Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Maria Teotókos.


Maria Teotókos
Maria Mater Dei
Maria a Mãe de Deus


Maria é Mãe de Deus
Qualificação: De Fé1


“É de fé que Cristo, e mais especialmente o homem-Cristo, foi realmente gerado de mãe humana, e portanto, é real e propriamente filho de mãe humana, como qualquer outro filho de homem. Ao lado da origem sobrenatural da sua pessoa, tem pois, uma filiação humana real e própria. Em atenção ao princípio maternal que intervém nesta obra, é preciso dizer que esta filiação humana de Cristo e a Maternidade que lhe corresponde são naturais. No que concerne à geração da natureza humana e à sua comunicação à pessoa de Cristo pela conceição e pelo nascimento, tudo o que uma mãe faz naturalmente foi feito positivamente por Maria”.2

São Bernadino de Sena, em um de seus deliciosos sermões marianos, dizia: “Vem-me à memória um dito de Santo Agostinho. Dizia ele, ‘que tinha três desejos: um, de ver a Jesus Cristo corporalmente; outro, de ouvir São Paulo pregar; o terceiro, de ver Roma triunfar’. E eu acrescento um quarto: ver a Virgem Maria com seu doce Filho no colo, com toda inocência e pureza”.3

O primeiro alicerce sobre que se levanta o edifício da grandeza mariana é constituído pelo fato, ou melhor, pela missão da Maternidade Divina. Este é um fato que excede de tal modo a força cognoscitiva do homem que deve ser enumerado entre os Mistérios maiores de nossa Fé, Mistérios que, para serem conhecidos por nós, devem ser revelados por Deus. Que uma humilde mulher deste nosso pobre planeta, que uma de nossas irmãs, semelhante a nós, descendente de Adão como nós, se torne Mãe de Deus é um Mistério tão sublime de elevação do homem e de condescendência divina que deixa atônita qualquer inteligência, angélica ou humana, no século e na eternidade.4


Provas


Escritura: Segundo a Escritura, Maria deu à luz Jesus Cristo, seu Filho Primogênito: ora, Jesus Cristo é Deus; logo Maria, segundo o modo de falar da Escritura, é Mãe de Deus.

Tradição: “Se alguém não confessa… que a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, já que deu à luz, segundo a carne, o Verbo de Deus feito homem, seja anátema”.5

“Se alguém diz que a Santa, gloriosa e sempre Virgem Maria é imprópria e não verdadeiramente Mãe de Deus… seja anátema”.6

Toda a Tradição cristã, a partir dos tempos apostólicos, é uma proclamação contínua desta verdade mariológica fundamental. Nos dois primeiros séculos, os Padres ensinaram que Maria concebeu e deu à luz a Deus. No terceiro século, começa o uso do termo que se tornou clássico: Theotokos, ou seja, Mãe de Deus. O primeiro a usar esse título parece ter sido Orígenes,7 chefe da célebre escola de Alexandria. Também na célebre prece “Sub tuum praesidium”, muito difundida entre os cristãos do século III, a Virgem Santíssima é invocada como Mãe de Deus.8

No século IV, mesmo antes do Concílio de Éfeso, a expressão Mãe de Deus se tornara tão comum entre os cristãos, que dava nos nervos do Imperador Juliano, o Apóstata, o qual se lamentava de os cristãos não se cansarem nunca de chamar a Maria de Mãe de Deus. João de Antioquia, aconselhava a seu amigo Nestório para não insistir demasiado em negar este título, a fim de evitar tumulto do povo. O próprio Alexandre de Hierápolis, cognominado de “outro Nestório”, reconhecia que a expressão “Mãe de Deus” estava em uso entre os fiéis desde muito tempo. – A exultação mesma que os fiéis demonstraram, quando a Maternidade divina foi definida solenemente como Dogma de Fé, comprova até à evidência quão profundamente estava radicada essa verdade fundamental na alma daqueles antigos cristãos. Com efeito, sabe-se que, logo que teve conhecimento da notícia, a população de Éfeso aclamou entusiasticamente os Padres do Concílio e os acompanhou a suas residências com archotes acesos.9


Conclusão


Logo, segundo a Escritura e a Tradição, Maria há de chamar-se Mãe de Deus, porque dela nasceu Jesus Cristo, que é Deus. É este o grande privilégio de Maria. Os outros, ou são preparação para esta grande dignidade, como a sua Conceição Imaculada, ou são consequências dela, como a excelência de graças e méritos, e a Assunção gloriosa, em corpo e alma.10

A Virgem e, portanto, verdadeira e própria Mãe de Deus! Prostrados humildemente a seus pés, possamos nós saudá-La e repetir-lhe com a maior certeza: Ave, ó Mãe de Deus! Pode-se, porventura, imaginar uma saudação mais solene do que esta?

Mas, afastando um momento o olhar do fulgor de tanta grandeza e pousando-o por alguns instantes em nossa baixeza, unamos à saudação ainda a invocação de seu valioso patrocínio, dizendo-lhe: “Ó Mãe de Deus, tão grande e tão Santa recordai-Vos de mim, tão pequeno e tão pecador!”11


“Não vos deprecieis, ó homens:
o Filho de Deus se fez homem.
E vós, mulheres, não vos deprecieis:
o Filho de Deus nasceu de uma mulher”.12



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1. Rev. Pe. J. Bujanda, S.J., “Manual de Teologia Dogmática”, 1ª Parte, Tratado Oitavo, Cap. IV, Art. 1º, p. 323. Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1944.

2. Rev. Pe. Matthias Joseph Scheeben, “A Mãe do Senhor”, Cap. “Maria Gera Uma Pessoa Divina”, p. 39. Cultor de Livros, São Paulo/SP, 2017.

3. Pred. Vulgari, I, 21.

4. Rev. Pe. Gabriel Roschini, O.S.M., “Instruções Marianas”, Instrução IV, Cap. III, Art. I, pp. 41-42. Edições Paulinas, São Paulo/SP. 1960.

5. Concílio de Éfeso, anatematismo 1. D. 113.

6. Concílio 2º de Constantinopla. D. 218.

7. Socrate, Hist. Ecla. VII, 32, PG. 68, 812.

8. Marianum, T. III (1941) 97-101.

9. Rev. Pe. Gabriel Roschini, ob. cit., p. 44.

10. Rev. Pe. J. Bujanda, S.J., ob. cit., p. 324.

11. Rev. Pe. Gabriel Roschini, ob. cit., p. 48.

12. Santo Agostinho, In Ps. 118, V, 9.


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