Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 23 de novembro de 2019

GRAVÍSSIMAS ADMOESTAÇÕES DO 4º PAPA, À IGREJA DE CORINTO.



Quem possui a caridade em Cristo cumpra o Mandamento do Cristo. O vínculo da caridade de Deus, quem haveria de descrevê-lo? Quem é capaz de exprimir sua beleza? A altura a que conduz a caridade é inefável... A caridade nos une estreitamente a Deus, a caridade cobre a multidão de pecados, a caridade tudo suporta, é paciente. Na caridade não há baixeza nem soberba; ela não fomenta divisões, não é sediciosa, a caridade faz tudo na concórdia. Na caridade foram aperfeiçoados os eleitos de Deus. Sem a caridade nada é agradável a Deus. Na caridade nos acolheu o Senhor. Foi por caridade para conosco que Jesus Cristo, Senhor Nosso, dócil à vontade de Deus, entregou por nós seu Sangue, sua Carne por nossa carne, sua Vida por nossas vidas.

Quem dentre vós for generoso, compassivo, cheio de caridade, diga: – “Se sou causa da rebeldia, discórdia, divisão, retiro-me e vou para onde quiserdes, estando pronto para cumprir as decisões da Comunidade; somente desejo que o rebanho de Cristo viva em paz com seus Presbíteros estabelecidos”. Quem proceder assim conseguirá uma grande glória em Cristo, e em todos os lugares se lhe fará boa acolhida: “porque do Senhor é a terra e tudo que ela contêm”.1 Isto fizeram e hão de fazer os que vivem segundo Deus, do que não cabe jamais arrepender-se.

Portanto, vós que causastes o início da rebeldia, subordinai-vos aos Presbíteros e deixai-vos corrigir para a paciência, dobrando os joelhos em vossos corações. Aprendei a submeter-vos, depondo a soberba e a orgulhosa arrogância da língua. Mais nos vale ser pequenos e pertencentes aos rebanhos de Cristo, do que ser excluídos da sua esperança apesar de prestigiados.

Obedeçamos, pois, a seu Nome Santíssimo e Glorioso, fugindo às ameaças proferidas pela Sabedoria contra os desobedientes, a fim de repousares confiantes no Santíssimo Nome de sua Majestade. Aceitando Nosso conselho, nada tereis de que vos arrepender. Porque, vive Deus! Vive o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo, e também a fé e a esperança dos eleitos! Só aquele que praticar a humildade com moderação contínua e sem queixas, os Preceitos e Mandamentos de Deus, será incluído e contado no número dos salvos por Jesus Cristo, pelo qual lhe seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

Se, porém, alguns desobedecerem às admoestações que por Nosso intermédio Ele mesmo vos dirigiu, saibam que se envolverão em pecado e perigo não pequenos. Mas, Nós seremos inocentes desse pecado, e pediremos com fervorosa prece e súplica, ao Criador do Universo, que conserve intacto em todo o mundo o número dos eleitos, por seu Filho Bem-amado, Jesus Cristo, por Ele que nos chamou das trevas à luz, da ignorância ao conhecimento do seu Nome glorioso...


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Fonte: São Clemente de Roma, “Carta aos Coríntios”, XLIX – LIX. Cfr. Cirilo Folch Gomes, O.S.B., Antologia dos Santos Padres – Páginas seletas dos antigos escritores eclesiásticos”, pp. 24-25. 4ª Edição, Coleção PATROLOGIA, Edições Paulinas, São Paulo/SP, 1979.

1.  Salm. 33, 1.


EXPLICANDO POR COMPARAÇÕES O PECADO ORIGINAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS.



1. Em que consiste. – O Pecado Original consiste em estarmos, desde o primeiro instante de nosso ser, privados daquela santidade e justiça original, que todos devíamos ter, segundo os desígnios de Deus, para que Lhe fossemos agradáveis; mas, que por culpa do nosso primeiro pai foi perdida, e que nós novamente recuperamos no Santo Batismo.

Pôs Deus na alma de Adão duas belezas: uma natural, outra sobrenatural. Aquela provinha da alma ser espiritual, racional e imortal; esta outra de ser a alma investida e compenetrada da graça sobrenatural. Tomemos uma porção de ouro e teremos beleza e preciosidade natural. Moldai artisticamente este ouro, guarnecendo-o de pedras preciosas e preciosos diamantes, e tereis imprimido nesse ouro, artificialmente, uma beleza que dantes não tinha.

Adão, com o pecado, perdeu a graça e, portanto, a beleza sobrenatural: não podia, pois, transmiti-la à posteridade. Nasce, pois, o homem privado deste esplendor que a graça lhe concedia, embora conserve a beleza natural. Nesta ausência consiste o Pecado Original.

A cor negra é a privação do branco. É, pois, manifesto e real defeito, aparecer negro o que deveria ser branco; assim é verdadeira mancha estarmos desprovidos da graça que deveria ser um ornato.

Que um soldado seja simples soldado, nenhum mal; mas, que seja degradado e reduzido a simples soldado o que era capitão ou general, isto é gravíssimo mal. Esta precisamente é a nossa condição antes do Batismo, condição odiosa aos olhos de Deus, que vê o aviltamento da alma que tão alto tinha elevado.

O Pecado Original é morte, porque destrói a vida superior da santidade. Essa destruição é, na ordem divina, realmente morte, como o corpo sem alma está realmente morto na ordem humana.

O Pecado Original torna-nos escravos do Demônio, porque Satanás considera-se dono da criatura transviada do seu fim. Invejoso da felicidade do homem, ele o torna seu imitador na culpa, e o atira na sua própria ruína e desventura.

O Pecado Original é voluntário e de culpa para nós, só porque Adão voluntariamente o cometeu como Cabeça e Chefe do gênero humano. Deus, portanto, não nos pune, mas simplesmente não premei-a com o Céu a quem tenha o Pecado Original.

Os atos de um rei, como pessoa pública, são também da nação enquanto que ele a representa; e por isso, diz-se que a nação fez ou quis aquilo que muitas vezes até ignora. Assim Adão recolhia na sua vontade a vontade do seu povo que eram os seus filhos.

Os atos do rei, como pessoa pública, são imputáveis pessoalmente a ele, porque pessoais; à nação, ou seja, a cada indivíduo, não são imputáveis pessoalmente, mas sofrem-se as consequências boas ou más que advenham dos atos do rei. Assim nós não entramos pessoalmente no pecado de Adão, mas levamos as consequências, visto ele ter agido como Chefe da humanidade.

O Pecado Original não é um ato, mas sim um estado de privação. Para explicar esta privação, basta aplicar ao gênero humano a lei da hereditariedade, por força da qual transmite-se aos descendentes aquilo que se tem. Adão pecou, e pecando perdeu o direito a graça, ficando-lhe apenas os dons naturais; pois, são estes, e só estes, que ele transmite à posteridade.



2. Consequências do Pecado Original. – Os nossos primogenitores se tivessem obedecido ao Mandamento de Deus, teriam assegurado a posse, para eles e para seus descendentes, dos dons sobrenaturais; desobedecendo, perderam eles e todos nós esses bens, e caiu a humanidade na maior miséria espiritual.

O efeito não pode ser diverso da causa. Uma silva não pode produzir uvas, nem uma videira dar-nos amoras. Assim Adão e Eva, que eram a causa, porque progenitores da humanidade, não podiam comunicar aos seus filhos senão aquilo que eles possuíam, não já os dons sobrenaturais que haviam perdido.

Se um homem perverso entra secretamente no pomar do seu patrão e envenena a raiz de uma planta preciosa de muita estimação, não se envenenou a planta toda? Não se perderam os frutos todos que estavam para nascer e amadurar? Não admira, pois, que o mal ande pela rama, que apareçam os frutos podres, sem aparência e sem sabor. Ora, todo o gênero humano é uma grande árvore que proveito de uma única raiz: Adão e Eva. Foi esta raiz envenenada pela astúcia do Demônio, para desabafo do ódio que sente contra Deus. Que maravilha, pois, que todos os ramos desta árvore, todos os seus frutos sintam o mesmo mal da raiz?

Um rei faz conde um seu vassalo, e ao título junta uma rica propriedade, declarando que se for fiel, título e propriedade passarão aos descendentes. O novo conde revolta-se contra seu senhor, e este despoja-o de tudo e manda-o para o exílio, onde nascem os seus filhos. Em que situação nascem eles? Por certo na mesma condição do pai: sem título, sem bens, no exílio. Nós filhos de Adão e Eva, perdemos com o Pecado Original o título de filhos adotivos de Deus, a herança ao Céu, e a terra é o nosso exílio.

O Pecado Original não é injustiça nenhuma. Injustiça é castigar nos filhos, com castigos positivos, os crimes dos pais; mas, não é injustiça que os filhos não herdem os bens que os pais lhes deveriam deixar e não deixam, por havê-los perdido por culpa própria.

Um senhor inteligente e ativo vê-se em pouco tempo dono de grande fortuna; mas, entregando-se depois ao vício da jogatina, abre falência, acordando um dia, senhor apenas da camisa. Infeliz dele e de seus filhos que provarão todos da miséria. Pois é esta a nossa história.

Holofernes para matar à sede os habitantes da cidade de Betúlia, mandou cortar o aqueduto da água. Seco este, secaram igualmente todas as fontes que dele se alimentavam. Do mesmo modo Adão, que era o canal de toda a humanidade, foi cortado pelo pecado, e por isso secaram as demais fontes que provinham dele.

Saul foi exaltado por Deus, por gratuita eleição, como rei de Israel. Por isso, os seus filhos, sucedendo-lhe, haveriam de herdar a coroa real. Saul desobedeceu gravemente a Deus e foi rejeitado, perdendo os seus filhos o direito ao trono.

Por bondade de deus, foi Adão destinado a reinar no Céu, ele e os seus descendentes. Transgrediu a ordem divina, e perdeu o direito ao Céu, como todos os seus filhos que o perderam também.




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Fonte: Rev. Pe. Fr. Mateus Maria do Souto, O.F.M.Cap., "Verdade e Luz" - Vida Cristã, Vol. II, Cap. IV - Santíssima Virgem, p. 229-233. Casa do Castelo - Editora, Coimbra, 1952.

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