Deputada Marisa Formolo - PT
A balbúrdia que se seguiu na classe falante brasileira após a
renúncia do Papa Bento XVI é o bastante para percebermos que as opiniões
emitidas nessas tribunas não passam de tagarelices e de conversa de
aloprados. Subitamente surgiram dos mais variados setores da sociedade
especialistas em Direito Canônico, Teologia e afins. Todos ansiosos pela
oportunidade de dizerem suas opiniões, como se delas dependesse o
próspero sucesso e êxito da Igreja, a qual eles julgam decadente e
antiquada. "Que o próximo Papa seja mais aberto", dizem uns, "que a
Igreja acorde para os problemas sociais", dizem outros, como se a
doutrina católica fosse definida pelo consenso de um coletivo, bem ao
estilo de um grêmio estudantil.
A verdade é que este fenômeno que deu origem a tantos teólogos e
vaticanistas de última linha procede de uma cultura que está em curso no
Brasil há anos. É a cultura do imediatismo, na qual esses doutos
senhores elaboram suas opiniões de modo irracional e a toque de caixa,
fundamentados nos mesmos chavões toscos que suas professoras de ensino
médio lhes ensinaram. Basta que a grande mídia sopre aos seus ouvidos
qualquer bobagem para que a turba ignara se levante com suas opiniões e
teorias mirabolantes. É um povo a qual gente madura o suficiente jamais
prestaria ouvidos. Mas no reino da insensatez, infelizmente, qualquer um
está apto a opinar sobre assuntos que não lhes dizem respeito. Quem
explica muito bem isso é o filósofo Olavo de Carvalho:
"O idiota presunçoso, isto é, o tipo mais representativo
de qualquer profissão hoje em dia, incluindo as letras, o ensino e o
jornalismo, forma opinião de maneira imediata e espontânea, com base
numa quantidade ínfima ou nula de conhecimentos, e se apega a seu
julgamento com a tenacidade de quem defende um tesouro maior que a vida.
A rigor, não tem propriamente opiniões. Tem apenas impressões difusas
que não podendo, é claro, encontrar expressão adequada, se acomodam
mecanicamente a qualquer fórmula de sentido análogo, colhida do
ambiente, e então lhe parecem opiniões pessoais, como se a conquista de
uma autêntica opinião pessoal prescindisse de esforço".
Um claro exemplo do que estamos falando é a deputa Marisa Formolo
(PT), que do alto de sua "grande sabedoria teológica", proferiu um
discurso totalmente descabido a respeito da renúncia do Papa Bento XVI,
durante o Grande Expediente da Assembleia Legislativa de Porto Alegre -
RS:
"Acompanhei a conduta de Dom Ratzinger quando impediu que
a América Latina avançasse na teologia da libertação, quando impediu o
nosso grande amigo Leonardo Boff, com quem trabalhei nas questões de
direitos humanos, de se pronunciar novamente em algum lugar do mundo,
quando impediu que as comunidades eclesiais de base tivessem a força de
organização do povo para construir o reino de Deus. Esse mesmo papa está saindo, e penso que em boa hora."
O discurso, que ganhou um merecido repúdio da Arquidiocese de Porto
Alegre, foi feito na última quarta-feira, 13/02, numa reunião em que se
discutia o tema da Campanha da Fraternidade 2013, cujo o lema é
"Fraternidade e juventude". Presente na Assembleia, o arcebispo de Porto
Alegre, Dom Dadeus Grings, disse ter se surpreendido com a fala da
deputada e criticou: "Foi realmente muito triste. Todo mundo ficou pasmo. Ela vive em um mundo à parte, o da ideologia". Diz a nota de repúdio da Arquidiocese:
"No dia 13 de fevereiro, às 14 horas, em sessão oficial, a Assembléia
Legislativa prestou uma homenagem para o tema da Campanha da
Fraternidade sobre a Juventude. Após expor o assunto e ceder os apartes a
seus colegas, num clima de grande apreço pela Campanha, do alto de sua
tribuna, já totalmente fora do contexto, a Senhora Deputada Marisa
Formolo agrediu violentamente a sensibilidade dos católicos do Rio
Grande do Sul, com um ataque gratuito à pessoa do Papa Bento XVI, que
neste momento merece e recebe de todo o mundo, especial carinho. A
agressão foi totalmente desumana. Baseia-se numa ideologia superada e
numa deturpação ou ignorância dos fatos reais. Com esta atitude de
vilipêndio, na oficialidade do Plenário, compromete a seriedade e
imparcialidade da Casa. Fica nosso protesto, em nome da Comunidade
Católica do Estado!"
[01]
Marisa Formolo é seguidora de uma ideologia, não de uma
religião. Seu conceito de Igreja Católica é uma ONG a serviço de um
partido, que gera um bem estar social e econômico. Ensinamento
muito distante daquele dito por Cristo de que "não só de pão vive o
homem, mas de toda a Palavra de Deus". Ao se aliar às fileiras dos
teólogos da libertação, a nobre deputada revira o cristianismo e com
ele, a própria fé. A teologia da libertação não defende os pobres, ela o
instrumentaliza e engana. Os frutos amargos do comunismo soviético e
cubano são a maior prova disso. Como ensina Bento XVI no seu livro "Jesus de Nazaré", Jesus não veio trazer um mundo melhor, veio trazer Deus.
Se a senhora Marisa Formolo não é capaz de entender isso, seria muito
melhor que ela se limitasse a comentar o escândalo do mensalão, do qual o
partido que ela pertence foi protagonista, que aventurar-se a comentar o
que é bom ou ruim para a Igreja Católica. Até porque, uma pessoa que
considera Leonardo Boff - aquele que chama o ser humano de "câncer que
deve ser extirpado da Terra" - um baluarte dos direitos humanos, não tem
a mínima condição de emitir qualquer juízo a respeito de Igreja e
papado.
Infelizmente, casos como o da senhora Marisa Formolo não são os
únicos nos últimos dias. Poderíamos elencar no mesmo rol dos
nobilíssimos novos teólogos e vaticanistas uma série de outras
personalidades e articulistas de grandes jornais. Todos elevados a esse
patamar pelos grandes meios de comunicação, aqueles devidamente
comprometidos com a completa desinformação. Mas não cabe a nós listá-los
aqui. A propaganda que esses senhores têm da imprensa já é o
suficiente. O que cabe a nós é ficarmos atentos às palavras claras do
Santo Padre e ignorarmos por completo a opinião desses pseudos gurus. Afinal de contas, o que sai da boca deles não passa disso: opiniões!
18/02/2013 16:11
Referências
- Moção de Repúdio da Arquidiocese de Porto Alegre