Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 12 de março de 2022

DA OBRIGAÇÃO QUE TEMOS EM MEDITAR, NA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.


Prólogo1


Mostra-se quanto é útil meditar

na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo


O Amante das almas, o nosso amabilíssimo Redentor, declarou que Ele não tinha vindo a este mundo, senão com o fim de acender em todos os corações o fogo do Seu divino amor. E de que belas chamas de caridade não tem Ele abrasado um grande número de almas, especialmente pelos sofrimentos que Ele quis suportar até a morte! Oh! Quantos corações se têm nas Chagas de Jesus de tal maneira penetrado do fogo do Seu amor, que não têm recusado de Lhe consagrar os bens e a si mesmos!

É por isso, que nos transportes do seu amor, Santo Agostinho, curvado na presença de Jesus, coberto de chagas, crucificado, fazia esta terna oração: Gravai, dizia ele, ó meu amabilíssimo Salvador, gravai em meu coração todas as vossas Chagas, a fim de que, eu sempre aí leia vossa dor e vosso amor: sim, porque tendo eu diante dos olhos as grandes dores que sofrestes por mim, eu sofrerei em paz todas as penas que me acontecerem; e à vista do amor que me tendes mostrado sobre a Cruz, não amarei, nem poderei amar outra coisa senão a Vós.

Quem poderá amar outro objeto, senão a Jesus, vendo-O morrer no meio de tantas dores e desprezos, a fim de cativar nosso amor?

Ó figura viva do amor divino estampada no Filho de Deus morto! Quem te estampará profundamente na minha alma! Ó meu Jesus amorosíssimo! Quem saberá conhecer, estimar e corresponder a tanto amor! Ó meu Salvador crucificado! Quem teria a glória de crucificar-se conVosco! Ó soberano Rei da Glória, por menos pecados expostos a maior confusão; por minha causa reputado, não por Deus, nem ainda por homem, mas por bichinho vilíssimo da terra; por malvado e réprobo, e feito irrisão do povo e opróbrio das gentes!

É, pois, dever de todo cristão considerar periodicamente este sublime e doloroso Mistério da Redenção dos homens, alcançada pelos Sofrimentos, Sangue e Morte do Divino Salvador.



Introdução


Sustinui qui simul contristaretur et non fuit: et qui consolaretur, et non inveni.2 Esperei quem se compadecesse de mim, e esperei em vão. Esperei consoladores, e não os achei. – Quem não souber que é o pecado, quem não lhe conhecer a gravidade e enormidade, venha a ver a satisfação que dele toma o Pai Eterno em seu Unigênito e diletíssimo Filho: “Pelos pecados do meu povo eu O cobri de chagas”.3 Quem não sabe o lastimoso estado em que o pecado põe a alma de quem o comete, venha ver em que estado a satisfação de nossas culpas pôs a Nosso Senhor Jesus Cristo: “Non est ei species neque decor – Ele não tem beleza, nem formosura…”,4 exclama o Profeta: não tem nem formosura, nem aparência humana. – Se não vos receais pecadores de justíssima indignação de Deus contra vossas culpas, vinde a ver a manifestação que dela faz a Justiça Divina em seu benditíssimo Filho. Diz São Paulo: Deus O propôs para demonstração de sua Justiça. Vereis como o fogo da ira de Deus se ateia e prende no ramo florido da inocência de Jesus Cristo; e daí podereis julgar o que fará no lenho do vosso coração seco e estéril pelo pecado. – Cristãos, que estareis em trabalhos, em aflições, em angústias, mais acabrunhados pelas misérias inseparáveis desta vida, se vos falta coragem e alento em vossas penas, vinde a aprender paciência da paciência de Jesus, posto nos maiores tormentos. “Oblatus est quia ipse voluit, et non aperuit os suum”.5 “Foi oprimido por que quis”, diz o Profeta, sem resistência Sua, e nem abriu Sua boca para se queixar. – E vós cegos e iludidos, que derramais nas criaturas o amor de um coração que é só de Deus, vinde a ver o extremo de amor com que Cristo Vos ama, e dai-vos por obrigados e vencidos de tão excessiva caridade.6 Vós, Cristãos fiéis, vós que de coração amais Jesus, vinde a ver o pouco que O amais, lendo o extremo com que nos amou. – Venham todos a ler a lastimosa narração da Paixão e Morte de Cristo. E queira Deus, que esta tristíssima consideração produza nas almas os efeitos devidos! Queira Deus, que aos Cristãos que me leem, lhes entre no coração a devida contrição de seus erros, de suas culpas!

Lestes, e pelas palavras de meu texto como desta falta de dor e contrição se queixa o Senhor amargamente. “Sustinui qui simul contristaretur, et non fuit”. Esperei a ver se havia quem se contristasse coMigo, e não houve!7 – Porém, Senhor, não lamentaram os Discípulos vossa Paixão Santíssima? – As piedosas mulheres de Jerusalém não choraram vendo vosso cruel suplício? O sol, o ar, a terra, e até as mesmas pedras não deram demonstrações de dor, não se enlutaram na vossa morte? Como dizeis que não houve quem sentisse?

Ah! Cristãos, que não entendemos as queixas de Cristo! E o reparo é de Santo Agostinho: “Non ait sustinui qui contristaretur, sed qui simul contristaretur”. Não disse, não achei quem sentisse, que muitos sentiram, e muitos choraram, mas não achei quem sentisse Comigo, quem sentisse pelo mesmo motivo por que Eu sentia. Sentia Cristo e sente mais que suas penas e suas dores, a causa delas, que são nossos pecados. Vê o Salvador muito chorar de compaixão de suas penas, e não vê ninguém chorar de contrição dos pecados que cometeram. E por isso disse, que não achou quem à acompanhasse na sua tristeza. Por isso disse às mulheres de Jerusalém: “Nolite flere super me”, não choreis sobre mim.8



Da Obrigatoriedade da Meditação,

da Paixão de Jesus Cristo.9


Quereis saber ainda em que podeis exercitar-vos mui utilmente? Eu vo-lo direi. A salmodia, as piedosas reflexões sobre a Sagrada Escrituras, a contemplação das criaturas, se as referirmos ao Criador, as orações de toda a espécie, os hinos e cânticos sagrados, as santas meditações, todas essas coisas vos serão úteis; porém, a mais útil de todas, e a única necessária, como no-lo ensinam com razão todos os Mestres da Vida Espiritual, é a lembrança da humanidade de Jesus Cristo, e, principalmente, de sua Sagrada Paixão. Com efeito, essa lembrança, é a morte das paixões e dos afetos desregrados, um refúgio sempre aberto contra a tentação, um abrigo seguro contra os perigos, um doce reconforto no infortúnio, um delicioso repouso nos trabalhos, a porta da santidade, a única estrada da contemplação; ela reprime as distrações, consola a alma aflita, acende continuadamente no coração, vivas chamas de amor divino, suaviza e mitiga as adversidades; numa palavra, fonte única, donde emanam todas as virtudes, é, ao mesmo tempo, o mais perfeito modelo de toda a perfeição, o porto, a esperança, a confiança, o mérito e a salvação de todos os cristãos.



Como essa Devoção

é Agradável a Jesus10


Esta devoção, pois, é muito aceita a Nosso Senhor Jesus Cristo, como Ele mesmo revelou a Santa Gertrudes. Para essa Santa, verdadeiramente devota da Paixão, era um dia de festa, um dia de particular recolhimento, um dia de mais íntima união com Jesus seu Esposo Crucificado. Ora aconteceu que certo dia, Jesus, aparecendo-lhe, Lhe disse que, visto como ela nas sextas-feiras se lembrava da Sua Paixão, a recompensava com tantas visitas e com as finezas de Seu amor.

O grande Fundador dos Passionistas, insistia sempre com os seus discípulos:


Ensinem, com brevidade e clareza a maneira prática de meditar com devoção e com fruto estes Mistérios, e procurem, com diligência, que essa meditação se torne familiar e perseverante”.11



1º Dia


Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.12


Oração ao Espírito Santo13


V. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.14


V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado!

R. E renovareis a face da terra!


Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que pelo mesmo Espírito conheçamos o que é reto e sempre gozemos de Sua consolação. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.


V. Imaculada Esposa do Espírito Santo.

R. Rogai por nós.


V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.

R. Apressai-Vos, Senhor, em me socorrer.

V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.15

R. Assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.


Ato de Contrição16


Meu Senhor Jesus Cristo, Criador, Pai e Redentor meu, em quem creio e espero, e a quem amo e desejaria ter amado sempre sobre todas as coisas; pesa-me uma e mil vezes de Vos haver ofendido, por serdes Vós quem sois, bondade infinita; pesa-me também por haver merecido as terríveis penas do Purgatório, e, talvez, ai de mim, as eternas chamas do Inferno. E Vós, cheio de misericórdia, me haveis adiado o castigo. Proponho firmemente nunca mais pecar, e afastar-me das ocasiões de Vos ofender, ajudado pela Vossa divina graça. Concedei-me, ó meu Jesus, a felicidade de me confessar com as devidas disposições, para obter copiosos frutos, emendar a minha vida e perseverar em Vosso santo serviço até a morte. Eu Vo-lo peço, Senhor, pelo Vosso preciosíssimo Sangue, pelas dores de Vossa aflita Mãe e pela intercessão do glorioso Patriarca São José. Assim seja.



Oração a Jesus pelo Merecimento Particular,

de Cada uma das Penas que Ele Sofreu na Sua Paixão.17


Meu Jesus, pela humilhação a que Vos dignastes submeter lavando os pés dos vossos Discípulos, concedei-me a verdadeira humildade, de sorte que me abata diante de todo o mundo, e particularmente diante daqueles que me desprezam. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela tristeza mortal pela qual fostes acabrunhado no Jardim das Oliveiras, preservai-me da tristeza do Inferno, onde devia estar para sempre longe de Vós e sem Vos poder amar. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pelo santo horror que tivestes dos meus pecados, sempre presentes aos vossos olhos, dai-me verdadeira dor de todas as ofensas que contra Vós tenho cometido. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela pena que Vos causaram a traição de Judas e o seu pérfido ósculo, dai-me Vos seja fiel e não atraiçoe mais como fiz no passado. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela dor que sentistes vendo-Vos amarrado como um malfeitor para serdes conduzido à presença dos juízes, atai-me com as doces prisões do vosso amor, de sorte que não me separe mais de Vós, que sois o meu único bem. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pelos desprezos, escarros, que recebestes durante toda a noite na casa de Caifás, dai-me a força de sofrer com paciência, pelo vosso amor, todas as afrontas que receber dos homens. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela irrisão que Herodes Vos fez sofrer, tratando-Vos como um louco, dai-me a graça de suportar com paciência todas as injúrias que me vierem dos homens, ainda quando me tratem de vil, louco e mau. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pelo ultraje que Vos fizeram os judeus quando a Vós preferiram Barrabás, dai-me a graça de sofrer com paciência que os outros me sejam injustamente preferidos. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela dor que sofrestes no vosso Santo Corpo, quando foi tão cruelmente flagelado, dai-me a força de suportar com paciência tudo o que tiver de sofrer nas enfermidades e especialmente na morte. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela dor que Vos causaram os espinhos transpassando a vossa adorável Cabeça, concedei-me a graça de jamais dar consentimento a pensamentos que Vos desagradam. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela bondade com que aceitastes a morte de Cruz, à qual fostes condenado por Pilatos, fazei-me aceitar com resignação a morte que me espera, e todas as penas que têm de acompanhá-la. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pelas penas que sofrestes em levar a Cruz pelo caminho até o Calvário, dai-me a graça de sofrer com paciência todas as cruzes da minha vida. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela dor que sentistes quando cravaram as vossas mãos e pés na Cruz, peço-Vos, cravai aos vossos pés a minha vontade, a fim de que não queira mais nada fora do que quereis. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela amargura inferior com que consentistes ser abeberado de fel, concedei-me a graça de não mais Vos ofender pela intemperança no comer e beber. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela pena que padecestes quando Vos despedistes de vossa Mãe Santíssima, do alto da árvore da Cruz, livrai-me dos afetos desordenados para com os meus parentes, ou outras criaturas sejam quais forem, para que o meu coração seja todo inteiro e para sempre vosso. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela desolação da vossa última hora, quando Vos vistes abandonado até pelo vosso Pai Eterno, dai-me a graça de sofrer com paciência todas as minhas aflições sem nunca perder a confiança na vossa bondade. Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pelas três horas de tormento e agonia de que foi precedida a vossa Morte na Cruz, concedei-me a graça de suportar com resignação, e pelo vosso amor, as penas da minha última agonia… Meu Jesus, misericórdia.

Meu Jesus, pela extrema dor que sentistes, quando a vossa Santa Alma se separou do vosso Corpo adorável, fazei que, no momento da minha morte, renda o espírito oferecendo os meus sofrimentos com um ato de amor perfeito, para ir logo no Céu Vos ver face a face e amar com todas as minhas forças durante toda a eternidade. E a Vós, ó Maria, minha Mãe, pela espada de dor que Vos transpassou o Coração, quando vistes o vosso Filho amadíssimo inclinar a Cabeça e expirar, peço me assistais na hora da minha morte, para que vá bendizer-Vos e dar as graças no Paraíso por todos os bens que me houverdes alcançado de Deus. Amém.


Oração para Antes da Meditação18


Meu Senhor Crucificado, iluminai a minha mente e compungi-me o coração enquanto entrego-me à meditação da vossa dolorosa Paixão. Concedei-me por intercessão de vossa Mãe Dolorosa, Maria Santíssima, o desejo e a força de imitar os vossos luminosos exemplos de virtudes. Amém.



PRIMEIRA MEDITAÇÃO19


Do suor de sangue e agonia de Jesus,

no Jardim das Oliveiras.


1. Considera, chegando o nosso Redentor ao Horto com seus Discípulos, chamando a São Pedro, São João e a São Tiago, se retirou com eles dos demais Apóstolos. Ofereceu-se de novo a Seu Eterno Pai em satisfação de Sua Justiça pelo resgate humano, e deu consentimento aos tormentos de Sua Paixão, para que n’Ele se executassem na parte, que era passível, e suspendeu o alívio, que da parte impassível Lhe poderia vir, com o que se abriram as portas do mar de Sua Paixão, para que com ímpeto entrassem até a Sua Alma Santíssima. E assim começou logo a afligir-se, e a sentir grandes angústias, e com elas disse aos três Apóstolos: Triste está a minha Alma até a morte.20

2. Considera, como afastando-se o nosso Redentor um pouco dos três Discípulos, tendo-lhe recomendado que orassem, e velassem com Ele, se prostrou em terra sobre Seu Divino rosto, e orou a Seu Eterno Pai, dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice.21 Era para o Senhor agradável, e como apetecível o morrer pelos predestinados; porém, morrer e padecer pelos réprobos Lhe era muito amargo e penoso, porque da parte d’Ele, não havia razão final para sofrer a morte; e esta foi a causa de Sua maior tristeza, pois sendo já inexcusável a morte, queria que nenhum, se fosse possível, se perdesse; e senão o fosse, resignava Sua Vontade Santíssima com a de Seu Eterno Pai. Depois desta oração foi o Divino Mestre, aonde estavam os três Apóstolos; e achando-os dormindo, chorou um pouco sobre eles; e falando com São Pedro, disse: Simão, assim dormes, e não pudeste velar uma hora Comigo? E logo prosseguiu dizendo a ele, e aos demais: Velai e orai, para que não entreis em tentação, que meus inimigos e os vossos, não dormem, como vós.22

3. Considera, como três vezes repetiu nosso Salvador a Sua oração, e na última com tão grande força de caridade, que cresceu n’Ele tanto a agonia com a resistência, que conhecia da parte dos homens para lograr em todos Sua Paixão e Morte, que chegou a suar sangue com tanta abundância de gotas muito grossas, que correu até a terra. Nesta agonia lhe enviou Seu Eterno Pai o Arcanjo São Miguel a confortá-Lo; e ainda que não se Lhe concedeu o que debaixo de condição pedia, que era a salvação de todos, sem exceção de pessoa, alcançou porém, que os auxílios fossem grandes e frequentes para todos os mortais, e que se fossem multiplicando naqueles, que os admitissem. E conformando-se a vontade humana de Cristo com a Divina, aceitou a Paixão por todos respectivamente, para os réprobos como suficiente, se eles quisessem aproveitar-se e para os predestinados como eficaz, porque eles cooperariam com a graça.

Filho, sabe o que causou mais estas agonias? O prever, que eram poucos os escolhidos para a Glória, quando Eu com infinita caridade desejava que a minha Morte e Paixão fosse meio de todos a conseguirem. Procura, filho, que em ti se cumpram estes meus desejos. O seres Cristão, é o teres maior obrigação de Me servires bem; e se o não fizeres, serás julgado com menos piedade. Pois, que esperas para te converteres? Se te lembras de Sou misericordioso, lembra-te também, de que tenho infinita Justiça, e que lanço no Inferno milhões de almas, que remi com o mesmo Sangue, com que remi a tua.


Oração para Depois da Meditação23


Eu Vos agradeço, ó meu Jesus Crucificado, os bons pensamentos e afetos que em mim haveis suscitado, durante a meditação da vossa Paixão. Rogo-Vos humildemente a graça de conservar sempre o fruto espiritual conseguido. Amém.



A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo24


Meu doce Jesus,

Que extremos obrais;

Quem não Vos dirá:

Bendito sejais!


Meu doce Jesus,

Que no Horto entrais

Com vossos discípulos:

Bendito sejais!


A vossa oração

Vós a começais,

Prostrado por terra:

Bendito sejais!


Aos três Apóstolos

Vós mesmo chamais;

Pois todos dormiam:

Bendito sejais!


Eis Judas, traidor,

E todos os demais,

Que vêm a prender-Vos:

Bendito sejais!


O ósculo Vos dá,

Vós o abraçais,

Aí Vos entrega:

Bendito sejais!


Quem buscais, amigo?

Vós lhe perguntais,

Eu Sou, lhe dizeis:

Bendito sejais.


Toda a cruel tropa,

Meu Deus, derribais,

Dizendo quem sois:

Bendito sejais.


Fogem os Discípulos,

Vós não estranhais;

Pois já estava escrito:

Bendito sejais.


Atado e preso,

Opresso ficais,

Sois manso cordeiro:

Bendito sejais.


Por Jerusalém,

Deste modo entrais;

Ludíbrio de todos:

Bendito sejais.


Anás Vos pergunta,

E ali suportais

Uma bofetada:

Bendito sejais.


Uma bofetada!

Oh! Céus! Que esperais?

Uma bofetada!

Bendito sejais.


De Anás à Caifás

Levar-Vos deixais,

Por tantas afrontas:

Bendito sejais.


No rosto Vos cospem,

Não pode ser mais!

Os olhos Vos cobrem:

Bendito sejais.


Pedro assustado

De medos mortais,

De longe Vos segue:

Bendito sejais.


Nessa triste noite,

Vendo o que passais,

Três vezes Vos nega:

Bendito sejais.


Em casa de Herodes

Por louco passais,

Tornais a Pilatos:

Bendito sejais.


Atado à coluna,

Meu Deus suportais

Milhares de açoites:

Bendito sejais.


Ó Anjo do Céu,

Porque O não vingais?

Amor de meu Deus:

Bendito sejais.


Vós, supremo Rei,

Que tudo imperais

Coroado de espinhos:

Bendito sejais.


Com púrpura irrisória,

Por cetro empunhais

Uma frágil cana:

Bendito sejais.


Vendo enfim Pilatos,

Que inocente estais,

Ao povo Vos mostra:

Bendito sejais.


Clamam os judeus,

Dragões infernais,

Que sois, réu de morte:

Bendito sejais.


O injusto juiz,

Qual houve jamais,

Vos condena à morte:

Bendito sejais.


Por praças e ruas

Então caminhais

Com a Cruz às costas:

Bendito sejais.


Mas, ah! Meu Jesus,

Que não podeis mais;

Por terra caís:

Bendito sejais.


Por terra, ó meu Deus,

Ó culpas mortais!

Meu Deus de minha alma:

Bendito sejais.


Ó boca divina,

Que a terra tocais;

Dizei, pedras duras:

Bendito sejais.


Que dor! Que ternura!

Quando encontrais

Vossa aflita Mãe:

Bendito sejais.


Simão Vos ajuda,

Senão expirais

Debaixo da Cruz:

Bendito sejais.


A santa mulher,

Sem medo dos mais,

O rosto Vos limpa:

Bendito sejais.


Às pias mulheres

Vós recomendais,

Que sobre si chorem:

Bendito sejais.


No monte Calvário

Assim que chegais,

Vos despem de todo:

Bendito sejais.


Estando na Cruz

Com dores mortais,

Três cravos Vos pregam:

Bendito sejais.


Sacrílegas mãos…

Que O crucificais,

Não fostes tolhidas?

Bendito sejais.


Ó raios das nuvens

Que não disparais?

Meu Deus, não quereis:

Bendito sejais.


No Santo Lenho

Pendente ficais,

Entre dois ladrões:

Bendito sejais.


Em tal desamparo

Ao Pai clamais.

Ninguém Vos acode:

Bendito sejais.


A Mãe ao Discípulo

Vós encomendais,

E o Discípulo à Mãe:

Bendito sejais.


Na última hora

Então Vos lembrais,

Da sede que tendes:

Bendito sejais.


O fel e o vinagre,

Senhor, tolerais

Na maior amargura:

Bendito sejais.


Baixando a cabeça,

Meu Deus, expirais!

Tudo é consumado:

Bendito sejais.


Mas não se acabaram

Os ódios mortais;

O peito Vos rasgam:

Bendito sejais.


Ainda Sangue e Água

Do peito lançais,

Para nosso remédio:

Bendito sejais.


Este é o preço,

Porque resgatais,

Os filhos de Adão:

Bendito sejais.


O sol se escurece,

Ó quantos sinais

Clamam que sois Deus:

Bendito sejais.


As pedras se quebram,

Mostram sentir mais,

Abrem-se os sepulcros:

Bendito sejais.


José e Nicodemos,

Os dois principais

Vos descem da Cruz:

Bendito sejais.


Nos braços da Mãe

Do modo que estais,

Assim Vos puseram:

Bendito sejais.


Ó Mãe transpassada

Que o Filho abraçais!

Ó Filho chagado:

Bendito sejais.


Que triste espetáculo!…

Mas Vós a alentais

Com forças do Céu:

Bendito sejais.


Notai e atendei,

Ó vós que passais,

Se há dor como a sua:

Bendito sejais.


Mas já se Vos forma

Qual se viu jamais,

O enterro solene:

Bendito sejais.


Que tem já que ver

As pompas reais?

Vós sois Rei dos reis:

Bendito sejais.


Lágrimas são honras,

Suspiros sinais;

Porém, Vós sois tudo:

Bendito sejais.


No virgem sepulcro

Ungido ficais,

Coberto da campa:

Bendito sejais.


Ó vós, Querubins

Dizei-lhe também;

Do Céu que O louvais:

Bendito sejais.



Ladainha da Paixão25


Senhor, tende compaixão de nós.

Jesus Cristo, tende compaixão de nós.

Senhor, tende compaixão de nós.


Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.


Deus Pai dos Céus, tende compaixão de nós.

Deus Filho, Redentor do mundo, tende compaixão de nós.

Deus Espírito Santo, tende compaixão de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende compaixão de nós.


Jesus, Rei da Glória, que fizestes a vossa entrada em Jerusalém para consumar a obra da nossa Redenção, tende compaixão de nós.

Jesus, prostrado no jardim das oliveiras, diante de vosso Pai, e carregado com os crimes do mundo inteiro, tende compaixão de nós.

Jesus, acabrunhado de tristeza, reduzido à agonia e abismado num mar de dores, tende compaixão de nós.

Jesus, que de todas as partes do vosso Corpo suastes sangue em abundância, tende compaixão de nós.

Jesus, traído por um Apóstolo pérfido e vendido a vil preço como um escravo, tende compaixão de nós.

Jesus, que abraçastes com amor o traidor Judas, tende compaixão de nós.

Jesus, arrastado por uma corda no pescoço pelas ruas de Jerusalém e coberto de maldições, tende compaixão de nós.

Jesus, injustamente acusado e condenado, tende compaixão de nós.

Jesus, saciado de opróbrios, coberto de escarros e contundido de bofetadas, tende compaixão de nós.

Jesus, vestido com um manto de ignomínias e tratado como insensato na corte de Herodes, tende compaixão de nós.

Jesus, flagelado, rasgado por golpes e alagado no vosso Sangue, tende compaixão de nós.

Jesus, coroado de agudos espinhos, tende compaixão de nós.

Jesus, tratado como um rei de comédia, tende compaixão de nós.

Jesus, que fostes comparado com Barrabás e proposto a ele, tende compaixão de nós.

Jesus, entregue por Pilatos à raiva dos vossos inimigos, tende compaixão de nós.

Jesus, esgotado de sofrimentos e sucumbido sob o peso da vossa Cruz, tende compaixão de nós.

Jesus, pregado na Cruz entre dois malfeitores, tende compaixão de nós.

Jesus, homem das dores, tende compaixão de nós.

Jesus, obediente até a morte, e morte horrorosa da Cruz, tende compaixão de nós.

Jesus, cheio de doçura para aqueles que Vos davam a beber fel e vinagre, tende compaixão de nós.

Jesus, que pedistes perdão pelos vossos algozes, tomando a defesa deles ante o vosso Pai, tende compaixão de nós.

Jesus, que pela nossa Redenção sacrificastes honra e vida, tende compaixão de nós.

Jesus, que expirastes na Cruz por amor de nós, tende compaixão de nós.


Sede-nos propício, perdoai-nos, Senhor.

Sede-nos propício, escutai-nos, Senhor.


De todo o mal, livrai-nos, Senhor.

De todo o pecado, livrai-nos, Senhor.

Da morte em mau estado, livrai-nos, Senhor.

Da condenação eterna, livrai-nos, Senhor.

Pela vossa agonia e suor de sangue, livrai-nos, Senhor.

Pela vossa cruel flagelação, livrai-nos, Senhor.

Pela vossa coroa de espinhos, livrai-nos, Senhor.

Pela vossa Cruz e sofrimentos, livrai-nos, Senhor.

Pela vossa sede e suspiros, livrai-nos, Senhor.

Pelas vossa cinco Chagas, livrai-nos, Senhor.

Pela vossa morte, livrai-nos, Senhor.

Pela vossa Ressurreição, livrai-nos, Senhor.

No dia do Juízo, livrai-nos, Senhor.


Ainda que muito pecadores, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que pela vossa Paixão aprendamos a conhecer a enormidade do pecado por cuja causa sofrestes, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que pela lembrança das vossas dores e sofrimentos, possamos suportar com paciência todas as penas, adversidades e doenças, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que em todas as nossas aflições, tristezas e tribulações, nos voltemos para Vós para obtermos paciência, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que recebamos da vossa mão sem murmurar as humilhações, desprezos, ultrajes, perseguições, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que suportemos a vosso exemplo as falsas acusações e juízos injustos, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que Vos digneis de nos tornar participantes dos frutos da vossa Cruz, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que, pela virtude da vossa Cruz, triunfemos do Demônio, do mundo e da carne, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que possamos ser purificados de todo o pecado no vosso Sangue, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que possamos todos os dias levar a nossa cruz e seguir-Vos, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que pensemos muitas vezes com amor e reconhecimento na vossa Paixão, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que, lembrando-nos de que morrestes pelo nosso amor, Vos amemos de todo o nosso coração, e só para Vós vivamos, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que, na hora da nossa morte, Vos digneis de nos fortalecer pela vossa Cruz e Morte, nós Vos pedimos, atendei-nos.

Que, pela vossa Cruz, Vos digneis conduzir-nos a glória eterna, nós Vos pedimos, atendei-nos.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Jesus.


Oremos: Senhor Jesus, que, descido do Céu e do seio de vosso Pai, derramastes o vosso precioso Sangue para remissão dos nossos pecados, humildemente Vos pedimos, que sejamos no dia do juízo colocados a vossa direita e mereçamos ouvir da vossa boca estas palavras: Vinde, benditos de meu Pai. Amém.


______________________

1.  “Manual das Missões e Devocionário Popular”, por um Presbítero da Congregação da Missão, Cap. Orações e Meditações, pp. 191-194. Editores Católicos Benziger & C., Einsiedeln, Suíça, 1908.

2.  Ps. LXVIII, 21.

3.  Is. LIII.

4.  Is. LIII, 2.

5.  Is. LIII, 7.

6.  Joan. IV, 19.

7.  Ps. LXVIII, 21.

8.  Luc. XXIII, 27-28.

9.  “Guia Espiritual – ou Espelho das Almas Religiosas”, pelo Venerável Abade Luiz de Blois, O.S.B., Cap. IV – 1, pp. 58-59. Editora Vozes Ltda. Petrópolis/RJ, 1925.

10.  “O Meu Livro”, Manual da Arquiconfraria da Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, Parte I, Art. IV, p. 43.

11.  São Paulo da Cruz, Regulae… e I, n. 3.

12.  Concede-se indulgência parcial ao fiel que faça devotamente o Sinal da Cruz, proferindo as palavras costumeiras: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. (Manual das Indulgências, ob. cit., n. 55).

13.  “Vademecum” – Orações Cotidianas para Uso Comum das Educandas das Missionárias “Servas do Espírito Santo” e Membros da “Obra Auxiliar do Espírito Santo”, Editada pela Direção Geral da mesma Congregação; Primeira Parte, Cap. “Orações Cotidianas”, p. 18. Tipografia do “Lar Católico”, Juiz de Fora/MG, 1958.

14.  Indulgência Parcial. (Manual das Indulgências, ob. cit., Cap. “Concessões”, n. 62).

15.  Indulgência parcial. (Manual das Indulgências, ob. cit., “Apêndice”, p. 78).

16.  *Extraído da Obra intitulada “A Sagrada Família”, por um Padre Redentorista, Sexto Exercício, pp. 509-511. Tradução do Espanhol pelo Cônego Manuel Moreira Aranha Furtado de Mendonça, Estabelecimentos Benzinger & Co. S.A., Tipógrafos da Santa Sé Apostólica, Einsiedeln/Suíça, 1898. **Concede-se indulgência parcial ao fiel que recitar atos de virtudes teologais e de contrição, nestas ou em outras fórmulas válidas. Cada ato recebe a indulgência (Manual das Indulgências, ob. cit., n. 2).

17.  “As Mais Belas Orações de Santo Afonso de Ligório”, pelo Pe. Saint-Omer, C.Ss.R., Parte IV, Art. 2, § 3, Cap. “Devoção à Paixão”, pp. 497--500. Imprimé par les Etablissements Casterman, S.A., Tournai/Bélgica, 1921.

18.  Pe. Luiz de S. Carlos, C. P., “A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo – Narrada ao Povo Conforme os Santos Evangelhos e a Tradição”, p. 23. Traduzido da Nona Edição Italiana pelo Pe. Gabriel, Passionista, Tipografia “O Calvário”, São Paulo, 1952.

19.  “Manual das Missões e Devocionário Popular”, por um Presbítero da Congregação da Missão, Cap. Orações e Meditações, pp. 194-196. Editores Católicos Benziger & C., Einsiedeln, Suíça, 1908.

20.  Mat. XXVI, 38.

21.  Mat. XXVI, 39.

22.  Mat. XXVI, 40-41.

23.  Pe. Luiz de S. Carlos, C. P., ob. cit. p. 23.

24.  “Goffiné – Manual do Cristão”, pp. 456-458. Traduzido da 14ª Edição Francesa, por um Padre da Congregação da Missão, Rio de Janeiro, 1940.

25.  “As Mais Belas Orações de Santo Afonso de Ligório”, pelo Pe. Saint-Omer, C.Ss.R., Parte IV, Art. 2, § 3, pp. 514-516. Imprimé par les Etablissements Casterman, S.A., Tournai/Bélgica, 1921.


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