FESTA DE SÃO MIGUEL ARCANJO1
Celebra hoje a Santa Igreja uma festa particular não só em reverência do Arcanjo São Miguel, mas em honra de todos os Santos Anjos, dirigindo-se a Missa e Ofício a honrar com especial solenidade todos aqueles Bem-aventurados Espíritos, que tanto se interessam em nossa salvação.
A sua santidade e excelência, os bons ofícios que desempenham para com todos os homens, com todo o universo, e muito especialmente com a Santa Igreja, reclamavam de justiça este respeitoso preito. E embora esta festa só se institui de São Miguel, a razão disso é porque este Bem-aventurado Espírito foi sempre reconhecido general de toda a milícia celeste e particular Protetor da Igreja de Jesus Cristo, assim como o havia sido da Sinagoga.
Ensina-nos a Igreja, que deu o Onipotente princípio à criação pelas celestes inteligências, como para se formar a Si mesmo uma numerosa corte e ter Ministros prontos para a execução das Suas ordens: “Cremos, diz o Quarto Concílio de Latrão, firmemente, que não há mais que um só Deus verdadeiro; o qual no começo do tempo tirou juntas do nada uma e outra criatura, a espiritual e a corpórea, a angélica e a mundana; e que depois formou como entre as duas a natureza humana, composta de corpo e alma”. Quer dizer que os Anjos são substâncias criadas, inteligentes e puramente espirituais, não destinadas a reunirem-se a corpos, dos quais gozam uma total independência. São dotados de dons mais ou menos perfeitos, segundo suas diferentes graças de perfeição e de excelência. Tendo Deus determinado desde toda a eternidade não dar o Céu, nem aos Anjos nem aos homens senão a título de coroa e de recompensa, criou os Espíritos Celestiais com pleno conhecimento do Bem e do Mal e com uma perfeita liberdade. Um avultado número deles, vendo-se tão perfeitos, desvanecidos com sua própria excelência, em lugar de referir a seu Criador todo o bem e excelência que gozavam, comprazeram-se em si mesmos, e cheios de orgulho negaram a Deus obediência, pelo que foram precipitados nos Abismos, para serem eternamente desgraçados. Mas os outros Santos Anjos perseveraram no Bem, sempre fiéis a seu Criador, humildes e obedientes às Suas ordens, pelo que foram confirmados na Graça. Domiciliados eternamente na Celeste Jerusalém, estão sempre diante do mesmo Deus, veem-No, adoram-No, bendizem-No e não cessam de O amar com o amor perfeito e adente. São os Ministros de Deus, sempre prontos a obedecer-Lhe; deles se serve Deus para executar as Suas ordens a respeito de todas as criaturas, mas sobretudo dos homens.
Os Anjos são os que apresentam ao Senhor as nossas orações; deles se serve o Senhor, já para comunicar aos homens a Sua vontade, já para realizar em Seu favor, grandes maravilhas em ocasiões extraordinárias. Destinou-os Deus, para protetores de toda a Igreja e de cada fiel em particular. “O Anjo do Senhor, diz o Profeta, rodeará sempre os justos e os porá a coberto de todo o perigo”.2
Em todas as partes do Velho e Novo Testamento se fala destes Espíritos Bem-aventurados, de suas funções e Ministérios. Três Anjos em figura humana apareceram a Abraão, e lhe anunciaram o nascimento de um filho.3 O Anjo Gabriel instruiu a Daniel acerca do que devia suceder, e lhe anunciou o tempo em que o Messias devia nascer.4 O mesmo Anjo predisse a Zacarias o nascimento de João Batista, e à Santíssima Virgem a Encarnação em suas entranhas, saudando-A, cheia de graça e Mãe do Redentor. Os Anjos anunciaram aos pastores o Nascimento do Salvador do mundo. Serviram a Cristo no deserto, e O confortaram no Jardim das Oliveiras; anunciaram a sua Ressurreição, e depois da sua Ascensão aos Céus, prognosticaram a Sua segunda vinda na qualidade de Juiz.
Sabemos, diz São Jerônimo, que os Anjos estão distribuídos em três hierarquias, e cada hierarquia em três coros ou ordens. A primeira hierarquia é a dos Serafins, Querubins e Tronos; a segunda das Dominações, Virtudes e Potestades; a terceira dos Principados, Arcanjos e Anjos. Os Serafins são aqueles que estão mais inflamados que os outros no fogo do Divino Amor. Os Querubins os mais iluminados que os outros, a quem comunicam o que entendem e sabem. A Escritura diz-nos que depois que Deus expulsou a Adão e Eva do Paraíso terreal, pusera à entrada um querubim com uma espada de fogo, para que ninguém tocasse na Árvore da Vida. Os Tronos são como uns espíritos que servem de trono à Majestade de Deus. As Virtudes são aquelas que sobrelevam em forças para obrarem efeitos prodigiosos. As Potestades são espíritos que refreiam o poder e a malícia dos Demônios; presidem às causas inferiores e segundas, impedindo que as qualidades contrárias arruínem a economia do universo.
Dá-se-lhes este nome, diz São Gregório, porque são eles os que nos mostram o poder de Deus. As Dominações são aqueles espíritos que têm poder sobre os homens, e dominam sobre os Anjos inferiores. Os Principados são os que têm particular poder para guardar e defender os reinos. Ainda que o nome de Anjo é comum a todos aqueles Espíritos Celestiais, atribui-se não obstante de um modo particular aos que compõem o oitavo e nono coro de toda a hierarquia.
A palavra – Anjo – significa o mesmo que enviado; mas entre os Anjos e os Arcanjos há a diferença, que os Anjos são aqueles espíritos que Deus envia para as coisas ordinárias, e os Arcanjos, como de ordem superior aos Anjos, são enviados para os negócios de maior monta. A esta classe pertencem os Anjos Gabriel, Rafael e Miguel. “Todas as coisas, diz o Apóstolo São Paulo, foram feitas em Jesus Cristo, as do Céu e as da terra; as visíveis e as invisíveis; os Tronos, as Dominações e os Principados, todos foram criados n’Ele e por Ele”.5 É raro o Profeta que não fala dos Querubins e dos Serafins, diz São Gregório. “Tu, que estás sentado, diz Davi, e és conduzido nas asas dos Querubins”.6 “Os Serafins estavam ao redor do trono, diz Isaías, e clamavam um ao outro, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos”.7 Em quase todas as páginas se fala dos Anjos e dos Arcanjos, diz São Gregório; e se a estes oito coros de Anjos se acrescenta o dos Tronos, dos quais fala São Paulo, quando escreveu aos de Éfeso, acharás que são nove os coros dos Anjos. Procul dubio novem esse angelorum ordines inveniuntur.
Não havia pois coisa mais conveniente do que decretar uma festa particular em honra daqueles Espíritos Celestiais, que desde o primeiro instante depois de sua criação foram favorecidos do Altíssimo, compõem a Sua corte no Céu, e não cessam de prestar aos homens os mais relevantes serviços; sempre zelosos da nossa salvação, sempre atentos a tudo o que nos pode conduzir à felicidade. A Igreja instituiu uma festa particular em reverência dos Santos Anjos da Guarda no dia 2 de Outubro, parecia justo que instituísse outra em honra dos demais Anjos, e esta é a que celebra no dia 29 de Setembro.
São poucos os Santos, cujo culto, ao que parece, seja mais antigo que o dos Anjos, singularmente o de São Miguel. Chegou este culto a ser excessivo e a degenerar em uma espécie de idolatria nos princípios da Igreja.
O heresiarca Cerinto, e Simão Mago, segundo o testemunho de Tertuliano, de Santo Epifânio e de Teodoreto, diziam que o culto e veneração dos Anjos era um grau absolutamente necessário para nos elevarmos a Deus, sem cuja graduação seria o Senhor insensível a nossos rogos; sendo por outra parte como justo reconhecimento devida à Lei que os se comunicou ao povo de Israel por Ministério de um Anjo, ao qual nos queria sujeitar aquele heresiarca. Não se podia inventar blasfêmia mais injuriosa a Jesus Cristo, nosso único e verdadeiro Mediador junto do Pai, e único Libertador que nos eximiu da Lei Antiga.
Contra esta perniciosa doutrina escreveu São Paulo aos Colossenses, prevenindo-os de que se não deixassem enganar com aparências de uma virtude postiça, sujeitando-se a um culto supersticioso dos Anjos, e deixando-se do de Jesus cristo, Cabeça única e Mediador dos Anjos e dos homens junto de Deus, seu Eterno Pai: Nemo vos seducat, volens in humanitate et relegione angelorum etc.
Os sequazes de Cerinto, que segundo Teodoreto, estavam espalhados pelas províncias da Frígia e da Pisídia, tinham levantado nelas templos a São Miguel, nos quais lhe tributavam um culto que chegava a idolatria. Exterminados estes hereges, os católicos que desde os tempos de Constantino Magno arruinavam os templos dos falsos deuses, conservaram os que estavam dedicados ao Arcanjo São Miguel, por ser muito religioso o culto dos Anjos, contentando-se com expurgá-los das errôneas superstições.
Não temos na Igreja mais que três Anjos conhecidos por nomes particulares: São Miguel, São Gabriel e São Rafael, para nos mostrar, diz São Gregório, por estes três nomes particulares a especial virtude e caráter de cada um. Miguel, diz o mesmo Santo, significa: quem como Deus? Quis sicut Deus? Gabriel significa: fortaleza de Deus: Gabriel autem fortitude Dei; e Rafael significa: medicina de Deus: Rafael veró dicitur medicina dei. Entre todos os Espíritos angélicos sempre foi reconhecido São Miguel como o Chefe de toda a milícia celeste, a quem devem venerar mais religiosamente os fiéis, professando-lhe mais particular devoção por muitas razões.
No capítulo décimo do Profeta Davi chama-se a Miguel o primeiro entre todos os chefes principais: “Nenhum me assiste em todas estas coisas senão Miguel que é vosso príncipe”, dizia o Anjo que falava com o Profeta; e o mesmo Anjo, referindo-se ao que havia de suceder no fim do mundo: “Então se verá, lhe disse, ao grande príncipe Miguel tomar a defesa dos filhos de teu povo”.
Mas muito antes do Profeta Davi era já São Miguel conhecido dos homens, por motivo da vitória que conseguiu do Demônio. Morto Moisés, aquele insigne obrador de tantas maravilhas, conheceu muito bem o Demônio, que o povo de Israel, tão propenso naturalmente à idolatria, lembrando-se de tantos prodígios como lhes vira operar, não deixaria de tributar cultos divinos a seu corpo, forjando com ele um ídolo; e com este depravado intento pretendia mover os israelitas a que lhe erigissem um magnífico mausoléu. Mas impediu-lho São Miguel, protetor do mesmo povo; dispôs as coisas de maneira que nunca chegaram os israelitas a descobrir o corpo de Moisés.
No Apocalipse de São João faz-se menção de outro combate entre São Miguel e os anjos rebeldes: deu-se, diz, no Céu uma grande batalha. Miguel e seus Anjos combatiam contra o Dragão, isto é, contra Lúcifer; o Dragão, e os seus pelejavam contra ele; mas ficaram vencidos e desde então não mais tornaram a aparecer no Céu.
Este grande Dragão, esta antiga Serpente, que se chama Satnás, que engana a todo o mundo, foi precipitado nos Infernos com seus anjos. Muitos creem que também foi São Miguel aquele Anjo que apareceu a Josué depois da passagem do Jordão, representando-se-lhe em figura de um herói armado e oferecendo-se-lhe para o ajudar na conquista dos povos cananeus. “És dos nossos ou dos inimigos?” lhe perguntou Josué. “Não, lhe respondeu o Anjo, eu sou o Príncipe dos Exércitos do Senhor”. Também querem alguns que fosse São Miguel aquele Anjo que apareceu a Gedeão para o mover a que libertasse o povo de Israel da servidão dos madianitas. O que não admite dúvida, é que São Miguel tem sido sempre venerado como especial protetor da Santa Igreja atendendo a que, depois da Ascensão de Cristo aos Céus, não temos aparição alguma autêntica de São Rafael, mas temos muitas e em muitos lugares do glorioso São Miguel, que se tem revelado aos fiéis em prova da sua particular proteção à Igreja.
Deprânio Floro, poeta cristão, fala de uma aparição de São Miguel em Roma. A do Monte Gargano, província da Apúlia, no tempo do Papa Gelásio I, pelo ano de 493, é a mais célebre. A Igreja quis consagrar a sua memória por uma festa particular no dia 8 de Maio. Bonifácio III erigiu em Roma uma igreja em honra de São Miguel sobre a eminência do molhe ou túmulo de Adriano, que por isto se chama Monte e hoje, Castelo do Santo Anjo. Também é São Miguel protetor da França em particular. Há naquele reino um famoso Mosteiro chamado Monte São Miguel, ereto no meio do Mar sobre uma ilhota, em consequência de outra aparição que São Miguel fez a Alberto, Bispo de Abranches, no ano de 709. Para reconhecer e merecer mais e mais esta antiga proteção, no ano de 1496 instituiu Luís XII em Amboise, a Ordem militar de São Miguel, da qual era grão-mestre o próprio rei; ordenou que os cavaleiros trouxessem sempre pendente do pescoço um colar de ouro composto de conchinhas enlaçadas umas com as outras, e dele suspensa uma medalha do Arcanjo, antigo protetor do reino da França.
Mas o que mais deve avivar e acender a devoção dos fiéis para o Arcanjo São Miguel, é o estar ele destinado a conduzir as almas e apresentá-las diante do Tribunal formidável de Deus, para serem julgadas ao saírem desta vida.
Nada nos interessa tanto, como ter por especial protetor junto do Soberano Juiz, aquele que se pode chamar o seu Primeiro Ministro; aquele que tem a seu cargo apresentar-nos ao Senhor naquele momento divino da nossa eterna sorte. Este é, diz a Igreja no Ofício do dia, este é o Arcanjo São Miguel: Princeps militiae angelorum, príncipe da angélica milícia. As honras que se lhe tributam alcançam mil bênçãos aos povos, e a sua intercessão conduz-nos ao reino dos Céus: Cujus honor praestat beneficia populorum, et oratio perducit ad regna coelorum.
Naquele tempo de prova e calamidade, disse o Anjo a Daniel, o que havia de acontecer nos séculos futuros. Miguel protetor do teu povo e de todos os fiéis se deixará ver para os defender contra os inimigos da salvação: In illo tempore consurget Michael, qui stat pro filiis vestris. Veio o Arcanjo Miguel, diz a Sagrada Escritura, em socorro do povo de Deus, e nunca cessa de ajudar e proteger os justos: Michael arcangelus venit in adjutorium populo Dei; stetit in auxilium pro animabus justis. Não deve pois causar admiração se em todo o tempo se tem professado uma especial veneração na Igreja ao Arcanjo São Miguel.
No quarto século, ou pelo menos nos princípios do quinto, havia a duas léguas de Constantinopla, uma célebre e magnífica igreja, chamada Michalion, ou, o templo de São Miguel, porque obrava Deus nela milagrosas curas por intercessão de São Miguel. Fala dela Sozomeno, como quem experimentou em si mesmo os maravilhosos efeitos de seu poder junto de Deus. Se os Anjos são nossos intercessores, diz Santo Ambrósio, se são nossos defensores e nossos advogados, devemos invocá-los e dirigir-lhes as nossas orações para que não nos neguem a sua proteção: Sed et illi si custodiunt, vestris custodiunt orationibus advocati. No Cânon da Missa e das liturgias faz-se menção dos Santos Anjos; e as litanias que são como um resumo das orações públicas, começam pelos Anjos depois da Santíssima Virgem.
Resumo Litúrgico
Roma consagrou mais de 10 Santuários ao culto de São Miguel. A festa de hoje é a mais antiga do Arcanjo. Comemora a dedicação do antigo e venerável Santuário consagrado ao culto de São Miguel, nos subúrbios de Roma, a sete milhas da Via Salariana. A Missa composta para aquele ato é atualmente a do 18º Domingo depois de Pentecostes, que se reporta a uma dedicação de igreja. A que atualmente se celebra neste dia tem muitos trechos comuns com a dos Santos Anjos da Guarda. Miguel, que quer dizer: “Quem como Deus?”, recorda-nos o combate que se travou no Céu entre o “Arcanjo de Deus”, Príncipe da milícia celeste, e o Demônio. A batalha que aí então começou, continua ainda depois da rebelião de Lúcifer, e há de continuar até o fim dos tempos. Nesta luta terrível entre as potências do Bem e do Mal, está de um lado Jesus Cristo com seus aliados, São Miguel, os Anjos, a Igreja e os Santos; do outro, Satanás com os demônios e seus aliados. Andamos pessoalmente envolvidos na contenda. Peçamos humildemente ao poderoso Arcanjo que nos guie e nos livre de perecer no dia do Juízo. Quando deste mundo sai uma alma, a Santa Igreja pede que o porta-estandarte São Miguel a introduza na luz do Céu. Daqui nasceu o costume de representar o Arcanjo sustentando a balança divina em que as almas devem ser pesadas. São Miguel preside também ao culto de adoração que se deve tributar a Deus. Viu-o São João no Céu diante do altar, agitando o incenso que se evolava um perfume, juntamente com as orações dos Santos. O nome de São Miguel vem no Confiteor a seguir ao de Maria Santíssima, que é a Rainha dos Anjos. Foi patrono da Sinagoga, continua a sê-lo da Igreja, que sucedeu àquela. A Liturgia atribui-lhe as revelações feitas a São João no Apocalipse.
Hino e Intróito8
O Apocalipse é a revelação dos Mistérios relativos ao desenvolvimento e consumação do reino de Deus. Foi por intermédio de um Anjo, que Deus se dignou revelá-los ao Apóstolo São João, que os comunicou depois às Sete Igrejas da Ásia, que representavam a Cristandade inteira.
Glória a Deus Pai, para que, por meio dos Seus Anjos, guarde aqueles que o Seu Filho remiu e o Espírito Santo consagrou.
V. O Anjo parou de pé junto à ara do templo.
R. Tendo nas mãos um turíbulo de ouro.
Ant. Enquanto João contemplava o Sagrado Mistério, o Arcanjo Miguel tocou a trombeta: Perdoai, Senhor e nosso Deus, Vós que abris o livro e lhe desatais os selos.
Breve Meditação
I. Lúcifer revoltara-se contra Deus: recusava-se a adorar o Mistério da Encarnação, que Deus antecipadamente revelara aos Anjos. São Miguel pôs-se à frente das milícias celestes para com eles combater. Imitemos o zelo desse Arcanjo, no que diz respeito aos interesses de Deus; declaremo-lo alto e bom som contra os ímpios. Quando o mundo, com os seus prazeres, o Demônio, com o seu orgulho, nos atacarem, digamos com São Miguel: “Quem como Deus?” Mundo, prazeres, honras, riquezas, podem comparar-se as recompensas que nos dais com as que Deus nos reserva? Quem como Deus?
II. A humildade e a submissão deram a São Miguel uma glória eterna, e o orgulho precipitou Lúcifer nos Abismos infernais. Tremei, soberbos! Foi a vaidade quem perdeu a mais bela das criaturas. Humilhemo-nos, tremamos de aparecer na presença de um Deus, que encontrou corrupção nos próprios Anjos. Caíram os astros do Céu, e eu, verme da terra, não tremo!
III. Devemos honrar São Miguel por ser o Príncipe da Igreja, que deve assistir um dia ao exame de toda a nossa vida. Que diremos? Que faremos, nesse dia terrível? Nada se pode, esperar então da riqueza ou da ciência. Só as boas obras nos podem defender diante do Juiz Supremo. Serão suficientes para nos darem direito à glória eterna? Há de chegar um dia em que um coração puro há de valer mais do que palavras hábeis, e uma boa consciência mais do que uma bolsa cheia de ouro. (São Bernardo)
Oração9
Ó Deus, que regulais com Sabedoria infinita os Ministérios dos Anjos e dos homens; dignai-Vos dar-nos por protetores na terra esses Espíritos Bem-aventurados, que não cessam de Vos oferecer no Céu os seus serviços e homenagens. Por Nosso Senhor Jesus cristo… Amém.
Ladainha de São Miguel Arcanjo10
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai Celeste que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho Redentor do mundo que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, Rainha dos Anjos, rogai por nós.
São Miguel, rogai por nós.
São Miguel, fonte da sabedoria de Deus, rogai por nós.
São Miguel, perfeito adorador do Verbo Divino, rogai por nós.
São Miguel, coroado de honra e de glória, rogai por nós.
São Miguel, poderosíssimo Príncipe dos exércitos do Senhor, rogai por nós.
São Miguel, porta-estandarte da Santíssima Trindade, rogai por nós.
São Miguel, guardião do Paraíso, rogai por nós.
São Miguel, guia e consolador do povo de Deus, rogai por nós.
São Miguel, esplendor e fortaleza da Igreja militante, rogai por nós.
São Miguel, honra e alegria da Igreja triunfante, rogai por nós.
São Miguel, luz dos Anjos, rogai por nós.
São Miguel, baluarte dos que defendem a fé, rogai por nós.
São Miguel, força dos soldados de Cristo, rogai por nós.
São Miguel, luz e esperança dos moribundos, rogai por nós.
São Miguel, socorro certíssimo, rogai por nós.
São Miguel, auxílio nas adversidades, rogai por nós.
São Miguel, arauto da sentença eterna, rogai por nós.
São Miguel, consolador das almas do Purgatório, rogai por nós.
São Miguel, acolhedor das almas dos eleitos, rogai por nós.
São Miguel, nosso Príncipe, rogai por nós.
São Miguel, nosso Advogado, rogai por nós.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do Mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do Mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do Mundo, tende piedade de nós.
V. Rogai por nós, ó glorioso São Miguel, Príncipe da Igreja de Cristo,
R. Para que sejamos dignos de Suas promessas.
Oremos: Senhor Jesus Cristo, santificai-nos, por vossa benção perpétua, e concedei-nos, pela intercessão de São Miguel, esta sabedoria que nos ensina a ajuntar riquezas no Céu e a escolher os bens eternos. Vós que viveis e reinais em todos os séculos dos séculos. Amém.
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1. Pe. Croiset, S.J., “Ano Cristão”, Vol. IX, pp. 338-344, 29 de Setembro, Festa de São Miguel Arcanjo; Tradução do Francês pelo Pe. Matos Soares, Porto, 1923.
2. Salm. 33, 8.
3. Gên. 18, 1-33.
4. Dan. 7, 13-14; 9, 1-27.
5. Col. 1, 15-16.
6. Salm. 17, 11.
7. Is. 6, 1-4.
8. Missal Quotidiano e Vesperal, por Dom Gaspar Lefebvre, beneditino da Abadia de São André, Hino da Iª Vésperas, Intróito da Missa (Reflexão da Epístola e Oração) da Dedicação de São Miguel (29 de Setembro, p. 1629. Desclée de Brouwer & CIE, Bruges (Bélgica). 1952. Sl. 102, 20.
9. “Vida dos Santos – com uma Meditação para cada dia do Ano”, pelo Pe. João Estevam Grossez, S.J., Segunda Parte, 29 de Setembro, pp. 193-194. Edição Portuguesa, “União Gráfica”. Lisboa. 1928.
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