MÃE
DO BOM CONSELHO
Oração
para Antes da Meditação.
Ó
Maria Imaculada, Soberana Rainha das virgens, eis que me ponho sob a
vossa maternal proteção e me consagro neste dia totalmente a Vós.
Consagro-Vos
o meu corpo com todos os seus sentidos, o meu coração com todos os
seus afetos, a minha alma com todas as suas potências, a minha vida
inteira, para que todos os meus movimentos sejam um contínuo ato de
amor.
Coloco
também, ó minha Mãe, sob a vossa salvaguarda as minhas penas e
consolações, as minhas misérias passadas, presentes e futuras,
sobretudo, os meus últimos momentos, suplicando-Vos que, assim como
entrastes no mundo isenta de pecado, me obtenhais de Jesus, vosso
Divino Filho, a graça de sair deste exílio sem pecado.
Finalmente,
Mãe Santíssima, ensinai-me a amar a Jesus, para que comece já aqui
na terra a viver, a vida que viverei por toda a eternidade, entoando
o cântico de amor na vossa companhia e na de todos os Anjos e Santos
por todos os séculos dos séculos. Assim seja.
Meditando
aos Pés de Maria
I
– O Conselho, é um Dom do Espírito Santo, que em
circunstâncias obscuras ou complicadas, nos ilumina e mostra como
devemos agir, de que processos nos devemos valer, para não nos
afastarmos da Vontade Divina.
Antes
de executarmos, ensina-nos a refletir, a ponderar os prós e os
contras, a consultar, a julgar e por fim, a decidir. Desse modo, o
Dom do Conselho, é um auxiliar da virtude da Prudência e o seu
complemento sobrenatural.
O
Dom do Conselho não exclui o recurso a conselheiros humanos, que nos
podem emprestar alguma coisa das suas luzes e experiências. Pelo
contrário, a sábia economia da Providência Divina, ensina-nos a
não recorrer a meios extraordinários quando temos à mão os
ordinários.
Mas
consultados os companheiros e as luzes alheias, o Dom do Conselho
ensina-nos a ponderar, a tomar o peso aos conselhos recebidos, a
avaliar sugestões adventícias, a fim de não darmos um passo em
falso. Ensina-nos também, por uma sábia previdência a prevenir as
faltas dos nossos subordinados, para não termos de as remediar por
meios mais dolorosos. Ensina-nos, enfim, os caminhos da retidão de
consciência; e, em circunstâncias excepcionalmente delicadas,
ensina-nos a não confiarmos demasiado em nós mesmos, nas nossas
luzes e perspicácia, numa palavra, a não nos julgarmos infalíveis.
Quem
possui o Dom do Conselho, é oportuno nas medidas que toma, não é
precipitado nas suas resoluções, não sacrifica o bom
certo ao ótimo
incerto, não joga levianamente com a sua autoridade, expondo-a a
enxovalhos ou a descréditos, não se aventura a empreendimentos, de
que depois haja de se arrepender.
II.
Não
há dúvida que os encômios tributados pela Sagrada Escritura à
Sabedoria, visam diretamente o Verbo de Deus, Segunda Pessoa da
Augustíssima Trindade, que é a Sabedoria Eterna. Mas depois que
essa Sabedoria encarnou, Maria ficou sendo o Seu Santuário Augusto,
o Seu Templo vivo, e por conseguinte, o trono da Sabedoria Divina,
Sedes Sapientiae,
que é um dos títulos com que a Igreja desde séculos A invoca.
Ora,
se a Sabedoria habita n’Ela como
no Seu Santuário de predileção, não é estranho que Ela ficasse
sendo guarda e depositária dos Seus tesouros, que deles seja feita
participante na plena medida da Sua capacidade, e que, portanto, a
Igreja Lhe aplique complacente os encomiásticos predicados que os
Livros Santos tributam à Sabedoria Incriada, a começar pelo de Mãe
do Bom Conselho, uma vez que ao Filho é dado o nome de Conselheiro,
“Consiliarius”.
Efetivamente,
qual a criatura humana que jamais recebeu tão rica efusão dessa
ciência dos Santos, que ilumina o espírito e o habilita a iluminar
os outros com o fulgor e prestígio do seu conselho esclarecido?
O
recolhimento de Maria, menina ainda, no recinto do Templo, a Sua
comunicação contínua com o Pai das Luzes, as Suas palavras ao Anjo
no
Mistério da Anunciação, a Sua vida em Nazaré escondida em Deus,
revelam-nos bem eloquentemente, quanto a Sua Alma privilegiada se
encontrava adornada desses dons preciosos que bastavam para fazer
d’Ela a Mãe do
Bom Conselho.
E
em que outra criatura brilhou algum dia, como em Maria no Calvário,
esse Dom da Fortaleza, que A fez triunfar das mais rudes provas? Onde
se viu brilhar, como na Virgem prudentíssima, o Dom do Conselho, que
nas circunstâncias mais delicadas nos encaminha e leva a decisões
seguras, evitando escolhos traiçoeiros, o Dom da Inteligência que
penetra nas regiões mais elevadas da graça? Quem como Ela possuiu
em tão alto grau o Dom da Sabedoria, coroa de todos os outros, que
consiste em bem conhecer o princípio e o fim de todas as coisas e os
caminhos que a esse fim nos conduzem?
Ah,
que Ela nos obtenha de Deus o espírito de docilidade filial, para
sermos fiéis aos Seus conselhos maternais: “Filii,
audite me: Beati qui custodiunt vias meas
– Agora, pois, filhos, ouvi-me: Bem-aventurados os que guardam os
meus caminhos”.
III.
Virgem
prudentíssima, trono da Sabedoria, que mais Lhe falta para saudarmos
n’Ela a Mãe do
Bom Conselho?
Porventura, segundo o princípio acima justificado, não se pode
aplicar a Ela o que o Livro Sagrado faz dizer à Sabedoria Incriada:
“Eu sou a
Sabedoria, eu presido aos pensamentos dos sábios…, meu é o
conselho, minha é a prudência?”
E,
se o conselho é atributo e apanágio Seu, Ela é a Mãe do Bom
Conselho, e, como tal, Ela cumprirá fielmente as promessas que na
Sagrada Escritura nos são formuladas pela própria Sabedoria. Quem
madruga para me buscar, encontrar-me-á.
E quem me
encontrar, encontrará a vida e receberá do Senhor a salvação.
Encontrar
a vida, é realizar todas as nossas aspirações. O primeiro preceito
da vida, é fugir do mal. Ora, quem
encontra Maria, a prudência o guardará para o livrar de
maus caminhos e de más companhias.
Nas nossas dúvidas, hesitações e perplexidades Ela nos inspira as
prudentes resoluções que devemos tomar, porque Ela
dirige as sábias deliberações.
Que
ilimitada confiança não devemos então depositar na Mãe do Bom
Conselho, tão rica em tesouros de prudência e de sabedoria!
“É
insensatez,
diz São João Clímaco, não tomar o homem conselho senão
consigo mesmo,
pois, constituir-se
o homem mestre de si mesmo é fazer-se discípulo de um louco.
Não devemos, pois, ser desses insensatos que cegamente confiam nas
próprias luzes, quando o Espírito Santo nos manda em todas as
nossas dúvidas tomar conselhos com um homem prudente.
São
Paulo, destinado a ser o grande luzeiro da Igreja, é mandado pelo
Salvador aconselhar-se com Ananias, para saber o que devia fazer.
Os
Santos ensinam-nos como devemos implorar as luzes do Céu pela
oração. Em suas dúvidas, perante gravíssimas resoluções que
deviam tomar, quando as mais opostas sugestões solicitavam a sua
adesão, era das próprias inclinações que primeiro se acautelavam,
premunindo-se contra caprichos e preconceitos e deixando passar a
hora das paixões e exaltações de espírito, para serenamente
invocarem as luzes do Céu e deliberarem.
Santo
Inácio de Loiola ensina que em hora de trevas e de agitações do
espírito não se tome resolução alguma. E, diante de qualquer
decisão grave que se haja de tomar, recomenda que se pergunte a si
mesmo: “Que
resolução tomaria eu se estivesse para morrer? E, na hora da morte,
que desejarei eu ter feito nesta hora?”
Fiéis
às solicitações maternais da Igreja, que invoca a Mãe da
Sabedoria encarnada com o nome de Mãe
do Bom Conselho,
tomemo-La
como nossa Conselheira. Já para os serventes do banquete de Caná,
foi Ela a Mãe do Bom Conselho, exortando-os a fazerem tudo o que Seu
Filho lhes mandasse. E bem conhecidos são os maravilhosos frutos
desse conselho.
Mãe
do Bom Conselho
será também para nós, em momentos de dúvida e de desorientação,
a Virgem de Fátima, e para aqueles, sobretudo, que desempenham
cargos públicos de responsabilidade. Que bem aconselhadas se nos
manifestam desde o princípio as almas que possuem o genuíno
espírito de Fátima! Que acertadas e prudentes as respostas, as
declarações, todas as atitudes, enfim, dos videntes de 1917! Que
prudência bem superior à da sua idade!
E
que senso de oportunidade não nos revela a autoridade eclesiástica
diocesana, desde a primeira hora, sabendo esperar, consultar as luzes
do alto, evitando precipitações e reações menos ponderadas, e só
definindo na medida e na hora em que era necessário definir.
Bem
se viu que tinham a Nossa Senhora como Conselheira. Não queiramos
outra para nós. O seu conselho será o farol bendito que há de
iluminar o nosso roteiro e guiar os nossos passos até aos umbrais da
eternidade.
Exemplo
Aqui
a trago e nunca mais a largarei.
Era
em 1926. Em S. Gião, conselho de Oliveira do Hospital, os dois
irmãos Agostinho e Alfredo Elvas Ferreira resolveram proceder à
abertura de uma mina para exploração de águas na sua propriedade,
contratando para essa empresa um minador experimentado.
Quando
a mina ia já a certa altura, deu em rocha firme, tornando-se
necessário rompê-la a fogo.
Tendo
o minador carregado um tiro na rocha com dinamite, depois de pegar
fogo ao rastilho, retirou-se imediatamente com o seu ajudante para
fora da mina, até que se desse a explosão. Tardando, porém, a
descarga mais que de
costume, diz o ajudante para
o minador: o rastilho com certeza apagou-se e o melhor será
ir lá chegar-lhe novamente o fogo.
Concordou o minador, persuadido também de que o rastilho se teria
apagado. E confiadamente penetra dentro da mina, avança e, estando a
um escasso meio metro do tiro, dá-se a tremenda explosão da
dinamite.
Ao
ouvi-la fora, o ajudante solta desvairado um grito de pavor, julgando
o seu companheiro feito em pedaços. Entra imediatamente pela mina
dentro, fantasiando já na imaginação o quadro horroroso com que
iria topar.
A
certa altura, porém, ouve a voz do companheiro a gritar-lhe: “sai
lá para fora, que quero tomar. Não há nada!”
E
de fato não houve nada, quando era para ficar feito em estilhaços
dos pés até a
cabeça. Nem sequer a lanterna de vidro que levava na mão sofrera a
mais leve fratura. Parecia um sonho! O minador quase não acreditava
na própria existência; como explicar tão inesperada preservação?
Antes de o minador iniciar os trabalhos de escavação, uma piedosa
senhora, irmã dos dois proprietários, colocara-lhe ao peito uma
medalha de Nossa Senhora de Fátima, com esta textual recomendação:
“Traga sempre esta medalhinha, para Nossa Senhora o
livrar dos perigos”.
Era
a Mãe do Bom Conselho que pelos lábios dessa piedosa senhora
aconselhava o feliz minador, o qual não ocultou a sua satisfação e
prometeu nunca esquecer a recomendação. Conhecedor desse
interessante pormenor disse-lhe o Sr. Agostinho Elvas Ferreira: “Sabe
a quem deve a sua vida? É a Nossa Senhora de Fátima”.
Ao que responde o simpático minador, abrindo desembaraçadamente o
peito: “Senhor, aqui a trago e nunca mais a largarei”
O
bom conselho lhe salvara a vida.
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São Luís Orione |
Oração
pelos Sacerdotes
Jacinta, a angelical vidente de
Fátima, chorou de pena ao saber um dia, que um Sacerdote fora
proibido de celebrar. E no seu leito de morte recomendou
insistentemente, que se rezasse pelos Sacerdotes.
Rezem pelos Sacerdotes, foi
o testamento da inocente menina, ditado sem dúvida, pela Mãe de
Deus, que tão bondosamente lhe aparecia durante a doença.
Este rasgo tão comovente da
sua vida reparadora, levou-nos a acrescentar… esta curta oração
pelos Sacerdotes:
Ó Jesus, Verbo Eterno do
Pai, Fogo abrasador, abrasai as almas dos vossos Sacerdotes no fogo
do amor divino, que devora o vosso Coração, para que eles ardam no
zelo das almas e as salvem, e, salvando-as, se salvem com elas. Amém.
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