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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A Imaculada Conceição, da Bem-aventurada e Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus.



Reflexões1

O Senhor possuiu-me desde o princípio de seus caminhos”2. Quem senão esta filha favorecida do Céu, a quem a Igreja aplica estas palavras, é que pode gloriar-se de não haver estado nunca debaixo da escravidão do Demônio? É uma pura criatura que Deus escolheu por Mãe desde a eternidade. Admiraremos à vista disso que o Senhor haja sido tão zeloso da posse de seu Coração, e que se haja reservado as suas primeiras homenagens? É um Templo, onde deve residir toda a plenitude da Divindade.

É necessário que Maria seja isenta do Pecado Original, por que o Filho de Deus deve nascer em seu seio como em seu Templo; e o primeiro emprego e a sua primeira função merece o privilégio dessa santidade.

Aprendamos da Igreja a reverenciar em Maria uma prerrogativa tão singular, sem querer aprofundar este Mistério com uma curiosidade infiel. Mas, que instrução devemos tirar nós daqui, sendo filhos da ira? Podemos acaso evitar a triste desgraça em que fomos envolvidos desde o primeiro momento da nossa origem? Por certo que não; mas, podemos inferir desta prerrogativa a ideia que é preciso formar da graça santificante, vendo a distinção que Deus faz de Maria, dando-lhe desde o primeiro instante de sua origem; e outrossim o horror que Deus tem ao pecado, e o que nós devemos ter, visto que Deus isenta Maria da Lei Comum para não se unir a uma carne inclinada pelo funesto hálito do pecado.




Meditações

Primeiro Ponto: Considera que pela Imaculada Conceição da Santíssima Virgem se entende aquele insigne privilégio, pelo qual preservou Deus a esta ditosa criatura da mácula do Pecado Original, que infeccionou toda a posteridade de Adão. Todos sabem que o privilégio é uma lei particular, que exime as pessoas, objeto dele, de uma Lei Comum, a que todos os outros estão sujeitos. O privilégio pois é tanto mais apreciável, quanto a lei, de que exime, é mais universal e mais dura. Maria em sua Conceição foi subtraída à lei que sujeitava os homens ao pecado. E houve jamais lei mais dura e mais comum? Imagina, se é possível, o preço, a grandeza, a excelência do privilégio da Imaculada Conceição de Maria. É tal este privilégio, dizem os Doutores e os Santos Padres, que se se houvesse deixado à escolha de Maria, ou o ser Mãe de Deus, ou o ser concebida sem pecado, haveria preferido a Imaculada Conceição a todas as preeminências, e à própria Maternidade divina. Conhecendo a Deus, e amando-O naquele grau, em que O conhecia, nenhuma prerrogativa, nenhuma graça, nenhuma dignidade a haveria indenizado da desgraça do ter estado um só momento na inimizade de Deus. Aprendamos daqui a ideia que devemos formar do pecado. Na verdade, se a Augusta dignidade de Mãe de Deus pedia que fosse isenta de toda a corrupção depois da sua morte, e de toda a mancha de Pecado Venial durante sua vida; quanto mais não pedia esta incompreensível dignidade, que fosse isenta do Pecado Original?

Suposta esta verdade, a Virgem Santíssima foi cumulada dos maiores favores neste primeiro momento, e neste primeiro momento foi cheia de graça: “Vós sozinha possuís, diz São Bernardo, todas as virtudes e méritos de todos os Santos juntos”. Com que devoção, pois, e com que culto não se deve honrar e celebrar o primeiro momento da mais Santa vida?! “Assim como todos os rios, diz São Boaventura, entram no mar, assim todas as torrentes de graças e bênçãos, que saem do Seio de Deus, e se repartem por todos os Santos, se reuniram no Coração de Maria no primeiro momento de sua vida, no qual foi santificada. Quão devido e justo é celebrar este ditoso momento com todas as demonstrações de regozijo e da mais acabada solenidade! Um filho bem criado considera como a mais natural e justa obrigação tomar toda a parte possível nas prosperidades e glórias de sua mãe. A natureza, a razão, o reconhecimento, inspiram estes sentimentos a todos os filhos. Tem-se visto, e veem-se todos os dias soberanos que decretam a suas mães as honras do triunfo, que eles mesmos recusaram para si, desejando que os povos festejem suas mães. Qual não deve ser pois o gozo, a veneração, a alegria de todos os verdadeiros fiéis neste dia? Com que devoção, com que gosto, com que fervor não devemos celebrar a Festa da Imaculada Conceição da Mãe de Deus? De todas as festas, instituídas em sua honra, que outra lhe será mais agradável, e em que outra se comprazerá mais? A nossa tibieza e indiferença nesta ocasião não seria uma prova do nosso pouco reconhecimento, da nossa pouca confiança e do nosso pouco amor? O não ter senão uma devoção medíocre à Imaculada Conceição da Mãe de Deus poderia ser uma prova sensível da nossa veneração e ternura?

Segundo Ponto: Considera que nesta admirável santificação há três prerrogativas singulares, três notas que jamais se encontraram juntas na santificação de outra pura criatura: a santificação da Virgem foi original, inalterável, e sempre em aumento. Os Anjos, Adão e Eva foram criados na graça santificante, mas podiam perdê-la; e de fato, Adão e Eva a perderam como também os Anjos rebeldes. Porém, Maria em sua Conceição Imaculada foi cheia de uma graça, que jamais perdeu, e que era incapaz de perder, não por natureza, mas por privilégio.

Os Apóstolos foram confirmados na graça depois da vinda do Espírito Santo; mas além de terem sido pecadores, não estavam isentos de faltas leves; ao passo que Maria desde o primeiro instante de sua existência, foi imutavelmente unida com Deus, e por um particular favor, isenta toda a sua vida de faltas, ainda mesmo leves. Os Bem-aventurados no Céu estão livres de toda a imperfeição; mas esta santidade não pode crescer, nem ser mais perfeita; porém, a de Maria sempre foi crescendo, multiplicando-se todo o tempo que esteve sobre a terra. Esta primeira graça foi acompanhada dos Dons do Espírito, dos Hábitos infusos, de Virtudes Morais e Intelectuais, dos Dons de Profecia, de Milagres, de Inteligência das Sagradas Escrituras, no mais alto grau de perfeição. As névoas que ofuscam o entendimento das outras crianças, não escureciam as luzes do entendimento de Maria. O seu Coração não se ocupou desde então, senão em amar ardentemente aquele Divino Esposo, de quem havia de vir a ser Mãe; e o tempo que é perdido para o resto dos homens, foi para Ela um tempo de mérito e de bênçãos.

Que graça, que glória a de Maria neste primeiro momento! Não é possível dizer, nem se pode compreender o que valeu este privilégio. Pois, que progressos não faria na santidade uma alma que tinha mais graça que todos os Serafins, e que não sentia nenhuma das imperfeições da natureza corrompida. A que grau de contemplação não deveu elevar-se a que não sentia o peso do seu corpo, e a que tinha um espírito tão ilustrado? Qual não deveu ser o excesso de amor a Deus, pois longe de que lho entibiassem as outras paixões, podia fazer servir todas as suas paixões para mais e mais se inflamar a cada instante? Qual não deve ser, Deus meu, a nossa admiração, a nossa ternura, a nossa veneração para com vossa Mãe neste primeiro instante de sua Conceição! E com que devoção devemos celebrar esta festividade!




Oração

Virgem Santa, Virgem Imaculada, eu creio firmemente que Deus vos possuiu desde o princípio; creio que não só a vossa Conceição, mas toda a vossa vida passou sem mancha, e que amastes a Deus sem interrupção alguma até ao último instante de vossa vida. Fazei, Virgem Santa, que por esta confiança que tenho em vossa bondade, entre na amizade do vosso Filho, para a não perder jamais; e que, honrando toda a minha vida a vossa Imaculada Conceição, o melhor que me seja possível, alcance por vossa intercessão a graça de uma santa morte. Amém.


Todos os que celebram, ó Virgem Santa,
vossa Conceição Imaculada,
experimentem os efeitos de vossa proteção.




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1.  Rev. Pe. Croiset, S.J., “Ano Cristão ou Devocionário Para Todos os Dias do Ano”, Vol. XII, 8 de Dezembro, pp. 110-113; Traduzido do francês, revisto e adaptado às últimas reformas litúrgicas pelo Rev. Pe. Matos Soares, Professor do Seminário do Porto, Porto, 1923.

2.  Provérbios 8, 22-35.

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