“Elias
foi envolto num redemoinho,
mas
o seu espírito ficou todo em Eliseu;
o
qual não temeu príncipe algum em seus dias,
e,
em poder, ninguém o venceu.
Nada
houve que o pudesse dominar,
e,
ainda depois de morto,
o
seu corpo profetizou.
Em
sua vida fez prodígios,
e
na morte operou maravilhas”.
“Este
Profeta, cujo nome significa saúde de Deus, foi discípulo de
Elias. Nasceu em Abelmeula, na tribu de Manassés, a dez milhas de
Segtópolis. Elias encontrou-o a lavrar, pôs sobre ele a sua capa, e
Eliseu deixou a lavoura, seus pais e parentes, e seguiu-o; desde
então recebeu também o espírito profético. Os prodígios que em
seguida obrou deram-no a conhecer pelo herdeiro das virtudes e graças
do antigo Profeta.
Passou
a pé enxuto as águas do Jordão, trocou as más qualidades da água
de Jericó; socorreu o exército de Josafá e Jorão que estavam
morrendo de sede, e predisse-lhes a completa vitória que alcançariam
sobre os moabitas; aumentou milagrosamente o azeite que uma pobre
viúva tinha em sua casa; ressuscitou o filho de uma sunamita, curou
de lepra a Naaman, general sírio; predisse os males que Hazael
causaria aos israelitas, e anunciou a Joás, rei de Israel, que
ganharia tantas vitórias aos Sírios, como de vezes ferisse a terra
com sua flecha; profecias que se cumpriram com a maior exatidão.
“Naaman,
para ser curado, teve de humilhar-se e banhar-se com fé nas águas
do Jordão, a qual de si mesma nenhuma virtude tinha. O mesmo
acontece ao Cristão nas necessidades de sua alma; Deus não vem em
Pessoa ajudá-lo, mas lhe ordena por meio de seus servos, os
Sacerdotes, que recorra aos Sacramentos, a fim de que, recebendo-os
com humildade e fé, seja salvo”.
Desde
esta época a Escritura passa em silêncio as obras do Profeta
Eliseu, que é bem de crer que fossem notáveis, esforçando-se por
procurar o bem de seus compatriotas. Morreu durante o reinado de
Joás, que tendo ido visitá-lo e conhecendo que morreria, exclamou
chorando: Pai meu, pai meu, carro de Israel e seu condutor.
Que foram as palavras que o mesmo Eliseu tinha dita a Elias em seu
rapto misterioso.
No
mesmo ano da sua morte sucedeu que, sendo assaltados por ladrões
moabitas certos homens que iam enterrar um defunto, lançaram este na
cova e sepulcro de Eliseu, que foi a que acharam mais à mão, logo
que o morto tocou os ossos do Profeta recuperou a vida. Eliseu foi um
desses homens extraordinários, que de vez em quando, enviava a
Divina Providência ao mundo, no tempo de corrupção e de
obscurantismo, para reanimar a fé dos bons e aterrar com seus
prodígios os malvados. São Jerônimo diz que o sepulcro deste
Profeta faz tremer os Demônios. Da história de Eliseu usa a Igreja
Católica nas lições das Matinas da féria segunda da Dominga Nona
depois de Pentecostes”.
“Este
fato (desta Ressurreição) mostra, que já no tempo do Antigo
Testamento, Deus fazia milagres por meio das relíquias de seus
Santos”.
“O
Profeta Elias, certo dia, dera com Eliseu, filho de Saphat, a dirigir
o arado. Atirou nele o seu manto, e comunicou-lhe, com a unção
santa, o maravilhoso poder que possuía… O Profeta (Elias), ao
sumir-se, deixou cair o manto sobre o seu discípulo, e, com o manto,
o duplo dom de milagre e de profecia… Em Betel, crianças apuparam
o Profeta, porque era calvo. Eliseu os amaldiçoou e dois ursos
saindo da floresta, devoraram 42 deles. Os prodígios se
multiplicavam debaixo de seus passos… Era no mesmo tempo o oráculo
dos destinos de Israel e de seus reis. Assim, Eliseu preludiava à
missão profética e milagrosa do Messias, de quem ele era a
figura…”.
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