santíssima quando ouviu da boca de Simeão que uma espada de
dor havia de atravessar seu coração por ver seu Filho perseguido.
Em memória dessa dor saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO
e sete AVE MARIA, para que te alcance uma grande dor de teres pecado
e a graça da castidade.
Leitura
– Observações de Médicos e Filósofos
O doutor Gautier-Wogel diz:
Quem se masturba perde insensivelmente as faculdades morais que
possuía; seu aspecto toma certo caráter brutal, estúpido, lascivo,
impudico, triste e fraco; a preguiça domina-o e torna-se incapaz de
toda função intelectual; atrapalha-se e inquieta-se na sociedade;
fica desprevenido e em dificuldades para responder mesmo a um menino;
sua alma debilitada sucumbe sob o mais insignificante peso.
Enfraquecendo cada vez mais sua memória, não pode guardar as coisas
mais comuns, nem ligar as ideias mais triviais; as faculdades mais
desenvolvidas e os talentos mais sublimes se aniquilam num instante;
os conhecimentos anteriormente adquiridos apagam-se quase
completamente; embota-se a mais esquisita inteligência e já não
produz fruto algum; perde-se a vivacidade, energia e demais
qualidades da alma; o poder de imaginação cessa... A inquietação,
o temor, o espanto, únicos sentimentos que cabem em seu coração,
apagam todas as sensações agradáveis de seu espírito. As últimas
crises da melancolia e as mais espantosas sugestões do desespero
acabam comumente por precipitar à morte desses desventurados ou
reduzem-nos à mais completa apatia, rebaixando-os à condição dos
mais imundos animais, de maneira que só na figura conservam o
aspecto humano. Também acontece mui a miúde manifestar-se desde
logo a loucura ou o frenesi. O doutor Frank diz que os masturbadores
não só são uma carga para a sociedade, como também são
perigosos. Por isso convida, esse médico célebre, aos Governos que
exerçam sobre eles a mais ativa vigilância. Liuram diz que é a
peste capital e Sêneca que é o mal máximo. Mr. Devay diz: O pai de
família, entre seus primeiros deveres, têm o de velar pela
conservação da inocência de seus filhos e afastá-los de todas as
ocasiões de corrupção, principalmente dos maus livros, pinturas,
gravuras e figuras obscenas e das pessoas, casas e lugares de
prostituição. Estas mesmas devem ser as intenções de um bom
Governo; então, haverá menos semblantes pálidos e lívidos em
todas as cidades populosas. É muito justo e razoável privá-los de
um prazer que é foco de corrupção; sem dúvida é coisa importante
para o interesse de uma povoação, para a saúde dos habitantes e
para seu valor moral e intelectual.
Exemplo
Declaração de um Moço,
publicada pelo Diretor do Colégio Salzman
“Por fim, chegou às minhas
mãos o livro de Tissot, mas, ai! Era demasiado tarde! Li-o e fiquei
como que ferido por um raio. Tornam a se abrir os meus olhos e fico
cheio de terror e espanto. Encontrava-me já, na ocasião, extenuado,
feito um esqueleto, cria-me tísico em último grau e sem embargo não
suspeitara ainda da verdadeira causa de minha deterioração, porém,
naquele momento a conheci. Que cruéis e bárbaros, dizia-me, foram
meus pais, meus mestres e amigos, que não me advertiram do perigo
que acompanha a masturbação, nem puseram em minhas mãos a obra de
Tissot! Ou melhor dito: que ignorância tão grande reina ainda
acerca deste vício e de suas consequências!... Caí numa espécie
de melancolia que me fez sofrer horrivelmente e resolvi libertar-me
do mais abominável dos vícios; a empresa era difícil, mas não
impossível, porque o onanismo havia perdido para mim todos os
atrativos. Lamentei comigo minha triste situação e a cegueira dos
homens que se precipitam em tão espantosas desgraças. Minhas forças
intelectuais debilitaram-se extraordinariamente; tenho o entendimento
embotado e atualmente sou incapaz de um raciocínio. Também minha
memória debilitou-se grandemente, ou melhor, a perdi completamente.
E essa situação era tão mais deplorável quanto Deus me concedera
as mais felizes disposições, de forma que meus mestres e conhecidos
concebiam as mais fagueiras esperanças de mim, crendo que algum dia
seria um sábio. E não somente me sinto incapaz de aplicar-me aos
trabalhos intelectuais, como também suporto mais dificilmente o
trabalho muscular. Todo meu corpo encontra-se enervado e sem ação,
sinto-me tão débil e magro, que apenas me restam a pele e os
ossos: pareço um esqueleto e meu aspecto causa horror. Meu mal,
porém, não se limita a esse estado de debilidade absoluta, sofro
ainda sem interrupções de dores agudíssimas. O que torna mais
deplorável a minha situação é a melancolia que se apoderou de mim
e a certeza de ter contrariado os desejos do Criador, tornando-me ao
mesmo tempo inútil para a paternidade e para a educação da
juventude. Esta convicção atormenta-me muito mais do que a dor
corporal. Muitas vezes teria cedido à tentação de pôr termo a
minha existência se a Razão e a Religião, único consolo que me
ficou, não me houvessem detido”.
Máxima
O
Senhor matou Onan porque
fazia uma coisa detestável(Gên.
38, 10) – (o teu pecado, masturbador).
Reflexões
Ó jovem que me lês!
Escarmenta-te com o exemplo alheio! Considera o que era esse moço
que faz essa franca declaração, o que és e o que serás!... Era um
mocinho robusto, formoso, de talento e com as melhores disposições
e que oferecia as mais fagueiras esperanças, mas, por este brutal
deleite ficou como uma laranja podre, que não serve senão para
atirar no monturo. É um esqueleto animado; parece que só vive para
sofrer e pagar, em parte, os imundos e abomináveis gozos que deu a
seu corpo. Sua vida já não é viver, mas sim, um prolongado morrer.
Será uma vítima de seu deleite, um habitante do campo santo e quiçá
um condenado do Inferno, especialmente se não se confessar, ou não
se confessar bem, porque este pecado leva a se fazer más confissões,
pela vergonha de contar os pecados, ou porque não acompanhe à
confissão a correspondente dor.
Exemplo
De um Jovem chamado Pelágio,
que se condenou por ter calado
um pecado desonesto na confissão.
Lê-se na crônica de São
Bento, que um jovem religioso chamado Pelágio, que foi por seus pais
encarregado de apascentar o gado e levava uma vida exemplar, sendo
por todos considerado um santo. Mortos os seus pais vendeu todos os
poucos haveres que eles lhe haviam deixado e se fez ermitão. Uma
vez, desgraçadamente, consentiu num pecado de impureza. Caído em
pecado, viu-se abismado numa profunda melancolia por não se atrever
a confessar o referido pecado, de vergonha que tinha e para não
perder o conceito de santidade que gozava. Durante esta sua
obstinação passou um peregrino que lhe disse: PELÁGIO, CONFESSA-TE
QUE DEUS TE PERDOARÁ E RECUPERARÁS A PAZ QUE PERDESTE, e
desapareceu. Resolveu ser monge de São Bento e foi recebido. Desde
logo começou uma vida mais penitente, mas, sem confessar o aludido
pecado, pensando que talvez Deus lhe perdoaria sem a confissão. Foi
burlada, porém, sua vã esperança, pois, morreu sem se confessar
bem e condenou-se. O Abade reuniu todos os monges do mosteiro e
quando estavam todos diante do cadáver, o defunto dando um uivo
espantoso, disse: AI DE MIM! QUE ESTOU CONDENADO POR UM PECADO
DESONESTO QUE DEIXEI DE CONFESSAR! VEDE, PADRE ABADE, O MEU CORPO! No
mesmo instante viu-se o corpo deste desgraçado que, como um ferro em
brasa, cintilava horrivelmente. Já vês, desonesto, o castigo do
pecado: neste mundo tristeza e no outro o Fogo por toda a eternidade.
Propósito
Resolve-te com toda as tuas
forças a não fazer, dizer e nem pensar em coisas desonesta, por
amor da Santíssima Trindade, especialmente no dia de hoje.
Remédio Físico
Abster-se de alimentos que
excitam à desonestidade como, os manjares fortes e açucarados. Não
se deitar em cama macia, nem cobrir-se demais, porque o corpo deve
estar fresco e os pés quentes. Também é bom não dormir
excessivamente. Igualmente é necessário combater essa tendência ao
descanso, essa apatia e fastio de tudo, que se observa frequentemente
nos jovens que se entregam à sensualidade; por isso, se deve
obrigá-los a estarem ocupados sempre em alguma coisa.
Remédio Espiritual
Andar na presença de Deus.
Diante de teu pai, mãe ou mestre, com certeza que não te atreverias
a cometer tal imundície, por isso te escondes deles. Pensa, pois,
que se deles te podes esconder, de Deus não. O Senhor está olhando
e não te envergonhas de cometer tal maldade em sua divina presença?
Não temes seu poder e justiça que pode te tirar a vida e jogar-te
nos infernos, como já fez com outros? Agora prostrado aos pés de
Maria Santíssima terminarás este exercício com a seguinte oração:
Ó Virgem Mãe de Deus, eu me
entrego por Vosso Filho e em honra e glória de Vossa pureza
ofereço-vos minha alma, corpo, potências e sentidos, e suplico-vos
que me alcanceis a graça de não cometer jamais pecado algum. Amém,
Jesus. Três Ave Maria.
Minha Mãe, aqui tendes
vosso filho.
Minha Mãe, aqui tendes
vosso filho.
Minha Mãe, aqui tendes
vosso filho.
Em Vós, minha Mãe
dulcíssima, pus minha confiança; nunca serei confundido.
Em seguida se rezará a
Ladainha da Virgem Dolorosa.
Senhor,
tende misericórdia de nós.
Jesus
Cristo, tende misericórdia de nós.
Senhor,
tende misericórdia de nós.
Jesus
Cristo, ouvi-nos.
Jesus
Cristo, escutai-nos.
Pai
Celestial, que sois Deus, tende misericórdia de nós.
Filho
Redentor do mundo que sois Deus, tende misericórdia de nós.
Espírito
Santo que sois Deus, tende misericórdia de nós.
Trindade
Santíssima que sois um só Deus, tende misericórdia de nós.
Santa
Maria, orai por nós.
Santa
Mãe de Deus, orai por nós.
Santa
Virgem das Virgens, orai por nós.
Mãe
Crucificada, orai por nós.
Mãe
Dolorosa, orai por nós.
Mãe
Chorosa, orai por nós.
Mãe
Aflita, orai por nós.
Mãe
Desamparada, orai por nós.
Mãe
Abandonada, orai por nós.
Mãe
Órfã de Um Filho tão Amado, orai por nós.
Mãe
de Uma Agudíssima Espada Transpassada, orai por nós.
Mãe
Atormentada de Amarguras, orai por nós.
Mãe
Encoberta de Angústias, orai por nós.
Mãe
em coração à cruz pegada, orai por nós.
Mãe
Tristíssima, orai por nós.
Fonte
de lágrimas, orai por nós.
Cúmulo
de tormentos, orai por nós.
Espelho
de paciência, orai por nós.
Rocha
de constância, orai por nós.
Âncora
de confiança, orai por nós.
Refúgio
dos desgraçados, orai por nós.
Escudo
dos oprimidos, orai por nós.
Conquistador
dos incrédulos, orai por nós.
Lenitivo
dos miseráveis, orai por nós.
Medicina
dos desfalecidos, orai por nós.
Fortaleza
dos fracos, orai por nós.
Porto
Seguro dos naufragantes, orai por nós.
Bonança
das tempestades, orai por nós.
Recurso
dos tristes, orai por nós.
Terror
dos traidores, orai por nós.
Tesouro
dos fiéis, orai por nós.
Olho
previdente dos profetas, orai por nós.
Báculo
dos apóstolos, orai por nós.
Coroa
dos mártires, orai por nós.
Luz
dos confessores, orai por nós.
Pérola
preciosa das virgens, orai por nós.
Consolação
das viúvas, orai por nós.
Alegria
de todos os santos, orai por nós.
Cordeiro
de Deus que apagais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro
de Deus que apagais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro
de Deus que apagais os pecados do mundo, tende misericórdia de nós
Senhor.
Oração:
Dignai-vos
ó mãe dolorosíssima volver sobre nós vossos olhos
misericordiosos: Livrai-nos, salvai-nos de todos os trabalhos e
misérias desta vida pelos merecimentos e virtudes de Jesus Cristo
vosso Unigênito Filho. Escrevei Senhor em meu coração, vossas
sacratíssimas chagas, para que nelas esteja Eu de contínuo, lendo
vossa dor para com vossa intercessão sofrer todas as minhas dores,
vosso amor para desprezar por vós, outro qualquer amor. Assim
seja.
Louvor
e honra a Deus seja dado, e a Virgem Maria, Sua e Nossa Mãe.
*Esta
Ladainha foi composta pelo Sumo Pontífice Pio VII de gloriosa
memória. Quem a recitar com fé poderá com todo o fundamento
esperar o ser livre de todas as tribulações presentes e futuras. O
mesmo Santo Padre (como consta de documentos autênticos) concedeu
Indulgência Plenária a todos os que contritos a recitarem nas
sextas-feiras do ano ajuntando-lhe o Credo, uma Salve Rainha e três
Ave Marias ao Coração de Maria Santíssima das Sete Dores.
(LIVRO:
COMPÊNDIO DE ORAÇÕES E DEVOÇÕES - Ano de 1865;
LIVRARIA DE GERMANO J. BARRETO R. DO SOUTO, 21 BRAGA
Portugal).
2º
Dia – Segunda-feira
Segunda
dor:
a que sofreu a Santíssima Virgem quando viu seu amado Filho
perseguido pelo rei Herodes. Em memória desta dor saudarás Maria
Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE MARIA, para que te alcance
uma grande dor de teres pecado e a graça da castidade.
Leitura
–
Observações de Médicos e Filósofos
A
impureza é como um poço e quem nele cai não sai, a não ser que se
valha de uma escada ou lhe atirem uma corda com a qual se amarre bem
e, de cima, o tirem. Assim é a impureza. É um poço profundo do
qual ninguém sai senão com a escada da razão ou a corda da
Religião, mas, é exatamente este pecado o que oblitera mais a razão
e ao mesmo tempo o que mais faz perder a Religião. Ditosos, pois,
aqueles que, ainda, não tem por este vício perdidas estas duas
âncoras, que dão muita esperança, creio que não se perderão e
sim se emendarão. Mr. Tissot diz: Um doente descrevia numa de suas
cartas quão difícil é alcançar a vitória sobre este vício,
falando nestes termos: “Recordo-me das admoestações e conselhos
do Sr., e por isso, combato e luto e não quero me deixar vencer”.
Mr.
J. L. Doussin, diz: “Tão grande é o poder do onanismo que se deve
considerar como coisa pouco menos do que impossível corrigi-lo,
principalmente quando, surdos à voz da razão, ouvem suas vítimas
unicamente a dos sentidos. Perseguidos incessantemente pelo desejo
deste gozo ilícito, encontram-se precipitados no abismo”.
Exemplo
Confissão
que fez um moço ao doutor J. L. Doussin,
para
ver se encontrava remédio, e que este publicou,
ocultando
o nome do confidente,
para
desengano e escarmento de outros.
“Era
eu por natureza são e robusto, sem ter experimentado a mais leve
indisposição e estou certo de que nunca se teria alterado a minha
saúde, como está atualmente, se tivesse podido prever quais eram as
fatais consequências do onanismo. Essa paixão desgraçada, cujo
hábito contraí sem saber como, desenvolvida pela viveza de minha
imaginação e acentuada por meu temperamento tão ardente como
precoce, causou a minha ruína. Entregava-me à satisfação dessa
paixão sem consideração alguma, esquecia-me ou não pensava nas
consequências que poderia trazer; assim é que não reflexionava nas
tristes emoções que a precedem e determinam, nem nas impressões
individuais que a acompanham e nem, ao menos, na prostração
inevitável que sempre é seu resultado. Ai de mim! Entregando-me aos
gostos solitários e brutais não demorei em sentir em meu corpo uma
fadiga geral, acompanhada a maioria das vezes de inquietação e
abatimento quando consumava o ato. Não demorei em tornar-me
muitíssimo magro, consumido por uma febre ligeiramente inflamatória,
que terminava com um suor abundante, que me levavam ao mais alto grau
de marasmo. Então, reclamei o auxílio da medicina e sendo-me
prescrito um exercício moderado e um bom regime de vida, obtive
pronto restabelecimento, mas, algum tempo depois tive a desgraça de
reviver o meu infame costume e sobreveio a febre, acompanhada e
seguida de suores mais ou menos abundantes, frequentemente, de
constipação e outras vezes de diarreia, que durava de oito a dez
dias; minhas mãos estavam trêmulas, meus olhos sumamente sensíveis
à luz e depois da mais insignificante emoção caía numa apatia da
qual com dificuldade conseguia sair; durante o sono atormentavam-me
sonhos espantosos que me faziam despertar sobressaltado; sentia-me
mais inclinado do que nunca à solidão, porque conhecia minha
desgraça, e era impossível que pensasse na menor distração, nem
mesmo nos estudos a que era mais afeiçoado, porque havia perdido
quase completamente a memória; descuidava também em todo o ponto o
meu asseio e compostura. Todos estes sintomas precederam a uma febre
pútrida, da qual afortunadamente me salvei, se bem que a
convalescênça fosse penosa e excessivamente lenta. Depois de ter
sofrido pelo espaço de seis anos enormes fadigas, principiei a
padecer de abundantes suores apesar de não fazer exercício algum e
de guardar o mais completo repouso, sobrevindo-me igualmente uma
oftalmia contínua; em seguida sofri de uma erupção cutânea, que
abrangeu todo o meu rosto, acompanhada de inchaço considerável nas
glândulas salivares. Durante as digestões, que sempre eram penosas,
sofria uma sede ardente, uma alteração contínua acompanhada de
cólicas e vômitos, que terminavam por expelir copiosamente os
alimentos mal digeridos; isso me acontecia pouco depois de haver
comido. Todas as minhas faculdades intelectuais se embotavam de dia a
dia, a luz me era insuportável, o mais insignificante trabalho
intelectual, a leitura, a menor ocupação, tudo me fatigava e
causava fastio. Tornei-me insensato, estúpido e taciturno,
incomodava-me pela mais leve coisa, e adormecia logo imediatamente
que me sentava”. Estas e outras refere de si próprio esta vítima
da masturbação ou dos atos obscenos.
Máxima
O
pecado desonesto torna o homem escravo do Demônio.
Reflexão
Ó
cristão! Considera um pouco a tua alta dignidade e não queiras
precipitar-te e aviltar-te por um breve deleite. O cristão em graça
é um filho de Deus Padre, um irmão de Jesus Cristo e um templo do
Espírito Santo; filho de Maria Santíssima e herdeiro do Céu, tem
os Santos como amigos e por servos os Anjos. Mas, pelo pecado perde
todos esses títulos e se faz escravo do Demônio, habitante do
Inferno, companheiro dos diabos, condenado e eternamente infeliz!
E,
é possível, cristão, que por um breve deleite queiras perder tanto
bem e precipitar-te em tanto mal?!... Alto!... Recorda-te que ao
breve gozar segue o eterno penar!
Exemplo
De
um jovem estudante luxurioso
que
se confessou sem firme propósito,
e
condenou-se.
O
pecado de impureza danifica o corpo, tira a vida e faz condenar a
alma; não poucas vezes faz-se má confissão por se calar esse
pecado, de vergonha, ou se se confessa não se faz boa confissão por
falta de propósito e dor, como se verá no seguinte exemplo: Refere
Bernadino de Bustos que em Paris viveu um estudante muito estimado de
seu mestre, o Dr. Silo, o qual morreu na flor da idade (eis como a
impureza abrevia a vida), recebendo os santos Sacramentos da
Penitência, o Viático e a Extrema Unção. Seu mestre o Dr. Silo,
desejava muito saber a sorte de seu querido discípulo, quando, certa
noite, apareceu-lhe um espectro com um manto de fogo, dando
lastimosos gritos. O professor Silo espantou-se muito e fazendo um
esforço teve coragem suficiente para perguntar quem era. O espectro
respondeu: Eu sou teu discípulo. - Que sorte te coube? Perguntou o
professor, ao que contestou o discípulo em alta voz: - Que me
perguntas? Maldito seja eu e o dia em que nasci: estou condenado por
toda a eternidade nos terríveis suplícios e tormentos do Inferno.
Insiste o mestre: - Mas, como? Não confessas-te todos os teus
pecados? - Sim, confessei-os, mas, não com dor e arrependimento
deles e sem propósito de emenda. Ó mestre! Se soubesses os
tormentos que padeço!... Ó se deles soubessem os homens,
certamente, não pecariam!... Asseguro-te que se todas as penas,
dores e tormentos que existiram, existem e existirão no mundo,
fossem carregados por um só homem, não seriam tão cruéis como uma
hora de dores e tormentos que padeço e para que experimentes a menor
das dores que me afligem, estende tua mão e toca numa pequena gota
de meu suor. Estendeu o mestre sua mão e o discípulo fez cair sobre
ela uma gota só do suor de seu rosto e foi como se uma espada de
fogo lhe atravessasse a mão de lado a lado, causando-lhe tão
veemente dor, que perdeu os sentidos e caiu ao solo semimorto. O
discípulo desapareceu com espantoso ruído, causado pelos Demônios
que o devolviam ao Inferno. O Dr. Silo foi encontrado pelos seus,
estendido no solo, com a mão perfurada, sem sentidos e como morto;
recolheram-no ao leito e deram-lhe os necessários cuidados até que
voltou a si. Tornando à sua cátedra, contou aos discípulos o que
lhe acontecera, atestando a verdade de seus ditos com a ferida da mão
e disse-lhes que se escarmentassem com o exemplo do próximo, que não
praticassem coisas desonestas como aquele infeliz condiscípulo, ou,
senão, como ele se condenariam, porque o pecado desonesto é o que
ocasiona más confissões, ou por calar os pecados de vergonha, ou
porque não se tem verdadeira dor, nem propósito de emenda.
Exortou-lhes, finalmente, para que se afastassem do mundo e tratassem
de assegurar a salvação eterna e para convencê-los mais ainda, deu
o exemplo: deixou a cátedra e o mundo e recolheu-se a um mosteiro,
onde passou o resto de sua vida na mais rigorosa penitência e em
contínua oração.
Propósito
Proponho
abster-me de fazer, dizer e pensar em coisa desonesta, por amor de
Jesus Cristo, especialmente durante o dia de hoje.
Remédio
Físico
Diz
o médico Doussin: Entre as causas próximas e imediatas dos
extravios solitários, figuram em primeiro lugar as conversas de
gente ociosa e depravada, certas posições e movimentos, palestras
íntimas licenciosas, a leitura de novelas e livros obscenos,
pinturas e estátuas indecentes, espetáculos, cinemas e tudo quanto
possa ocasionar ideias lascivas. De todas essas coisas deve
afastar-se, o casto para conservar-se e o desonesto para emendar-se.
Remédio
Espiritual
Fazer
o sinal da cruz na fronte ou no coração quando venha ou moleste
alguma tentação, e se estiver só, persignar-se dizendo e fazendo
as três cruzes: Pelo sinal da †
santa cruz, livrai-nos Deus †
Nosso Senhor † dos
nossos inimigos.
Acabar-se-á
o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima
e a Ladainha da Virgem Dolorosa.
3º
Dia – Terça-feira
Terceira
dor: a que sofreu a
Virgem Santíssima quando perdeu seu preciosíssimo FILHO. Em memória
desta dor saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE
MARIA, para que te alcance uma grande dor de teres pecado e a graça
da castidade.
Leitura
–
A Religião e os conselhos de um bom amigo.
Diz
um jovem: “Gozei até a idade de quinze anos da tranquilidade de
espírito a mais completa e da mais doce felicidade. Cheio de carinho
e respeito para com meus pais, ocupava-me em meus deveres com tal
afinco que sempre obtinha bom resultado, de maneira que ao término
de cada ano alcançava o primeiro prêmio. Durou isto até que um
moço de minha idade iniciou-me no onanismo. Desgraçado!...
Necessitava de um cúmplice, ou melhor de uma vítima!… Faltei ao
meu dever porque de tal maneira dominou-me a paixão que, apesar de
conhecer todo o perigo a que expunha a minha vida, não deixei de
satisfazê-la. A Religião, só a Religião pode alcançar completa
vitória sobre os meus sentidos que não atendiam si quer ao amor da
própria conservação. Por felicidade só oito meses que me
entregava a tão abominável vício, quando confiei o segredo a um
dos meus amigos e companheiros, que me falou da notável alteração
de minha cor e que me disse que havia sido testemunha de muitos
ataques nervosos nos quais perdia eu os sentidos. Este companheiro,
que era virtuoso, conseguiu fazer-me seguir suas pegadas e era bem
recompensado pelas vantagens que lhe proporcionavam sua excelente
saúde e seus progressos nos estudos, o que atraía a estima dos
professores e o carinho dos pais dele. Era um excelente moço, a quem
não venceram alguns desgraçados da índole daquele cujos pérfidos
conselhos podiam ter-me custado a vida; fez-me tão sérias reflexões
sobre a imensidade do crime do qual me fazia culpado ante Deus, que,
ouvindo aquelas ideias tão gratas para os bons, como espantosa para
os maus, no mesmo momento converti-me completamente. Ah! A ocasião
era propícia porque tendo eu, desde então, uma saúde delicada por
demais, o que não teria sucedido se a Divina Providência, a quem
diariamente dou graças, não tivesse me favorecido com um amigo que
se interessasse tanto pela minha sorte? Por oito meses que abriguei
em meu seio este vício capital, inimigo do gênero humano, sofri
muitas dores nos nervos, indigestões, falta de memória, indiferença
e certa aversão a tudo quanto era bom, com mil outros males, que
calo, o que não me teria acontecido se tivesse continuado por mais
tempo?! Ai de mim! A estas horas meu corpo estaria corroído pelos
vermes e minha alma atormentada pelos Demônios no Inferno, pois,
ainda que nisto não pensem e quase não creiam, os desonestos àquele
lugar vão parar”.
Exemplo
Declaração
que faz um rapaz
ao
Dr. J. L. Doussin e este publica
para
escarmento dos meninos e jovens
“A
época em que comecei a entregar-me ao vício impuro, coincide, por
assim dizer, com a minha mais tenra infância: desde essa idade e sem
ter a menor ideia do que distingue os sexos, entreguei-me a certas
leviandades que repetia constantemente. Não conseguia senão
sensações muito imperfeitas, mas, suficientes para exercer uma
notável influência sobre o meu organismo. Meus pais não deixaram
de notar esses efeitos, porém, estavam muito longe de atribuí-los à
sua verdadeira causa. Desde os treze até os dezessete anos de idade,
não deixei de me entregar às minhas impurezas. No princípio com
pouca frequência, mas, não demorou muito em transformar-se num
frenesi, num furor indescritível. Afinal principiei a sentir uma
debilidade extraordinária em todos os músculos das pernas,
acompanhada de dor de cabeça, com palpitações seguidas de
vertigens; depois sofri sensações dolorosas e desagradáveis na
palma das mãos; não somente havia paralisado o meu desenvolvimento,
como também toda a superfície de meu corpo foi atacada de alopecia
(queda dos cabelos). Então, foi quando me emprestaram e li a obra de
Tissot. Mal pudera compreender o efeito que a leitura desse livro
produziu em mim, quando reconheci que os sintomas nele descritos
convinham-me perfeitamente, entre outros: a inaptidão para qualquer
trabalho, a mania de querer estar sempre só e aborrecer a sociedade,
as pústulas que tomavam a minha cara, a curvatura da espinha dorsal,
a perda e debilidade da vista, etc., etc., etc. Custou-me muito
trabalho dominar o meu mau costume, apesar da firme resolução que
tomara. Nos seis anos que transcorreram desde que abandonei o vício,
cresci uma polegada, recobrei a memória e posso ocupar-me com
assiduidade e proveito com algo que me agrada e instrua. Mas, o que
atualmente me aflige, e para o que quisera achar um remédio, é uma
tremura de mãos, com uma frieza ainda mesmo em dias caniculares, os
dentes pretos, afastados e quase desprendidos de seus alvéolos;
saíram-me na boca e no rosto tumores e afinal perturba-me o estado
de meu estômago,
porque faço as digestões lentamente e fico com a boca pastosa”.
Máxima
O
pecado desonesto acelera a morte do homem.
Reflexão
É
uma verdade de Fé que o pecado trouxe a morte a este mundo, como diz
São Paulo, e o mesmo Santo Apóstolo assegura que o pecado é um
estímulo ou aguilhão ou espora que faz acelerar a morte. Mas, se
isso se diz de todo o pecado, quanto mais se deverá dizer do pecado
desonesto, que descompõe os humores, destrói os espíritos vitais e
consome as forças? E ainda que não houvessem essas razões
filosóficas, sabemos pela Sagrada Escritura que por este pecado Deus
envia a morte repentinamente aos que se entregam a ele. Her e Onan
morreram no mesmo instante em que pecaram, e saiba o desonesto que
este vício chama-se onanismo porque imita a Onan... tema, pois, o
pecador que lhe aconteça o mesmo que aquele: ficar repentinamente
morto e condenado. Ah! Quantos exemplos lê-se nas histórias
sagradas e profanas de pessoas que tiveram uma morte prematura por
causa deste pecado! Teme, pecador, que não te aconteça o mesmo.
Exemplo
De um jovem que se masturbou
e morreu instantaneamente
Refere Siniscalchi que um
jovem estudante era muito bom, obediente a seus pais, aplicado ao
estudo e frequentava os Santos Sacramentos. Um dia seu pai notou que
seu filho tão amado não se levantava com a pontualidade costumada;
pensando que estivesse dormindo ou descuidado, foi chamá-lo, bateu à
porta do quarto, mas, o filho não respondia; entrou e continuou
chamando pelo mesmo, que continuava calado, até que aproximando-se
da cama verificou que ele estava morto! É mais de imaginar do que de
explicar o que se passou no íntimo dos pais desse infeliz filho. O
pai tomou a capa e foi dar a notícia da desgraça ao Confessor do
jovem, um Sacerdote da Companhia de Jesus. Este procurava consolar o
aflito pai do moço defunto, dizendo que confiava na bondade de Deus,
pois que se bem ele falecera sem os Sacramentos, como nunca cometera
pecado mortal, não estaria condenado, mas, que não obstante iria
logo celebrar a Santa Missa e aplicá-la em sufrágio da alma do
falecido, para que se tivesse cometido algumas faltas leves e
estivesse no Purgatório por elas, o Senhor o aliviasse. Foi, assim,
o bom Padre à sacristia, revestiu-se com os Sagrados Paramentos e
quando queria sair da sacristia, tiram-lhe, pelas costas, a casula;
voltando-se e, como não visse ninguém, tenta novamente sair, quando
se repete o fato sucedido, para; logo depois, uma mão negra
arranca-lhe o Cálix das suas mãos. Espantado o Padre, levantou os
olhos e via, no meio de chamas, o desgraçado moço que, dando um
espantosíssimo gemido, diz: “Ai, Padre! Não celebre a Missa por
mim, porque estou condenado!...” O Padre ficou semi-morto de pena e
espanto, mas, esforçando-se, perguntou: “– Como é isso? Calavas
os teus pecados?” – “Não”. – “Mas, então, como pode ser
isso, se nunca te confessavas de pecado mortal?” – “É verdade,
porque nunca na minha vida havia cometido um, mas, esta noite tive
uma tentação, resisti a primeira e a segunda vez, mas, na terceira
consenti, com a intenção de não fazer mais de uma vez, mas,
desgraçado de mim! Assim que praticara comigo mesmo o ato desonesto,
na própria cama fiquei morto e minha alma foi condenada ao Inferno,
como sucedeu aos Anjos maus, que por um só pecado foram jogados no
fogo eterno!”
Jovens que praticais atos
desonestos! Temei que suceda convosco o mesmo que a este desgraçado!
E já que Deus tem sofrido os vossos pecados cometidos até esta data
e esperado que façais penitência, confessai-vos bem e não pequeis
mais, ou senão, ai de vós! Sereis condenados por toda a eternidade!
Propósito
Proponho abster-me de fazer,
dizer e pensar em coisas desonestas, por amor do Espírito Santo, de
quem sou templo, especialmente no dia de hoje.
Remédio Físico
Diz
o médico Doussin, pág. 180: “Entre os meios e remédios
mais eficazes deve-se contar a incessante ocupação, o viver em
companhia de alguma pessoa amável e virtuosa e, se é possível, não
se afastar de sua vista, tanto de dia como de noite. A Religião,
porém, é o melhor e mais poderoso meio para conseguir o repouso da
imaginação. Assim o reconheço e assim me tem assegurado os
próprios doentes deste vício”.
Modo de Vencer uma
Tentação Muito Comum
Moços
há, que tão logo conheceram os males do onanismo fizeram o firme
propósito de abster-se e, verdadeiramente abstiveram-se alguns dias,
mas, o que acontece? Depois de algum tempo tornam a cair!… Qual é
a causa da reincidência? São três essas causas. A
primeira
é o hábito, ou mau costume de pecar, o qual é para eles como uma
segunda natureza. Esta primeira causa deve-se tirar com um hábito
oposto, abstendo-se totalmente de pecar, com firme resolução de
antes morrer do que consentir em tão grande maldade. Com esta
resistência as forças da paixão e do mau costume se debilitarão e
em cada vitória que conseguirem consolidam mais e mais o seu santo
propósito e perseverança, ao passo que, se são débeis, fracos,
covardes, e se deixam arrastar pela tentação, um pecado arrastará
a outro, até que finalmente perderão a saúde e a vida do corpo e a
graça e a salvação da alma. A
segunda causa
é a sugestão de Satanás, que vendo que escaparam de suas garras
aquelas almas que já contava como suas, faz todos os esforços
possíveis para que voltem atrás e tornem a engolir
o vômito de seus pecados obscenos,
como diz São Pedro,
que
haviam atirado fora por meio de uma boa confissão. Esta segunda
causa afasta-se desdenhando prontamente a tentação, fixando a
atenção em outra coisa, dizendo fervorosas jaculatórias, invocando
os dulcíssimos nomes de Jesus, Maria e José, e de São Miguel,
dizendo: QUEM É IGUAL A DEUS? Recebendo com frequência, fervor e
confiança os Santos Sacramentos da Penitência e da Comunhão,
dizendo com Davi: “Preparaste uma mesa diante de mim, à vista
daqueles que me perseguem”,
que
são os inimigos da alma e do corpo, o mundo, o Demônio e a carne. A
terceira causa
de reincidir no pecado desonesto é o terror de adoecer.
Há
jovens habituados, que depois resolveram não pecar mais, tendo mesmo
passado algum tempo sem cair naquela abominação, sofrem uma
tentação; fazem esforços para vencê-la e resistem um,
dois e mais dias, mas, é tão incômoda e constante a luta que,
vencidos por Satanás, temem adoecer!… Atentem, porém, ao que
dizem os médicos Bordeu e Devay: “Que os moços que se contêm,
não adoecem por isso, ao contrário, são mais sãos e robustos;
devem, pois, abster-se e assim repararão as perdas causadas pelos
pecados passados, viverão mais anos, serão mais sãos, e se alguma
vez ficarem enfermos a natureza se descartará mais rapidamente da
enfermidade devido os múltiplos recursos que possui, enquanto que os
desonestos facilmente adoecem e dificilmente se levantam, por
faltar-lhes tais recursos vitais”.
Remédio Espiritual
Dizer jaculatórias no momento
da tentação, por exemplo: Senhor, não retireis de mim o Vosso
Espírito. Meu Deus, assisti-me. Jesus meu, amparai-me.
Acabar-se-á
o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima
e a Ladainha da Virgem Dolorosa.
4º
Dia – Quarta-feira
Quarta
dor:
a que sofreu a Virgem Santíssima quando falou a seu Filho, cansado,
com a Cruz às costas, na Rua da Amargura. Em memória desta dos
saudarás Maria Santíssima com um PADRE
NOSSO e sete AVE MARIA para que te alcance uma grande dor de teres
pecado e a graça da castidade.
Leitura
–
Observações de Médicos e Filósofos
Tissot,
Salzman, Goutier-Wogel, Campe e outros célebres autores, citam um
grande número de meninos que, por diversas ocasiões, tinham chegado
a masturbar-se desde a mais tenra infância e que continuando com
esse abominável vício, eles mesmos, sem o saber, abriram suas
sepulturas. O célebre J. L. Doussin, diz: “Que um menino de quatro
a cinco anos, a quem a casualidade ensinou este modo de se destruir,
morreu, com efeito, vítima de sua inconsciência, porque não fizera
outra coisa senão ceder a uma inclinação, cujo perigo era
impossível ele avaliar; mas, um moço de dezesseis ou dezessete anos
poderá esperar alguma indulgência? Quem não o vituperará por não
ter renunciado a este vício vergonhoso desde o instante em que notou
o prejuízo de sua saúde? Por outro lado, conhece tão bem quão
repreensível é aquele vício que não sabe de que forma ocultar a
sua obscenidade, e crê que o conhecem todas as pessoas com quem está
obrigado a ter relações. Daí procede a timidez que se observa
quando respondem às perguntas de seus pais ou professores, a quem
mal se atrevem a olhar, e cuja presença procuram evitar com cuidado.
Ditoso aquele que ainda pode se ruborizar desse tão penoso como
detestável vício, porque não permanecerá enlameado nele, logo o
recordará para o aborrecer e a virtude que abandonou por momentos
voltará a guiá-lo de novo. Seguramente se sentirá bem recompensado
quando vir desaparecer de sua fronte, antes serena, os vestígios do
pecado já marcados nela”. Diz Doussin: “O onanismo faz suas
vítimas perderem quanto tinham de humano em suas faculdades morais;
comunica-lhes um exterior abrutalhado, obsceno, triste, covarde,
negligente e as torna incapazes de qualquer trabalho que exija a mais
leve operação do entendimento”. Mr. Devay manifesta o consolo que
espera ter vendo emendados os moços masturbadores por meio do
Sacramento da Penitência e da Primeira Comunhão. Quem não
conhecerá o poder benéfico que tem o conselho de um Sacerdote para
um menino ou jovem que lhe confia o segredo que não confiava nem
mesmo aos seus pais? E quem negará que essa primeira e edificante
Comunhão, para a qual se exige a pureza dos costumes, não possa
conjurar para sempre esses deploráveis excessos?
Exemplo
Declaração
que faz um jovem,
e
para desengano da juventude,
a
publica, o Dr. J. L. Doussin Dubruil.
“Encontro-me
desgraçadamente no número das vítimas cuja inocência foi
sacrificada pelos maus conselhos de uma juventude corrompida. Para
meu mal fui testemunha, num colégio, dos excessos do onanismo e
animado pelos exemplos dos que me rodeavam, imitei-os, porque
ignorava como eles as fatais consequências da nossa brutal
inclinação. Longo tempo fazia que nos familiarizáramos com essas
imundícies e se algum de
nós, mais instruído do que os outros, nos tivesse mostrado todos os
perigos que esse costume trás consigo, teria bastado, sem dúvida,
para que eu abandonasse por completo meus culpáveis manejos, mas, ao
contrário, como não conhecia os perigos, continuei até os quinze
anos e meio, convertendo-se o que antes não passava de um simples
desejo, numa necessidade imperiosa. Para conter este hábito
detestável deram-me a obra de Tissot e depois de tê-la examinado,
reconheci toda a profundidade do abismo que, por minhas próprias mãos,
cavara a meus pés. Admirado, então, e cheio de espanto por
semelhante leitura, facilitei a
troca de correspondência
com V. S., persuadido de que, quanto mais variados fossem os
assuntos, mais forte seria também a emoção; a isto devo, confesso,
a facilidade que achei em renunciar a toda espécie de provocação.
Apesar de minhas libertinas satisfações, conservei minhas carnes,
mas, tenho continuamente olheiras, muito fundos os olhos nas órbitas
e uma palidez amarelenta; em qualquer parte que vá, me parece que
veem
em minha fisionomia a inclinação que tenho para o vício; minhas
digestões são lentas, laboriosas e mal feitas...
Minha
cara está semeada de grandes grãos, tão dolorosos como duros e
ásperos; as afecções nervosas tem sobre minha imaginação um
poderoso império… Todavia, espero recobrar a saúde, ou, ao menos,
conservar a pouca que me resta, pois, isso seria para mim um bem
tanto mais extraordinário quanto
se levar em conta que meus excessos duraram quatro anos seguidos.
Finalmente, tendo eu a firme resolução de respeitar a mim mesmo e
não tornar nunca mais a abusar de semelhante excitação, faça-me
V. S. o favor de indicar-me um remédio e me considerarei ditoso no
dia em que me veja restabelecido”.
Exemplo
De
dois infelizes que
não
declararam seu vício de Masturbação
ao
médico Doussin.
“Entre
os epiléticos que atualmente assisto, encontra-se um jovem de
dezessete anos, de quem suspeito que se masturba, muito.
Apesar de lhe ter feito algumas perguntas, não consegui obter dele a
verdade. Se ler esta obra, coisa que desejo, aprenderá pelos
exemplos que cito que para obter a completa cura de sua enfermidade é
indispensável fazer cessar a causa que a produziu. No meu Tratado
dos Flegmões ou Tumores, cito a história de um menino que morreu com
a idade de treze anos, no meio de terríveis convulsões muito
parecidas com a epilepsia e depois de uma agonia de noventa e seis
horas. O modo do esforço que depois de muito tempo fazia para expectorar, a natureza da saliva, cuja cor era de um cinzento pardo e
sua consistência viscosa, pouco natural na primeira idade,
fizeram-me suspeitar de que sua enfermidade era proveniente de
excessos repetidos na masturbação, o que, por outro lado,
denunciava a sua pele, cuja secura extremada só uma causa violenta
poderia determinar, pois, esse menino era idolatrado por seus pais e
nunca se ocupara de trabalho ou outra qualquer coisa que o
fatigasse”.
Máxima
O
pecado desonesto faz que o homem sofra um julgamento terrível.
Reflexão
Pensa
em
que tens de morrer… pensa em que este vício acelera a tua morte…
pensa em que brevemente estarás ante o Tribunal de Deus e que Ele te
dirá: Dá-me contas de tua administração… Deus te deu corpo,
alma, vida, saúde, e outras mil coisas para que guardes sua lei, O
conheças, O ames e O sirvas… E tu, que tens feito?… Que contas
prestarás a Deus, desde que em lugar de viveres bem, nada mais
fizeste senão pecar?… Se condenou àquele servo que não negociou,
nem
ganhou com seu talento, que juízo terrível não usará contigo que
não só nada ganhastes com os talentos das potências e sentidos que
te confiou, antes, só abusastes deles e com eles ofendestes a Deus?
E se a árvore que não dava frutos foi cortada e arremessada ao
fogo, que sentença te espera, que em lugar de produzires frutos de
boas obras não fizeste mais do que pecados?!… Ai de ti!…
Exemplo
Da
Santíssima Virgem da Primeira Dor
e
de um Jovem que ia Cometer um Pecado Desonesto
Nas
cartas anais da Companhia de Jesus, lê-se que na Índia havia um
moço que tinha em seu aposento uma imagem da Santíssima Virgem da
Primeira Dor, ou seja, com uma espada cravada no peito, e certo dia
esse jovem sentiu-se terrivelmente tentado contra a castidade;
dominado já pela tentação, ia para um lugar retirado a fim de
executar a obscenidade, apesar dos remorsos que sentia na
consciência, que lhe recordava a grave falta que cometia contra
Deus, quando ao atravessar a porta do aposento e passar diante da
imagem de Maria Santíssima, ouve uma voz sobrenatural que lhe diz: –
“Pare!
Aonde vais?”
O moço volta-se e aproxima-se do lugar donde escutara a voz e vê a
imagem de Maria Santíssima, que levantando a mão, tira a espada que
tinha cravada no peito e dirigindo-se a ele, diz: “Vamos,
toma essa espada e, se tens coragem, fere-me a Mim, antes que tornes
a crucificar a meu Filho com o pecado que vais cometer”.
Assombrado,
o jovem ouvindo essa voz de Maria Santíssima, arrojou-se ao solo e
com abundantes lágrimas pediu perdão a Deus e à Santíssima
Virgem, prometendo levar dali por diante, uma vida pura, tomando a
firme resolução de morrer antes de tornar a pecar. Ah! Jovem
desonesto! Se pensasses atentamente no que fazes quando pecas! Pensai
bem! Quando pecas tornas a crucificar o Filho de Deus, como diz São
Paulo, e ainda cravas uma espada no Coração de tua Mãe Maria
Santíssima. E é possível tanta maldade?!… Ferir a tua Mãe?!…
Não cais morto de dor e de vergonha?!…
Propósito
Proponho
abster-me de fazer, dizer e pensar em coisa desonesta, por amor de
Maria, Nossa Senhora, Virgem Mãe de Pureza, especialmente no dia de
hoje.
Remédio
Físico
Diz
o médico Doussin, pág. 180, que é remédio poderoso para curar a
praga do onanismo, a vigilância contínua dos Superiores, as
repreensões, os conselhos, a exposição ou a leitura de casos de
outros seres desgraçados por esse vício, e o fazer compreender que
os viciados por si mesmos afeiam-se, adoecem e se condenam.
Remédio
Espiritual
Encomendar-se
à Maria Santíssima. Rezar o Rosário todos os dias. Dizer
frequentemente a oração Virgem e Mãe de Deus, etc., e a Ave Maria
ao bater das horas, dizendo jaculatórias no momento das tentações.
Acabar-se-á
o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima
e a Ladainha da Virgem Dolorosa.
5º
Dia – Quinta-feira
Quinta
Dor:
a que sofreu a Santíssima Virgem quando viu seu amantíssimo Filho
crucificado e morto. Em memória desta dor, saudarás Maria
Santíssima com um Padre Nosso e sete Ave Maria, para que te alcance
uma grande dor de teres pecado e a graça da castidade.
Leitura
– Observações de Médicos e
Filósofos
Diz
o célebre médico J. L. Doussin que, os que se masturbam causam a si
mesmos os seguintes males e prejuízos: olhos desconfiados, pouco
vivos, débeis, com manchas vermelhas às vezes, com olheiras e úmidos;
pálpebras
inchadas; cara decrépita, amarelenta e consumida; laxidão que o
descanso não dissipa; digestões lentas, compressão no ventre;
urina espessa, esbranquiçada e muitas vezes fétida; náuseas e em
certas ocasiões vômitos de matérias viscosas; muita frouxidão nos
ombros e nas pernas; calafrios contínuos; voz rouca, débil ou
brusca; suores excessivos, sem que sejam precedidos de movimento
algum; a pele quase sempre seca e áspera; uma tossezinha sem
expectoração; suspiros e bocejos frequentes; eis aí os efeitos
físicos que resultam do hábito da masturbação, efeitos que por
sua vez se convertem em causas dos desarranjos que sofre a moral
naquela classe de indivíduos. Também se observa que, a menor
dificuldade assusta-os, que não se encontram bem em parte alguma,
que continuamente estão distraídos, que sua vacilante memória é
infiel, que raramente à firme seu caráter, e sobretudo, que não
têm amigos verdadeiros, porque não o são aqueles que se dizem
amigos. Celso, médico célebre, assegura que os jovens que se
masturbam, ficam pálidos e afeminados, esquecidos, covardes,
lânguidos e até imbecis. Sulmutch
narra que dois indivíduos entregues desde mui jovens, ao onanismo,
ficaram mentecaptos e que o cérebro de um deles secara de tal forma,
que se podia ouvir o mesmo mover-se dentro do crânio. Dawswi,
diz que viu onanistas que foram atacados do enfraquecimento dorsal
descrito por Hipócrates. O médico Campe, diz que viu um menino de
nove anos, cego em consequência do onanismo, e Tissot cita muitos
casos semelhantes. Diz o médico Divag que os homens de
responsabilidade, de qualquer crença que sejam, encarregados da
energia intelectual e moral dos jovens, consideram um dever precaver
os mesmos contra semelhantes desvios impuros. Recordo-me ter ouvido o
médico Raspail, no ano de 1836, dissuadir com enérgica convicção
os numerosos estudantes de
sua escola de frequentarem essas casas obscenas, onde se perde de uma
vez a vitalidade e a energia do entendimento.
Exemplo
Lamentações
de um moço contra si mesmo,
publicadas
por um amigo da juventude,
para
desengano desta.
“Aos
quatorze anos aprendi o segredo da masturbação propriamente dita,
numa grande escola, onde era conhecido este vício pela totalidade
dos alunos. Desde aquele fatal momento até a idade de vinte e um
anos, que tenho atualmente, não deixei de ser escravo desta paixão.
Cor, frescura, brilho da mocidade, viveza, faculdades, talento!…
tudo desapareceu para mim desde aquele momento fatal!… Na idade de
dezesseis anos senti dores nas proximidades das primeiras falsas
costelas e também uma grande dificuldade, que ainda me atormenta.
Uma inchação e uma dor contínua em todas as partes do corpo, foram
as consequências do meu vício. O que, então, não podia
compreender nem explicar, hoje compreendo e conheço também o que
significam essas dores surdas e estes padecimentos tão contínuos
como indefinidos; o véu, que ocultava o meu estado, foi descerrado e
vejo todos os perigos e sua causa. Tenho a desgraça de não poder
culpar ninguém, senão, a mim mesmo. Por
que fatalidade terei demorado tanto em evitar a minha ruína?…
Passo no maior desconsolo estes tristes dias, que me anunciam outros
mais penosos. Basta-me olhar para um espelho para reconhecer que o
vício foi a destruição de todas as vantagens que a natureza me
outorgara e cair novamente na melancolia que me consome. A ideia do
meu futuro é o que mais me atormenta. Com o que mais pequei, é
exatamente com o que mais sofro e padeço agudíssimas e prolongadas
dores em consequência de meus excessos...”.
Outro
Exemplo que Refere o Mesmo Autor
“O
desgraçado exemplo que me ministrou um colega, incluiu-me na
multidão dos infelizes aos quais as consequências da masturbação
deixaram triste e amarga lembrança da primeira juventude… Ah! Quem
me dera prever, quando tinha quinze ou dezesseis anos, o fundo abismo
em que se precipita quem comete tão horrendo atentado contra o
Divino Autor da natureza!… Tenho atualmente vinte e quatro anos:
muitas vezes, sim, muitas vezes, cometi este crime e ainda que tenha
feito mais de uma vez as promessas mais solenes de abster-me, só
pronunciei tais juramentos para quebrá-los!… ai!… Minha vista
diminuiu consideravelmente… a cor não corresponde à minha idade…
Mal faço alguns movimentos extraordinários, inundo-me de suor e
bate apressadamente meu coração… Li no DIÁRIO DE BERLIN a
descrição que V. S. faz de um mal espantoso, cuja única causa foi
o meu desgraçado vício; fiquei perturbado e chocado; imediatamente
concebi o projeto de pedir seu parecer e reclamar sua
assistência”.
Máxima
O
pecado desonesto faz que o pecador sofra um terrível Inferno.
Reflexão
Um
só pecado mortal merece um Inferno eterno. E tu, que comete tantos
pecados mortais de pensamentos, palavras e obras, que Inferno
merecerás? E indiscutivelmente teus pecados são ilícitos deleites,
que merecem os maiores tormentos e penas, como diz Santo Agostinho e
o prova com estas palavras da Sagrada Escritura: “Quanto mais
alguém se tiver glorificado e vivido em deleites, maiores penas e
mais dores lhe serão dadas”.
Pois,
que penas e que dores te proporcionarão lá nos Infernos, a ti,
infeliz, que tanto te deleitaste com tuas abominações e
obscenidades?… Pensa que não só tua alma como também esse teu
corpo que agora idolatras será atormentado eternamente no Inferno,
se não te emendares!… Pensa bem… Breve gozar, eterno penar. O
deleite passa como um relâmpago, mas, a eternidade jamais
acabará!!!…
Exemplo
Diz
o célebre João Gerson, chanceler de Paris, que o Bispo D. Tomás
Cantimbre foi testemunha ocular do exemplo seguinte: Sendo ele jovem
estudante, tinha um discípulo muito amigo, filho de bons pais e
dotado de todas as qualidades que tornam amável um moço. Este moço
tão bom e tão amável, teve uma má companhia, que despertou em seu
coração o amor pelos prazeres desonestos, arruinou em pouco tempo
todas as boas inclinações e o precipitou em todas as hediondezes;
seus amigos exortaram-no, porém, não fazia caso, mas, o Senhor o
castigou da seguinte forma: Estando este desgraçado moço uma noite
no melhor de seu sono, de repente, despertou sobressaltado e tomado
de um grande pavor, começou a dar terríveis gritos, com os quais
despertaram também todas as pessoas da casa e correram a
socorrer-lhe. Perguntavam o que tinha, e não respondia senão com
repetidos gritos. Fazem vir um Sacerdote para que o exorte a pensar
em Deus e pedir perdão de seus pecados, mas, nada se
adiante com isso. Continuando, não obstante, o Sacerdote a exortá-lo
mais e mais, dirigindo-lhe as palavras mais ternas, acompanhadas de
abundantes lágrimas, voltou-se para ele o infeliz e olhando-o com
olhos perturbados, diz com voz lamentável: Maldito
seja quem me perverteu! Maldito seja quem me perverteu! Em vão já é
invocar a misericórdia de Deus, porque já estou vendo o Inferno
aberto para me receber!!!
Ditas essas palavras, que aumentaram a dor e o pranto de todos os
circunstantes e as instâncias de que se recomendasse a Deus,
virou-se para o outro lado e continuando seus horrorosos gritos,
morreu no maior desespero e aflição, com os sinais mais evidentes
de sua condenação ao Inferno, onde paga e pagará com uma
eternidade de sofrimentos e dores terríveis os breves e brutais
prazeres desonestos.
Propósito
Proponho
abster-me de fazer, dizer e pensar em coisas desonestas, por amor ao
Anjo da Guarda, especialmente durante o dia de hoje.
Remédio
Físico
Diz
o médico Doussin,
que a primeira diligência é prescrever um regime adequado e um
gênero de vida que robusteça o corpo e preserve a imaginação de
todos os seus extravios. Ter-se-á presente, porém, que disse
que é muito prejudicial aos meninos o uso excessivo de carnes e
outras substâncias azotadas, tomadas em maior abundância do que o
permitem as forças digestivas. Não devem beber aguardente, nem
licores; se tomarem vinho, deverá ser com duas terças partes de
água.
Remédio
Espiritual
Receber
com frequência os Santos Sacramentos da Penitência e da Comunhão.
O Santíssimo Sacramento chama-se Pão dos Anjos, por isso, quem
deseja viver como um Anjo em pureza, é preciso que viva de seu
alimento. Não existe nada que tanto afugente o espírito de impureza
como o Santíssimo Sacramento bem recebido.
Acabar-se-á
o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima
e a Ladainha da Virgem Dolorosa.
6º
Dia – Sexta-feira
Sexta
dor:
a que a Virgem Santíssima sofreu quando viu transpassarem com a
lança o peito de seu Filho já morto, recebendo-O depois em seu
regaço. Em memória desta dor saudarás Maria Santíssima com um
PADRE NOSSO e sete AVE MARIA para que te alcance uma grande dor de
teres pecado e a graça da castidade.
Leitura
O
célebre Mr. Flouret manifestou numa dissertação, que não temia
sustentar que as dores que se manifestam comumente em consequência
dos terríveis efeitos do vício impuro, ao longo da coluna
vertebral, são sumamente atrozes, que o indivíduo fica seco e
extenuado; que as funções do estômago se transtornam e pervertem
até o ponto de suprimir-se, às vezes, a secreção da urina e
sobrevir grave dor de cabeça, debilidade da vista, por causa da
excessiva dilatação das pupilas, e perda completa da memória; que
entre as doenças que afligem o paciente é a hipocondria a mais
notável e finalmente, exclama, que lhe seria impossível fazer uma
completa enumeração da inaudita multidão de males que os órgãos
da geração atraem sobre a economia… Mr. Tissot, célebre médico
de Lausane, diz o mesmo e quiçá, mais do que o anterior, apoiando
suas razões com vários fatos presenciados por ele mesmo, referindo
o de um mocinho de bela aparência, que havia sido advertido
repetidas vezes do perigo a que se expunha com o vício impuro, mas,
que se fazendo surdo aos conselhos, ficou tão disforme antes de
morrer, que desapareceram todas as carnes que cobrem as apófises
espinhosas dos lombos. O mesmo refere de outro rapazote de quatorze
ou quinze anos, que morreu de convulsões epiléticas, cuja única
origem era o vício impuro.
Exemplo
Resumo
histórico das desgraças
que
sobre si chamou um jovem desonesto,
útil
para que os demais se
escarmentem
com o exemplo alheio
“Um
moço, que atualmente terá vinte e oito anos, teve a infelicidade de
aprender o que era o vício impuro, quando apenas contava dezesseis
anos, graças a um jovem professor de música que lhe ministrou tão
boas lições… Não lhe passando pela mente que isso pudesse ser
prejudicial, cria unicamente que semelhante ato exigia muito segredo
e, desde então, não deixou de repeti-lo, fugindo sempre de
testemunhas. Notando com o tempo que aquele ato seguia-se sempre
certa fadiga, ficou crente que seria muito acertado e bom praticá-lo
todas as noites depois de deitar-se, com o fito de adormecer mais
rapidamente, e usou durante dois anos tal soporífero, que reputava
excelente. Crendo depois que dormia demais, empregou o mesmo meio
para despertar melhor, usando-o outro dois anos pela manhã a título
de despertador. Quatro anos transcorreram continuando ele naquele
maldito vício e ignorando sempre o que fazia. Desta forma chegou aos
vinte anos, sem que ninguém o surpreendesse no vício, nem
denunciasse o perigo que o ameaçava e o abominável de seu proceder,
mas, foi atacado de uma diarreia tão violenta, que se viu obrigado a
guardar o leito quatorze dias seguidos. Dois meses depois padeceu
durante a noite de suores tão violentos, que os travesseiros, os
colchões e a roupa da cama não só umedeciam, como ficavam
empapados de suor; isto durou sete semanas. Passados três meses foi
atacado de uma enfermidade do peito sumamente grave, acompanhada de
febre ardente e tumefações sobre a pele, umas vezes roxas, outras
brancas. Neste lastimável estado se achava quando teve ocasião de
ler a obra de Tissot, intitulada: ”O Onanismo”
e a de Guiller Zedkundige-Lessem, “Instrução sobre os Costumes”.
Estas duas obras reunidas causaram, se bem que demasiado tarde, sua
conversão. Ainda que naturalmente alegre, acha-se sempre inquieto e
abatido; tem constantemente a língua coberta de matéria espessa,
que não sai com coisa alguma, nem mesmo com os purgantes; sente
afogueamento e dores em toda a extensão do rosto. Além disso, sofre
dores em outros lugares do corpo, quase constantemente tem o rosto
coberto de fístulas, nunca está livre de tosse e tem as mãos às
vezes frias como o gelo e outras, ao contrário, muito quentes e
cobertas de suor”.
Máxima
O
pecado desonesto faz com que o homem seja privado da Glória.
Reflexão
Desengana-te
de uma vez: esse Céu que vês tão formoso e o mais precioso que
está lá em cima não é para ti, se não te emendas de tuas
desonestidades. São Paulo e São João te dizem claramente que os
que fazem coisas obscenas não entrarão no Reino dos Céus: não
duvides, é
de fé,
nada manchado entrará na Glória. Os que entrarão na Glória são
os que viveram bem e que na ressurreição serão como os Anjos de
Deus, e tu que tens vivido não como um Anjo de Deus, mas como…
onde irás parar?!… Por um breve deleite entregas e abandonas um
eterno contentamento e um gozo sem fim! Pensa bem: o que tiras de
todos esses deleites, se finalmente te condenares?!… do que te
servirão lá nos Infernos todos esses deleites?!… que satisfação
te darão?!… Nenhuma, senão mais penas. O deleite passou e a pena
nunca acabará!!!
Exemplo
De
um jovem nobre,
que
o Diabo despedaçou
porque
era desonesto e
desobediente
à sua mãe.
Há
rapazes que parece serem da raça de Caim e estes são os desonestos;
diz a Santa Escritura que Deus Nosso Senhor PÔS EM CAIM UM SINAL,
mas, nos luxuriosos, como pelo pecado obsceno e pelo escândalo que
dão, matam mais irmãos do que Caim, pôs neles quatro sinais: o
primeiro nos olhos, o segundo na preguiça, o terceiro
na indevoção e o quarto na desobediência aos pais.
Tal era o jovem de que vamos falar, segundo refere Teófilo Rainaldo.
Este jovem era nobre, filho de uma viúva e como desonesto era
desobediente à sua mãe. Esta lhe disse que se recolhesse cedo e não
à meia-noite como costumava, pois, do contrário, não lhe abriria a
porta. A hora regular a mãe mandou fechar a porta da casa e chegando
o filho tarde, segundo seu mau costume, e achando a porta fechada,
principiou a bater e a dar gritos, até que, vendo que não o
atendiam, rompeu numa série de injúrias e maldições contra sua
mãe, e, depois, com um irmão e um criado que o acompanhavam,
retirou-se para outra casa. Mas, logo que adormeceu, ouviu-se um
grande ruído e entrou, em seguida, no aposento, um horrível
gigante, que agarrando o jovem pelos pés, foi estendê-lo sobre uma
mesa, onde com um cutelo que trazia, o despedaçou, jogando os seus
pedaços a quatro cães espantosos que com ele tinham vindo para
devorar o infeliz moço. Aterrorizado com esse fato, o irmão entrou
num Convento de Cartuxos e, depois de uma vida exemplar, morreu
santamente. Vede como Deus castiga aos filhos luxuriosos e
desobedientes a seus pais. O pecado desonesto e a desobediência aos
pais, são delitos tão aborrecidos por Deus, que muitas vezes começa
a castigá-los nesse mundo. E assim, como a Justiça do mundo tem
verdugos para executar a sentença que o juiz pronuncia, Deus Nosso
Senhor, que é Juiz Supremo, tem também verdugos, que são os
Demônios e que executam com muito gosto e prontidão as sentenças
que ELE dá contra os pecadores neste e no outro mundo, que é o
Inferno, lugar de tormentos, com diz o Evangelho.
Remédio
Físico
Diz
Mr. Doussin,
“que se deve procurar evitar os jovens a ociosidade, o trato íntimo
com outros que se suspeite tenham o mesmo vício; a falta de higiene,
o deitar-se antes de terminar a digestão e o dormir deitados de
costas. Devem, pois, dormir do lado direito e não em cama demasiado
macia, não muito cobertos, os pés sim devem estar quentes, para
atrair para os mesmos o sangue durante o sono.
Remédio
Espiritual
Não
ser amigo de viciados e viver separado dos que falam desonestamente,
apreciar a companhia dos pais e ter amigos virtuosos.
Acabar-se-á
o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima
e a Ladainha da Virgem Dolorosa.
7º
Dia – Sábado
Sétima
Dor:
a que padeceu a Virgem Santíssima quando deixou seu amantíssimo
Filho no sepulcro e Ela ficou na soledade. Em memória desta dor,
saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE MARIA, para
que te alcance uma grande dor de teus pecados e a graça da
castidade.
Leitura
O
célebre J. L. Doussin diz: “Há motivos para crer que um jovem se
entrega ao onanismo quando coincidem a perda da memória e da cor e
frescura do rosto; quando de alegre que era torna-se triste e
melancólico; quando se observa que perdeu a afeição ao estudo;
quando, finalmente, encontra-se sem apetite, tem o pulso irregular,
suores noturnos, que não se podem atribuir a alguma outra
enfermidade, ou que come mais do que costumava, aumentando, não
obstante, sua extenuação. Não se deve estranhar este último
resultado, que se manifesta frequentemente, se se admitir a opinião
dos que pretendem, com razão, que a matéria cuja efusão se produz,
serve para nutrição do cérebro e da medula espinhal”.
Hipócrates,
chamado com muita justiça o Príncipe da Medicina, discorre sobre o
particular, assim: “As pessoas, diz, que perdem frequentemente esta
substância, que se deve considerar como a essência de todas,
enfraquecem e consomem-se, ainda que se alimentem muito”. “Estas
mesmas pessoas, acrescenta aquele grande médico, percebem uma
sensação como se da cabeça descessem formigas ao longo da coluna
vertebral…; privam-se da faculdade gerativa e seu sonhos versam
sempre sobre objetos capazes de agravar mais e mais a sua situação;
os passeios cansam-nos, debilitam e
ocasionam peso na cabeça e zunido nos ouvidos, finalmente, uma febre
aguda que acaba por terminar seus dias”. Os médicos modernos fazem
a mesma observação que Hipócrates. Hoffmann, entre outros, cita
muitos fatos como prova do que os moços que se entregam a tal gênero
de libertinagem não se desenvolvem, nem se nutrem, ainda que comam
muito. Mr. Devay diz: “Que os que se entregam ao vício impuro
causam-se três prejuízos diversos e muito grandes: 1º)
Fisiológicos, ou corporais, porque arruínam seu organismo, desfazem
as essências funcionais nervosas e nutritivas, de forma que acabam
com sua vida. 2º) Causam desordens intelectuais de maneira que a
inteligência e a memória se perdem dia a dia e muitos ficam loucos.
3º) Provocam desordens morais, porque tornam-se morosos,
caprichosos, ásperos e brutais”.
Exemplo
Ingênua
declaração que faz
um
enfermo dos males desonestos,
publicada
pelo médico Doussin
para
escarmento da mocidade.
“Tive
a desgraça, como muitos outros jovens, de deixar-me arrastar por um
hábito tão pernicioso para o corpo como para a alma; a idade,
favorecida pela razão, corrigiu, faz algum tempo, esta miserável
inclinação, mas, o dano já está feito. À afecção e
sensibilidade nervosas extraordinárias e aos males que ocasionam,
acresce uma debilidade, um mal estar, um desgosto e uma aflição que
me acompanham incessantemente; estou completamente arruinado; minha
cara parece a de um cadáver, tão pálida e consumida está. A
debilidade de meu corpo embaraça todos os meus movimentos e a das
minhas pernas chega a tal ponto que com dificuldade posso
sustentar-me em pé, não me arriscando nunca a sair de minha
habitação. As digestões fazem-se tão mal, que sai o alimento três
ou quatro horas depois de ingeri-lo, como se acabasse de entrar no
estômago; meu peito enche-se de fleimões, cuja frequência me
fatiga e cuja expectoração me aniquila. Eis aqui um
quadro em miniatura de minhas misérias, aumentadas ainda pela triste
certeza que adquiri de que no futuro serão sempre mais incômodos do
que no presente e, numa palavra, duvido muito que jamais uma criatura
humana tenha padecido tantos males como os que me atormentam; sem um
socorro particular da Divina Providência terei muita dificuldade
para resistir por mais tempo a uma carga tão pesada”.
Outro
Exemplo
Que
refere,
como
testemunha ocular,
Mr.
Zimmermanor, primeiro médico
de
S. M. o Rei da Inglaterra.
“Conheci
um jovem de vinte e três anos, que ficou epilético depois de ter se
debilitado por frequentes masturbações. Sempre que tinha poluções
noturnas, caia num acesso de epilepsia; outro tanto lhe acontecia
depois das masturbações, das quais não se abstinha, apesar da
doença e das muitas recomendações que lha faziam. Logo que passava
o acesso, tinha fortes dores nos rins e nas imediações da
extremidade do espinhaço. Entretanto, como cessou finalmente tal
prática, durante algum tempo, curei-o das poluções e tinha
esperanças de curá-lo da epilepsia, cujos acessos haviam já
desaparecido. Recobrou as forças, o apetite, o sono e as cores
naturais depois
de ter estado como um cadáver, mas, retornando às suas
masturbações, que sempre eram seguidas de um ataque epilético,
chegou até a sofrer esses ataques na rua, e, numa manhã,
encontraram-no morto em seu quarto, caído fora da cama e banhado em
seu sangue”. Seja-me permitido aqui, acrescenta Mr. Tissot, uma
dúvida que me ocorreu quando li essa observação: os que se matam
com um tiro, jogam-se a um rio ou se degolam, são mais suicidas que
os que se masturbando acabam com as suas vidas?
Máxima
O
pecado desonesto, faz com que o cristão, não seja verdadeiro devoto
de Maria Santíssima.
Reflexão
Para
ser verdadeiro devoto de Maria Santíssima deve-se abster-se de todo
pecado e imitar suas virtudes, e tu fazes o contrário, tu não te
absténs, antes pecas e pecas desonestamente, sendo que a
desonestidade é uma das coisas que mais aborrecem à Virgem e Mãe
de Pureza. Quiçá tu te tens por devoto e te chamas tal porque, eu
te digo que se não mudas de costume. Ela não te terá por seu
devoto, senão, te
abominará e ao teu pecado, como à Serpente, que tem debaixo de seus
pés. Pensa bem… ser verdadeiro devoto de Maria, é sinal de
predestinação, como não ser, é de reprovação… Ah! Ser
abandonado de Maria pelo pecado desonesto!… quem não temerá?…
Não quero pecar… jamais pecarei… longe de mim toda a
desonestidade. Virgem Santíssima, assisti-me…
Exemplo
De
um jovem desonesto,
que
viu oito espadas, no
Coração
da Virgem das Dores.
Refere
o P. Siniscalchi de um moço devoto da Santíssima Virgem das Dores,
que um dia teve a debilidade de cometer um ato desonesto consigo
mesmo, e depois na sua hora, foi rezar diante da Virgem Dolorosa como
costumava e ao fixar a vista na imagem, viu que tinha no Coração
não sete espadas como antes, mas, sim oito. Assombrado o jovem por
aquela novidade, pensava qual seria a causa daquela oitava espada e o
que quereria significar. Enquanto pensava, ouve uma voz misteriosa,
que lhe diz, que o pecado obsceno que cometera, era a oitava espada,
que ele cravara no Coração de Maria. Ó pecador, não acrescentes
mais espadas no Coração de Maria, tua carinhosa Mãe! Se não
queres abster-te de teu abominável pecado pelo amor do Céu, que
perdes miseravelmente, e por temor do Inferno, onde
temerariamente te atiras pelo pecado desonesto, abstêm-te, ao menos,
por respeito, amor e devoção a Maria Santíssima das Dores: faz
uma firme resolução de não tornar mais a pecar, dizendo: Minha
Mãe, antes morrer que pecar. Considera tua inclinação ou propensão
para esse pecado. Considera tua debilidade e que por isso mesmo
necessitas de um auxílio superior e com este auxílio vencerás.
Este auxílio, o terás, se o pedires a Deus com humildade e
perseverança e se te valeres da intercessão de Maria Santíssima. A
DEUS ROGANDO E COM A MALHO DANDO, roga a Deus, mas, ao mesmo tempo,
te valerás dos seguintes meios:
1º
– Fugirás das más companhias.
2º
– Abster-te de
escutar conversações ou palavras obscenas, e de olhar ou ler livros
desonestos, figuras ou estampas obscenas.
3º
– Cuidarás muito de não comer ou beber em excesso e ainda te
absterás de comer doces e beber vinho e outros licores espirituosos.
4º
– Estarás sempre utilmente ocupado.
5º
– Frequentarás os Santos Sacramentos da Penitência e da Comunhão,
e cada vez com mais fervor.
6º
– Terás um Confessor permanente a quem confiarás e dirás não só
os pecados que tenhas cometido, como também as faltas ainda que
leves, tuas paixões, inclinações e tentações e guiar-te-ás
sempre pelos conselhos que ele te prescreva.
7º
– Serás devoto de Maria Santíssima, do Anjo da Guarda e de São
Luís de Gonzaga.
Propósito
Proponho
abster-me de fazer, dizer e pensar em coisas desonestas por amor do
glorioso São Luís de Gonzaga, protetor da pureza, especialmente no
dia de hoje.
Remédio
Físico
Mr.
Doussin, pág. 168, diz: “Que é muito importante que os jovens se
levantem cedo e não se permita que se deitem antes de que haja
motivo para crer que dormirão em seguida, pois, o permanecer muito
tempo na cama sem dormir, esquenta-os muito”. Todos estes preceitos
de higiene servem de pouco, por si sós, é preciso que venham
acompanhados da Religião e em particular da oração e, por isso,
peço a Deus a continência e a castidade.
Remédio
Espiritual
A
oração e a leitura espiritual, e portanto, pedir a seu Diretor, que
indique os livros que lhe são mais apropriados.
Acabar-se-á
o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima
e a Ladainha da Virgem Dolorosa.
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