Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE AGOSTO.


Coração de Jesus,

Modelo de Mansidão.


Um dos caracteres mais atrativos e especiais do Coração de Jesus é a virtude da mansidão: “Aprendei de mim, dizia Ele, que sou manso e humilde de coração.1 Nosso Divino Redentor foi chamado Cordeiro: “Ecce Agnus Dei, não somente por causa do Sacrifício da Cruz, em que Ele devia ser imolado para expiar os nossos pecados, mas ainda por causa da mansidão que mostrou durante toda a Sua vida, e particularmente no tempo de Sua dolorosa Paixão.

Vós não sabeis que espírito vos impele.2 Tal foi a resposta do Salvador aos discípulos que Lhe pediam que castigasse os Samaritanos, quando O expulsaram do país. Ah, que espírito é este? Dizia-lhes. Não é o Meu: Meu espírito é só mansidão e bondade. “Eu não vim para perder, mas para salvar as almas”; e vós quereis Me obrigar a perdê-las? Calai-vos, não Me façais mais tais pedidos, porque este não é o Meu espírito.

Com que mansidão tratou Jesus, com efeito, a mulher adúltera! Contentou-Se de lhe recomendar que não pecasse mais, e fosse em paz. Pelos mesmos testemunhos de bondade é que Ele empreendeu a conversão da Samaritana: começou por lhe pedir de beber; em seguida lhe disse: “Oh, se soubésseis quem é Aquele que vos pede de beber! Revelou-Lhe, enfim, que Ele era o Messias esperado.3 De que bondade usou também para com o traidor Judas, a fim de fazê-lo entrar em si mesmo. Deu-Lhe a comer do Seu mesmo prato; lavou-Lhe os pés; e no momento mesmo em que este desgraçado executava a criminosa traição, ainda o advertiu por estas bondosas palavras: “Judas, é então com um ósculo que me trais? Pedro o renega; e como Jesus se vinga? Ao sair da casa do Pontífice, sem exprobrar a Pedro sua infidelidade, volve sobre ele um olhar de ternura, que o converte.4 E Pedro chorou toda a vida a injúria que tinha feito a Seu Divino Mestre. Quando, em casa de Caifás, Jesus foi esbofeteado e tratado de temerário, contentou-Se de responder: “Se falei mal, dize-me em que; se bem, porque me feres?5 E Jesus praticava esta doçura até a morte: estando sobre a Cruz, quando Seus inimigos O acabrunhavam de ultrajes, Ele não fazia senão rogar a Seu Eterno Pai que, Lhes perdoasse: “Meu Pai, perdoai-Lhes, porque não sabem o que fazem”.6




Oh, quanto agrada ao Coração de Jesus um coração manso! Sim, Ele ama os corações cheios de mansidão, que sabem suportar as afrontas, perseguições, calúnias, escárnios, e até as pancadas e feridas, sem se irritar contra aqueles que os ultrajam ou ferem. “Suas orações são sempre agradáveis a Deus,7 isto é, são sempre atendidas. O Paraíso é prometido especialmente, àqueles que são mansos: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra prometida do Céu.8 Segundo a expressão do Padre Alvares, “o Céu é a pátria daqueles que na terra são desprezados, perseguidos, calcados aos pés”. Com efeito, a eles e não aos homens soberbos, honrados e estimados do mundo, é reservada a posse do reino eterno. Davi assegura que os que são mansos, não somente obterão a eternidade bem-aventurada, mas gozarão ainda nesta vida, paz inalterável.9 Porque os Santos, longe de conservarem ressentimento contra aqueles que os maltrataram, mais os amam, o Senhor, em paga de sua paciência, aumenta sua paz interior.

Não nos entreguemos, pois, aos ímpetos da cólera; não abramos jamais à esta violenta paixão, sob que pretexto for, a porta de nosso coração; porque uma vez entrada, não está mais em nosso poder expulsá-la nem moderá-la. Quando somos tentados pela cólera, 1. reprimamo-nos logo pensando noutras coisas e guardando silêncio; 2. à imitação dos Apóstolos quando viram o mar agitado pela tempestade, recorramos a Deus, a quem pertence pacificar os corações; 3. se percebemos que a cólera já se introduziu em nosso espírito, esforcemo-nos para readquirir a calma, e procuremos praticar atos de humildade e doçura para com a pessoa contra a qual nos sentimos irritados. Oh, quanto este procedimento agradará ao Coração mansíssimo de Jesus!

Prática

Praticarei a mansidão para com os pobres, os enfermos, as pessoas que me contrariam, e principalmente para com meus inimigos; pratica-la-ei também comigo mesmo, evitando perturbar-me pelas faltas e defeitos que me escapam, a despeito dos esforços contínuos que faço para não recair. Assim é que chegarei insensivelmente a tornar meu coração manso como o Coração de Jesus.



Afetos e Súplicas

Amantíssimo Salvador meu, Vós, levastes com tanta doçura as ignomínias e as dores de vossa Paixão; e eu, por um nada, tantas vezes voltei-Vos as costas! Agradeço-Vos me terdes esperado até ao presente: se eu tivesse morrido nesta desgraça, não poderia mais Vos amar; já que o posso ainda, quero amar-Vos de toda a minha alma. Ó Coração mansíssimo de Jesus, acolhei-me agora que retorno para Vós, arrependido dos desgostos que Vos tenho dado: não me rejeiteis. Ah, pois, que me tendes deixado correr após meus próprios desejos quando desprezava vosso amor, posso temer que não me aceiteis, quando vosso amor é o objeto de todos os meus desejos? Vós me haveis suportado com tanta doçura para Vos fazer amar de mim: pois bem, quero Vos amar. Sim, meu Deus, eu Vos amo de todo o meu coração. Ó amor de minha alma, estou resolvido, de agora em diante, a não Vos causar cientemente mais desgosto algum, e fazer tudo o que de mim exigirdes: vossa vontade será meu único amor. Ensinai-me o que devo fazer para agradar ao vosso Coração, pronto estou a executá-lo. Quero Vos amar verdadeiramente: abraçarei então todas as tribulações que me enviardes. Puni-me durante esta vida, a fim de que, possa Vos amar eternamente. Meu Deus, dai-me a força de Vos ser fiel. Maria, minha terna Mãe, recomendai-me a Jesus; não cesseis de rogar-lhe por mim. Amém.

Oração Jaculatória

Jesus, manso e humilde de coração, tornai meu coração semelhante ao vosso.10



Exemplo

Armella Nicolas, conhecida pelo nome de – a boa Armella, nasceu em 1608, em Campénéac, na Bretanha. Sua primeira ocupação foi a guarda de rebanhos, emprego que lhe agradava mais que os outros, porque ela ficava só e tinha mais tempo para rezar seu terço e outras orações. Enquanto suas companheiras se divertiam, esta filha de bênção recolhia-se atrás de uma sebe, onde Deus lhe fazia gozar mil doçuras. Um dia, ela achou, por acaso, junto de si, um crucifixo; regando-o com suas lágrimas, amorosamente o beijou, e desde então sentiu particular atrativo para a imagem de Jesus crucificado, cujas Chagas, principalmente a do Coração, davam-lhe provas de tanto amor. Ela acreditava ouvir sem cessar no fundo de sua alma uma voz que lhe dizia: “O amor do Salvador para contigo é que lhe causou todos estes padecimentos”. Para ter a felicidade de comungar mais vezes, ela foi empregar-se numa cidade vizinha, Ploërmel. De submissão sem igual a seus amos e a seu Confessor, ela dizia: “Contanto que eu não faça minha vontade, de nada me incomodo; mas se eu fizesse minha própria vontade, ter-me-ia por perdida”. Inútil dizer que a cruz foi a sorte de Armella, pois Deus a dá a todos os seus eleitos. Sabendo seu Confessor que ela era muito maltratada, disse-lhe um dia que podia abandonar o serviço. “Como, meu Padre, respondeu, quereríeis então aconselhar-me para fugir as cruzes que Deus me envia? Nunca o farei, se não mo ordenais absolutamente”. E onde ela ia haurir a coragem, senão no Coração mesmo de Jesus? “Quando os homens me perseguiam por suas maledicências e maus tratamentos, eu logo me dirigia ao Divino objeto de meu amor, que me mostrava seu Coração para me encerrar nele; também eu me acolhia a Ele como a uma cidadela”. Estas eram suas palavras. Armella falava com prazer de sua condição de criada. “Quando considero, dizia ela, a felicidade do meu estado, não posso cansar-me de bendizer meu Divino Senhor por me ter posto nele, e não acho no mundo coisa que seja mais amável. Feliz emprego, em que a gente é continuamente desprezada de todo o mundo! Quem poderia estimar uma pobre serva? Todos têm direito de repreendê-la sobre tudo o que faz e diz; ai, isto não é amável? Não ensina a ser humilde? Quando alguém me repreende, sinto tanta alegria e tanto amor para com ele, que beijo a terra por onde ele passa, com respeito e amor, e é necessário fazer-me violência para não me lançar a seus pés e agradecer-lhe o bem que me faz. Considero como meus maiores amigos os que me desprezam”. Todas as criaturas falavam de Deus a esta pobre moça educada na escola do Espírito Santo. “Considerando a beleza dos prados, dizia comigo: Meu Amado é a flor dos campos e o lírio dos vales; é a rosa sem espinhos; eu O convidava a fazer de minha alma o jardim de suas delícias. De manhã, quando com uma faísca de fogo eu acendia um braseiro, dizia: Ó amor! Assim faríeis nas almas, se elas Vos dessem ação bem livre! Quando eu cortava as viandas e preparava-as para comer, a voz de meu Amado me ensinava que Ele tinha querido sofrer a morte para tornar-Se o alimento de minha alma. Se eu via cultivar e semear as terras, parecia-me ver meu Salvador que tinha, em todo o curso de Sua vida, suado tanto para cultivar nossas almas e derramar nelas a semente de Sua celeste doutrina, e que todavia tão poucas pessoas davam bons frutos; o que me causava dor inexprimível”. Armella tinha tal desejo da Comunhão, que dizia um dia ao seu Confessor: “Antes quereria sofrer os mais horrorosos suplícios do que ser privada de tão grande Bem”. Pouco tempo depois, o homem de Deus lhe disse: “Até hoje vos permiti comungar mais vezes por semana; agora só comungareis aos Domingos; ficais contente?” “Sim, meu Padre, respondeu ela, farei o que for vossa vontade”. E ao mesmo tempo acendeu-se na sua alma desejo tão ardente deste Divino Alimento, que logo se manifestou em seu rosto. Perguntou-lhe o Confessor então se estava contente. “Sim, meu Padre, continuou ela, quero de todo o meu coração tudo o que quereis; preferirei sempre a qualquer outra coisa, a vontade de Deus”.“Ide, minha filha, disse então o Diretor, comungai não somente como antes, mas todos os dias, sem falhar um só”. Ela morreu cheia de merecimentos, em 1671.11


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Fonte: O Sagrado Coração de Jesus, segundo Santo Afonso de Ligório, ou, Meditações para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mês”; coligidas das Obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, C.Ss.R., “A Primeira Sexta-feira do Mês de Agosto”, pp. 337-343. 5ª Edição Portuguesa, Tipografia de Frederico Pustet, Impressores da Santa Sé. Ratisbona/Alemanha, 1926.

1.  Mat. 11, 29.

2.  Luc. 9, 55.

3.  Jo. 4, 3-26.

4.  Luc. 22, 61.

5.  Jo. 18, 23.

6.  Luc. 23, 34.

7.  Jud. 9, 16.

8.  Mat. 5, 4.

9.  Salm. 36, 11.

10.  Jaculatória indulgenciada. 25 de Janeiro de 1868.

11.  Vie des justes, par Carron.


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