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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 28 de abril de 2012

A castidade não é nociva nem ao corpo, nem à alma





Pe. Eduardo Frizzarini, EP.

Algumas correntes científicas consideram a castidade ou o celibato contra a natureza do homem, argumentando a contrariedade com exigências físicas, psicológicas e afetivas legítimas, cuja realização é necessária para completar e madurar a personalidade humana. Se Deus deu esse instinto ao homem, por que a Igreja ordena uma lei contraria ao instinto, ainda mais impedindo que se aproveite juventude?

Pode-se responder tal objeção sob vários pontos de vista. Para argumentar em um plano meramente natural, é preciso considerar a opinião de alguns cientistas que sob a orientação do Doutor James Paget, da Universidade de Londres, que após extensivas pesquisas puderam concluir: “A castidade não é nociva nem ao corpo, nem à alma. Sua disciplina é preferível a qualquer outra… Nada é mais funesto à longevidade, nem diminui tão certamente o vigor da vida, nem favorece tanto o esgotamento como a falta de castidade na juventude”. (APUD NYSTEN, 1978, p. 342)

O que é corroborado pelo Doutor Lionel Beale, emérito professor de anatomia patológica da Universidade de Londres, ao afirmar: “Não é demais sempre repetir que a abstinência e a pureza mais absolutas são perfeitamente compatíveis com as leis fisiológicas e morais e que a satisfação de certas inclinações não encontra a sua justificativa nem na fisiologia, nem na psicologia, como também nem na moral e nem na religião”. (APUD FONSECA, 1929, p. 15)

Conforme o Doutor Abel Pacheco (AZEVEDO PIRES, 1950, p. 48) “Afirmar à juventude que a função sexual é de necessidade fisiológica, constitui mentira ignóbil em face da ciência”. Assim pois, com o beneplácito da ciência os Papas manifestam a antiga, atual e eterna posição da Igreja, tomada da experiência dos antigos e aplicada nos costumes da Igreja primitiva. Esta é a razão pela qual o Papa PAULO VI (1967, n. 53) afirma: “O homem, criado a imagem e semelhança de Deus, não é somente carne, nem o instinto sexual é o seu todo; o homem é também, e, sobretudo, inteligência, vontade, liberdade; Graças a essas faculdades ele se deve ter como superior ao universo; essas faculdades o fazem dominador dos próprios apetites físicos, psicológicos e afetivos”.

PIO XII (1954, n.34) ainda é mais incisivo: “Apartam-se do senso comum, a que a Igreja sempre atendeu, aqueles que vêem no instinto sexual a mais importante e a mais profunda, das tendências humanas, e concluem daí que o homem não pode coibir durante toda a sua vida sem perigo para o organismo e sem prejuízo do equilíbrio da sua personalidade”.

O Concílio Vaticano II condenou como falsa a doutrina segundo a qual a continência perfeita é impossível ou é nociva ao desenvolvimento humano Pois, segundo Dom José CARDOSO SOBRINHO (2004, p. 36): “Se o exercício da atividade sexual fosse necessário para a saúde corporal ou psíquica, Deus não prescreveria a continência perfeita a todos aqueles que, por qualquer motivo e mesmo independentemente da própria vontade, vivem fora do matrimônio. Não pode haver contradição entre as leis divinas e o autentico bem-estar do ser humano. O Homem pode e deve orientar e dominar suas tendências físicas, psicológicas e afetivas”.

Igual é a opinião do Doutor Moreira da FONSECA (1929, p. 12) que inteiramente conforme a Doutrina Católica afirma: “A castidade se impõe ao gênero humano como uma lei natural, visto como Deus não poderia exigir de sua criatura o cumprimento de um dever que fosse contrário à sua natureza”.

Ainda há aqueles que ousam dizer que a felicidade esta na luxúria. Logo, o celibatário não é feliz pela continência que deve exercer sobre seus apetites físicos. Pode-se então, responder com São Paulo Apóstolo (1Cor 7, 28-40):

“A respeito das pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém, dou o meu conselho, como homem que recebeu da misericórdia do Senhor a graça de ser digno de confiança. Julgo, pois, em razão das dificuldades presentes, ser conveniente ao homem ficar assim como é. Estás casado? Não procures desligar-te. Não estás casado? Não procures mulher. Mas, se queres casar-te, não pecas; assim como a jovem que se casa não peca. Todavia, padecerão a tribulação da carne; e eu quisera poupar-vos. Mas eis o que vos digo, irmãos: o tempo é breve. O que importa é que os que têm mulher vivam como se a não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; os que usam deste mundo, como se dele não usassem. Porque a figura deste mundo passa. Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa. A mesma diferença existe com a mulher solteira ou a virgem. Aquela que não é casada cuida das coisas do Senhor, para ser santa no corpo e no espírito; mas a casada cuida das coisas do mundo, procurando agradar ao marido. Digo isto para vosso proveito, não para vos estender um laço, mas para vos ensinar o que melhor convém, o que vos poderá unir ao Senhor sem partilha. Se alguém julga que é inconveniente para a sua filha ultrapassar a idade de casar-se e que é seu dever casá-la, faça-o como quiser: não há falta alguma em fazê-la casar-se. Mas aquele que, sem nenhum constrangimento e com perfeita liberdade de escolha, tiver tomado no seu coração a decisão de guardar a sua filha virgem, procede bem. Em suma, aquele que casa a sua filha faz bem; e aquele que não a casa, faz ainda melhor. A mulher está ligada ao marido enquanto ele viver. Mas, se morrer o marido, ela fica livre e poderá casar-se com quem quiser, contanto que seja no Senhor. Contudo, em minha opinião, ela será mais feliz se permanecer como está. E creio que também eu tenho o Espírito de Deus”.

Neste texto de São Paulo ressalta sob o ponto de vista escatológico a utilidade da virgindade e do casamento recomendando que geralmente a escolha do estado de vida é facultativa, porém, se tal estado por causa “das tribulações da carne” põe dificuldades relevantes à vida espiritual e a salvação eterna, o mesmo Apóstolo ressalta como o bom cristão sem receio deve escolher o estado que mais convenha à salvação de sua alma. O Apóstolo dos Gentios também recorda que a felicidade se alcança somente quando o homem procura sua finalidade, nesta busca da “união com Deus sem partilha” e não nos prazeres terrenos como os da carne, pois, conforme afirma São Tomás de AQUINO (2004, V, p. 90): “Nunca um bem criado pode saciar o desejo humano de felicidade. Somente Deus o pode saciar e o faz infinitamente”.

Essa felicidade de situação do indivíduo casto reflete-se inteiramente no semblante, na vida e na personalidade daquele que optou pela castidade. Como Doutor Moreira FONSECA (1929, p. 8  ) observa: “Na fisionomia do jovem casto reina uma santa alegria, o seu olhar tem algo de mais nobre, a sua consciência goza de agradável paz e o seu ideal não rasteja pela terra nem mergulha no lodaçal do vício, mas sim paira em regiões mais elevadas e alcança a esfera dos anjos”.

Ainda sobre o semblante do casto, o Evangelho (Mt 6, 21-23) ressalta como a concupiscência dos olhos escurece ou empana o brilho da fisionomia: “O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!”

Como escreveu Goethe (TOTH, 1965, p. 79): “É justiça na terra que o espírito se manifeste no semblante”. Poder-se-ia dizer que tal observação é subjetiva, porém, irrefutavelmente, até mesmo os que impugnam o celibato admitem a superioridade de caráter do celibatário como Donald COZZENS (2008, p. 19) em seu opúsculo Liberar o Celibato:

Os celibatários sãos e vigorosos são atraentes; pode ser que não sejam fisicamente atraentes, mas são dotados de uma atração irresistível que nasce do centro contemplativo da alma, único lugar em que as pessoas se sentem bem consigo mesmas. Com notáveis exceções, os celibatários parecem ser menos absorvidos em si mesmos do que a maioria, e muitos parecem verdadeiramente interessados nos outros. Muitas vezes eles projetam uma aura espiritual que demonstra ser seguro aproximar-se e seguro revelar.

Dizer que a realização das funções genésicas é necessária para completar e madurar a personalidade humana também seria exagero, pois senão, muitos dos grandes filósofos da antiguidade e mesmo cientistas tempos modernos, como também Maria Santíssima, os Santos e Santas, não teriam possuído uma personalidade humana completa e madura por serem celibatários. Por sua vez, a própria humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo seria em algo incompleta e não-madura; dizer isso seria, no mínimo, blasfemo. Pois, foram celibatários o maior numero de sábios da antiguidade, fato que faz CHATEAUBRIAND (1860, p. 48) afirmar: “A continência no sábio, transforma-se em estudo; e em meditação no solitário. Não há aí homem que lhe não desfrute as vantagens em trabalhos de espírito, por isso que ela é caráter essencial da alma, e força intelectiva”.

Para o Cardeal Cláudio HUMMES (2007) comentando a Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, “o celibato aumenta a idoneidade do sacerdote para a escuta da palavra de Deus e para a oração, e o capacita para depositar sobre o altar toda sua vida, que leva os sinais do sacrifício”. Portanto, afirmar que o celibato contraria o desenvolvimento da maturidade da personalidade humana não concorda com a Ciência, com a História e com a Teologia.

Artigo publicado na sexta-feira, 27 de abril de 2012 às 9:56 am e arquivado em Moral.


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