Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 18 de junho de 2023

NOSSA SENHORA DO AMOR DIVINO.


História1

Tem-se notícia da devoção à Virgem sob este título já no século XIII, quando na região da planície romana foi construída uma espécie de fortaleza da família Savelli-Orsini, chamada Castel di Leva. Sobre uma torre do castelo havia um quadro da Virgem sentada no trono, tendo ao colo o Menino Jesus. Uma pomba desce sobre a Virgem como símbolo do Espírito Santo, que é mesmo o Divino Amor. O quadro, naquela época, era muito venerado pelos pastores da região.

Na primavera de 1740, um viandante que se dirigia a Roma, chegando perto da torre, foi assaltado por uma matilha e estava para ser devorado; o pobrezinho levantou os olhos, viu a sagrada imagem e pediu ajuda à Mãe de Deus; o milagre se realizou: os cães dispersaram-se de repente, fugindo pelos campos.

Em 1944, Roma corria o perigo de ser destruída pela guerra. No dia 24 de janeiro, o quadro da Virgem do Amor Divino foi transferido para a cidade. Para obter a libertação os romanos, fizeram três promessas à Virgem: mudar a própria vida, erigir um novo Santuário e realizar uma obra de caridade, em sua honra.

Nossa Senhora realizou o milagre e Roma foi salva. O Papa Pio XII, no dia 11 de junho de 1944, foi rezar com os romanos e deu a Nossa Senhora do Divino Amor o título de “Salvadora de Roma”.

Todos os sábados, desde a Páscoa até o fim de outubro, tem lugar uma peregrinação noturna a pé, que parte à meia-noite, saindo de Roma, da Praça de Porta Capena, chegando ao Santuário às 5 horas de Domingo. Uma romaria noturna acontece no dia 7 de dezembro, véspera da Imaculada Conceição. Os romeiros noturnos percorrem a famosa Via Ápia Antiga até à igreja do Quo Vadis, depois tomam a famosa Via Ardeatina, passam por cima das catacumbas de S. Calisto, e à frente do Mausoléu das Forças Ardeatinas. Eles levam aos pés da Virgem as intenções da Igreja de Roma, as intenções dos cidadãos de Roma e também apresentam suas próprias necessidades”.2

Existe em Roma o famoso Santuário de Nossa Senhora do Amor Divino, localizado na via Ardeatina, km 12, chamado Santuário Del Divino Amore, um belíssimo templo arquitetônico realizado pelo Frei Constantino Ruggeri. Os vitrais contribuem para criar uma “teofania cósmica”, isto é, uma manifestação do Divino através da luz que chega do alto até cair sobre o altar. Tem por telhado, um tapete de gramado verde, paredes imensas com vidraças de cristal coloridas que dão uma luz mística a todo o espaço.

A data comemorativa de sua festa é dia 24 de setembro.

Já no Brasil, na localidade de Correias, próxima à cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, encontra-se uma capela histórica dedicada à Senhora do Amor Divino, talvez a primeira do Brasil sob este título.

Este culto, de origem portuguesa, teria sido praticado anteriormente na fazenda “Rio da Cidade”, em oratório particular, onde foi construído um templo consagrado em meados do século XVIII.

A matriz de Correias é sede da única paróquia brasileira dedicada a este título mariano. Nossa Senhora do Amor Divino é também a patrona do Seminário Diocesano de Petrópolis – RJ.

Devoção a Nossa Senhora do Amor Divino agora é Universal

A devoção a Nossa Senhora do Amor Divino, Padroeira de Petrópolis/RJ, passa a ser para toda a Igreja. Após a coroação pontifícia, a imagem visitou algumas comunidades paroquiais. Um momento solene do jubileu de diamante da Sé Diocesana.3



Oração a Nossa Senhora do Amor Divino


Ó Maria, Senhora do Amor Divino, volvei para nós vosso olhar compassivo!

Mãe de Misericórdia, convertei-nos de nossos pecados; Mãe da Divina Graça, obtende-nos de Jesus, vosso Filho, todas as graças que sabeis nos serem necessárias.

Protegei a Santa Igreja; dai-lhe uma liberdade segura e completa, que a faça triunfar de seus inimigos.

Estabelecei entre os povos e as nações, na sociedade e nos indivíduos, o domínio da verdadeira paz e da caridade cristã.

Fortalecei nas famílias o espírito de sacrifício e o vínculo sagrado do amor.

Afastai de nós as heresias, os erros contra a Fé, a dissolução dos costumes e a perversão dos vícios.

Suscitai em nossa Paróquia e em nossa Diocese, numerosas e santas vocações Sacerdotais e religiosas.

Defendei a inocência das crianças, convertei os pecadores, assisti os enfermos, valei aos desamparados, socorrei os necessitados, e, pelo Amor Divino de que Sois a Soberana Rainha, levai todos os corações ao Coração de vosso Divino Filho. Amém.


quinta-feira, 8 de junho de 2023

LADAINHA DA SANTÍSSIMA EUCARISTIA.

 


Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.


Santa Trindade, Deus uno, tende piedade de nós.


Pão Vivo descido dos Céus, tende piedade de nós.

Pão, Verbo todo poderoso, feito Carne, tende piedade de nós.

Verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo, tende piedade de nós.

Verdadeiro Corpo nascido da Virgem Maria, tende piedade de nós.

Verdadeiro Corpo pregado na Cruz, tende piedade de nós.

Verdadeiro Sangue derramado na Paixão, tende piedade de nós.

Sacramento digno de toda veneração, tende piedade de nós.

Sacrifício perene e venerável, tende piedade de nós.

Cordeiro sem mancha, tende piedade de nós.

Hóstia Santa, tende piedade de nós.

Honra do Pai Eterno, tende piedade de nós.

Glória da Virgem Mãe, tende piedade de nós.

Testamento do nosso Pai, tende piedade de nós.

Penhor inefável do amor de Cristo, tende piedade de nós.

Memorial da Paixão do Senhor, tende piedade de nós.

Lembrança das maravilhas da Divindade, tende piedade de nós.

Deus escondido e Salvador, tende piedade de nós.

Verbo feito Carne, a habitar entre nós, tende piedade de nós.

Mesa de Deus, onde os Anjos estão servindo, tende piedade de nós.

Pão nosso de cada dia, tende piedade de nós.

Pão dos Anjos, tornado alimento dos caminheiros, tende piedade de nós.

Pão dos filhos, não dos cachorrinhos, tende piedade de nós.

Alimento e deleite dos reis, tende piedade de nós.

Pão verdadeiro que nos conforta, tende piedade de nós.

Bebida verdadeira que nos alegra, tende piedade de nós.

Cálice nobre e inebriante, tende piedade de nós.

Trigo dos eleitos, tende piedade de nós.

Maná escondido, tende piedade de nós.

Dom de Deus inefável, tende piedade de nós.

Pastor e Pastagem, tende piedade de nós.

Mesa e Comensal, tende piedade de nós.

Sacerdote e Hóstia, tende piedade de nós.

Templo e Altar, tende piedade de nós.

Morte dos maus e vida dos bons, tende piedade de nós.

Sacramento Supremo, tende piedade de nós.

Amor acima de todo amor, tende piedade de nós.

Mistério da Fé, tende piedade de nós.

Fulcro da Esperança, tende piedade de nós.

Vínculo da Caridade, tende piedade de nós.

Modelo da Humildade, tende piedade de nós.

Espelho da Obediência, tende piedade de nós.

Exemplo de Paciência, tende piedade de nós.

Coração amoroso da Igreja Santa, tende piedade de nós.

Glória dos Cristãos, tende piedade de nós.

Tesouro dos Sacerdotes, tende piedade de nós.

Deus do nosso coração, tende piedade de nós.

Herança nossa para sempre, tende piedade de nós.

Alegria da nossa vida, tende piedade de nós.

Refúgio e Oráculo nosso, tende piedade de nós.

Paraíso de felicidade, tende piedade de nós.

Penhor da glória futura, tende piedade de nós.

Viático para aqueles que morrem no Senhor, tende piedade de nós.

Sacrifício oferecido pelos vivos e falecidos, tende piedade de nós.


Sede favorável, perdoai-nos Jesus.

Sede favorável, escutai-nos Jesus.


De recebermos indignamente o teu Corpo e Sangue, livrai-nos Jesus.

Da corrupção da carne marcada pelo pecado, livrai-nos Jesus.

Do orgulho da vida, livrai-nos Jesus.

Da ira, do ódio, da inveja, livrai-nos Jesus.

De toda má palavra, livrai-nos Jesus.

De todo pecado, livrai-nos Jesus.

Por aquele teu desejo de comer a Páscoa com teus discípulos, livrai-nos Jesus.

Pela humildade extrema com que lavaste os pés dos Discípulos, livrai-nos Jesus.

Pela caridade ardente com que instituíste esse Divino Sacramento, livrai-nos Jesus.

Por teu Corpo e Sangue tão preciosos, livrai-nos Jesus.

Pelas cinco Chagas de teu Corpo Santíssimo, livrai-nos Jesus.

Pelo Coração amoroso de tua Mãe Santíssima, livrai-nos Jesus. (2x)


Pecadores que somos, te rogamos, escutai-nos.

Para que nos aumentes e nos conserve a fé, o respeito e o amor àquele admirável Sacramento, te rogamos, escutai-nos.

Para que nos dispunha, por uma verdadeira penitência, a vivê-lo com abundância, te rogamos, escutai-nos.

Para que nos concedas os frutos preciosos daquele Santíssimo Sacramento, te rogamos, escutai-nos.

Para que nos dê a graça de viver santamente na tua casa, te rogamos, escutai-nos.

Para que santifique todos os Presbíteros da tua Igreja, te rogamos, escutai-nos.

Para que, na hora de morrermos, nos confortes e fortaleças por aquele Santo Viático, te rogamos, escutai-nos.

Filho de Deus, te rogamos, escutai-nos.


Jesus, escutai-nos.

Jesus, atendei-nos.


ORAÇÃO: Ó Deus que nesse Sacramento admirável nos deixaste o memorial da vossa Paixão, Vos pedimos, nos concedais venerar de tal modo os Sagrados Mistérios do vosso Corpo e Sangue, que experimentemos constantemente os frutos da vossa Redenção. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.



São João Eudes


17 junho 2019

comshalom


https://comshalom.org/ladainha-da-eucaristia/


LADAINHA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO.


Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.


Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.


Deus Pai do Céu, tende piedade de nós.

Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.

Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.


Jesus, Deus e Homem verdadeiro, presente no Santíssimo Sacramento do Altar, tende piedade de nós.

Pão Vivo, que descestes do Céu, tende piedade de nós.

Deus escondido e Salvador, tende piedade de nós.

Sacrifício perene do Novo Testamento, tende piedade de nós.

Sacrifício de todos o mais digno, tende piedade de nós.

Verdadeiro Propiciatório por vivos e defuntos, tende piedade de nós.

Cordeiro Imaculado de Deus, tende piedade de nós.

Resumo das Maravilhas de Deus, tende piedade de nós.

Comemoração da Sagrada Paixão de Nosso Senhor e Salva­dor, tende piedade de nós.

Hóstia Santa, tende piedade de nós.

Cálice de benção, tende piedade de nós.

Mistério da Fé, tende piedade de nós.

Pão dos Anjos, tende piedade de nós.

Vínculo de paz e caridade, tende piedade de nós.

Celeste Antídoto, que nos preserva dos pecados, tende piedade de nós.

Fonte de todas as graças, tende piedade de nós.

Consolo dos aflitos, tende piedade de nós.

Remédio dos enfermos, tende piedade de nós.

Viático dos que morrem no Senhor, tende piedade de nós.

Penhor seguro da glória futura, tende piedade de nós.


Sede-nos propício, perdoai-nos, Senhor.

Sede-nos propício, atendei-nos, Senhor.


Da recepção indigna do vosso Corpo e Sangue, livrai-nos, Senhor.

Da Comunhão tíbia, livrai-nos, Senhor.

Da concupiscência da carne, livrai-nos, Senhor.

Da concupiscência dos olhos, livrai-nos, Senhor.

Da soberba da vida, livrai-nos, Senhor.

De toda ocasião de pecar, livrai-nos, Senhor.

Da morte eterna, livrai-nos, Senhor.

Por Vossa Santa Encarnação, livrai-nos, Senhor.

Por Vossa Sagrada Paixão e Morte, livrai-nos, Senhor.

Pelo ardente desejo com que desejastes comer a Páscoa com vossos Apóstolos, livrai-nos, Senhor.

Pela humildade, com que lavastes os pés dos vossos Apósto­los, livrai-nos, Senhor.

Pelo ardentíssimo amor com que instituístes este Divino Sa­cramento, livrai-nos, Senhor.

Pelo Sangue Precioso, que no Sacramento do Altar nos deixastes, livrai-nos, Senhor.

Pelas Cinco Sacratíssimas Chagas, que no vosso Corpo recebestes por nosso amor, livrai-nos, Senhor.


Ainda que pecadores, ouvi-nos, Senhor.

Dignai-vos de aumentar e conservar em nós a Fé, Reverência e Devoção a este admirável Sacramento, ouvi-nos, Senhor.

Dignai-vos de nos dispor para um santo e frequente uso da Sagrada Escritura pela sincera Confissão dos nossos peca­dos, ouvi-nos, Senhor.

Dignai-vos de nos fazer colher os celestiais e preciosos frutos deste Santíssimo Sacramento, ouvi-nos, Senhor.

Dignai-vos de nos salvar de toda heresia, perfídia e cegueira espiritual, ouvi-nos, Senhor.

Que Vos digneis de confortar-nos e fortalecer-nos na hora da morte com este celestial Viático, ouvi-nos, Senhor.

Filho Eterno, verdadeiro Deus, ouvi-nos, Senhor.


Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Senhor.


D. Vós lhes destes um Pão vindo do Céu.

T. Pão, que encerra todas as delícias.


D. Oremos: Ó Deus, que neste admirável, Sacramento nos conservastes a memória de vossa Paixão, dai-nos a graça de reverenciar de tal modo o Mistério Sagrado de vosso Corpo e Sangue, que experimentemos perenemente em nós os frutos da Redenção; Vós que viveis e reinais por todos os séculos.

T. Amém.


A obra do Divino Espírito Santo - Ladainha do Santíssimo Sacramento. (oespiritosanto.com)


domingo, 4 de junho de 2023

SÃO JOSÉ EM NAZARÉ.


Após a memorável Páscoa, a vida de São José em Nazaré* foi somente paz e felicidade contínua.

* A Santa Casa não era um suntuoso palácio, mas uma pobre casinha que ainda hoje se pode ver. No século IV, Santa Helena, mãe do grande Constantino, ordenou que fosse encerrada em um belo templo, com a seguinte inscrição: “Este é o Santuário onde se lançou o primeiro fundamento da salvação dos homens”.

Escreveu São Vilibrodo que, no século VIII, os cristãos tiveram de resgatá-lo por elevado preço, porque os infiéis queriam destruí-lo. Em 1291, Kalil (sultão do Egito), tendo-se apoderado de toda a Galileia com a matança de 25 mil cristãos, foi destruída a bela Igreja de Santa Helena que encerrava a Santa Casa, e estava esta para sofrer a mesma sorte, quando Deus ordenou aos Anjos que a transportassem para a Dalmácia, tendo saído muito cedo para os trabalhos do campo, viram estupefactos, à beira-mar, em um lugar chamado Rannizza, uma casa solitária de formato oriental e colocada sem alicerces no chão, em um local onde nunca se tinha visto nem casas nem cabanas. Fora de si com a maravilha, correram a anunciar o que tinham visto. Em breve se difundiu a fama do prodígio; o povo acorreu para examinar e admirar o misterioso edifício, construído de pedras vermelhas quadradas e unidas com cimento. Todos ficaram admirados com a singular estrutura, com a antiguidade, e especialmente não sabiam explicar como se mantinha ereta sem alicerce algum.

Mas a surpresa aumentou ao entrarem pela única porta, aberta a um lado. À direita da porta, abria-se uma única e estreita janela. Interiormente, as paredes achavam-se cobertas de pinturas representando os Mistérios de Nazaré. De um lado, um altar de pedra, encimado por uma Cruz grega. À direita do altar, uma imagem da Santíssima Virgem com o Menino Jesus no braço; à esquerda, perto do altar, um pequeno armário escavado na parede, contendo alguns vasos.

O Bispo do lugar e o governador da Dalmácia, Nicolau Frangipane, avisados do acontecido, e desejando certificar-se da verdade do misterioso depósito, enviaram a Nazaré algumas pessoas. Verificaram estas, que a Casa de São José fora arrancada dos fundamentos (ainda subsistentes); que não havia diferença alguma na natureza das pedras daqueles alicerces, comparada à das pedras da Casa achada na Dalmácia, nem tão pouco nas dimensões do edifício. Deram pois uma relação autêntica, confirmada com juramento; e logo os fiéis acorreram em multidão à Santa Casa. Os milagres operados aumentaram cada vez mais o concurso e devoção dos fiéis.

Três anos e meio após a sua chegada; isto é, a 10 de Dezembro de 1294, a Santa Casa desapareceu aos olhares dos desolados dalmacianos, transportada pelas mãos invisíveis dos Anjos para a Itália, a uma floresta de Renacanati. Mas, como muitos ladrões contaminavam o sagrado bosque com furtos e homicídios, a Santa Casa, oito meses depois, abandonou a floresta profanada, e foi colocada no meio de uma colina (agora chamada Batuorola), pertencente a dois irmãos. Sendo estes os depositários e recebendo grandes dons e numerosas ofertas, cederam à avareza e se deixaram perverter. Então, a Santa Casa se retirou, quatro meses depois de sua chegada, da colina, e, por um terceiro milagre, foi levada pelos Anjos para o meio de uma estrada pública, que vai de Recanati até a beira-mar, onde se encontra ainda hoje, encerrada no recinto da Catedral.

Dizem que nesse lugar existiu em outras épocas um Templo dedicado a alguma falsa divindade, circundado por uma floresta de louros, razão pela qual recebeu o nome de Loreto (laureto), como ainda se chama em nossos dias.

A atual Igreja de Nazaré está encerrada no convento dos franciscanos. À esquerda, por uma escada de mármore de 17 degraus, desce-se a uma capela subterrânea, onde se erguia a Casa da Bem-aventurada Virgem Maria. Ao fundo, há um altar erigido no lugar onde se operou o Mistério da Encarnação; e, sob o altar, no branco mármore do pavimento, leem-se as palavras: VERBUM CARO HIC FACTUM EST. A oficina de São José foi convertida em Capela. Os cristãos de Nazaré, ao acender de tarde as luzes, têm por hábito dizer: Louvado seja o nome de Jesus; e os outros respondem: Sempre e pelos séculos eternos.



Enquanto Maria cuidava da casa, fiava, cosia, pensava nas despesas ordinárias, ia buscar água, preparava as refeições, São José trabalhava em sua oficina.

O doce far niente1 e o passar o tempo comodamente estirados, como costumam os orientais, eram desconhecidos naquela casa, onde cada um costumava tomar o repouso diário, somente depois de ganho.

Quando a idade e as forças permitiram a Jesus ajudar o Pai nos trabalhos, começou este a ensinar-Lhe a arte que, segundo os desígnios de Deus, devia exercer como ação redentora.

Disse um ilustre orador: “Observai São José. Ergue-se do leito ao alvorecer do dia, oferece a Deus o tributo do reconhecimento e da oração, entrega à dileta Esposa e ao Divino Menino todos os encargos do dia, depois vai solícito à sua oficina para retomar cada dia aquele trabalho que lhe é tão caro por amor de Jesus e de Maria. Vede o bom Patriarca, firme na fadiga de seu pesado ofício; interrompe-o apenas para tomar a sua escassa refeição e continua enquanto lhe é suficiente a luz do dia. Abençoados suores, santíssimas fadigas, não pelo desejo de acumular dinheiro, mas para alimentar Jesus e Maria!”

A presença de Jesus na pobre oficina suavizava o peso da fadiga do Santo e inundava-lhe o espírito de celestial consolação. Ao ver-se diante do Supremo Artífice do Universo sob a forma de um rapazinho, sentia-se cheio de reverência e de ternura. Com que devoção trabalhava junto ao seu Divino Discípulo, preparava-Lhe o trabalho, instruía-O e observava com prazer os primeiros trabalhos!

Como seu Coração se terá fundido em ternura e alegria, ao tomar entre as mãos a pequenina destra do Divino Menino, para dirigi-Lo na prática e auxiliá-Lo nas dificuldades! Admirava a diligente perseverança de seu Celeste Discípulo, cujas mãos se enrijeciam na constante fadiga.

No sábado, após as funções da Sinagoga, quantas vezes terá conduzido pela mão o Filho de seu Coração às alturas do monte, donde Lhe terá mostrado a magnífica perspectiva do Hermon com Cesareia de Felipe a seus pés, os contornos do Lago de Genezaré, Cafarnaum, Betsaida; depois a fértil planície de Esdrelon com Naim, o Carmelo e as águas azuis do Mediterrâneo a confinar com o Céu! Aqueles nomes despertavam, na mente do jovenzinho silencioso, tantos pensamentos; já suspirava pelo tempo de operar maravilhas e prodígios pelas almas que O esperavam, para serem salvas. Mas tudo isso, eram ainda um Mistério para São José.

Diz São Lucas em seu Evangelho, que Jesus, na juventude, foi sempre submisso aos pais. Era Deus, a Sabedoria e a Santidade em Pessoa; todavia, na humanidade, crescia de menino a jovem, de jovem a homem. Ora, que benigna autoridade e que bondade de Coração terá exercido São José na família de quem era Chefe? Sabia estar-lhe submisso o Filho de Deus e a Mãe Santíssima, por isso, mais fazia por Si, mais servia que ordenava, e, por sua prudência e caridade, em sua pequena família, tudo era paz, alegria, união e amor.

Um celestial perfume de pureza alegrava aquelas sagradas paredes, entre as quais habitavam juntos o Cordeiro Imaculado, a Rainha das Virgens e o Seu Esposo, puro e santo como os Anjos do Céu. Maria Santíssima depende humildemente do Esposo confiado pelo Céu para seu guia e custódio; Jesus está submisso, qual obedientíssimo filho, a São José e a Maria; e José não tem outra vontade senão a de Deus.

Pouco a pouco o Menino se desenvolvia, aparecia na perfeita juventude e finalmente homem, em todo o vigor da idade viril. E São José sempre a contemplar a beleza do Deus humanado. Podia considerá-Lo nas suas mais diversas ações: no sono, no brilho da alegria, do amor e da contemplação. Quantos Mistérios terá lido naquelas pupilas! O centro de sua existência era Jesus, o seu Salvador, o Filho, o seu Bem, o seu Deus, e conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo era o objeto de seu espírito, o seu trabalho, o seu desejo, todo o seu ser.

A incompreensível humilhação do Verbo Divino conservava José na mais profunda humildade e reverência. Quando, em vista da missão assumida, ordenava a Jesus, interiormente O adorava com respeito profundo. Vendo-se honrado pela obediência de seu Senhor, considerava cada vez mais o próprio nada, cumprindo assim as palavras do Espírito Santo: “Quanto maior fores, mais te humilhes em todas as coisas”.

A respeito da humildade do Santo Patriarca, diz Bossuet: “Quando Jesus aparecer como Juiz, veremos então, à luz da glória, o que agora não sabemos explicar na vida oculta de São José. Saberemos o que fez e mereceu com a sua humildade nos anos vividos com Jesus, na mais profunda obscuridade e abjeção. Tendo-se feito oculto e pequeno, então Jesus o fará grande e o exaltará na medida da humildade de seu Coração”.

A Casa de Nazaré foi casa de pobres; todavia, quem não inveja a paz e tranquilidade das Três Pessoas que a habitaram? São José, Chefe daquela Sagrada Família, não teria certamente trocado a pequenina casa pelo trono do mais poderoso rei da terra, e, voltando os olhos para Jesus e para a sua puríssima Esposa, teria dito: São estes os meus tesouros. Tenha o mundo tudo quanto estima, ama e julga necessário para tornar feliz e contente o homem: eu, acho-me contente e pago com Jesus e Maria. Sendo pobre, com Eles sinto-me rico e tranquilo.

São José possuía um Coração tão bem disposto para receber a verdade, que a Verdade, habitando com ele, deu-lhe certamente as mais belas, as mais santas e as mais sublimes lições. Por isso, afirmam diversos autores célebres, que Jesus revelou ao seu Pai adotivo, ao fim de sua vida, o grande Mistério da Santíssima Trindade, e lhe deu a conhecer, quanto pode ser concedido a um homem, o Pai Celeste, a Quem afetuosamente adoravam, oravam e obedeciam. Nos amplexos de amor santíssimo que Jesus tantas vezes trocou com São José, ter-lhe-á concedido em abundância, todos os dons e consolações que costuma derramar nas almas humildes e castas.

A São José foi dada a ciência de Deus; e isso nos faz compreender que a verdadeira ciência é conhecer a Deus e amá-Lo; ensina-nos que o caminho para alcançar esse conhecimento e amor é Jesus; Jesus ouvido com docilidade; Jesus meditado assídua e profundamente; Jesus estudado em Seus admiráveis exemplos; Jesus amado e servido com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças. Foi este o grande segredo da santidade e da felicidade de São José na vida de Nazaré.


__________________________

Fonte: Rev. Pe. Tarcísio M. Ravina, da Pia Sociedade de São Paulo, São José – na Vida de Jesus Cristo, na Vida da Igreja, no Antigo Testamento, no Ensino dos Papas, na Devoção dos Fiéis e nas Manifestações Milagrosas; 1ª Parte, pp. 90-95. Edições Paulinas, Recife, 1954.

1.  Fazer nada; ócio.


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