Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sexta-feira, 19 de junho de 2020

CONSAGRAÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.



Prostrado aos Vossos pés, em presença da Santíssima Virgem e de toda a Corte celestial, reconheço solenemente que por justiça e gratidão pertenço inteiro e unicamente a Vós, Jesus Cristo, meu Redentor, Fonte única de todo o bem para a minha alma e o meu corpo. E unindo-me às intenções do Soberano Pontífice, consagro-me e tudo quanto me pertence ao Vosso Sacratíssimo Coração, o qual somente quero amar e servir de toda a minha alma, de todo o meu coração, com todas as minhas forças, fazendo da Vossa vontade a minha, e unindo todos os meus desejos aos Vossos. Assim seja. 1

1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai.

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Fonte: Rev. Pe. Saint-Omer, C.Ss.R., "As Mais Belas Orações de Santo Afonso Maria de Ligório", Parte I, pp. 26-27. Etablissements Casterman, S.A., Tournai/ Belgium, 1921.

1. Aprovada pela Sagrada Congregação dos Ritos, a 22 de Abril de 1875.

DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.



Ó doce, ó amável, ó amante Coração de Jesus, fostes desde a infância cheio de amargura e agonias, sem alívio algum, e sem que ninguém visse a Vossa pena, ou ao menos Vos consolasse, compadecendo-se convosco. Tudo isto sofrestes, meu Jesus, para satisfazerdes pelos meus pecados e me livrardes da agonia eterna que eu devia sofrer no Inferno. Duro abandono padecestes, privação de todo socorro, para me salvardes, a mim que tive a audácia de abandonar a Deus, para contentar os meus desordenados apetites. Graças Vos dou, ó Coração afligido e amorosíssimo do meu Senhor; graças Vos dou, e me compadeço das Vossas dores, sobretudo vendo que sofreis tanto pelo amor dos homens, e estes ficam insensíveis. Ó amor divino!... ó ingratidão humana!... Ó homens, ó homens, olhai, eu vos peço, para este inocente Cordeiro, agonizando por vós, a fim de satisfazer a justiça de Deus pelas injúrias que lhe fizestes; vede-O orando e intercedendo em vosso favor a Seu Eterno Pai; contemplai-O, e amai-O!... Ah! Dulcíssimo Redentor meu, quão pequeno é o número dos que pensam nas Vossas dores e no Vosso amor! Ó Céu! Quão poucos os que Vos amam! Eu mesmo tive a desgraça de viver largo tempo sem pensar em Vós! Tanto haveis sofrido para ganhar o meu amor, e eu não Vos tenho amado nada! Perdoai-me, ó meu Jesus, perdoai-me; quero me corrigir e Vos amar. Não permitais que eu responda mais com ingratidão ao Vosso amor. Atendei-me, suplico-Vos, pelos merecimentos da Vossa Paixão; nela ponho toda a minha confiança. Ó Maria, minha terna Mãe, socorrei-me: Vós é que me tendes conseguido todas as graças que de Deus me vieram; do íntimo Vos agradeço; mas, se não continuais a proteger-me, serei sempre infiel como no passado. 1


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Fonte: Rev. Pe. Saint-Omer, C.Ss.R., "As Mais Belas Orações de Santo Afonso Maria de Ligório", Parte IV, Art. 2, inciso 5°, pp. 549-550. Etablissements Casterman, S.A., Tournai/ Belgium, 1921.

1. Ob. Asc. IV. 19 Dez.

OFERTA INDULGENCIADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.




Meu Senhor Jesus Cristo, em união com a divina intenção com a qual destes, na terra, louvor a Deus pelo Vosso Santíssimo Coração, e lho continuais a dar agora sem interrupção até a consumação dos séculos, por todo o universo, no Sacramento da Eucaristia, eu também, durante este dia todo, sem excetuar a mínima parte dele, à imitação do Santíssimo Coração da Bem-aventurada Virgem Maria Imaculada, vos ofereço com alegria todas as minhas intenções e pensamentos, todas as minhas afeições e desejos, todas as minhas obras e palavras. Assim seja.

1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai.


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Fonte: Rev. Pe. Saint-Omer, C.Ss.R., "As Mais Belas Orações de Santo Afonso Maria de Ligório", Parte I, pp. 27. Etablissements Casterman, S.A., Tournai/ Belgium, 1921.

AS INESGOTÁVEIS RIQUEZAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. (XVII Parte)


Tudo o que é meu, é teu”.1


O Sagrado Coração de Jesus, 
é a Quinta Essência do Cristianismo.


Tudo o que é meu, é teu” – afirmava ao filho mais velho o pai. Nesta frase revelou-se-nos Cristo Senhor Nosso todo por inteiro. Todo Cristo é uma dádiva do amor divino aos homens: “sic enim Deus dilexit mundum ut Filium suam unigenitum daret – pois assim amou Deus ao mundo, que lhe deu o seu Filho unigênito”2, afirmava o próprio Jesus a Nicodemos. E São Paulo comentando Deus: “não poupou ao próprio Filho, mas entregou-O por nós todos: como portanto não nos daria com Ele tudo: quomodo non etiam cum illo omnia nobis donavit?”3.

Logo, tudo o que é de Cristo é nosso: omnia mea tua sunt. E como Ele é todo amor – a maior manifestação do amor de Deus aos homens – pertence-nos, por consequência, o melhor que Nele há: o seu amor, ou por outras palavras: o seu Coração.

Este Coração nos deu o Eterno Pai para Nele restaurar todas as coisas e ser a nossa salvação; nem existe outro remédio nem solução para os males que nos afligem, senão este: non est in alio aliquo salus – brada São Pedro destemidamente, diante do Sinédrio de Jerusalém4. Por isso, São Paulo sentia neste amor de Cristo todo o estímulo para as suas fadigas apostólicas: charitas enim Christi urget nos5.

Não admira, portanto, que para este Coração Divino nos tenham apontado os últimos Sumos Pontífices como para a única arca de salvação, no meio do dilúvio universal que já há tanto vem inundando a terra.

Pio IX assim se expressava em 1860: “A Igreja e a Sociedade não têm esperança senão no Sagrado Coração; é Ele que curará todos os nossos males. Pregai por toda a parte a devoção a este divino Coração: deve ser esta devoção a salvação do mundo”.

Falando da oportunidade do culto ao Santíssimo Cora de Jesus, afirmou Leão XIII na encíclica Annum Sacrum: “quando a Igreja na sua origem era oprimida pelo jugo dos Césares, apareceu no alto uma Cruz ao jovem imperador, ao mesmo tempo augúrio e penhor da esplêndida vitória prestes a alcançar-se. Eis que hoje se avista também um sinal faustosíssimo e diviníssimo, queremos dizer: o Sacratíssimo Coração de Jesus encimado pela Cruz que brilha entre chamas de esplendorosíssimo candor. Nele devemos colocar toda a esperança; por Ele pedir e esperar a salvação”.

Na ânsia de acudir ao mundo atribulado e pervertido, Pio X abriu de par em par as portas do Coração Eucarístico e chamou para Ele as multidões, a começar pelos pequeninos, na certeza de que só em Cristo podia vir a restauração: instaurare omnia in Christo: instaurar tudo em Cristo, foi o lema do Seu pontificado.

Na mesma certeza e na mesma angústia, Pio XI deu ao mundo católico uma preciosa encíclica sobre a Devoção ao Coração de Jesus “Miserentissimus Redemptor”. Nela nos declarava: – Entre todas as outras provas da infinita bondade do nosso Redentor, esta resplandece de um modo especial: perante o arrefecimento do amor dos fiéis, a própria divina Caridade se propõe a Si mesma para ser honrada com um culto especial, e o preciosíssimo tesouro da Igreja foi aberto generosamente para esta forma de veneração com que honramos o Santíssimo Coração de Jesus, “no qual se encerram todos os tesouros da Sabedoria e da Ciência”6.

De fato – continua o augusto Pontífice – como já ao gênero humano saindo da Arca de Noé quis a Bondade divina que resplandecesse o Arco-íris que apareceu entre as nuvens7, assim nos agitadíssimos tempos modernos, serpeando aquela heresia de todas a mais astuciosa, a heresia jansenista, inimiga do amor e da piedade para com Deus, que pregava um Deus, não já para ser amado como Pai, mas para ser temido como juiz, o benigníssimo Jesus mostrou aos povos o seu Coração Santíssimo, como bandeira desfraldada de paz e caridade, assegurando uma vitória certa no combate”.

No início do Seu Pontificado, também Sua Santidade Pio XII, assunto à Cadeira de São Pedro precisamente no quadragésimo aniversário da sua ordenação sacerdotal e da Consagração do mundo por Leão XIII ao Coração divino, dizia: Como poderíamos deixar de sentir hoje tão grande reconhecimento para com a Providência por ter querido fazer coincidir o primeiro ano do Nosso Pontificado com uma recordação tão importante e tão cara do primeiro ano do nosso Sacerdócio e como não exultaremos de alegria, por termos assim ensejo de fazer do culto do Rei dos reis e do Senhor dos senhores como que a oração do intróito deste Nosso Pontificado, no espírito do Nosso imediato predecessor e em fiel realização das suas intenções?… (e mais adiante continuava Pio XII) pode conceber-se dever maior e mais urgente do que anunciar as insondáveis riquezas de Cristo aos homens do nosso tempo? E pode haver coisa mais nobre do que desfraldar o estandarte do Rei, diante dos que têm seguido e seguem ainda bandeiras falazes, e procurar conduzir para o pendão vitorioso da Cruz os que o abandonaram8.

Não se necessitam mais citações nem mais autoridades para se ver que é necessário tratar deste importantíssimo assunto, ainda que não seja senão indicando em resumo o que nele há de mais importante; a fim de que ao menos fiquemos compreendendo o alcance da célebre frase proferida pelo Cardeal Pie: que a devoção ao Coração de Jesus é a quinta essência do Cristianismo; ou a de Santo Afonso Maria de Ligório: que ela é a mais bela e a mais sólida das devoções.

Uma e outra coisa se demonstra indicando qual o objeto e qual a prática desta devoção providencial.

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O Coração de Jesus é a última palavra do amor de Deus aos homens.

Tantas vezes nos tinha sido dito já que Deus nos amava! A primeira foi na criação do universo: não soube a Sabedoria infinita atirar para os espaços as estrelas e os astros todos, que não ficassem a entoar-nos, nessa linguagem em que vão cantando sempre, ao girar em suas órbitas, que Deus nos amava. Quando na terra em caos, separou o Senhor as águas dos continentes, – as águas no seu marulhar e as montanhas na sua inabalável firmeza ficaram a dizer que Deus nos amava; e vieram os passarinhos e veio o perfume das florinhas: non sunt loquelae quorum non audiantur voces eorum: bem se lhes ouvem as vozes a dizer: Deus ama-nos! Sim, toda a razão da criação se resume nestas três sílabas: amou-nos!

A segunda palavra de Deus a dizer que nos amava ainda ecoou mais possante e rica de novas harmonias: foi quando, logo ao criar o primeiro homem, não só o fez o melhor resumo de toda a sua obra, mas enxertou nele, por um processo divino de amor, a Sua mesma vida: é a maravilha sobrenatural da graça em que o homem, por uma semelhança ao Verbo Divino, fica feito filho de Deus.

Linguagem sublime que o homem não compreendeu e por isso, desprezou depressa a graça: homo cum in honore esset non intellexit: estava em lugar de honra, pelo muito amor que Deus lhe tinha, e não compreendeu! Malbaratou tudo.

Mas eis outra voz ou outro poema do amor de Deus aos homens: a Redenção. Primeiro prepara-a; faz-se desejar: anuncia a Pessoa do Messias futuro, os seus predicados, os seus benefícios vindouros, o seu reinado e triunfo. Tudo para ver se o homem compreende agora melhor que é amado por Deus. Depois executa a Redenção desejada durante longos séculos por todas as gentes: benignitas et humanitas apparuit Salvatoris nostri Dei: apareceu a benignidade e humanidade do Salvador nosso Deus – diz São Paulo, e dá logo a razão: “não pelas obras de justiça que nós fizemos, mas segundo a Sua misericórdia salvou-nos pelo Batismo de regeneração e renovação do Espírito Santo que abundantemente derramou em nós, por Jesus Cristo Nosso Salvador; para que justificados pela Sua graça, sejamos herdeiros segundo a esperança da vida eterna”9.

A benignidade de Deus ao alcance de todos em Jesus Cristo: tão ao alcance que se fez Menino, simples, pobre, operário: mitis et humilis: manso e humilde; sempre a multiplicar as provas de amor: pertransiit benefaciendo: passou a fazer o bem10.

E é preciso mais? Aí está a prova suprema da Redenção pelo Sangue: o Calvário! E todo esse drama entre ânsias de amor aos homens multiplicando os dons até ao fim: “Pai, perdoa-lhes que não sabem o que fazem! Hoje estarás comigo no Paraíso! Eis aí a tua Mãe!”.

Morre, e finalmente deixa abrir o lado: unus militum latus ejus aperuit.

Que é isto?… Mais um dom e profecia de nova Redenção, de novas provas de amor de Deus aos homens.

São João Evangelista narra este episódio da transverberação do Lado de Jesus com insistência desusada: “um dos soldados abriu-lhe o Lado com uma lança e logo saiu Sangue e Água. E dá testemunho disto quem viu: e o seu testemunho é verdadeiro. E sabe que diz a verdade, para que vós acrediteis. Isto aconteceu para se cumprir a Escritura: não lhe quebrareis nenhum osso; e outra Escritura diz: verão a quem trespassaram!”11.

Os Santos Padres veem nesta insistência ou encarecimento um Mistério: é que daquele Lado aberto e daquele Sangue e Água nascia a Igreja e os Sacramentos.

Santa Catarina de Sena não se contentou com esta explicação e perguntou ao Senhor, porque tinha permitido que ainda depois de morto assim dilacerassem seu Corpo? E Jesus respondeu: “Eu queria sobretudo revelar aos homens o segredo do meu Coração, para que compreendessem que o meu amor é maior que todos os sinais exteriores que deles lhes dou; porque os meus sofrimentos têm um limite, o meu amor não tem limite”12.

Os dons do amor de Cristo aos homens foram imensos; era ainda capaz de os repetir milhares, milhões de vezes, se preciso fosse. Depois de todos esses dons, milhões de vezes repetidos, ainda ficaria dom maior e melhor para nós. Qual? A causa de todos eles: o Seu amor. Esse é infinito; primeiro se esgotarão as provas, do que o amor que nos tem. E eis a oferta que nos faz, ao dar-nos o Seu Coração!

Por isso alguém escreveu que “a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é a melhor compreensão, a mais lógica, a mais eloquente, a mais intelectual e, ao mesmo tempo, a mais efetiva do grande Mistério da Incarnação”13.

Tudo o que há de bom, de belo, de heroico no Cristianismo tem por fonte o Coração de Jesus, ou o Seu amor aos homens por Ele simbolizado; portanto, como não há de ser este objeto, na sintética expressão do Cardeal Pie “a quinta essência do Cristianismo?”.

Mas nesse caso, confessaremos a devoção ao Coração de Jesus tão antiga como o mesmo Cristianismo? Assim é na verdade e Pio VI condenou a afirmação jansenista do Sínodo de Pistoia, que incriminava de nova esta devoção.

Foi a caridade de Cristo que levou os Apóstolos todos pelo mundo além a pregar o Evangelho e a derramar generosamente o sangue pelo seu Mestre: charitas Christi urget nos. O amor de Cristo aos homens é que incutiu valor aos Mártires, para se deixarem despedaçar e comer pelas feras, em testemunho da fé: “o fogo, a Cruz, as feras – exclamava Santo Inácio, Mártir – o quebrar dos ossos, o despedaçar dos membros, o esmigalhar do corpo todo e todos os tormentos do Demônio venham sobre mim: só para possuir a Cristo!”. E ao ver-se já condenado às feras, exultava nestes termos: “sou trigo de Cristo; vão moer-me os dentes das feras, para ficar pão imaculado!”.

O amor de Cristo atraiu logo desde o início da Igreja as Virgens aos milhares, levando-as a desprezar generosamente todas as seduções e vaidades do mundo, para se dedicarem inteiramente a Jesus.

Contudo, alguma coisa há de novo nesta devoção: o símbolo. Se percorrermos as catacumbas, não descobrimos lá nenhuma imagem do Salvador tendo no peito em evidência o Coração em chamas, rodeado de espinhos e encimado pela Cruz, como nas imagens que hoje possuímos do Coração de Jesus.

A hagiografia mostra-nos que de longe começaram as almas privilegiadas e de grande intimidade com Jesus a buscar abrigo na Chaga Sacratíssima do Seu Lado e alguns regozijavam-se com alvoroço ao descobrir o Coração dentro dessa morada divina. São João Evangelista, São Bernardo, São Boaventura, Santa Matilde, Santa Gertrudes, Santa Catarina de Sena e mais tarde, o B. João de Ávila, São Pedro Canísio e o nosso Venerável Frei Tomé de Jesus, foram desses privilegiados. Mas esse objeto inefável era tesouro só a poucos revelado; por ora não transpunha os limites da devoção particular.

São João Eudes principia já a pregar e a propagar a devoção explícita ao Coração de Jesus e de Maria. Porém, o verdadeiro pregador da devoção, tal qual a temos hoje na Igreja, foi o próprio Jesus Cristo, nas Suas revelações a Santa Margarida Maria.

Diga-nos a Santa o que lhe aconteceu a 27 de Dezembro de 1673: “Apareceu-me o Divino Coração como num trono de chamas, mais radiante que o sol e transparente como o cristal, mostrando-me a Sua Chaga adorável. Rodeava-O uma coroa de espinhos emblema do quanto O pungem nossos pecados; e sobre Ele uma Cruz significando que desde o primeiro instante da Encarnação, isto é, desde que se formou este Sagrado Coração, foi nele plantada a Cruz. Desde esse primeiro instante O inundaram todas as amarguras que haviam de causar-lhe as humilhações, a pobreza, as penas e o desprezo que padeceria a Sua Sagrada Humanidade, em todo o decurso da Sua vida e de Sua Paixão.

Deu-me a entender, que o desejo que sente de ser amado dos homens e de os desviar do caminho da perdição, aonde o Demônio os arrasta em tropel, fez-lhe conceber a ideia de manifestar aos homens o Seu Coração, com todos os tesouros do Seu amor, misericórdia, graça, santificação e salvação que contém. Que a quantos quiserem dar-lhe e procurar-lhe o amor, honra e glória que puderem, os enriquecerá, outorgando-lhes com abundância e profusão estes divinos tesouros do Coração de Deus, que é a fonte donde dimanam. Que O haviam de honrar sob a figura deste Coração de carne, cuja imagem quer que seja exposta… E onde for exposta e honrada esta Santa Imagem para ser venerada, aí derramará as Suas graças e bênçãos. É esta devoção como que o esforço supremo do Seu amor que quer favorecer aos homens nestes últimos tempos, com esta espécie de Redenção amorosa, para os subtrair ao império de Satanás, que procura arruiná-los, e para os colocar na suavíssima liberdade do império do Seu amor, o qual quer estabelecer nos corações de todos os que abraçarem esta devoção”14.

Outra vez estando diante de Jesus Sacramentado, num dos dias da oitava da Festa do Santíssimo Sacramento, descobre-lhe Nosso Senhor o Seu divino Coração e diz-lhe: “Olha o Coração que tanto tem amado os homens, sem se poupar a nenhum sacrifício, até se aniquilar e consumir, para lhes manifestar o Seu amor; e em troca não recebo da maior parte senão ingratidão, com as suas irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos com que Me tratam neste Sacramento de amor. Mas o que Me dói mais ainda, é que os corações a Mim consagrados se portam comigo do mesmo modo. Por isso, peço-te que a primeira sexta-feira, depois da oitava do Santíssimo Sacramento, seja dedicada a uma festa particular em honra do Meu Coração, comungando nesse dia e reparando a sua honra com um Ato de Desagravo, para recompensar as injúrias que Me forem feitas, enquanto estiver exposto nos altares. Eu te prometo em troca, que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências do seu divino amor sobre aqueles que lhe tributarem e procurarem que seja tributada esta honra”.

Aí fica nesse Coração sensível, todo em chamas, com a sua Chaga muito viva, a Cruz a encimá-lo e os espinhos a pungi-lo, bem delineado o objeto da nossa devoção ao Coração Santíssimo de Jesus, segundo ela se pratica hoje na Igreja.

Vai direita a esse Coração de carne que palpitou e palpita no peito do Salvador, e por ele ao seu amor simbolizado nessas chamas ardentes que o inflamam: amor tão real e vivo e incomensurável, que a nada se poupou para nos beneficiar; lá está a Chaga a dizer-nos a vivacidade desse amor; lá está a Cruz a indicar-nos a última prova que se pode dar a um amigo em vida, que é morrer por ele. “Eis o Coração que tanto tem amado os homens sem se poupar a nenhum sacrifício, até se aniquilar e consumir para lhes manifestar o Seu amor”!

Mas lá estão também os espinhos. Ah! Espinhos num Coração que ama? Só pode significar o esquecimento que se tem desse amor, o desprezo, as ingratidões, as injúrias, as blasfêmias, os sacrilégios. “Não recebe da maior parte senão ingratidões – dizia Jesus a sua serva – com as irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos com que Me tratam neste Sacramento de amor”!

Agora já está completo o objeto da devoção ao Coração de Jesus: amor que não é amado, simbolizado naquele Coração que palpitava a uníssono e sob o comando do Seu Divino amor para conosco.

Na piedade e liturgia católica não se encontra outro mais belo objeto a propor-se à nossa devoção.

Mas ocorre esta objeção: não são todas iguais em beleza e valor as nossas devoções a Jesus Cristo? Que mais faz devoção ao Menino Jesus, que a Jesus Crucificado, ou Jesus Sacramentado: não é sempre o mesmo Jesus?

Em qualquer devoção a Cristo o termo principal e último é sempre evidentemente a Sua Pessoa Santíssima: a segunda Pessoa da Santíssima Trindade e neste sentido consideradas, todas são de igual excelência. Mas nós podemos por assim dizer, fixar o amor de Jesus para conosco em várias demonstrações e essas varia umas das outras. Foi grande o amor que Jesus nos manifestou durante os anos da Sua Infância, e esse amor fornece razão esplêndida para uma devoção especial ao Menino Jesus. Foi imenso o amor que Jesus nos significou ao morrer por nós na Cruz: por isso, é tão excelente a devoção a Jesus Crucificado. Foi extremo o amor que O levou a instituir o Santíssimo Sacramento, para ficar conosco dia e noite e se constituir o nosso alimento sob as espécies Sacramentais, em que se oculta feito Vítima como no Calvário. E por isso, que incomparável se mostra a devoção a Jesus Sacramentado!

Mas a devoção ao Sagrado Coração de Jesus não surpreende só uma determinada prova do amor de Cristo aos homens, abrange-as todas: é o amor que O levou a fazer-se menino, mas o amor com que escondido trinta anos trabalhou como um pobre operário e depois saiu a público a ensinar-nos a Sua doutrina; é o amor que multiplicava os Seus dons, milagres e misericórdias e depois instituía na última Ceia o Santíssimo Sacramento, para no dia seguinte morrer na Cruz, e já ressuscitado andar a consolar os Seus, e a estabelecer definitivamente a Igreja; o amor que levando-O por nós ao Céu, O deixou, apesar disso, na terra sempre conosco e por tantos modos. É o mesmo amor que resolveu revelar-se-nos em Paray le Monial e declarar-nos que, mais que todas as provas, se nos entregava a Si mesmo, por se ter esgotado e não saber que mais demonstrações nos dar, para nos persuadir que nos amava. Amor tão generoso e infinito e misericordioso, que não obstante os espinhos com que O pungimos, continua a amar, e a vingança que tira das nossas ingratidões é vir com esta nova invenção de amor. Há nada mais belo, no Cristianismo?! É a quinta essência da Religião Católica!

Naquele felicíssimo sinal (o Coração de Jesus) – escrevia Pio XI – e na forma de devoção que Dele emana, não se contém por ventura, toda a substância da Religião, especialmente a norma de uma vida mais perfeita, como é aquela que conduz por caminho mais fácil os espíritos a conhecer intimamente a Jesus Cristo e induz os corações a amá-Lo mais ardentemente e a imitá-Lo com maior generosidade?”15.

Estas palavras pontifícias confirmam o que acabamos de afirmar e provam o que ainda nos faltava dizer, com Santo Afonso de Ligório, que é esta a mais sólida das devoções.

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Em primeiro lugar, uma devoção é tanto mais sólida, quanto mais sólida for a base em que assente. A devoção ao Coração Sagrado, assenta sobre o conhecimento de Jesus no seu melhor ponto de vista, que é o Seu amor. Por mais que se saiba de Jesus, se não se conhece o Seu amor, não se conhece a Jesus; por pouco que saiba de Jesus, se se conhece o Seu amor, está Jesus todo conhecido e conhecê-Lo é a vida eterna: haec est autem vita arterna ut cognascant te solum Deum verum et quem misiti Jesum Christum16.

Depois, a devoção afirmar-se-á tanto mais sólida, quanto mais sólidas forem as virtudes a que nos leva e eficazes os meios que para isso nos oferece.

Ora não há devoção que nos garanta melhores meios de salvação e santidade do que esta. Denomina-a o próprio Jesus uma nova Redenção de amor e dá-nos o Seu Coração como novo Medianeiro entre o pecador e o Eterno Pai.

A Redenção foi uma só, mas o Seu Divino Coração vem realizar uma aplicação tão universal e abundante dos efeitos da única Redenção do Calvário, que por esta causa Santa Margarida lhe chama uma nova Redenção de amor. O Medianeiro é um só: Jesus Cristo, mas pedir-lhe pelo Seu Coração é “tocá-Lo no Seu ponto fraco” como expressava Santa Teresinha do Menino Jesus; e apresentar ao Eterno Pai o Coração de Seu Filho, é dar-lhe a última e mais eficaz razão, para sermos atendidos.

Nesta nova Redenção de amor abrem-se, em torrentes desusadas, as Misericórdias do Senhor, de cujus plenitudine omnes nos accepimus: de cuja plenitude todos recebemos; por isso, se multiplicam em profusão as promessas: para os pecadores, para os tíbios, para os fervorosos, para os Seus apóstolos; para a vida, para a morte, para as famílias, para as nações. Trata-se portanto “de um grande acontecimento na história do mundo – conclui Bainvel – é como uma era nova que começa para quem quiser colocar-se sob as influências deste Divino Coração. Não que Jesus não fosse já todo para todos, com todos os Seus tesouros da Encarnação e Redenção. Mas há como um novo avanço de Jesus para nós, uma nova oferta de tudo o que Ele é e de tudo o que tem, na dádiva do Seu Coração… Há na manifestação do Sagrado Coração uma nova declaração de amor tão viva e tão apaixonada, que por isso mesmo é também um novo apelo a que O amemos”17.

Jesus metendo-nos assim pelos olhos dentro o Seu amor, apresenta-se com uma nova força de atração; Ele mesmo revelava que a ânsia de nos atrair ao Seu amor é que O tinha levado a conceber este plano de nos manifestar o Seu Coração.

Atraindo-nos ao Seu amor, leva-nos a mais sólida das virtudes que é a caridade para com Deus, para com Cristo. Eis o fim dominante desta devoção: estabelecer em nossos corações o amor a Jesus. “Se tu soubesses a sede que Eu tenho de ser amado dos homens, a nada te pouparias para Me saciar… tenho sede e ardo de amor!”18.

E Santa Margarida Maria concluía, porque lho tinha asseverado o mesmo Jesus: “Ele reinará, apesar dos Seus inimigos, e será o dono e o possuidor dos nossos corações, porque é este o fim principal desta devoção: converter as almas ao Seu amor”. E noutra ocasião: “Esta devoção é como um último esforço do Seu amor, que queria favorecer os homens nestes últimos tempos com esta Redenção amorosa, para nos pôr sob a doce liberdade do império do Seu amor, que Ele deseja estabelecer nos corações de todos aqueles que abraçarem esta devoção”.

Pio IX ao estender a todo o mundo a festa do Sagrado Coração em 1856, declarava que era “com o fim de fornecer aos fiéis incitamentos para que amassem e redamassem o Coração Daquele que nos amou e lavou em Seu Sangue os nossos pecados”. Lembra o convite de São João: nos ergo diligamus Deus quoniam ipse prior dilexit nos: nós portanto, amemos a Deus que, primeiro nos amou19.

É a lógica do rifão português: amor com amor se paga. Coração com coração se paga: praebe, fili mi, cor tuum mihi!20

Coração com coração; chamas com chamas. Por esta nova Redenção de amor vem Jesus realizar mais eficazmente a grande aspiração do seu Coração Divino na última Ceia: manete in dilectione mea: permanecei no meu amor!

Este amor de correspondência manifestar-se-á em primeiro lugar na entrega total e incondicional de nós mesmos e de nossas coisas ao Divino Coração. Mihi vivere Christus est – sintetizava São Paulo – viver para mim é Cristo; e nós sintetizaremos: viver para mim é o Coração de Jesus: mihi vivere Cor Jesu est!

Nesta entrega total se cifra a consagração de nós mesmos ao Coração Sagrado; Santa Margarida ligava transcendental importância a este ato e aconselhava a todos, fizessem esta espécie de testamento a Jesus, pelo qual lhe entregássemos tudo sem reservar nada para nós. Sua Santidade Pio XI ensinava na já mencionada encíclica: “entre as práticas que respeitam propriamente o culto do Sacratíssimo Coração, sobreleva como digna de recordar-se a piedosa Consagração, pela qual nos oferecemos ao Coração de Jesus, a nós e todas as nossas coisas, reconhecendo-as como recebidas da eterna caridade de Deus”21.

Mas a um Coração com espinhos, responde-se também com um coração espinhado! Quer dizer: a alma fervorosa e amante do Coração de Jesus, ao vê-Lo ingratamente correspondido com injúrias e sacrilégios, toma como seus estes ultrajes e são espinhos a pungir o coração que aflito procura por todos os modos ao seu alcance desagravar, expiar, consolar o Coração de Jesus. Eis a reparação, essencial no culto ao Santíssimo Coração de Jesus, segundo a doutrina de Santa Margarida Maria. “A todos estes obséquios – continuava ainda Pio XI – e particularmente à tão frutuosa Consagração que mediante a festa de Cristo Rei, foi por assim dizer confirmada, deve juntar-se um outro, do qual Nos é grato ocupar-nos agora um pouco mais desenvolvidamente, ou seja: o ato de reparação e expiação como costuma chamar-se, a prestar ao Coração Sacratíssimo de Jesus”. “Na verdade – são ainda palavras Suas – ao espírito de expiação ou reparação pertence lugar principal no culto do Sagrado Coração e nada convém melhor à origem, à natureza, à virtude própria desta devoção e às suas práticas, como o mostram a santa Liturgia e os Documentos dos Sumos Pontífices”.

E para nos exortar a esta prática, insiste: à dívida de reparação somos particularmente constrangidos por um motivo mais poderoso de justiça e de amor: de justiça, para expiar a ofensa feita a Deus com as nossas culpas e restabelecer com a penitência a ordem violada; de amor, para sofrer juntamente com Cristo, paciente e saturado de opróbrios, oferecendo-lhe na medida da nossa pequenez, algum conforto”. E o Santo Padre lembra esta linda verdade: “se por causa dos nossos pecados futuros, mas previstos, a alma de Cristo se tornou de uma tristeza mortal, não há dúvida que já então recebeu algum conforto pela previsão da nossa reparação, quando lhe apareceu o Anjo do Céu para consolar o Seu Coração opresso de tristeza e angústias”.

Poderoso motivo este para não faltar na nossa devoção ao amor de Jesus, a expiação ou reparação, tanto mais que “assim como a consagração proclama e torna mais firme a união com Cristo – assevera Pio XI – assim a expiação, purificando as culpas, começa a mesma união e, com a participação nos merecimentos de Cristo, a aperfeiçoa e completa, oferecendo sacrifícios pelo próximo”; ou como diz noutro lugar: “quanto mais perfeitamente corresponderem a nossa oblação e o nosso sacrifício, ao sacrifício do Senhor, isto é, quanto mais imolarmos o nosso amor-próprio e as nossas paixões e crucificarmos a nossa carne com aquela mística crucifixão de que fala o Apóstolo, tanto mais copiosos frutos de propiciação e expiação colheremos para nós e para os outros”.

Novo motivo pelo qual esta devoção se apresenta como uma Redenção de amor, sobretudo, a respeito dos pecadores: levando as almas à reparação e expiação, cresce a torrente de sangue que, com o de Jesus derramado no Calvário, brada ao Eterno Pai por misericórdia a favor dos pecadores; e descem do Céu as graças milagrosas de conversão.

De tudo o que aí fica e tão pouco é em assunto inesgotável, concluamos: qui crediderit et baptizatus fuerit salvus erit: nesta hora de impiedade, de blasfêmia e de ódio, quem se quiser salvar, imite o Apóstolo e Discípulo amado: acredite no amor de Jesus aos homens: nos credidimus caritati. E batize-se; batize-se neste batismo de fogo e de sangue que é a devoção ao Santíssimo Coração de Jesus: fogo de amor que se entrega numa consagração generosa e total de si mesmo, das suas coisas, da sua família; sangue de reparação e expiação, que consola a Jesus, toma parte nas Suas tristezas, O desagrava, O ajuda a expiar e satisfazer à Justiça divina pelos pecados do mundo. Expiação e reparação que lança mão de todos os meios: da Comunhão reparado, em que se condensa o terceiro grau do Apostolado da Oração; da Hora Santa; da adoração noturna no lar; de tudo o que faz sofrer física e moralmente, para que com verdade Jesus possa dizer de nós: inveni virum secundum Cor meum qui facit omnes voluntates meas: encontrei uma pessoa segundo o Meu Coração, que faz todas as Minhas vontades.

Deste modo teremos encontrado em vida não só um poderoso meio para chegarmos rapidamente à santidade, um asilo seguro onde acolher-nos das emboscadas do Inimigo, um auxílio oportuno em todas as nossas necessidades e dificuldades, mas particularmente um suavíssimo amparo na hora da morte.

Como é doce morrer, depois de ter passado a vida numa verdadeira devoção ao Santíssimo Coração de Jesus!





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Fonte: Rev. Pe. Mariano Pinho, S.J., “Regresso ao Lar”, Cap. 29º, pp. 502-524. Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1944.

1.  Luc., XV, 31.

2.  Joan., III, 16.

3.  Rom., VIII, 32.

4.  Act., IV, 12.

5.  II Cor., V, 14.

6.  Colos., II, 3.

7.  Gen., II, 14.

8.  Summi Pontificatus, de 20 – X – 1939.

9.  Tit., III, 4-7.

10.  Act., X, 38.

11.  Joan., XIX, 34-37.

12.  Cit., Baiavel, La Dévotion au Sacré Coeur de Jesus, III, p. Cit., IV.

13.  Dom Berlière, La Dévotion au Sacré Coeur dans l’Ordre de Saint Benoit, Introduction.

14.  Cartas, ao Pe. Croiset, a 3 de Novembro de 1689.

15.  Miserentissimus Redemptor.

16.  Joan., XVII, 8.

17.  Bainvel, La Dévotion au S. Coeur, I, p. c. II. VII.

18.  Carta ao Pe. Croiset.

19.  I Joan., IV, 19.

20.  Prov., XXIII, 26.

21.  Pio XI, Miserentissimus Redemptor.

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