Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 15 de maio de 2016

SACRUM SEPTENÁRIUM.

Vitral del Espíritu Santo | by e domingo


O Profeta Isaías, anunciando a vinda do Messias,
declara que o Espírito Santo repousará sobre Ele,
'espírito de sapiência e de entendimento,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de ciência e de temor'”.1


Relembremos apenas alguns pontos de Doutrina


► “Todos aqueles que tem a Graça Santificante recebem do Espírito Santo os seus sete Dons, quer dizer: sete aptidões da alma, que fazem com que a nossa alma se deixe facilmente esclarecer e mover pelo Espírito Santo.

O candelabro de sete ramos do templo de Jerusalém figurava os sete Dons do Espírito Santo. – Estes Dons completam as quatro Virtudes Cardeais. Estas removem simplesmente os obstáculos que nos afastam de Deus, submetendo ao império da razão as nossas paixões sensíveis (S. Tomás de Aquino), mas os sete Dons nos impelem para Deus. Aperfeiçoam, iluminam o nosso espírito, de sorte que o Espírito Santo pode facilmente influir sobre ele (iluminando a inteligência, movendo a vontade). Assim como a escola primária forma o espírito dos alunos, de modo que o torna capaz de aproveitar as lições de uma escola superior, assim os sete Dons tornam o homem capaz de receber mais facilmente o Espírito Santo. – Os sete Dons são sobrepujados pelas três Virtudes Teologais, porque os sete Dons não fazem mais do que conduzir a alma a Deus; ao passo que as Virtudes Teologais a unem a Ele. – Todo aquele que tem em si o Espírito Santo tem também os sete Dons, e quem quer que O perde pelo pecado mortal, perde ao mesmo tempo esses Dons. – Quanto mais progressos fazemos na perfeição, tanto mais abundantemente é a participação dos sete Dons. Estes aumentam também pela Confirmação.

Os sete Dons do Espírito Santo são: os Dons da Sabedoria, do Entendimento, da Ciência, do Conselho, da Fortaleza, da Piedade e do Temor de Deus. Os quatro primeiros iluminam a razão; os outros, fortificam a vontade. Estes sete Dons são enumerados por Isaías, que diz que o Messias futuro os possuiria (11, 3). Cristo possuía-os, é claro, no grau mais eminente.

O Dom da Sabedoria faz-nos reconhecer claramente que os bens temporais são passageiros e que só Deus é o nosso Supremo Bem.

O Dom do Entendimento faz-nos distinguir a verdadeira Doutrina Católica de qualquer outra e torna-nos capazes de a defender.

O Dom da Ciência faz-nos compreender claramente a Doutrina Católica sem estudo especial.

O Dom do Conselho faz-nos conhecer nas situações difíceis o que é conforme com a vontade de Deus.

O Dom da Fortaleza faz-nos suportar tudo para cumprir a vontade de Deus.

O Dom da Piedade leva-nos a honrar a Deus com fervor cada vez maior e a cumprir cada vez mais perfeitamente a sua Santa Vontade.

O Dom do Temor faz-nos temer a mínima ofensa a Deus como o maior mal do mundo…2



O homem justo, que vive da vida da graça
e opera por meio das virtudes
que nele desempenham o papel de faculdades,
necessita igualmente dos Sete Dons do Espírito Santo”.3


► “A Virtude é a facilidade de praticar o bem, adquirida pelo exercício constante, e a inclinação da vontade para o bem... Também se chama Virtude a simples aptidão para praticar ações virtuosas, infundida por Deus ou co-natural ao homem.

O Bem é o que se conforma com a Vontade de Deus, isto é, o que agrada a Deus.

O Hábito é uma segunda natureza. Quando nos habituamos a uma coisa, não a deixamos facilmente (isto serve para as boas ou más ações).

Depois da morte só alcançarão prêmio as Virtudes sobrenaturais, com as quais fazemos o bem com os olhos postos em Deus... só serão premiadas com glória eterna se forem sobrenaturais, isto é, feitas em estado de Graça... A Virtude sobrenatural é uma participação da Vida Divina, e diviniza o homem que a possui.

A Virtude só se alcança vencendo-nos a nós mesmos e aumenta-se com os combates, pois, se lhe opõem obstáculos internos (as más inclinações) e externos (o desprezo e as perseguições)... A Virtude e o sofrimento estão indissoluvelmente unidos. Quem se esquiva ao sofrimento renuncia à Virtude. ‘Aquele que teme o mundo jamais cumprirá coisa digna de Deus; porque a obra de Deus não se pode fazer sem que o mundo se revolte’ (S. Inácio de Loyola). Progredindo na Virtude, tornamo-nos profundamente humildes, porque sentimos a nossa fraqueza, como se sente o peso do corpo ao subir uma montanha. Um homem é tanto mais verdadeiramente humilde, quanto mais virtuoso é.

A utilidade da Virtude consiste em nos tornar verdadeiramente felizes, nesta vida, e na outra... A Virtude nos enriquece e nos dá honra aos olhos de Deus... Aquilo que os milionários e os nobres são aos olhos dos mundanos, é o virtuoso aos olhos de Deus... A riqueza passa, a Virtude fica.

A Virtude torna-nos semelhantes a Deus, e, seus amigos. Jesus foi humilde, afável, generoso, etc.; se praticamos estas Virtudes tornamo-nos semelhantes a Deus (S. Bernardo), os nossos atos assemelham-se aos da Divindade (S. Tomás de Aquino)... O homem virtuoso é um amigo de Deus, porque Jesus disse: ‘Todo aquele que fizer a Vontade de Meu Pai que está nos Céus, esse é Meu irmão, irmã e mãe’ (S. Mat. 12, 50). Aliás, a amizade resulta da semelhança de duas almas. A Virtude constitui a suma beleza diante de Deus; a do corpo é vã e enganosa (Prov. 31, 30), a Virtude é a verdadeira, a mais sublime beleza (S. Agostinho), porque vem da alma (Salm. 44, 14): é invisível agora, mas um dia aparecerá... Só a Virtude faz de nós verdadeiros cristãos... ‘Não se tem o direito à designação de cristão quando não se praticam as Virtudes Cristãs em toda a medida das próprias forças’ (S. Cipriano). É em vão que nos chamamos cristãos, se não imitamos a Jesus Cristo (S. Leão Magno); o Cristianismo é a imitação da Natureza Divina (S. Gregório de Nissa)”.4




Quero que Jesus se apodere de tal modo de minhas faculdades,
que minhas ações não sejam ações humanas e pessoais,
mas divinas, inspiradas e dirigidas pelo Espírito de Amor”.5


► “Os Dons do Espírito Santo são conferidos à alma no Batismo com a Graça santificante.

Esses Dons não são conferidos às almas cristãs para permanecerem, como no maior número delas, inativos e estéreis, mas, ao contrário, para produzirem na alma o pleno desenvolvimento da vida da Graça.

Os Dons diferem das Virtudes, enquanto dispõe o cristão a receber diretamente de Deus, do Espírito Santo, o impulso que o fará agir e não a operar por si mesmo. Os Dons supõem as Virtudes sobrenaturais e as aperfeiçoam em seu exercício. É por eles que o cristão se torna plenamente cristão: isto é, age e vive divinamente.

Segue-se daí que os Dons do Espírito Santo, e por conseguinte, as Graças atuais especiais que os põem em ação, não são absolutamente favores excepcionais, coisas extraordinárias (como por exemplo o Dom das Línguas) concedidas a algumas almas privilegiadas, mas Graças propostas, concedidas a toda alma cristã de boa vontade”.6




Esses Dons se infundem no homem justo,
para que mais facilmente receba
e siga o movimento do Espírito Santo,
pelo qual ele é impelido de muitos
e vários modos a fazer o bem”.7


► “O Dom da Sabedoria é a iluminação do Espírito Santo, mercê da qual a nossa inteligência contempla as verdades da fé a uma luz deslumbrante e experimenta nela indizível prazer”;

O Dom da Inteligência ilumina-nos, projetando sobre as verdades reveladas uma luz viva, penetrante, extraordinária, e dando-nos a certeza do sentido genuíno da Palavra de Deus;

O Dom do Conselho é uma luz do Espírito Santo pela qual a inteligência prática vê e julga, nos casos particulares, o que se deve fazer e os meios convenientes a empregar;

O Dom da Fortaleza é a virtude permanente com que o Espírito Santo informa a nossa vontade, para que, mediante ela, vençamos as dificuldades que nos desviam da prática do bem;

O Dom da Ciência é uma luz sobrenatural que o Espírito Santo infunde nas almas e que possui a prerrogativa de nos fazer ver que as verdades da fé são realmente dignas de ser admitidas mesmo à luz dos princípios da razão;

O Dom da Piedade imprime-nos na alma a inclinação e facilidade de honrarmos a Deus como Pai e esperarmos nEle com amor e confiança de filhos8;

O Temor de Deus é o fundamento dos outros dons. Defende-nos do pecado, porque nos faz considerar o respeito que devemos à justiça divina e à sua Majestade9(Rev. Pe. Meschler).10



______________________

1.  Is. 11, 1-3. O texto hebraico não menciona o dom de Piedade; mas os Setenta e a Vulgata fazem-no, e, desde o século III, a Tradição afirma este número septenário. Cfr. Adolfo Tanquerey, “Compêndio de Teologia Ascética e Mística”, Segunda Parte, Livro III, Art. I, § I, Cap. IV, nº 1320, p. 709; 5ª Edição, Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1955. Cfr. S. Ambrósio, “De mysteriis”, 42; “De Sacramentis”, III, 8.

2.  R. Pe. Francisco Spirago, “Catecismo Católico Popular”, I Parte, 8º Art. do Símbolo, Cap. II, Art. III, pp. 301-305; 6ª Edição, União Gráfica, Lisboa, 1958.

3.  Leão XIII, Carta Encíclica “Divinum illud munus”, de 9 de Maio de 1897.

4.  Rev. Pe. Francisco Spirago, “Catecismo Católico Popular”, II Parte, B. “As Boas Obras, A Virtude, O Pecado, O Vício”, Cap. 2, Art. A Virtude, pp. 340-346; 4ª Edição, União Gráfica, Lisboa, 1944.

5.  Santa Teresinha do Menino Jesus; “Conselhos e Lembranças”, p. 290.

6.  Rev. Pe. Liagre, “Retiro com Santa Teresinha do Menino Jesus, Cap. VII, pp. 74-76; 2ª Edição, Cotia – São Paulo, 1963.

7.  Leão XIII, Carta Encíclica “Divinum illud munus”, de 9 de Maio de 1897; S. Thomaz, 1a. 2ae., q. 68, a. 3; S. Pedro Canísio, “De donis et fructibus Spiritus Sancti, III, B. Cfr. Cardeal Pedro Gasparri, “Catecismo Católico”, Terceiro Catecismo, Cap. X, Secção 3ª, Pergunta 545, p. 195; Ed. Gráfica Santa Teresinha, Porto Alegre, 1936.

8.  S. Thomaz, 2a. 2ae., q. 101, a. 3.

9.  S. Thomaz, 2a. 2ae., q. 7, a. 1.

10.  Dom Gaspar Lefebvre, O.S.B., “Missal Quotidiano e Vesperal”, pp. 705-726; Desclée de Brouwer & Cie, Bruges (Belgium), 1952.

sábado, 7 de maio de 2016

DA PRAGA DO ONANISMO: MALDITO VÍCIO QUE ASSOLA A JUVENTUDE.



"Duas sorte de pessoas pecam muitas vezes,
e a terceira provoca a ira e a perdição.
A alma ardente como um fogo aceso não se acalma 
sem ter devorado alguma coisa (Fornicação),
e o homem que abusa do seu corpo
não terá sossego 
enquanto não acender o fogo (Onanismo).
Todo o pão é doce para o homem fornicário;
não se cansará de pecar até ao fim da vida.
Todo o homem que desonra o seu tálamo conjugal,
despreza a sua alma (Adultério) dizendo:
Quem me vê?
As trevas cercam-me, e as paredes cobrem-me,
e ninguém de parte alguma olha para mim;
de quem tenho eu receio?
O Altíssimo não se lembrará dos meus pecados..."
(Eclesiástico 23, 21-38).




Santo Antônio Maria Clarét




Bálsamo Eficaz




para curar e preservar
das feridas contra a




Castidade






Tradução de



Antônio Chalbaud Biscaia




1936






Nihil Obstat



P. Francisco Prada, C. M. F.

Censor




Imprimi Potest



P. Mariano Frias, C. M. F.


Sup. Provincialis






Imprimatur


S. Paulo, 28 de Fevereiro de 1937


Mons. Ernesto de Paula


Vig. Geral







Preâmbulo


Encetando a tradução de mais esta obra do Beato Antônio Maria Clarét, a segunda que temos a satisfação de levar a bom termo, outro fim não temos senão o de cooperar para a divulga­ção dos trabalhos do Santo e Venerável Arcebispo de Cuba, grande amigo e batalhador da Boa Imprensa e emérito Médico de Almas, hoje já elevado às honras dos altares, graças aos esforços de seus dedicados filhos, os Missionários do Imaculado Coração de Maria.

Com a divulgação das obras do Beato Clarét entre nós almejamos que tenham elas, e com especialidade a presente, acolhida calorosa e entusiasta, pois que na proporção de sua divul­gação serão os benefícios que causarão, serão as feridas medicadas e fechadas por esse verda­deiro “Bálsamo Eficaz”.

Que Maria Santíssima, pelo Seu Imaculado Coração – a grande e especial devoção do Beato Clarét – abençoe o nosso modesto esforço, a nossa humilde tarefa, é o nosso mais ardente desejo.

* * *

Ao traduzirmos com vocábulos da língua portuguesa os pensamento, máximas e ensina­mentos do Fundador da Congregação Córdi-Mariana, não tivemos maior preocupação do que a de sermos fiéis à letra e ao espírito do texto original. Procuramos, tanto quanto o permitem as duas línguas irmãs, fazer uma tradução quase que literal. Isso, se bem que tenha evitado possí­veis deturpações dos pensamento e conceitos do Beato Clarét, não deixou de causar algum sacri­fício à beleza da forma e a concisão e correção da linguagem. Essas e outras, possivelmente mui maiores falhas, esperamos toleradas pelos que nos lerem.


AD MAJOREM DEI GLORIAM!



Antônio Chalbaud Biscaia




Advertência

Esta obrinha pode se chamar SEMANA SANTA por ser consagrada aos sete dias da se­mana dedicada à Maria Santíssima em memória de suas sete dores. Fazendo menção em cada dia de uma das dores que padeceu esta Celestial Senhora e pedindo-lhe, pelos méritos daquela dor, a graça de não pecar mais, especialmente durante o mesmo dia, devemos ter presente que os pecados são outras tantas espadas que transpassam o peito e o Coração desta Divina Mãe. Por isso mesmo, é de grande proveito comungar nos sete dias em que se praticar esta devoção, ou pelo menos, receber a Santa Comunhão no último deles, preparando-se durante os preceden­tes com uma confissão conscienciosamente preparada.


Oração À Maria Santíssima

Ó Virgem e Mãe de Deus, eu me entrego por vosso Filho e para honra e glória de vossa pureza, ofereço-vos minha alma, corpo, potências e sentidos, suplicando-vos que me alcanceis a graça de não cometer jamais nenhum pecado. Amém, Jesus. (3 Ave Maria)

Mãe minha, aqui tendes vosso filho.
Mãe minha, aqui tendes vosso filho.
Mãe minha, aqui tendes vosso filho.

Em Vós, Mãe minha dulcíssima, pus minha confiança: nunca serei confundido



Aos Padres Confessores,
Aos Pais de Família e
Aos Educadores

A leitura das obras que nos deixaram autores como Tissot, Duvei, Debreyne, Doussin, Frank, Salzman, Campe, Gautier-Wogel, etc., e a grande experiência que tenho de dirigir meninos e moços, obriga-me a escrever a presente obrinha e a dedicá-la ao vosso zelo e vigilância, afim de que a apliqueis como um meio o mais eficaz e medicinal ao moço ou ao menino no momento em que conheçais que por desgraça se encontra contaminado da peste da masturbação ou ona­nismo, que tantos prejuízos causa ao homem, sobretudo nos primeiros anos. Estou certo de que se eles conhecessem o dano corporal e espiritual, temporal e eterno, que lhes acarreta esse abo­minável vício, não se deixariam tão facilmente enganar pelo companheiro sedutor, nem pela sua própria paixão, nem, alucinados por falaz e momentâneo deleite, precipitar-se-iam num abismo de males físicos e morais, que se não se atalham de início, serão irremediáveis, arrastando seus cor­pos ao sepulcro antes do tempo e quiçá suas almas aos infernos por toda a eternidade. O objeto, pois, desta obrinha e a razão de dedicá-la a vós é que, tendo-a à mão, a fareis ler e meditar pelo jovem ou menino que creiais pervertido pela peste da masturbação. Eu me atrevo a assegurar que aquele que ler com atenção o que esse livrinho contém e praticar os remédios espirituais e higiêni­cos que prescreve, corrigirá seu vício e reformará seus costumes, com grande proveito para a alma e para o corpo. E se é bem verdade que o fim que me propus ao escrever esta obrinha foi curar ou medicar os pervertidos, contudo não será fora de propósito se alguma vez a deres a um jovem casto, para que melhor possa conservar-se em sua continência e castidade, com o que lhe fareis maior serviço, pois, como diz São Tomás, maior graça se adquire guardan­do ou preservando a queda, do que se levantando o caído. Mas, não só dedico esta obrinha aos sacerdotes, pais de família e educadores de meninos, como também aos moços zelosos e vir­tuosos, aos quais não será menos proveitosa a prática do que ela ensina, pois, sabido é que os meninos e jovens comunicam-se com muita frequência e demasiada liberdade e fazem coisas in­críveis, que com sagacidade dissimulam e ocultam de seus pais e superiores, procedendo muitos neste particular com tal hipocrisia que os pais pensam ter em seus filhos uns anjos, quando são a personificação da leviandade e da luxúria. E o pior é que vindo sofrer das enfermidades e misérias consequentes de tal maldade, negam ao médico sábio e experimentado, a verdadeira causa de seu deplorável estado, morrendo, às vezes, vítimas de sua própria hipocrisia, porque impedem que se aplique o verdadeiro e direto remédio para sua enfermidade. E, coisa terrível! Não só en­ganam o médico corporal, como também o espiritual, quero dizer o confessor, e ocultando muitos no Tribunal da Penitência seus pecados vergonhosos, acrescentando sacrilégios a sacrilégios e se condenam. Mas ao passo que com tanto detrimento e prejuízo de seus corpos e de suas almas ocultam aos pais, diretores, médicos e confessores o vício que os domina, mesmo interrogados sobre ele, com suma desfaçatez e atrevimento falam dele sem serem perguntados entre seus amigos e camaradas. Por isso, disse que os jovens zelosos terão talvez mais oportunidades de aplicar como caritativos samaritanos aos seus companheiros, este precioso BÁLSAMO, composto de azeite e vinho, de piedade e precaução, derramando-o sobre as chagas abertas pelas suas obscenidades, chagas que os deixam semi-vivos, segundo a frase do Evangelho na parábola da­quele desgraçado que caiu nas mãos dos ladrões e cuja lastimável situação bem pode ser aplica­da ao jovem que caiu nas garras desses vícios, que o deixam inteiramente morto na alma e semi-vivo, não mais, no corpo. E ainda esta mesma vida do corpo muito breve perderá se não se corri­gir, como veremos nos exemplos que referiremos.

O Amante da Juventude.



Introdução

A experiência fez-nos conhecer quão sábio e oportuno é o aviso que dava o Apóstolo São Paulo aos fiéis de Corinto dizendo-lhes que, às vezes, o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz (II Cor. 11, 14), pois, frequentemente vemos que o mesmo continua fazendo em nossos dias os seus sequazes ou os homens maus, que com pretexto e capa de virtude perseguem a mesma virtude e propagam o vício (que é justamente o ofício dos Demônios) e também alguns fal­sos prudentes ou prudentes segundo a carne e não conforme Deus. Quero dizer com isto que tal­vez algum sequaz do Diabo ou algum presumido de prudente vendo que esse livrinho saiu à luz, dirá com falso zelo que não convinha publicá-lo, porque sua leitura pode escandalizar alguém. Responderei que esse tal será ou muito ignorante ou muito malicioso; ignorante se desconhece o que se passa entre meninos e jovens, esquecendo-se do que ouviu e viu quando era menino e jo­vem, e que por mais vigilantes e cautelosos que tivessem sido seus pais e superiores, não o fo­ram, talvez, bastante para impedir que tivesse conhecimento dessas coisas e caísse nesse laço, do qual quiçá seria preservado se tivesse a ventura de ler livro semelhante ao que ora sai a lume. Se lhe faltou, portanto, um bom mentor que lhe aconselhasse para se preservar, não queira privar aos demais da dita que não lhe coube. O mal é demasiado grave e comum para que durmamos por mais tempo e não procuremos um remédio eficaz e, não nos iludamos porque, ou se cura essa horrível gangrena, ou muito breve se corromperá o gênero humano, como nos dias de Noé. Mas, se tal objeção não for filha da ignorância ou do pedantismo, será da malícia, porque a experi­ência me ensinou que os mais pervertidos pela impureza são os mais raivosos críticos contra os que falam deste vício, para procurar sua emenda. E ao passo que eles falam dele a cada momen­to para propagá-lo, não podem tolerar que outros dele falem quando se trata de corrigi-lo e refre­á-lo. Como fazem o ofício do Demônio e de seus ministros, não podem tolerar que as almas sejam avisadas e preservadas dessa maldade. Dir-te-ei, porém, leitor amado, o que Jesus Cristo dizia a seus Discípulos sobre o modo de se comportar com os judeus que criticavam seus divinos ensina­mentos: SINITE ILLOS, COECI SUNT: não façais caso deles, são cegos. O mesmo te digo, leitor amado; se alguns criticarem a presente obrinha, não façais deles o menor caso, porque a ignorân­cia ou seus vícios cegaram-nos miseravelmente. Lê e aproveita tudo quanto nela está ensinado, porque tudo ditou-me a mais sã e reta intenção. E se apesar disto alguém não me agradecer, es­pero que Deus me pagará. Ele sabe que não me propus outro fim que não fosse a sua maior hon­ra e glória e o bem de meus semelhantes. Não obstante, é bom que saibas que quanto digo tirei de autores conhecidos por sua piedade e sabedoria, cujas obras estão aprovadas pela autoridade e bem acolhidas pelo público. Mas, se censurarem o modo pelo qual vulgarizo essa matéria pare­ce-me que, ainda, têm pouca razão porque, como manifestei acima, esta obrinha só escrevi para aqueles a quem a dediquei e não para todos indiferentemente, ainda que se algum exemplar cair nas mãos de algum inocente não creio que se escandalizará ou que seja incitado ao pecado, ao contrário, estou muito certo de que ao ler esta obrinha e ao ver este vício pintado com suas verda­deiras cores feias e horrorosas, longe de se deixar alucinar por ele, fugirá deste monstruoso peca­do como da presença da serpente, segundo diz o Espírito Santo.


1º DiaDomingo

Primeira dor: a que sofreu a Virgem Santíssima quando ouviu da boca de Simeão que uma espada de dor havia de atravessar seu coração por ver seu Filho perseguido. Em memória dessa dor saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE MARIA, para que te alcance uma grande dor de teres pecado e a graça da castidade.

Leitura – Observações de Médicos e Filósofos

O doutor Gautier-Wogel diz: Quem se masturba perde insensivelmente as faculdades morais que possuía; seu aspecto toma certo caráter brutal, estúpido, lascivo, impudico, triste e fraco; a preguiça domina-o e torna-se incapaz de toda função intelectual; atrapalha-se e inquieta-se na sociedade; fica desprevenido e em dificuldades para responder mesmo a um menino; sua alma debilitada sucumbe sob o mais insignificante peso. Enfraquecendo cada vez mais sua memória, não pode guardar as coisas mais comuns, nem ligar as ideias mais triviais; as faculdades mais desenvolvidas e os talentos mais sublimes se aniquilam num instante; os conhecimentos anteriormente adquiridos apagam-se quase completamente; embota-se a mais esquisita inteligência e já não produz fruto algum; perde-se a vivacidade, energia e demais qualidades da alma; o poder de imaginação cessa... A inquietação, o temor, o espanto, únicos sentimentos que cabem em seu coração, apagam todas as sensações agradáveis de seu espírito. As últimas crises da melancolia e as mais espantosas sugestões do desespero acabam comumente por precipitar à morte desses desventurados ou reduzem-nos à mais completa apatia, rebaixando-os à condição dos mais imundos animais, de maneira que só na figura conservam o aspecto humano. Também acontece mui a miúde manifestar-se desde logo a loucura ou o frenesi. O doutor Frank diz que os masturbadores não só são uma carga para a sociedade, como também são perigosos. Por isso convida, esse médico célebre, aos Governos que exerçam sobre eles a mais ativa vigilância. Liuram diz que é a peste capital e Sêneca que é o mal máximo. Mr. Devay diz: O pai de família, entre seus primeiros deveres, têm o de velar pela conservação da inocência de seus filhos e afastá-los de todas as ocasiões de corrupção, principalmente dos maus livros, pinturas, gravuras e figuras obscenas e das pessoas, casas e lugares de prostituição. Estas mesmas devem ser as intenções de um bom Governo; então, haverá menos semblantes pálidos e lívidos em todas as cidades populosas. É muito justo e razoável privá-los de um prazer que é foco de corrupção; sem dúvida é coisa importante para o interesse de uma povoação, para a saúde dos habitantes e para seu valor moral e intelectual.

Exemplo

Declaração de um Moço, publicada pelo Diretor do Colégio Salzman

“Por fim, chegou às minhas mãos o livro de Tissot, mas, ai! Era demasiado tarde! Li-o e fiquei como que ferido por um raio. Tornam a se abrir os meus olhos e fico cheio de terror e espanto. Encontrava-me já, na ocasião, extenuado, feito um esqueleto, cria-me tísico em último grau e sem embargo não suspeitara ainda da verdadeira causa de minha deterioração, porém, naquele momento a conheci. Que cruéis e bárbaros, dizia-me, foram meus pais, meus mestres e amigos, que não me advertiram do perigo que acompanha a masturbação, nem puseram em minhas mãos a obra de Tissot! Ou melhor dito: que ignorância tão grande reina ainda acerca deste vício e de suas consequências!... Caí numa espécie de melancolia que me fez sofrer horrivelmente e resolvi libertar-me do mais abominável dos vícios; a empresa era difícil, mas não impossível, porque o onanismo havia perdido para mim todos os atrativos. Lamentei comigo minha triste situação e a cegueira dos homens que se precipitam em tão espantosas desgraças. Minhas forças intelectuais debilitaram-se extraordinariamente; tenho o entendimento embotado e atualmente sou incapaz de um raciocínio. Também minha memória debilitou-se grandemente, ou melhor, a perdi completamente. E essa situação era tão mais deplorável quanto Deus me concedera as mais felizes disposições, de forma que meus mestres e conhecidos concebiam as mais fagueiras esperanças de mim, crendo que algum dia seria um sábio. E não somente me sinto incapaz de aplicar-me aos trabalhos intelectuais, como também suporto mais dificilmente o trabalho muscular. Todo meu corpo encontra-se enervado e sem ação, sinto-me tão débil e magro, que apenas me restam a pele e os ossos: pareço um esqueleto e meu aspecto causa horror. Meu mal, porém, não se limita a esse estado de debilidade absoluta, sofro ainda sem interrupções de dores agudíssimas. O que torna mais deplorável a minha situação é a melancolia que se apoderou de mim e a certeza de ter contrariado os desejos do Criador, tornando-me ao mesmo tempo inútil para a paternidade e para a educação da juventude. Esta convicção atormenta-me muito mais do que a dor corporal. Muitas vezes teria cedido à tentação de pôr termo a minha existência se a Razão e a Religião, único consolo que me ficou, não me houvessem detido”.

Máxima

O Senhor matou Onan porque fazia uma coisa detestável(Gên. 38, 10) – (o teu pecado, masturbador).

Reflexões

Ó jovem que me lês! Escarmenta-te com o exemplo alheio! Considera o que era esse moço que faz essa franca declaração, o que és e o que serás!... Era um mocinho robusto, formoso, de talento e com as melhores disposições e que oferecia as mais fagueiras esperanças, mas, por este brutal deleite ficou como uma laranja podre, que não serve senão para atirar no monturo. É um esqueleto animado; parece que só vive para sofrer e pagar, em parte, os imundos e abomináveis gozos que deu a seu corpo. Sua vida já não é viver, mas sim, um prolongado morrer. Será uma vítima de seu deleite, um habitante do campo santo e quiçá um condenado do Inferno, especialmente se não se confessar, ou não se confessar bem, porque este pecado leva a se fazer más confissões, pela vergonha de contar os pecados, ou porque não acompanhe à confissão a correspondente dor.

Exemplo

De um Jovem chamado Pelágio,
que se condenou por ter calado um pecado desonesto na confissão.

Lê-se na crônica de São Bento, que um jovem religioso chamado Pelágio, que foi por seus pais encarregado de apascentar o gado e levava uma vida exemplar, sendo por todos considerado um santo. Mortos os seus pais vendeu todos os poucos haveres que eles lhe haviam deixado e se fez ermitão. Uma vez, desgraçadamente, consentiu num pecado de impureza. Caído em pecado, viu-se abismado numa profunda melancolia por não se atrever a confessar o referido pecado, de vergonha que tinha e para não perder o conceito de santidade que gozava. Durante esta sua obstinação passou um peregrino que lhe disse: PELÁGIO, CONFESSA-TE QUE DEUS TE PERDOARÁ E RECUPERARÁS A PAZ QUE PERDESTE, e desapareceu. Resolveu ser monge de São Bento e foi recebido. Desde logo começou uma vida mais penitente, mas, sem confessar o aludido pecado, pensando que talvez Deus lhe perdoaria sem a confissão. Foi burlada, porém, sua vã esperança, pois, morreu sem se confessar bem e condenou-se. O Abade reuniu todos os monges do mosteiro e quando estavam todos diante do cadáver, o defunto dando um uivo espantoso, disse: AI DE MIM! QUE ESTOU CONDENADO POR UM PECADO DESONESTO QUE DEIXEI DE CONFESSAR! VEDE, PADRE ABADE, O MEU CORPO! No mesmo instante viu-se o corpo deste desgraçado que, como um ferro em brasa, cintilava horrivelmente. Já vês, desonesto, o castigo do pecado: neste mundo tristeza e no outro o Fogo por toda a eternidade.

Propósito

Resolve-te com toda as tuas forças a não fazer, dizer e nem pensar em coisas desonesta, por amor da Santíssima Trindade, especialmente no dia de hoje.

Remédio Físico

Abster-se de alimentos que excitam à desonestidade como, os manjares fortes e açucarados. Não se deitar em cama macia, nem cobrir-se demais, porque o corpo deve estar fresco e os pés quentes. Também é bom não dormir excessivamente. Igualmente é necessário combater essa tendência ao descanso, essa apatia e fastio de tudo, que se observa frequentemente nos jovens que se entregam à sensualidade; por isso, se deve obrigá-los a estarem ocupados sempre em alguma coisa.

Remédio Espiritual

Andar na presença de Deus. Diante de teu pai, mãe ou mestre, com certeza que não te atreverias a cometer tal imundície, por isso te escondes deles. Pensa, pois, que se deles te podes esconder, de Deus não. O Senhor está olhando e não te envergonhas de cometer tal maldade em sua divina presença? Não temes seu poder e justiça que pode te tirar a vida e jogar-te nos infernos, como já fez com outros? Agora prostrado aos pés de Maria Santíssima terminarás este exercício com a seguinte oração:

Ó Virgem Mãe de Deus, eu me entrego por Vosso Filho e em honra e glória de Vossa pureza ofereço-vos minha alma, corpo, potências e sentidos, e suplico-vos que me alcanceis a graça de não cometer jamais pecado algum. Amém, Jesus. Três Ave Maria.

Minha Mãe, aqui tendes vosso filho.
Minha Mãe, aqui tendes vosso filho.
Minha Mãe, aqui tendes vosso filho.

Em Vós, minha Mãe dulcíssima, pus minha confiança; nunca serei confundido.

Em seguida se rezará a Ladainha da Virgem Dolorosa.

Senhor, tende misericórdia de nós.
Jesus Cristo, tende misericórdia de nós.
Senhor, tende misericórdia de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, escutai-nos.

Pai Celestial, que sois Deus, tende misericórdia de nós.
Filho Redentor do mundo que sois Deus, tende misericórdia de nós.
Espírito Santo que sois Deus, tende misericórdia de nós.
Trindade Santíssima que sois um só Deus, tende misericórdia de nós.

Santa Maria, orai por nós.
Santa Mãe de Deus, orai por nós.
Santa Virgem das Virgens, orai por nós.

Mãe Crucificada, orai por nós.
Mãe Dolorosa, orai por nós.
Mãe Chorosa, orai por nós.
Mãe Aflita, orai por nós.
Mãe Desamparada, orai por nós.
Mãe Abandonada, orai por nós.
Mãe Órfã de Um Filho tão Amado, orai por nós.
Mãe de Uma Agudíssima Espada Transpassada, orai por nós.
Mãe Atormentada de Amarguras, orai por nós.
Mãe Encoberta de Angústias, orai por nós.
Mãe em coração à cruz pegada, orai por nós.
Mãe Tristíssima, orai por nós.

Fonte de lágrimas, orai por nós.
Cúmulo de tormentos, orai por nós.
Espelho de paciência, orai por nós.
Rocha de constância, orai por nós.
Âncora de confiança, orai por nós.
Refúgio dos desgraçados, orai por nós.
Escudo dos oprimidos, orai por nós.
Conquistador dos incrédulos, orai por nós.
Lenitivo dos miseráveis, orai por nós.
Medicina dos desfalecidos, orai por nós.
Fortaleza dos fracos, orai por nós.
Porto Seguro dos naufragantes, orai por nós.
Bonança das tempestades, orai por nós.
Recurso dos tristes, orai por nós.
Terror dos traidores, orai por nós.
Tesouro dos fiéis, orai por nós.
Olho previdente dos profetas, orai por nós.
Báculo dos apóstolos, orai por nós.
Coroa dos mártires, orai por nós.
Luz dos confessores, orai por nós.
Pérola preciosa das virgens, orai por nós.
Consolação das viúvas, orai por nós.
Alegria de todos os santos, orai por nós.

Cordeiro de Deus que apagais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que apagais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que apagais os pecados do mundo, tende misericórdia de nós Senhor.

Oração:

Dignai-vos ó mãe dolorosíssima volver sobre nós vossos olhos misericordiosos: Livrai-nos, salvai-nos de todos os trabalhos e misérias desta vida pelos merecimentos e virtudes de Jesus Cristo vosso Unigênito Filho. Escrevei Senhor em meu coração, vossas sacratíssimas chagas, para que nelas esteja Eu de contínuo, lendo vossa dor para com vossa intercessão sofrer todas as minhas dores, vosso amor para desprezar por vós, outro qualquer amor. Assim seja.

Louvor e honra a Deus seja dado, e a Virgem Maria, Sua e Nossa Mãe.

*Esta Ladainha foi composta pelo Sumo Pontífice Pio VII de gloriosa memória. Quem a recitar com fé poderá com todo o fundamento esperar o ser livre de todas as tribulações presentes e futuras. O mesmo Santo Padre (como consta de documentos autênticos) concedeu Indulgência Plenária a todos os que contritos a recitarem nas sextas-feiras do ano ajuntando-lhe o Credo, uma Salve Rainha e três Ave Marias ao Coração de Maria Santíssima das Sete Dores.

(LIVRO: COMPÊNDIO DE ORAÇÕES E DEVOÇÕES -  Ano de 1865; LIVRARIA DE GERMANO J. BARRETO  R. DO SOUTO, 21 BRAGA  Portugal).



2º Dia – Segunda-feira

Segunda dor: a que sofreu a Santíssima Virgem quando viu seu amado Filho perseguido pelo rei Herodes. Em memória desta dor saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE MARIA, para que te alcance uma grande dor de teres pecado e a graça da castidade.

Leitura – Observações de Médicos e Filósofos

A impureza é como um poço e quem nele cai não sai, a não ser que se valha de uma escada ou lhe atirem uma corda com a qual se amarre bem e, de cima, o tirem. Assim é a impureza. É um poço profundo do qual ninguém sai senão com a escada da razão ou a corda da Religião, mas, é exatamente este pecado o que oblitera mais a razão e ao mesmo tempo o que mais faz perder a Religião. Ditosos, pois, aqueles que, ainda, não tem por este vício perdidas estas duas âncoras, que dão muita esperança, creio que não se perderão e sim se emendarão. Mr. Tissot diz: Um doente descrevia numa de suas cartas quão difícil é alcançar a vitória sobre este vício, falando nestes termos: “Recordo-me das admoestações e conselhos do Sr., e por isso, combato e luto e não quero me deixar vencer”.

Mr. J. L. Doussin, diz: “Tão grande é o poder do onanismo que se deve considerar como coisa pouco menos do que impossível corrigi-lo, principalmente quando, surdos à voz da razão, ouvem suas vítimas unicamente a dos sentidos. Perseguidos incessantemente pelo desejo deste gozo ilícito, encontram-se precipitados no abismo”.

Exemplo

Confissão que fez um moço ao doutor J. L. Doussin,
para ver se encontrava remédio, e que este publicou,
ocultando o nome do confidente,
para desengano e escarmento de outros.

Era eu por natureza são e robusto, sem ter experimentado a mais leve indisposição e estou certo de que nunca se teria alterado a minha saúde, como está atualmente, se tivesse podido prever quais eram as fatais consequências do onanismo. Essa paixão desgraçada, cujo hábito contraí sem saber como, desenvolvida pela viveza de minha imaginação e acentuada por meu temperamento tão ardente como precoce, causou a minha ruína. Entregava-me à satisfação dessa paixão sem consideração alguma, esquecia-me ou não pensava nas consequências que poderia trazer; assim é que não reflexionava nas tristes emoções que a precedem e determinam, nem nas impressões individuais que a acompanham e nem, ao menos, na prostração inevitável que sempre é seu resultado. Ai de mim! Entregando-me aos gostos solitários e brutais não demorei em sentir em meu corpo uma fadiga geral, acompanhada a maioria das vezes de inquietação e abatimento quando consumava o ato. Não demorei em tornar-me muitíssimo magro, consumido por uma febre ligeiramente inflamatória, que terminava com um suor abundante, que me levavam ao mais alto grau de marasmo. Então, reclamei o auxílio da medicina e sendo-me prescrito um exercício moderado e um bom regime de vida, obtive pronto restabelecimento, mas, algum tempo depois tive a desgraça de reviver o meu infame costume e sobreveio a febre, acompanhada e seguida de suores mais ou menos abundantes, frequentemente, de constipação e outras vezes de diarreia, que durava de oito a dez dias; minhas mãos estavam trêmulas, meus olhos sumamente sensíveis à luz e depois da mais insignificante emoção caía numa apatia da qual com dificuldade conseguia sair; durante o sono atormentavam-me sonhos espantosos que me faziam despertar sobressaltado; sentia-me mais inclinado do que nunca à solidão, porque conhecia minha desgraça, e era impossível que pensasse na menor distração, nem mesmo nos estudos a que era mais afeiçoado, porque havia perdido quase completamente a memória; descuidava também em todo o ponto o meu asseio e compostura. Todos estes sintomas precederam a uma febre pútrida, da qual afortunadamente me salvei, se bem que a convalescênça fosse penosa e excessivamente lenta. Depois de ter sofrido pelo espaço de seis anos enormes fadigas, principiei a padecer de abundantes suores apesar de não fazer exercício algum e de guardar o mais completo repouso, sobrevindo-me igualmente uma oftalmia contínua; em seguida sofri de uma erupção cutânea, que abrangeu todo o meu rosto, acompanhada de inchaço considerável nas glândulas salivares. Durante as digestões, que sempre eram penosas, sofria uma sede ardente, uma alteração contínua acompanhada de cólicas e vômitos, que terminavam por expelir copiosamente os alimentos mal digeridos; isso me acontecia pouco depois de haver comido. Todas as minhas faculdades intelectuais se embotavam de dia a dia, a luz me era insuportável, o mais insignificante trabalho intelectual, a leitura, a menor ocupação, tudo me fatigava e causava fastio. Tornei-me insensato, estúpido e taciturno, incomodava-me pela mais leve coisa, e adormecia logo imediatamente que me sentava”. Estas e outras refere de si próprio esta vítima da masturbação ou dos atos obscenos.

Máxima

O pecado desonesto torna o homem escravo do Demônio.

Reflexão

Ó cristão! Considera um pouco a tua alta dignidade e não queiras precipitar-te e aviltar-te por um breve deleite. O cristão em graça é um filho de Deus Padre, um irmão de Jesus Cristo e um templo do Espírito Santo; filho de Maria Santíssima e herdeiro do Céu, tem os Santos como amigos e por servos os Anjos. Mas, pelo pecado perde todos esses títulos e se faz escravo do Demônio, habitante do Inferno, companheiro dos diabos, condenado e eternamente infeliz!

E, é possível, cristão, que por um breve deleite queiras perder tanto bem e precipitar-te em tanto mal?!... Alto!... Recorda-te que ao breve gozar segue o eterno penar!

Exemplo

De um jovem estudante luxurioso
que se confessou sem firme propósito,
e condenou-se.

O pecado de impureza danifica o corpo, tira a vida e faz condenar a alma; não poucas vezes faz-se má confissão por se calar esse pecado, de vergonha, ou se se confessa não se faz boa confissão por falta de propósito e dor, como se verá no seguinte exemplo: Refere Bernadino de Bustos que em Paris viveu um estudante muito estimado de seu mestre, o Dr. Silo, o qual morreu na flor da idade (eis como a impureza abrevia a vida), recebendo os santos Sacramentos da Penitência, o Viático e a Extrema Unção. Seu mestre o Dr. Silo, desejava muito saber a sorte de seu querido discípulo, quando, certa noite, apareceu-lhe um espectro com um manto de fogo, dando lastimosos gritos. O professor Silo espantou-se muito e fazendo um esforço teve coragem suficiente para perguntar quem era. O espectro respondeu: Eu sou teu discípulo. - Que sorte te coube? Perguntou o professor, ao que contestou o discípulo em alta voz: - Que me perguntas? Maldito seja eu e o dia em que nasci: estou condenado por toda a eternidade nos terríveis suplícios e tormentos do Inferno. Insiste o mestre: - Mas, como? Não confessas-te todos os teus pecados? - Sim, confessei-os, mas, não com dor e arrependimento deles e sem propósito de emenda. Ó mestre! Se soubesses os tormentos que padeço!... Ó se deles soubessem os homens, certamente, não pecariam!... Asseguro-te que se todas as penas, dores e tormentos que existiram, existem e existirão no mundo, fossem carregados por um só homem, não seriam tão cruéis como uma hora de dores e tormentos que padeço e para que experimentes a menor das dores que me afligem, estende tua mão e toca numa pequena gota de meu suor. Estendeu o mestre sua mão e o discípulo fez cair sobre ela uma gota só do suor de seu rosto e foi como se uma espada de fogo lhe atravessasse a mão de lado a lado, causando-lhe tão veemente dor, que perdeu os sentidos e caiu ao solo semimorto. O discípulo desapareceu com espantoso ruído, causado pelos Demônios que o devolviam ao Inferno. O Dr. Silo foi encontrado pelos seus, estendido no solo, com a mão perfurada, sem sentidos e como morto; recolheram-no ao leito e deram-lhe os necessários cuidados até que voltou a si. Tornando à sua cátedra, contou aos discípulos o que lhe acontecera, atestando a verdade de seus ditos com a ferida da mão e disse-lhes que se escarmentassem com o exemplo do próximo, que não praticassem coisas desonestas como aquele infeliz condiscípulo, ou, senão, como ele se condenariam, porque o pecado desonesto é o que ocasiona más confissões, ou por calar os pecados de vergonha, ou porque não se tem verdadeira dor, nem propósito de emenda. Exortou-lhes, finalmente, para que se afastassem do mundo e tratassem de assegurar a salvação eterna e para convencê-los mais ainda, deu o exemplo: deixou a cátedra e o mundo e recolheu-se a um mosteiro, onde passou o resto de sua vida na mais rigorosa penitência e em contínua oração.

Propósito

Proponho abster-me de fazer, dizer e pensar em coisa desonesta, por amor de Jesus Cristo, especialmente durante o dia de hoje.

Remédio Físico

Diz o médico Doussin: Entre as causas próximas e imediatas dos extravios solitários, figuram em primeiro lugar as conversas de gente ociosa e depravada, certas posições e movimentos, palestras íntimas licenciosas, a leitura de novelas e livros obscenos, pinturas e estátuas indecentes, espetáculos, cinemas e tudo quanto possa ocasionar ideias lascivas. De todas essas coisas deve afastar-se, o casto para conservar-se e o desonesto para emendar-se.

Remédio Espiritual

Fazer o sinal da cruz na fronte ou no coração quando venha ou moleste alguma tentação, e se estiver só, persignar-se dizendo e fazendo as três cruzes: Pelo sinal da santa cruz, livrai-nos Deus Nosso Senhor dos nossos inimigos.

Acabar-se-á o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima e a Ladainha da Virgem Dolorosa.


3º Dia – Terça-feira

Terceira dor: a que sofreu a Virgem Santíssima quando perdeu seu preciosíssimo FILHO. Em memória desta dor saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE MARIA, para que te alcance uma grande dor de teres pecado e a graça da castidade.

Leitura – A Religião e os conselhos de um bom amigo.

Diz um jovem: “Gozei até a idade de quinze anos da tranquilidade de espírito a mais completa e da mais doce felicidade. Cheio de carinho e respeito para com meus pais, ocupava-me em meus deveres com tal afinco que sempre obtinha bom resultado, de maneira que ao término de cada ano alcançava o primeiro prêmio. Durou isto até que um moço de minha idade iniciou-me no onanismo. Desgraçado!... Necessitava de um cúmplice, ou melhor de uma vítima!… Faltei ao meu dever porque de tal maneira dominou-me a paixão que, apesar de conhecer todo o perigo a que expunha a minha vida, não deixei de satisfazê-la. A Religião, só a Religião pode alcançar completa vitória sobre os meus sentidos que não atendiam si quer ao amor da própria conservação. Por felicidade só oito meses que me entregava a tão abominável vício, quando confiei o segredo a um dos meus amigos e companheiros, que me falou da notável alteração de minha cor e que me disse que havia sido testemunha de muitos ataques nervosos nos quais perdia eu os sentidos. Este companheiro, que era virtuoso, conseguiu fazer-me seguir suas pegadas e era bem recompensado pelas vantagens que lhe proporcionavam sua excelente saúde e seus progressos nos estudos, o que atraía a estima dos professores e o carinho dos pais dele. Era um excelente moço, a quem não venceram alguns desgraçados da índole daquele cujos pérfidos conselhos podiam ter-me custado a vida; fez-me tão sérias reflexões sobre a imensidade do crime do qual me fazia culpado ante Deus, que, ouvindo aquelas ideias tão gratas para os bons, como espantosa para os maus, no mesmo momento converti-me completamente. Ah! A ocasião era propícia porque tendo eu, desde então, uma saúde delicada por demais, o que não teria sucedido se a Divina Providência, a quem diariamente dou graças, não tivesse me favorecido com um amigo que se interessasse tanto pela minha sorte? Por oito meses que abriguei em meu seio este vício capital, inimigo do gênero humano, sofri muitas dores nos nervos, indigestões, falta de memória, indiferença e certa aversão a tudo quanto era bom, com mil outros males, que calo, o que não me teria acontecido se tivesse continuado por mais tempo?! Ai de mim! A estas horas meu corpo estaria corroído pelos vermes e minha alma atormentada pelos Demônios no Inferno, pois, ainda que nisto não pensem e quase não creiam, os desonestos àquele lugar vão parar”.

Exemplo

Declaração que faz um rapaz
ao Dr. J. L. Doussin e este publica
para escarmento dos meninos e jovens

“A época em que comecei a entregar-me ao vício impuro, coincide, por assim dizer, com a minha mais tenra infância: desde essa idade e sem ter a menor ideia do que distingue os sexos, entreguei-me a certas leviandades que repetia constantemente. Não conseguia senão sensações muito imperfeitas, mas, suficientes para exercer uma notável influência sobre o meu organismo. Meus pais não deixaram de notar esses efeitos, porém, estavam muito longe de atribuí-los à sua verdadeira causa. Desde os treze até os dezessete anos de idade, não deixei de me entregar às minhas impurezas. No princípio com pouca frequência, mas, não demorou muito em transformar-se num frenesi, num furor indescritível. Afinal principiei a sentir uma debilidade extraordinária em todos os músculos das pernas, acompanhada de dor de cabeça, com palpitações seguidas de vertigens; depois sofri sensações dolorosas e desagradáveis na palma das mãos; não somente havia paralisado o meu desenvolvimento, como também toda a superfície de meu corpo foi atacada de alopecia (queda dos cabelos). Então, foi quando me emprestaram e li a obra de Tissot. Mal pudera compreender o efeito que a leitura desse livro produziu em mim, quando reconheci que os sintomas nele descritos convinham-me perfeitamente, entre outros: a inaptidão para qualquer trabalho, a mania de querer estar sempre só e aborrecer a sociedade, as pústulas que tomavam a minha cara, a curvatura da espinha dorsal, a perda e debilidade da vista, etc., etc., etc. Custou-me muito trabalho dominar o meu mau costume, apesar da firme resolução que tomara. Nos seis anos que transcorreram desde que abandonei o vício, cresci uma polegada, recobrei a memória e posso ocupar-me com assiduidade e proveito com algo que me agrada e instrua. Mas, o que atualmente me aflige, e para o que quisera achar um remédio, é uma tremura de mãos, com uma frieza ainda mesmo em dias caniculares, os dentes pretos, afastados e quase desprendidos de seus alvéolos; saíram-me na boca e no rosto tumores e afinal perturba-me o estado de meu estômago, porque faço as digestões lentamente e fico com a boca pastosa”.

Máxima

O pecado desonesto acelera a morte do homem.

Reflexão

É uma verdade de Fé que o pecado trouxe a morte a este mundo, como diz São Paulo, e o mesmo Santo Apóstolo assegura que o pecado é um estímulo ou aguilhão ou espora que faz acelerar a morte. Mas, se isso se diz de todo o pecado, quanto mais se deverá dizer do pecado desonesto, que descompõe os humores, destrói os espíritos vitais e consome as forças? E ainda que não houvessem essas razões filosóficas, sabemos pela Sagrada Escritura que por este pecado Deus envia a morte repentinamente aos que se entregam a ele. Her e Onan morreram no mesmo instante em que pecaram, e saiba o desonesto que este vício chama-se onanismo porque imita a Onan... tema, pois, o pecador que lhe aconteça o mesmo que aquele: ficar repentinamente morto e condenado. Ah! Quantos exemplos lê-se nas histórias sagradas e profanas de pessoas que tiveram uma morte prematura por causa deste pecado! Teme, pecador, que não te aconteça o mesmo.

Exemplo

De um jovem que se masturbou
e morreu instantaneamente

Refere Siniscalchi que um jovem estudante era muito bom, obediente a seus pais, aplicado ao estudo e frequentava os Santos Sacramentos. Um dia seu pai notou que seu filho tão amado não se levantava com a pontualidade costumada; pensando que estivesse dormindo ou descuidado, foi chamá-lo, bateu à porta do quarto, mas, o filho não respondia; entrou e continuou chamando pelo mesmo, que continuava calado, até que aproximando-se da cama verificou que ele estava morto! É mais de imaginar do que de explicar o que se passou no íntimo dos pais desse infeliz filho. O pai tomou a capa e foi dar a notícia da desgraça ao Confessor do jovem, um Sacerdote da Companhia de Jesus. Este procurava consolar o aflito pai do moço defunto, dizendo que confiava na bondade de Deus, pois que se bem ele falecera sem os Sacramentos, como nunca cometera pecado mortal, não estaria condenado, mas, que não obstante iria logo celebrar a Santa Missa e aplicá-la em sufrágio da alma do falecido, para que se tivesse cometido algumas faltas leves e estivesse no Purgatório por elas, o Senhor o aliviasse. Foi, assim, o bom Padre à sacristia, revestiu-se com os Sagrados Paramentos e quando queria sair da sacristia, tiram-lhe, pelas costas, a casula; voltando-se e, como não visse ninguém, tenta novamente sair, quando se repete o fato sucedido, para; logo depois, uma mão negra arranca-lhe o Cálix das suas mãos. Espantado o Padre, levantou os olhos e via, no meio de chamas, o desgraçado moço que, dando um espantosíssimo gemido, diz: “Ai, Padre! Não celebre a Missa por mim, porque estou condenado!...” O Padre ficou semi-morto de pena e espanto, mas, esforçando-se, perguntou: “– Como é isso? Calavas os teus pecados?” – “Não”. – “Mas, então, como pode ser isso, se nunca te confessavas de pecado mortal?” – “É verdade, porque nunca na minha vida havia cometido um, mas, esta noite tive uma tentação, resisti a primeira e a segunda vez, mas, na terceira consenti, com a intenção de não fazer mais de uma vez, mas, desgraçado de mim! Assim que praticara comigo mesmo o ato desonesto, na própria cama fiquei morto e minha alma foi condenada ao Inferno, como sucedeu aos Anjos maus, que por um só pecado foram jogados no fogo eterno!”

Jovens que praticais atos desonestos! Temei que suceda convosco o mesmo que a este desgraçado! E já que Deus tem sofrido os vossos pecados cometidos até esta data e esperado que façais penitência, confessai-vos bem e não pequeis mais, ou senão, ai de vós! Sereis condenados por toda a eternidade!

Propósito

Proponho abster-me de fazer, dizer e pensar em coisas desonestas, por amor do Espírito Santo, de quem sou templo, especialmente no dia de hoje.

Remédio Físico

Diz o médico Doussin, pág. 180: “Entre os meios e remédios mais eficazes deve-se contar a incessante ocupação, o viver em companhia de alguma pessoa amável e virtuosa e, se é possível, não se afastar de sua vista, tanto de dia como de noite. A Religião, porém, é o melhor e mais poderoso meio para conseguir o repouso da imaginação. Assim o reconheço e assim me tem assegurado os próprios doentes deste vício”.

Modo de Vencer uma
Tentação Muito Comum

Moços há, que tão logo conheceram os males do onanismo fizeram o firme propósito de abster-se e, verdadeiramente abstiveram-se alguns dias, mas, o que acontece? Depois de algum tempo tornam a cair!… Qual é a causa da reincidência? São três essas causas. A primeira é o hábito, ou mau costume de pecar, o qual é para eles como uma segunda natureza. Esta primeira causa deve-se tirar com um hábito oposto, abstendo-se totalmente de pecar, com firme resolução de antes morrer do que consentir em tão grande maldade. Com esta resistência as forças da paixão e do mau costume se debilitarão e em cada vitória que conseguirem consolidam mais e mais o seu santo propósito e perseverança, ao passo que, se são débeis, fracos, covardes, e se deixam arrastar pela tentação, um pecado arrastará a outro, até que finalmente perderão a saúde e a vida do corpo e a graça e a salvação da alma. A segunda causa é a sugestão de Satanás, que vendo que escaparam de suas garras aquelas almas que já contava como suas, faz todos os esforços possíveis para que voltem atrás e tornem a engolir o vômito de seus pecados obscenos, como diz São Pedro1, que haviam atirado fora por meio de uma boa confissão. Esta segunda causa afasta-se desdenhando prontamente a tentação, fixando a atenção em outra coisa, dizendo fervorosas jaculatórias, invocando os dulcíssimos nomes de Jesus, Maria e José, e de São Miguel, dizendo: QUEM É IGUAL A DEUS? Recebendo com frequência, fervor e confiança os Santos Sacramentos da Penitência e da Comunhão, dizendo com Davi: “Preparaste uma mesa diante de mim, à vista daqueles que me perseguem”2, que são os inimigos da alma e do corpo, o mundo, o Demônio e a carne. A terceira causa de reincidir no pecado desonesto é o terror de adoecer. Há jovens habituados, que depois resolveram não pecar mais, tendo mesmo passado algum tempo sem cair naquela abominação, sofrem uma tentação; fazem esforços para vencê-la e resistem um, dois e mais dias, mas, é tão incômoda e constante a luta que, vencidos por Satanás, temem adoecer!… Atentem, porém, ao que dizem os médicos Bordeu e Devay: “Que os moços que se contêm, não adoecem por isso, ao contrário, são mais sãos e robustos; devem, pois, abster-se e assim repararão as perdas causadas pelos pecados passados, viverão mais anos, serão mais sãos, e se alguma vez ficarem enfermos a natureza se descartará mais rapidamente da enfermidade devido os múltiplos recursos que possui, enquanto que os desonestos facilmente adoecem e dificilmente se levantam, por faltar-lhes tais recursos vitais”.

Remédio Espiritual

Dizer jaculatórias no momento da tentação, por exemplo: Senhor, não retireis de mim o Vosso Espírito. Meu Deus, assisti-me. Jesus meu, amparai-me.

Acabar-se-á o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima e a Ladainha da Virgem Dolorosa.


4º Dia – Quarta-feira

Quarta dor: a que sofreu a Virgem Santíssima quando falou a seu Filho, cansado, com a Cruz às costas, na Rua da Amargura. Em memória desta dos saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE MARIA para que te alcance uma grande dor de teres pecado e a graça da castidade.

Leitura – Observações de Médicos e Filósofos

Tissot, Salzman, Goutier-Wogel, Campe e outros célebres autores, citam um grande número de meninos que, por diversas ocasiões, tinham chegado a masturbar-se desde a mais tenra infância e que continuando com esse abominável vício, eles mesmos, sem o saber, abriram suas sepulturas. O célebre J. L. Doussin, diz: “Que um menino de quatro a cinco anos, a quem a casualidade ensinou este modo de se destruir, morreu, com efeito, vítima de sua inconsciência, porque não fizera outra coisa senão ceder a uma inclinação, cujo perigo era impossível ele avaliar; mas, um moço de dezesseis ou dezessete anos poderá esperar alguma indulgência? Quem não o vituperará por não ter renunciado a este vício vergonhoso desde o instante em que notou o prejuízo de sua saúde? Por outro lado, conhece tão bem quão repreensível é aquele vício que não sabe de que forma ocultar a sua obscenidade, e crê que o conhecem todas as pessoas com quem está obrigado a ter relações. Daí procede a timidez que se observa quando respondem às perguntas de seus pais ou professores, a quem mal se atrevem a olhar, e cuja presença procuram evitar com cuidado. Ditoso aquele que ainda pode se ruborizar desse tão penoso como detestável vício, porque não permanecerá enlameado nele, logo o recordará para o aborrecer e a virtude que abandonou por momentos voltará a guiá-lo de novo. Seguramente se sentirá bem recompensado quando vir desaparecer de sua fronte, antes serena, os vestígios do pecado já marcados nela”. Diz Doussin: “O onanismo faz suas vítimas perderem quanto tinham de humano em suas faculdades morais; comunica-lhes um exterior abrutalhado, obsceno, triste, covarde, negligente e as torna incapazes de qualquer trabalho que exija a mais leve operação do entendimento”. Mr. Devay manifesta o consolo que espera ter vendo emendados os moços masturbadores por meio do Sacramento da Penitência e da Primeira Comunhão. Quem não conhecerá o poder benéfico que tem o conselho de um Sacerdote para um menino ou jovem que lhe confia o segredo que não confiava nem mesmo aos seus pais? E quem negará que essa primeira e edificante Comunhão, para a qual se exige a pureza dos costumes, não possa conjurar para sempre esses deploráveis excessos?

Exemplo

Declaração que faz um jovem,
e para desengano da juventude,
a publica, o Dr. J. L. Doussin Dubruil.

Encontro-me desgraçadamente no número das vítimas cuja inocência foi sacrificada pelos maus conselhos de uma juventude corrompida. Para meu mal fui testemunha, num colégio, dos excessos do onanismo e animado pelos exemplos dos que me rodeavam, imitei-os, porque ignorava como eles as fatais consequências da nossa brutal inclinação. Longo tempo fazia que nos familiarizáramos com essas imundícies e se algum de nós, mais instruído do que os outros, nos tivesse mostrado todos os perigos que esse costume trás consigo, teria bastado, sem dúvida, para que eu abandonasse por completo meus culpáveis manejos, mas, ao contrário, como não conhecia os perigos, continuei até os quinze anos e meio, convertendo-se o que antes não passava de um simples desejo, numa necessidade imperiosa. Para conter este hábito detestável deram-me a obra de Tissot e depois de tê-la examinado, reconheci toda a profundidade do abismo que, por minhas próprias mãos, cavara a meus pés. Admirado, então, e cheio de espanto por semelhante leitura, facilitei a troca de correspondência com V. S., persuadido de que, quanto mais variados fossem os assuntos, mais forte seria também a emoção; a isto devo, confesso, a facilidade que achei em renunciar a toda espécie de provocação. Apesar de minhas libertinas satisfações, conservei minhas carnes, mas, tenho continuamente olheiras, muito fundos os olhos nas órbitas e uma palidez amarelenta; em qualquer parte que vá, me parece que veem em minha fisionomia a inclinação que tenho para o vício; minhas digestões são lentas, laboriosas e mal feitas... Minha cara está semeada de grandes grãos, tão dolorosos como duros e ásperos; as afecções nervosas tem sobre minha imaginação um poderoso império… Todavia, espero recobrar a saúde, ou, ao menos, conservar a pouca que me resta, pois, isso seria para mim um bem tanto mais extraordinário quanto se levar em conta que meus excessos duraram quatro anos seguidos. Finalmente, tendo eu a firme resolução de respeitar a mim mesmo e não tornar nunca mais a abusar de semelhante excitação, faça-me V. S. o favor de indicar-me um remédio e me considerarei ditoso no dia em que me veja restabelecido”.

Exemplo

De dois infelizes que
não declararam seu vício de Masturbação
ao médico Doussin.

Entre os epiléticos que atualmente assisto, encontra-se um jovem de dezessete anos, de quem suspeito que se masturba, muito. Apesar de lhe ter feito algumas perguntas, não consegui obter dele a verdade. Se ler esta obra, coisa que desejo, aprenderá pelos exemplos que cito que para obter a completa cura de sua enfermidade é indispensável fazer cessar a causa que a produziu. No meu Tratado dos Flegmões ou Tumores, cito a história de um menino que morreu com a idade de treze anos, no meio de terríveis convulsões muito parecidas com a epilepsia e depois de uma agonia de noventa e seis horas. O modo do esforço que depois de muito tempo fazia para expectorar, a natureza da saliva, cuja cor era de um cinzento pardo e sua consistência viscosa, pouco natural na primeira idade, fizeram-me suspeitar de que sua enfermidade era proveniente de excessos repetidos na masturbação, o que, por outro lado, denunciava a sua pele, cuja secura extremada só uma causa violenta poderia determinar, pois, esse menino era idolatrado por seus pais e nunca se ocupara de trabalho ou outra qualquer coisa que o fatigasse”.

Máxima

O pecado desonesto faz que o homem sofra um julgamento terrível.

Reflexão

Pensa em que tens de morrer… pensa em que este vício acelera a tua morte… pensa em que brevemente estarás ante o Tribunal de Deus e que Ele te dirá: Dá-me contas de tua administração… Deus te deu corpo, alma, vida, saúde, e outras mil coisas para que guardes sua lei, O conheças, O ames e O sirvas… E tu, que tens feito?… Que contas prestarás a Deus, desde que em lugar de viveres bem, nada mais fizeste senão pecar?… Se condenou àquele servo que não negociou, nem ganhou com seu talento, que juízo terrível não usará contigo que não só nada ganhastes com os talentos das potências e sentidos que te confiou, antes, só abusastes deles e com eles ofendestes a Deus? E se a árvore que não dava frutos foi cortada e arremessada ao fogo, que sentença te espera, que em lugar de produzires frutos de boas obras não fizeste mais do que pecados?!… Ai de ti!…

Exemplo

Da Santíssima Virgem da Primeira Dor
e de um Jovem que ia Cometer um Pecado Desonesto

Nas cartas anais da Companhia de Jesus, lê-se que na Índia havia um moço que tinha em seu aposento uma imagem da Santíssima Virgem da Primeira Dor, ou seja, com uma espada cravada no peito, e certo dia esse jovem sentiu-se terrivelmente tentado contra a castidade; dominado já pela tentação, ia para um lugar retirado a fim de executar a obscenidade, apesar dos remorsos que sentia na consciência, que lhe recordava a grave falta que cometia contra Deus, quando ao atravessar a porta do aposento e passar diante da imagem de Maria Santíssima, ouve uma voz sobrenatural que lhe diz: – “Pare! Aonde vais?” O moço volta-se e aproxima-se do lugar donde escutara a voz e vê a imagem de Maria Santíssima, que levantando a mão, tira a espada que tinha cravada no peito e dirigindo-se a ele, diz: “Vamos, toma essa espada e, se tens coragem, fere-me a Mim, antes que tornes a crucificar a meu Filho com o pecado que vais cometer”. Assombrado, o jovem ouvindo essa voz de Maria Santíssima, arrojou-se ao solo e com abundantes lágrimas pediu perdão a Deus e à Santíssima Virgem, prometendo levar dali por diante, uma vida pura, tomando a firme resolução de morrer antes de tornar a pecar. Ah! Jovem desonesto! Se pensasses atentamente no que fazes quando pecas! Pensai bem! Quando pecas tornas a crucificar o Filho de Deus, como diz São Paulo, e ainda cravas uma espada no Coração de tua Mãe Maria Santíssima. E é possível tanta maldade?!… Ferir a tua Mãe?!… Não cais morto de dor e de vergonha?!…

Propósito

Proponho abster-me de fazer, dizer e pensar em coisa desonesta, por amor de Maria, Nossa Senhora, Virgem Mãe de Pureza, especialmente no dia de hoje.

Remédio Físico

Diz o médico Doussin, pág. 180, que é remédio poderoso para curar a praga do onanismo, a vigilância contínua dos Superiores, as repreensões, os conselhos, a exposição ou a leitura de casos de outros seres desgraçados por esse vício, e o fazer compreender que os viciados por si mesmos afeiam-se, adoecem e se condenam.

Remédio Espiritual

Encomendar-se à Maria Santíssima. Rezar o Rosário todos os dias. Dizer frequentemente a oração Virgem e Mãe de Deus, etc., e a Ave Maria ao bater das horas, dizendo jaculatórias no momento das tentações.

Acabar-se-á o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima e a Ladainha da Virgem Dolorosa.


5º Dia – Quinta-feira

Quinta Dor: a que sofreu a Santíssima Virgem quando viu seu amantíssimo Filho crucificado e morto. Em memória desta dor, saudarás Maria Santíssima com um Padre Nosso e sete Ave Maria, para que te alcance uma grande dor de teres pecado e a graça da castidade.

Leitura – Observações de Médicos e Filósofos

Diz o célebre médico J. L. Doussin que, os que se masturbam causam a si mesmos os seguintes males e prejuízos: olhos desconfiados, pouco vivos, débeis, com manchas vermelhas às vezes, com olheiras e úmidos; pálpebras inchadas; cara decrépita, amarelenta e consumida; laxidão que o descanso não dissipa; digestões lentas, compressão no ventre; urina espessa, esbranquiçada e muitas vezes fétida; náuseas e em certas ocasiões vômitos de matérias viscosas; muita frouxidão nos ombros e nas pernas; calafrios contínuos; voz rouca, débil ou brusca; suores excessivos, sem que sejam precedidos de movimento algum; a pele quase sempre seca e áspera; uma tossezinha sem expectoração; suspiros e bocejos frequentes; eis aí os efeitos físicos que resultam do hábito da masturbação, efeitos que por sua vez se convertem em causas dos desarranjos que sofre a moral naquela classe de indivíduos. Também se observa que, a menor dificuldade assusta-os, que não se encontram bem em parte alguma, que continuamente estão distraídos, que sua vacilante memória é infiel, que raramente à firme seu caráter, e sobretudo, que não têm amigos verdadeiros, porque não o são aqueles que se dizem amigos. Celso, médico célebre, assegura que os jovens que se masturbam, ficam pálidos e afeminados, esquecidos, covardes, lânguidos e até imbecis. Sulmutch narra que dois indivíduos entregues desde mui jovens, ao onanismo, ficaram mentecaptos e que o cérebro de um deles secara de tal forma, que se podia ouvir o mesmo mover-se dentro do crânio. Dawswi3, diz que viu onanistas que foram atacados do enfraquecimento dorsal descrito por Hipócrates. O médico Campe, diz que viu um menino de nove anos, cego em consequência do onanismo, e Tissot cita muitos casos semelhantes. Diz o médico Divag que os homens de responsabilidade, de qualquer crença que sejam, encarregados da energia intelectual e moral dos jovens, consideram um dever precaver os mesmos contra semelhantes desvios impuros. Recordo-me ter ouvido o médico Raspail, no ano de 1836, dissuadir com enérgica convicção os numerosos estudantes de sua escola de frequentarem essas casas obscenas, onde se perde de uma vez a vitalidade e a energia do entendimento.

Exemplo

Lamentações de um moço contra si mesmo,
publicadas por um amigo da juventude,
para desengano desta.

Aos quatorze anos aprendi o segredo da masturbação propriamente dita, numa grande escola, onde era conhecido este vício pela totalidade dos alunos. Desde aquele fatal momento até a idade de vinte e um anos, que tenho atualmente, não deixei de ser escravo desta paixão. Cor, frescura, brilho da mocidade, viveza, faculdades, talento!… tudo desapareceu para mim desde aquele momento fatal!… Na idade de dezesseis anos senti dores nas proximidades das primeiras falsas costelas e também uma grande dificuldade, que ainda me atormenta. Uma inchação e uma dor contínua em todas as partes do corpo, foram as consequências do meu vício. O que, então, não podia compreender nem explicar, hoje compreendo e conheço também o que significam essas dores surdas e estes padecimentos tão contínuos como indefinidos; o véu, que ocultava o meu estado, foi descerrado e vejo todos os perigos e sua causa. Tenho a desgraça de não poder culpar ninguém, senão, a mim mesmo. Por que fatalidade terei demorado tanto em evitar a minha ruína?… Passo no maior desconsolo estes tristes dias, que me anunciam outros mais penosos. Basta-me olhar para um espelho para reconhecer que o vício foi a destruição de todas as vantagens que a natureza me outorgara e cair novamente na melancolia que me consome. A ideia do meu futuro é o que mais me atormenta. Com o que mais pequei, é exatamente com o que mais sofro e padeço agudíssimas e prolongadas dores em consequência de meus excessos...”.

Outro Exemplo que Refere o Mesmo Autor

O desgraçado exemplo que me ministrou um colega, incluiu-me na multidão dos infelizes aos quais as consequências da masturbação deixaram triste e amarga lembrança da primeira juventude… Ah! Quem me dera prever, quando tinha quinze ou dezesseis anos, o fundo abismo em que se precipita quem comete tão horrendo atentado contra o Divino Autor da natureza!… Tenho atualmente vinte e quatro anos: muitas vezes, sim, muitas vezes, cometi este crime e ainda que tenha feito mais de uma vez as promessas mais solenes de abster-me, só pronunciei tais juramentos para quebrá-los!… ai!… Minha vista diminuiu consideravelmente… a cor não corresponde à minha idade… Mal faço alguns movimentos extraordinários, inundo-me de suor e bate apressadamente meu coração… Li no DIÁRIO DE BERLIN a descrição que V. S. faz de um mal espantoso, cuja única causa foi o meu desgraçado vício; fiquei perturbado e chocado; imediatamente concebi o projeto de pedir seu parecer e reclamar sua assistência”.

Máxima

O pecado desonesto faz que o pecador sofra um terrível Inferno.

Reflexão

Um só pecado mortal merece um Inferno eterno. E tu, que comete tantos pecados mortais de pensamentos, palavras e obras, que Inferno merecerás? E indiscutivelmente teus pecados são ilícitos deleites, que merecem os maiores tormentos e penas, como diz Santo Agostinho e o prova com estas palavras da Sagrada Escritura: “Quanto mais alguém se tiver glorificado e vivido em deleites, maiores penas e mais dores lhe serão dadas”.4 Pois, que penas e que dores te proporcionarão lá nos Infernos, a ti, infeliz, que tanto te deleitaste com tuas abominações e obscenidades?… Pensa que não só tua alma como também esse teu corpo que agora idolatras será atormentado eternamente no Inferno, se não te emendares!… Pensa bem… Breve gozar, eterno penar. O deleite passa como um relâmpago, mas, a eternidade jamais acabará!!!…

Exemplo

Diz o célebre João Gerson, chanceler de Paris, que o Bispo D. Tomás Cantimbre foi testemunha ocular do exemplo seguinte: Sendo ele jovem estudante, tinha um discípulo muito amigo, filho de bons pais e dotado de todas as qualidades que tornam amável um moço. Este moço tão bom e tão amável, teve uma má companhia, que despertou em seu coração o amor pelos prazeres desonestos, arruinou em pouco tempo todas as boas inclinações e o precipitou em todas as hediondezes; seus amigos exortaram-no, porém, não fazia caso, mas, o Senhor o castigou da seguinte forma: Estando este desgraçado moço uma noite no melhor de seu sono, de repente, despertou sobressaltado e tomado de um grande pavor, começou a dar terríveis gritos, com os quais despertaram também todas as pessoas da casa e correram a socorrer-lhe. Perguntavam o que tinha, e não respondia senão com repetidos gritos. Fazem vir um Sacerdote para que o exorte a pensar em Deus e pedir perdão de seus pecados, mas, nada se adiante com isso. Continuando, não obstante, o Sacerdote a exortá-lo mais e mais, dirigindo-lhe as palavras mais ternas, acompanhadas de abundantes lágrimas, voltou-se para ele o infeliz e olhando-o com olhos perturbados, diz com voz lamentável: Maldito seja quem me perverteu! Maldito seja quem me perverteu! Em vão já é invocar a misericórdia de Deus, porque já estou vendo o Inferno aberto para me receber!!! Ditas essas palavras, que aumentaram a dor e o pranto de todos os circunstantes e as instâncias de que se recomendasse a Deus, virou-se para o outro lado e continuando seus horrorosos gritos, morreu no maior desespero e aflição, com os sinais mais evidentes de sua condenação ao Inferno, onde paga e pagará com uma eternidade de sofrimentos e dores terríveis os breves e brutais prazeres desonestos.

Propósito

Proponho abster-me de fazer, dizer e pensar em coisas desonestas, por amor ao Anjo da Guarda, especialmente durante o dia de hoje.

Remédio Físico

Diz o médico Doussin5, que a primeira diligência é prescrever um regime adequado e um gênero de vida que robusteça o corpo e preserve a imaginação de todos os seus extravios. Ter-se-á presente, porém, que disse6 que é muito prejudicial aos meninos o uso excessivo de carnes e outras substâncias azotadas, tomadas em maior abundância do que o permitem as forças digestivas. Não devem beber aguardente, nem licores; se tomarem vinho, deverá ser com duas terças partes de água.

Remédio Espiritual

Receber com frequência os Santos Sacramentos da Penitência e da Comunhão. O Santíssimo Sacramento chama-se Pão dos Anjos, por isso, quem deseja viver como um Anjo em pureza, é preciso que viva de seu alimento. Não existe nada que tanto afugente o espírito de impureza como o Santíssimo Sacramento bem recebido.

Acabar-se-á o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima e a Ladainha da Virgem Dolorosa.


6º Dia – Sexta-feira

Sexta dor: a que a Virgem Santíssima sofreu quando viu transpassarem com a lança o peito de seu Filho já morto, recebendo-O depois em seu regaço. Em memória desta dor saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE MARIA para que te alcance uma grande dor de teres pecado e a graça da castidade.

Leitura

O célebre Mr. Flouret manifestou numa dissertação, que não temia sustentar que as dores que se manifestam comumente em consequência dos terríveis efeitos do vício impuro, ao longo da coluna vertebral, são sumamente atrozes, que o indivíduo fica seco e extenuado; que as funções do estômago se transtornam e pervertem até o ponto de suprimir-se, às vezes, a secreção da urina e sobrevir grave dor de cabeça, debilidade da vista, por causa da excessiva dilatação das pupilas, e perda completa da memória; que entre as doenças que afligem o paciente é a hipocondria a mais notável e finalmente, exclama, que lhe seria impossível fazer uma completa enumeração da inaudita multidão de males que os órgãos da geração atraem sobre a economia… Mr. Tissot, célebre médico de Lausane, diz o mesmo e quiçá, mais do que o anterior, apoiando suas razões com vários fatos presenciados por ele mesmo, referindo o de um mocinho de bela aparência, que havia sido advertido repetidas vezes do perigo a que se expunha com o vício impuro, mas, que se fazendo surdo aos conselhos, ficou tão disforme antes de morrer, que desapareceram todas as carnes que cobrem as apófises espinhosas dos lombos. O mesmo refere de outro rapazote de quatorze ou quinze anos, que morreu de convulsões epiléticas, cuja única origem era o vício impuro.

Exemplo

Resumo histórico das desgraças
que sobre si chamou um jovem desonesto,
útil para que os demais se
escarmentem com o exemplo alheio

Um moço, que atualmente terá vinte e oito anos, teve a infelicidade de aprender o que era o vício impuro, quando apenas contava dezesseis anos, graças a um jovem professor de música que lhe ministrou tão boas lições… Não lhe passando pela mente que isso pudesse ser prejudicial, cria unicamente que semelhante ato exigia muito segredo e, desde então, não deixou de repeti-lo, fugindo sempre de testemunhas. Notando com o tempo que aquele ato seguia-se sempre certa fadiga, ficou crente que seria muito acertado e bom praticá-lo todas as noites depois de deitar-se, com o fito de adormecer mais rapidamente, e usou durante dois anos tal soporífero, que reputava excelente. Crendo depois que dormia demais, empregou o mesmo meio para despertar melhor, usando-o outro dois anos pela manhã a título de despertador. Quatro anos transcorreram continuando ele naquele maldito vício e ignorando sempre o que fazia. Desta forma chegou aos vinte anos, sem que ninguém o surpreendesse no vício, nem denunciasse o perigo que o ameaçava e o abominável de seu proceder, mas, foi atacado de uma diarreia tão violenta, que se viu obrigado a guardar o leito quatorze dias seguidos. Dois meses depois padeceu durante a noite de suores tão violentos, que os travesseiros, os colchões e a roupa da cama não só umedeciam, como ficavam empapados de suor; isto durou sete semanas. Passados três meses foi atacado de uma enfermidade do peito sumamente grave, acompanhada de febre ardente e tumefações sobre a pele, umas vezes roxas, outras brancas. Neste lastimável estado se achava quando teve ocasião de ler a obra de Tissot, intitulada: ”O Onanismo” e a de Guiller Zedkundige-Lessem, “Instrução sobre os Costumes”. Estas duas obras reunidas causaram, se bem que demasiado tarde, sua conversão. Ainda que naturalmente alegre, acha-se sempre inquieto e abatido; tem constantemente a língua coberta de matéria espessa, que não sai com coisa alguma, nem mesmo com os purgantes; sente afogueamento e dores em toda a extensão do rosto. Além disso, sofre dores em outros lugares do corpo, quase constantemente tem o rosto coberto de fístulas, nunca está livre de tosse e tem as mãos às vezes frias como o gelo e outras, ao contrário, muito quentes e cobertas de suor”.

Máxima

O pecado desonesto faz com que o homem seja privado da Glória.

Reflexão

Desengana-te de uma vez: esse Céu que vês tão formoso e o mais precioso que está lá em cima não é para ti, se não te emendas de tuas desonestidades. São Paulo e São João te dizem claramente que os que fazem coisas obscenas não entrarão no Reino dos Céus: não duvides, é de fé, nada manchado entrará na Glória. Os que entrarão na Glória são os que viveram bem e que na ressurreição serão como os Anjos de Deus, e tu que tens vivido não como um Anjo de Deus, mas como… onde irás parar?!… Por um breve deleite entregas e abandonas um eterno contentamento e um gozo sem fim! Pensa bem: o que tiras de todos esses deleites, se finalmente te condenares?!… do que te servirão lá nos Infernos todos esses deleites?!… que satisfação te darão?!… Nenhuma, senão mais penas. O deleite passou e a pena nunca acabará!!!

Exemplo

De um jovem nobre,
que o Diabo despedaçou
porque era desonesto e
desobediente à sua mãe.

Há rapazes que parece serem da raça de Caim e estes são os desonestos; diz a Santa Escritura que Deus Nosso Senhor PÔS EM CAIM UM SINAL7, mas, nos luxuriosos, como pelo pecado obsceno e pelo escândalo que dão, matam mais irmãos do que Caim, pôs neles quatro sinais: o primeiro nos olhos, o segundo na preguiça, o terceiro na indevoção e o quarto na desobediência aos pais. Tal era o jovem de que vamos falar, segundo refere Teófilo Rainaldo. Este jovem era nobre, filho de uma viúva e como desonesto era desobediente à sua mãe. Esta lhe disse que se recolhesse cedo e não à meia-noite como costumava, pois, do contrário, não lhe abriria a porta. A hora regular a mãe mandou fechar a porta da casa e chegando o filho tarde, segundo seu mau costume, e achando a porta fechada, principiou a bater e a dar gritos, até que, vendo que não o atendiam, rompeu numa série de injúrias e maldições contra sua mãe, e, depois, com um irmão e um criado que o acompanhavam, retirou-se para outra casa. Mas, logo que adormeceu, ouviu-se um grande ruído e entrou, em seguida, no aposento, um horrível gigante, que agarrando o jovem pelos pés, foi estendê-lo sobre uma mesa, onde com um cutelo que trazia, o despedaçou, jogando os seus pedaços a quatro cães espantosos que com ele tinham vindo para devorar o infeliz moço. Aterrorizado com esse fato, o irmão entrou num Convento de Cartuxos e, depois de uma vida exemplar, morreu santamente. Vede como Deus castiga aos filhos luxuriosos e desobedientes a seus pais. O pecado desonesto e a desobediência aos pais, são delitos tão aborrecidos por Deus, que muitas vezes começa a castigá-los nesse mundo. E assim, como a Justiça do mundo tem verdugos para executar a sentença que o juiz pronuncia, Deus Nosso Senhor, que é Juiz Supremo, tem também verdugos, que são os Demônios e que executam com muito gosto e prontidão as sentenças que ELE dá contra os pecadores neste e no outro mundo, que é o Inferno, lugar de tormentos, com diz o Evangelho.

Remédio Físico

Diz Mr. Doussin8, “que se deve procurar evitar os jovens a ociosidade, o trato íntimo com outros que se suspeite tenham o mesmo vício; a falta de higiene, o deitar-se antes de terminar a digestão e o dormir deitados de costas. Devem, pois, dormir do lado direito e não em cama demasiado macia, não muito cobertos, os pés sim devem estar quentes, para atrair para os mesmos o sangue durante o sono.

Remédio Espiritual

Não ser amigo de viciados e viver separado dos que falam desonestamente, apreciar a companhia dos pais e ter amigos virtuosos.

Acabar-se-á o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima e a Ladainha da Virgem Dolorosa.


7º Dia – Sábado

Sétima Dor: a que padeceu a Virgem Santíssima quando deixou seu amantíssimo Filho no sepulcro e Ela ficou na soledade. Em memória desta dor, saudarás Maria Santíssima com um PADRE NOSSO e sete AVE MARIA, para que te alcance uma grande dor de teus pecados e a graça da castidade.

Leitura

O célebre J. L. Doussin diz: “Há motivos para crer que um jovem se entrega ao onanismo quando coincidem a perda da memória e da cor e frescura do rosto; quando de alegre que era torna-se triste e melancólico; quando se observa que perdeu a afeição ao estudo; quando, finalmente, encontra-se sem apetite, tem o pulso irregular, suores noturnos, que não se podem atribuir a alguma outra enfermidade, ou que come mais do que costumava, aumentando, não obstante, sua extenuação. Não se deve estranhar este último resultado, que se manifesta frequentemente, se se admitir a opinião dos que pretendem, com razão, que a matéria cuja efusão se produz, serve para nutrição do cérebro e da medula espinhal”. Hipócrates, chamado com muita justiça o Príncipe da Medicina, discorre sobre o particular, assim: “As pessoas, diz, que perdem frequentemente esta substância, que se deve considerar como a essência de todas, enfraquecem e consomem-se, ainda que se alimentem muito”. “Estas mesmas pessoas, acrescenta aquele grande médico, percebem uma sensação como se da cabeça descessem formigas ao longo da coluna vertebral…; privam-se da faculdade gerativa e seu sonhos versam sempre sobre objetos capazes de agravar mais e mais a sua situação; os passeios cansam-nos, debilitam e ocasionam peso na cabeça e zunido nos ouvidos, finalmente, uma febre aguda que acaba por terminar seus dias”. Os médicos modernos fazem a mesma observação que Hipócrates. Hoffmann, entre outros, cita muitos fatos como prova do que os moços que se entregam a tal gênero de libertinagem não se desenvolvem, nem se nutrem, ainda que comam muito. Mr. Devay diz: “Que os que se entregam ao vício impuro causam-se três prejuízos diversos e muito grandes: 1º) Fisiológicos, ou corporais, porque arruínam seu organismo, desfazem as essências funcionais nervosas e nutritivas, de forma que acabam com sua vida. 2º) Causam desordens intelectuais de maneira que a inteligência e a memória se perdem dia a dia e muitos ficam loucos. 3º) Provocam desordens morais, porque tornam-se morosos, caprichosos, ásperos e brutais”.

Exemplo

Ingênua declaração que faz
um enfermo dos males desonestos,
publicada pelo médico Doussin
para escarmento da mocidade.

Tive a desgraça, como muitos outros jovens, de deixar-me arrastar por um hábito tão pernicioso para o corpo como para a alma; a idade, favorecida pela razão, corrigiu, faz algum tempo, esta miserável inclinação, mas, o dano já está feito. À afecção e sensibilidade nervosas extraordinárias e aos males que ocasionam, acresce uma debilidade, um mal estar, um desgosto e uma aflição que me acompanham incessantemente; estou completamente arruinado; minha cara parece a de um cadáver, tão pálida e consumida está. A debilidade de meu corpo embaraça todos os meus movimentos e a das minhas pernas chega a tal ponto que com dificuldade posso sustentar-me em pé, não me arriscando nunca a sair de minha habitação. As digestões fazem-se tão mal, que sai o alimento três ou quatro horas depois de ingeri-lo, como se acabasse de entrar no estômago; meu peito enche-se de fleimões, cuja frequência me fatiga e cuja expectoração me aniquila. Eis aqui um quadro em miniatura de minhas misérias, aumentadas ainda pela triste certeza que adquiri de que no futuro serão sempre mais incômodos do que no presente e, numa palavra, duvido muito que jamais uma criatura humana tenha padecido tantos males como os que me atormentam; sem um socorro particular da Divina Providência terei muita dificuldade para resistir por mais tempo a uma carga tão pesada”.

Outro Exemplo

Que refere,
como testemunha ocular,
Mr. Zimmermanor, primeiro médico
de S. M. o Rei da Inglaterra.

Conheci um jovem de vinte e três anos, que ficou epilético depois de ter se debilitado por frequentes masturbações. Sempre que tinha poluções noturnas, caia num acesso de epilepsia; outro tanto lhe acontecia depois das masturbações, das quais não se abstinha, apesar da doença e das muitas recomendações que lha faziam. Logo que passava o acesso, tinha fortes dores nos rins e nas imediações da extremidade do espinhaço. Entretanto, como cessou finalmente tal prática, durante algum tempo, curei-o das poluções e tinha esperanças de curá-lo da epilepsia, cujos acessos haviam já desaparecido. Recobrou as forças, o apetite, o sono e as cores naturais depois de ter estado como um cadáver, mas, retornando às suas masturbações, que sempre eram seguidas de um ataque epilético, chegou até a sofrer esses ataques na rua, e, numa manhã, encontraram-no morto em seu quarto, caído fora da cama e banhado em seu sangue”. Seja-me permitido aqui, acrescenta Mr. Tissot, uma dúvida que me ocorreu quando li essa observação: os que se matam com um tiro, jogam-se a um rio ou se degolam, são mais suicidas que os que se masturbando acabam com as suas vidas?

Máxima

O pecado desonesto, faz com que o cristão, não seja verdadeiro devoto de Maria Santíssima.

Reflexão

Para ser verdadeiro devoto de Maria Santíssima deve-se abster-se de todo pecado e imitar suas virtudes, e tu fazes o contrário, tu não te absténs, antes pecas e pecas desonestamente, sendo que a desonestidade é uma das coisas que mais aborrecem à Virgem e Mãe de Pureza. Quiçá tu te tens por devoto e te chamas tal porque, eu te digo que se não mudas de costume. Ela não te terá por seu devoto, senão, te abominará e ao teu pecado, como à Serpente, que tem debaixo de seus pés. Pensa bem… ser verdadeiro devoto de Maria, é sinal de predestinação, como não ser, é de reprovação… Ah! Ser abandonado de Maria pelo pecado desonesto!… quem não temerá?… Não quero pecar… jamais pecarei… longe de mim toda a desonestidade. Virgem Santíssima, assisti-me…

Exemplo

De um jovem desonesto,
que viu oito espadas, no
Coração da Virgem das Dores.

Refere o P. Siniscalchi de um moço devoto da Santíssima Virgem das Dores, que um dia teve a debilidade de cometer um ato desonesto consigo mesmo, e depois na sua hora, foi rezar diante da Virgem Dolorosa como costumava e ao fixar a vista na imagem, viu que tinha no Coração não sete espadas como antes, mas, sim oito. Assombrado o jovem por aquela novidade, pensava qual seria a causa daquela oitava espada e o que quereria significar. Enquanto pensava, ouve uma voz misteriosa, que lhe diz, que o pecado obsceno que cometera, era a oitava espada, que ele cravara no Coração de Maria. Ó pecador, não acrescentes mais espadas no Coração de Maria, tua carinhosa Mãe! Se não queres abster-te de teu abominável pecado pelo amor do Céu, que perdes miseravelmente, e por temor do Inferno, onde temerariamente te atiras pelo pecado desonesto, abstêm-te, ao menos, por respeito, amor e devoção a Maria Santíssima das Dores: faz uma firme resolução de não tornar mais a pecar, dizendo: Minha Mãe, antes morrer que pecar. Considera tua inclinação ou propensão para esse pecado. Considera tua debilidade e que por isso mesmo necessitas de um auxílio superior e com este auxílio vencerás. Este auxílio, o terás, se o pedires a Deus com humildade e perseverança e se te valeres da intercessão de Maria Santíssima. A DEUS ROGANDO E COM A MALHO DANDO, roga a Deus, mas, ao mesmo tempo, te valerás dos seguintes meios:

1º – Fugirás das más companhias.

2º – Abster-te de escutar conversações ou palavras obscenas, e de olhar ou ler livros desonestos, figuras ou estampas obscenas.

3º – Cuidarás muito de não comer ou beber em excesso e ainda te absterás de comer doces e beber vinho e outros licores espirituosos.

4º – Estarás sempre utilmente ocupado.9

5º – Frequentarás os Santos Sacramentos da Penitência e da Comunhão, e cada vez com mais fervor.

6º – Terás um Confessor permanente a quem confiarás e dirás não só os pecados que tenhas cometido, como também as faltas ainda que leves, tuas paixões, inclinações e tentações e guiar-te-ás sempre pelos conselhos que ele te prescreva.

7º – Serás devoto de Maria Santíssima, do Anjo da Guarda e de São Luís de Gonzaga.

Propósito

Proponho abster-me de fazer, dizer e pensar em coisas desonestas por amor do glorioso São Luís de Gonzaga, protetor da pureza, especialmente no dia de hoje.

Remédio Físico

Mr. Doussin, pág. 168, diz: “Que é muito importante que os jovens se levantem cedo e não se permita que se deitem antes de que haja motivo para crer que dormirão em seguida, pois, o permanecer muito tempo na cama sem dormir, esquenta-os muito”. Todos estes preceitos de higiene servem de pouco, por si sós, é preciso que venham acompanhados da Religião e em particular da oração e, por isso, peço a Deus a continência e a castidade.

Remédio Espiritual

A oração e a leitura espiritual, e portanto, pedir a seu Diretor, que indique os livros que lhe são mais apropriados.

Acabar-se-á o exercício como no primeiro dia, com a oração à Maria Santíssima e a Ladainha da Virgem Dolorosa.


___________________________

1.  2ª Ped. 2, 22.

2.  Salm. 22, 5.

3.  Enten, de Signis et Mortis, lib. 2.

4.  Apoc. 18, 7.

5.  Pág. 178.

6.  Pág. 177.

7.  Gên. 4, 15.

8.  Pág. 170.

9. Acrescente-se ainda, em face dos modernos meios de corrupção e devassidão da mocidade: Evitarás o mais possível: as películas licenciosas e especialmente as nitidamente imorais; os namoros e os passeios e as conversas em lugares pouco frequentados; os bailes, com especialidade os chamados “bailes públicos”; as praias; e sobretudo, toda e qualquer liberdade com pessoas do outro sexo, não permitindo nenhum contato mal intencionado, pois que, o tato, é o aguilhão venenoso que nos inocula o veneno do pecado. (Nota do tradutor).


Arquivo em Pdf: https://onedrive.live.com/?id=8278C2ED5B87800A!206&cid=8278C2ED5B87800A
 

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