Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 11 de abril de 2020

MORS MORTIS - MORTE DA MORTE.




Morte da morte.1

Ser Cristo a morte da morte, admitindo em Si a mesma morte, foi conselho enfim procedido do entendimento Divino. Era a morte pena do pecado, e só pelo pecado entrara no mundo. E como em Cristo não havia do pecado mais que a semelhança, ou figura. In similitudinem carnis peccati;2 enganou-se enormemente a morte, atrevendo-se à suma Inocência em uma Pessoa, que era por essência a mesma vida. E assim, pela injustiça, com que pretendeu, e possuiu o que não lhe era devido, perdeu o direito sobre todos os demais homens que se lhe deviam. Devorasti, et devorata es (disse gravemente Jerônimo) dumque assumpti corporis Christi solicitaris illecebrá, et avidis faucibus proedam putas, interiora tua unco confossa sunt.3 Esta gloriosíssima vitória do Senhor começou já a lograr seus efeitos, ou triunfos na ressurreição de muitos Santos, que com Ele reinam em corpo e alma na excelsa região da Eternidade; e se consumará plenamente, quando no Dia do Juízo (cláusula dos séculos que passam) toda a carne humana, tragada já irrevogavelmente das gargantas da morte tornará por virtude da morte de Cristo, à possessão da vida.


Ó tu, que estas verdades lês, ou ouves ler, lembrete, que o haveres de ressuscitar é certo; mas é muito incerto o haveres de ressuscitar bem. Porém, um dos bons sinais de que ressuscitarás para a vida eterna e gloriosa, é, se à imitação de Cristo matares agora a morte com a tua morte, isto é, os pecados com a mortificação. Por isso, disse o mesmo Senhor por São João,4 que quem aborrece a sua alma neste mundo, esse a guarda para a vida eterna; e por São Mateus,5 que o Reino dos Céus padecia força, e os violentos o arrebatavam; e o Apóstolo das Gentes:6 Que se vivêssemos conforme as inclinações da carne, morreríamos; e se as mortificássemos com a força do espírito, teríamos vida; e que os que são de Cristo, crucificaram a sua carne, vícios e concupiscências.7


Ó meu dulcíssimo JESUS: já que Vossa morte foi para Vós tão gloriosa, para os filhos de Adão tão necessária, para o Inferno tão terrível, e destruidora da morte e do pecado; rogo-Vos humildemente, que não só mateis com ela a minha morte do corpo, senão também a da alma, que é o pecado; para que mereça por Vós ressuscitar Convosco, e aumentar o triunfo de Vossa vitória naquele grande dia em que haveis de consumá-la. Amém.


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Fonte: Ven. Pe. Manoel Bernardez, “Luz e Calor” - Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminho de Perfeição, 2ª, Opúsculo III, Meditação XXVII, Ponto II, p. 388. Nova Edição, Lisboa, 1871.

1. Oséias 13, 14.

2. Romanos 8, 3.

3. D. Hieronym. In epitaphio Nepotiani ad Heliodorum.

4. João 12, 25.

5. Mateus 11, 12.

6. Romanos 8, 13.

7. Gálatas 5, 24.

INTER MORTUOS LIBER - LIVRE ENTRE OS MORTOS. (Psalm. 87, 5)



Três prisões atam a todos os que deste mundo partem: a do pecado: porque nenhum de per si é inocente, nem está livre da pena, se Cristo não lhe perdoa e o justifica; a da morte: porque não podem por forças próprias resistir à região da vida; e a do Inferno: porque não está na sua mão ir para este, ou aquele lugar, ou sair dele, até que o ordene poder superior. Só Cristo esteve desatado de todas estas prisões, e por isso, diz de Si pelo Real Profeta: Que foi entre os mortos livre; livre do pecado, porque era a mesma Inocência e Santidade; livre da morte, porque a ela se sujeitara voluntariamente, e na Sua mão estava ressuscitar quando quisesse; livre do Inferno, porque quando ali desceu, estava como Rei, e não como cativo; antes, libertando muitos cativos, os levou Consigo para aumentar o Seu triunfo: Ascendens in altum captivam duxit captivitatem.1


Pondera que pasmo causaria àqueles Príncipes do Reino das Trevas, e Potestades infernais; e pelo contrário, que alegria e consolação aos Pais do Limbo, ver ali uma Alma tão Senhora daquele lugar, refulgindo raios de incomparável claridade; e onde todos estavam presos, nem jamais se tinha visto liberdade, estar ela tão livre e dominante! 


Ó meu amorosíssimo JESUS: eu adoro e glorifico vosso poder, liberdade, domínio e virtude; e confesso que era bem, que pois o amor Vos fizera como cativo entre os vivos, a virtude Vós fizesse livre entre os mortos. Rogo-Vos com todas as veras que posso, que aqui entre os vivos me purifiqueis de toda a dívida do pecado; para que no mesmo ponto em que pagar a da morte, possa ir gozar da liberdade dos filhos de Deus, que é vossa visão  Bem-aventurada. Amém.


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Fonte: Ven. Pe. Manoel Bernardez, "Luz e Calor" - Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminho de Perfeição", 2° Parte, Opúsculo III, Meditação XXVI, Ponto III, pp. 386-387. Nova Edição, Lisboa, 1871.

1. Ad Ephes. 4, 8.

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