Para vermos melhor qual é a
amplitude da Alma e, em particular, a da vontade, é conveniente falar das raízes dos vícios e das virtudes que nela
penetram, quer para nossa perdição quer para nossa salvação.
A virtude aperfeiçoa o homem,
inclina-o para um fim bom, e faz dele, não apenas um bom pintor, um bom
escultor ou um bom matemático, mas ainda um homem de bem. O vício é um
mau hábito: agir contra a reta razão; deforma completamente o homem na conduta
da vida, porque atinge a vontade e fá-la tender para um fim mau. O vício faz do
homem, não apenas um mau pintor, um mau escultor, mas também uma má pessoa,
por vezes, um criminoso, um celerado, um homem de má vontade; isto começa,
muitas vezes, nos adolescentes de catorze e quinze anos. Todos os vícios têm
uma raiz comum que é o amor desregrado de si mesmo, oposto ao amor do
bem e do Bem Supremo que é Deus. Esta raiz má tende a penetrar cada vez mais na
vontade e dela nasce uma má árvore, cujo tronco é o egoísmo; o ramo central
e principal, a continuar o tronco, é o orgulho; e os ramos laterais são
a concupiscência da carne e a dos olhos. Assim fala o Apóstolo João (II,
16).
Esta árvore má tem numerosos
ramos que derivam dos precedentes e que se chamam Pecados Mortais.
Da concupiscência da carne deriva
a gula e a luxúria.
Da concupiscência dos olhos ou
desejo imoderado dos bens exteriores deriva a avareza e também a perfídia,
a fraude, a hipocrisia e o endurecimento do coração.
Do orgulho da vida procedem a vanglória
e a ambição, o desapreço das coisas espirituais, o esquecimento de Deus, a
inveja, a cólera, as irritações e as injúrias.
Os Pecados Mortais, por sua vez,
levam a outros pecados mais graves, que se opõem às virtudes teologais: à
blasfêmia, que se opõe à confissão da fé; ao desespero, que se opõe
à esperança; ao ódio a Deus e ao próximo, que se opõe à caridade.
Alguns destes vícios apresentam,
nos homens mais perversos, raízes muito profundas, que em certa medida
denunciam – oxalá não denunciassem – a profundeza da alma. São conhecidas as
palavras de Santo Agostinho na Cidade de Deus: “Dois amores fundaram
duas cidades: o amor de si mesmo até ao desprezo de Deus fundou a cidade da
Babilônia, isto é, a cidade do mundo a da imoralidade, enquanto que o
amor a Deus até ao desprezo de si mesmo fundou a cidade de Deus”.
O homem, assim como não atinge a
santidade imediatamente, também não descamba de um momento para o outro na
plena perversidade. O amor desregrado de si mesmo, logo que se torna dominador,
cria raízes cada vez mais profundas em certas almas que trilham o caminho da
perdição. A sua voz emite, por vezes, um som agudo e penetrante; fecham
voluntariamente os olhos à luz divina, a única que poderia esclarecê-los e
libertá-los. Algumas vezes combatem a verdade, embora a conheçam
perfeitamente; é um dos pecados contra o Espírito Santo, contradizer a
verdade conhecida como tal. Foi por isso que conforme referem os Atos dos
Apóstolos, após uma
cura miraculosa efetuada por Pedro em nome de Jesus, os fariseus, membros do
Sinédrio, disseram: “Que faremos a estes homens? (a João e a Pedro). Que
eles fizeram um milagre insigne, é notório a todos os habitantes de Jerusalém e
nós não podemos negar, mas, para que o caso não se espalhe mais entre o povo,
proibamo-los, com ameaças, de para o futuro falarem mais em seu nome, a quem
quer que seja”.
As profundezas incomensuráveis da
alma humana tornam-se assim manifestas no amor desregrado de si mesmo que
chega, às vezes, ao desprezo e ao ódio por Deus. Este desprezo é acompanhado
dum ódio inveterado e incompreensível contra o próximo, mesmo contra pessoas só
merecedoras de respeito e gratidão. Certas perversidades hediondas, como as de
Nero e de outros perseguidores, não abrandaram nem sequer diante da constância
e bondade irradiante dos Mártires.
Este grau incrível de malícia faz
sobressair, por contraste, a grandeza de Deus e dos Santos. E o Senhor permite
esta malícia e consente na perseguição para fazer resplandecer a santidade dos
Mártires. Em Espanha, durante a perseguição comunista de 1936, os fiéis vinham
perguntar aos Sacerdotes: como pode Deus permitir tais atrocidades? E os bons
Sacerdotes respondiam-lhes: “Sem perseguição não há Mártires e eles são uma das
glórias da Igreja”. Os fiéis compreendiam e afastavam-se reconfortados.
As profundezas da alma humana
ainda sobressaem mais nas grandes virtudes que nela lançam raízes e poderiam
crescer sempre, se o tempo de prova, prelúdio da vida eterna, não fosse
limitado.
Devem distinguir-se as virtudes
adquiridas pela repetição de atos naturais virtuosos e as virtudes infusas ou
sobrenaturais recebidas no Batismo, suscetíveis de aumento em nós, através dos
Sacramentos, pela Sagrada Comunhão e devido aos nossos méritos.
As virtudes adquiridas já
trazem à superfície as profundezas da alma. A Temperança e especialmente
a Castidade e a Fortaleza ou Coragem fazem com que desça
sobre a nossa sensibilidade a luz da reta razão, para resistir às tentações de
impureza e de covardia, por vezes muito vivas. Do mesmo modo, a virtude
adquirida da Justiça revela a grandeza da alma humana, sobretudo quando,
para o bem comum da sociedade, ela faz promulgar e cumprir leis justas que
podem exigir grandes sacrifícios, incluindo o sacrifício da própria vida.
Recordemos a morte de Sócrates, condenado injustamente e relutante em fugir da
prisão por respeito às leis da pátria.
São, porém, as virtudes
infusas, teologais e morais, que melhor fazem ressaltar a grandeza da alma
e acumulam nela maiores energias. Procedem da Graça Santificante, recebida na
própria essência da alma como um enxerto divino que nos permite estar em uma
comunicação com a vida íntima de Deus, com a própria vitalidade de Deus. A
Graça Santificante constitui na verdade o germe da vida eterna, semen
gloriae e, logo que tenha desabrochado plenamente, permitir-nos-á ver Deus
imediatamente, como Ele se vê e amá-lO como Ele se ama. Opera-se assim, em nós,
uma germinação de vida eterna. Se a germinação do trigo dá trinta, sessenta, e
até cem sementes, qual não será na ordem sobrenatural a germinação da vida
eterna.
Deste enxerto divino, que é a
Graça Santificante, derivam para a nossa inteligência, a Fé infusa e, para
nossa vontade, a Esperança e a Caridade infusas; dele derivam também as
virtudes infusas da Prudência cristã, da Justiça, da Religião, da Fortaleza, da
Castidade, da Humildade, da Mansidão, da Paciência e os Sete Dons do Espírito
Santo.
As virtudes infusas, que derivam
da Graça Santificante, dão às nossas faculdades o poder de agir
sobrenaturalmente para recebermos a vida eterna; e os Sete Dons do Espírito
Santo que as acompanham, tornam-nos dóceis às inspirações do Mestre interior.
Ele próprio tira, então, das nossas faculdades sensíveis, os acordes, não
somente racionais, mas sobrenaturais, que se ouvem sobretudo na vida dos
Santos. Um organismo completamente novo nos é dado.
A Fé infusa, que se apoia
na Revelação divina, alarga consideravelmente as fronteiras da nossa
inteligência, pois permite-nos conhecer Deus, não apenas como Autor da
nossa natureza, mas como Autor da Graça, e permite-nos conhecê-lO na Sua vida
íntima. Faz com que adiramos infalível e sobrenaturalmente às verdades que
ultrapassam as forças naturais de toda a inteligência criada, mesmo angélica;
aos mistérios da Trindade, da elevação do homem à ordem sobrenatural; aos
mistérios do Pecado Original, da Incarnação redentora e aos dos meios de
salvação. O dom da Ciência torna esta Fé cada vez mais penetrante.
A Esperança infusa faz com
que tendamos para Deus, para a vida da eternidade e, embora não nos dê a
certeza da salvação que exigiria uma revelação especial, dá-nos,
todavia, uma certeza de tendência para o fim supremo. Por ela, nós
tendemos com segurança para o Fim último, como a andorinha tende para onde
emigra. Esta certeza aumenta pelas inspirações do Espírito Santo que, no meio
das maiores dificuldades, consola e faz com que o justo pressinta a aproximação
do Céu. O dom do Temor filial preserva-nos da presunção, o da Ciência
mostra-nos a vaidade das coisas terrenas, e o da Piedade aumenta a nossa
confiança em Deus, nosso Pai. Vê-se isto pela altura e profundidade da alma,
mas vê-se melhor ainda pela Caridade.
A Caridade é uma
verdadeira amizade sobrenatural, que nos une a Deus. Já no Antigo Testamento se
chama a Abraão o amigo de Deus (Jud., 8, 22); a mesma denominação
recebem os Profetas (Sab., 7, 27). No Novo Testamento, Jesus diz-nos (João,
15, 15): “Sereis meus amigos se fizerdes
o que Eu vos mando. Não mais vos chamarei servos, porque o servo não
sabe o que faz o seu Senhor; mas chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer
tudo o que ouvi de Meu Pai”. Estas palavras foram ditas aos Apóstolos, e
portanto, também a nós. E isso leva-nos longe, se formos fiéis.
Esta virtude também nos faz amar
sobrenaturalmente o próximo, na medida em que é amado por Deus, nosso Pai comum
e em que é filho de Deus ou pelo menos está destinado a sê-lo.
Esta Caridade infusa deve lançar
raízes cada vez mais profundas na vontade e extirpar de lá o amor desordenado
de nós mesmos. Ela dilata-nos o coração, para lhe comunicar parte da
grandeza da bondade divina e fazer com que amemos, como amamos a Ele, todos os
homens sem exceção. Ainda mais, se um justo vivesse na terra por tempo
indefinido, milhares de anos, para merecer, a Caridade não cessaria de crescer
no âmago da sua vontade.
São Tomás exprimiu admiravelmente
esta verdade: “A Caridade infusa pode aumentar sempre em si mesma,
porque constitui uma participação do Amor incriado e sem limites; pode também
aumentar por parte de Deus, seu Autor, capaz de fazer com que ela cresça
sempre, cada vez mais em nós; finalmente, pode também aumentar por parte da
nossa alma, porque quanto mais a Caridade aumenta, mais a nossa alma se
torna capaz de receber esse aumento”. A Caridade,
ao progredir, dilata o nosso coração que se vê de certo modo invadido pelo amor
de Deus. E este amor
torna-a cada vez mais profunda para encher mais ainda. Uma vez ou outra, é nos
dado experimentar isto na oração.
Esta página de Santo Tomás é uma
das que melhor contemplam a amplitude sem medida da nossa vontade, onde a
Caridade infusa deve lançar cada vez mais raízes, e ir banindo pouco a pouco o
amor desregrado a nós mesmos. Em compensação far-nos-á crescer num santo amor
por nós próprios e pelo próximo, a fim de darmos glória a Deus no tempo e na
eternidade. A Caridade, ao crescer, faz com que amemos cada vez mais todas as
almas da terra, do Purgatório e do Céu, faz-nos participar na imensidade do
Amor divino.
Notemos, por último, que a
Caridade há de durar eternamente. Esta dimensão linear encontra-se assim em
harmonia com a sua profundidade e altura. Como diz São Paulo: “A Caridade não
passará”. A Fé há de
dar lugar à visão, a Esperança à posse de Deus. Quer a Caridade, quer a Graça,
durarão eternamente. É por isso que, para o justo, a vida da Graça e a Caridade
constituem já um começo da Vida Eterna. E daí também as palavras de Jesus,
tantas vezes repetidas: “Aquele que crê em Mim tem a Vida Eterna”. Isto é,
aquele que crê em Mim, com uma Fé viva, unida à Caridade, não somente terá a
Vida Eterna, já a possui em germe.
As Virtudes Cardeais infusas
da Prudência, da Justiça, da Fortaleza e da Temperança são muito superiores às
Virtudes adquiridas do mesmo nome. Em vez de serem apenas próprias do homem
honrado e perfeito, constituem apanágio dos filhos de Deus. Entre a Prudência
adquirida e a Prudência infusa há uma distância muito maior do que entre duas
notas musicais do mesmo nome, separadas por uma escala completa. A Prudência
infusa é duma ordem diferente da Prudência adquirida, de tal modo que esta
última podia crescer sempre cada vez mais, que nunca atingiria o menor grau da
outra. Sucede o mesmo com as restantes Virtudes Morais adquiridas, em relação
às Virtudes infusas do mesmo nome. Se a Prudência adquirida é prata, a
Prudência infusa é ouro e o Dom do Conselho, superior a ambas, é de diamante.
A virtude adquirida facilita o
exercício da virtude infusa do mesmo nome e o exercício do dom que a acompanha.
Quanto mais ágeis forem os dedos do pianista, mais fácil será levar à prática a
arte que reside no seu intelecto prático e exercitar o dom da inspiração
musical.
|
S. Teresa e S. João da Cruz |
Certas virtudes cristãs devem a
peculiar profundidade ou elevação que as caracteriza à afinidade que apresentam
com as Virtudes Teologais. A Humildade, comparável à escavação que é
preciso fazer para construir um edifício, lembra-nos esta palavra do Salvador:
“Sem Mim, nada podeis fazer” na ordem da Graça ou da salvação. Ou ainda a
pergunta de Paulo: “Que tens tu que não recebestes?” Somos incapazes de
conceber por nós próprios, como vindo de nós próprios, o menor pensamento
proveitoso para a salvação”. Requer-se
uma graça, como aliás para qualquer ato sobrenatural.
A Humildade cristã traz-nos ainda
à memória estas palavras de Santo Agostinho: “Não há falta cometida por outro homem
que nós próprios não sejamos capazes de cometer também”, por fragilidade, desde
que estejamos colocados nas mesmas circunstâncias e cercados pelos mesmos
exemplos maus, desde a nossa infância. Por isso, São Francisco de Assis, ao ver
um criminoso a ser conduzido ao último suplício dizia: “se este homem tivesse
recebido as mesmas graças talvez tivesse sido menos infiel do que eu; se o
Senhor tivesse consentido que eu cometesse as faltas que ele cometeu, seria eu
que estaria hoje no seu lugar. Devemos agradecer a Deus todo o bem que nos
levou a praticar. Mostremo-nos além disso, gratos por nos ter feito evitar
todas as faltas que poderíamos ter cometido”.
É essa a grandeza da vida cristã.
|
Beato Francisco Palau |
A magnanimidade infusa
aperfeiçoa a correspondente virtude adquirida e completa a Humildade; é graças
a ela que mantemos o equilíbrio espiritual. Faz-nos tender para as grandes
coisas que Deus pede a cada um de nós, mesmo nas mais modestas condições, por
exemplo, as dum simples criado, fiel ao seu senhor durante toda a sua vida.
Faz-nos evitar tanto a ambição como a pusilanimidade, lembrando-nos que estas
coisas grandes não se fazem sem humildade e sem a ajuda de Deus, que havemos de
pedir todos os dias: “se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham
aqueles que a constroem”.
A Paciência e a Mansidão
cristãs, que resplandecem nos verdadeiros Mártires, permitem-nos suportar
os males da vida presente com equanimidade, sem nos deixarmos perturbar. A
Paciência suporta um mal inevitável, para permanecer no reto caminho, para
continuar a sua ascensão direta a Deus. Os Mártires são, no mais alto grau, os
mestres de si mesmos e mestres livres; neles transparece o ato principal da
virtude da Fortaleza que não consiste em atacar, mas em suportar as coisas mais
penosas sem desfalecimento, e pedindo pelos perseguidores.
A Religião, auxiliada pelo
dom da Piedade, leva-nos a prestar a Deus o culto que lhe é devido, com a
afeição filial que o Espírito Santo nos inspira e uma Confiança sem limites na
eficácia da oração e na bondade de Deus, mesmo quando tudo parece irremediável.
|
Antonieta Meo |
A Penitência leva-nos a
reparar a ofensa feita a Deus, em união com o Sacrifício da Cruz, perpetuado no
Altar. Uma alma que tem o zelo da glória de Deus e da salvação do próximo é
levada a fazer reparação pelos pecadores. Assim fez a criança Antonieta Meo,
morta em Roma a 3 de Julho de 1934, a qual teve que sofrer, com menos de seis
anos, a amputação de uma perna, por causa de um cancro. A mãe pergunta-lhe um
dia: “Se o Senhor te pedisse a tua perna, dar-lhe-ias?” Resposta dela: – “Sim,
mamãe”. E, depois de um minuto de reflexão, acrescenta: – “Há tantos pecadores
no mundo, é preciso que alguém faça reparação por eles”. Após uma segunda operação não menos penosa, o pai
pergunta-lhe: “Sofres muito?” “Sim, papai. Mas o sofrimento é como o tecido,
quanto mais forte for, mais valor tem”.
Este espírito de desagravo, que
anima a vida dos grandes Santos, eleva as almas até às alturas de Deus. As
Virtudes Infusas crescem conjuntamente nestes Santos até que eles atinjam o
“estado do homem perfeito, segundo a medida da idade completa de Cristo”.
Além disso, os sete Dons do
Espírito Santo, que nos tornam dóceis às inspirações do Espírito Santo,
representam para a nossa alma como que sete velas num barco, ou melhor, sete
antenas espirituais para receberem as inspirações duma harmonia da qual Deus é
o Autor.
Se a grande perversidade traz
tristemente ao de cima as profundezas da alma, as virtudes revelam-nas melhor
ainda, sobretudo as Virtudes Infusas. A Caridade, designadamente, há de crescer
sempre em nós até à morte. As suas raízes penetram cada vez mais na nossa
vontade, para extirpar dela todo o egoísmo, todo o amor próprio desregrado.
Esta Caridade deveria crescer em nós, dia a dia, pela santa Comunhão, e até cada
Comunhão deveria ser substancialmente mais fervorosa, com um fervor da
vontade, se não da sensibilidade, do que a precedente; e, por isso,
deveria ser mais eficaz, porque cada Comunhão deve não somente conservar em nós
a Caridade, mas também aumentá-la e predispor-nos, assim, para uma Comunhão
melhor no dia seguinte. Acontece isto com os Santos, porque não colocam
obstáculos a este progresso. Neles realiza-se o que se diz na parábola do
semeador: “outros grãos de trigo caíram na terra boa e produziram fruto, mas
cem por um, outros, sessenta e outros trinta. Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça”. Do que
acabamos de dizer, colige-se que, para o justo, fiel a Deus, a mais bela
idade da vida, sob o ponto de vista espiritual, é a velhice, a idade
em que o mérito atinge o seu pleno desenvolvimento, a idade que mais nos
aproxima da eterna juventude do Céu.
Sondamos, assim, cada vez mais,
as profundezas da alma. Haveremos de sê-lo ainda melhor ao tratar das
purificações do espírito que as almas melhores atravessam já e, mais adiante,
ao falarmos da vida da alma depois da morte. (N. do compilador: Isto é assunto
para uma outra postagem)
Fonte: Rev. Pe. Reginald
Marie Garrigou-Lagrange, O.P., “O Homem e a Eternidade”, 1ª Parte, Cap. “As
Raízes dos Vícios e das Virtudes”, pp. 32-42; Editorial Aster, Lisboa, 1959.