Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 27 de julho de 2017

NÃO ESTAMOS OBRIGADOS A DIZER SEMPRE TODA A VERDADE.



Deveres dos cristãos em geral:

Para todos os bons cristãos vale afinal o Preceito divino de sempre falarem sinceramente a verdade, em suas reuniões e conversas; de não dizerem nada que possa lesar a fama de outrem, nem sequer daqueles que, como é de seu conhecimento, os ofendem e perseguem. Não devem esquecer que entre eles e os outros se interpõe a mais íntima ligação, por serem membros do mesmo Corpo”.1

Pode-se, contudo, ocultar a verdade oportunamente:

As palavras têm sido instituídas, diz S. Agostinho, para os homens comunicarem por elas os seus pensamentos. Servir-se, pois, das palavras para comunicar pensamentos que não se tem, é sempre uma coisa má. Fundado S. Tomás no mesmo princípio, diz: ‘que sendo as palavras pela sua natureza sinais dos pensamentos, é contra a natureza das palavras significar com elas pensamentos que não há’. Segue-se daqui, que se o mundo inteiro tivesse que se salvar por uma só mentira, esta mentira não deixaria de ser pecado, ainda que o mundo se salvasse por ela.

Apesar desta verdade incontestável, multiplicam-se as desculpas da mentira. Diz-se que, não pode ser mau mentir em alguns casos, como para conservar a paz de uma família, a fama de uma pessoa ou coisa semelhante; porém, nem a paz das famílias, nem a fama das pessoas, nem outro qualquer bem, pode fazer que seja bom o que por natureza é mau, como o é a mentira. O que pode fazer-se quando há inconveniente em dizer a verdade, é procurar ocultá-la, porque, como ensina o mesmo Santo Agostinho, uma coisa é dizer a mentira e outra é ocultar a verdade. Pode-se evitar a resposta, variando a conversação, chamando a atenção de quem pergunta para outras coisas, respondendo um despropósito, ou não respondendo, e desta maneira ficará oculta a verdade e mortificada a curiosidade”.2

O Ensino Catequético:

Segundo o Catecismo Maior de São Pio X, “nem sempre é necessário dizer tudo conforme se pensa (ou seja, toda a verdade), especialmente quando quem pergunta não tem o direito de saber o que pergunta”.3

Explicação do Catecismo Maior:

O 8º Mandamento proíbe-nos toda a espécie de mentira e, por isso mesmo, ordena-nos que digamos a verdade, pois a palavra deve ser a manifestação do pensamento. Mas a verdade, como nos ensina o catecismo, deve-se dizer oportunamente, ou por outra: a mentira nunca se deve dizer; porém, a verdade não se diz sempre, mas na devida oportunidade. Há circunstâncias em que a verdade pode não se dizer e outras em que não se deve dizer. Por exemplo, se me perguntam uma coisa; sei que, dizendo a verdade, aquele que me interroga faria mau uso dela. Que devo fazer? Não devo dizer a verdade, mas também não devo dizer a mentira; o meu dever é calar-me, ou falar de outro assunto, ou usar daquelas palavras que não dizem coisa alguma”.4

A Moral nos ensina que:

Deus nos deu o dom de podermos comunicar nossos pensamentos para que manifestemos sempre a verdade. De cada vez que, por palavras ou obras, divulgamos uma falsidade, abusamos de um dom divino e pecamos.

Daí se segue que, não existem as ‘mentirinhas brancas’ nem as mentiras inócuas. Um mal moral, mesmo o mal moral de um pecado venial, é maior que qualquer mal físico. Não é lícito cometer um pecado venial, nem mesmo para salvar da destruição o mundo inteiro. No entanto, deve-se também mencionar que posso não dizer a verdade sem pecar, quando injustamente procuram averiguar por meu intermédio alguma coisa sobre mim. O que venha a dizer neste caso poderá ser falso, mas não é uma mentira: é um meio lícito de autodefesa quando não resta alternativa.

Também não há obrigação de dizer sempre toda a verdade. Infelizmente, há muitos xeretas neste mundo, que perguntam o que não têm o direito de saber. É perfeitamente legítimo dar a tais pessoas uma resposta evasiva. Se alguém me pergunta quanto dinheiro trago comigo (e suspeito de que se trata de uma “facada”), e eu lhe respondo que trago mil cruzeiros, quando na realidade tenho dez mil, não minto. Tenho mil cruzeiros, mas não menciono os outros nove mil que também tenho. Mas seria uma mentira, é claro, afirmar que tenho dez mil cruzeiros quando só tenho mil.

Há frases convencionais que aparentemente são mentiras, mas não o são na realidade, porque toda pessoa inteligente sabe o que significam. “Não sei” é um exemplo dessas frases. Qualquer pessoa de inteligência média sabe que dizer “não sei” pode significar duas coisas: que realmente desconheço aquilo que me perguntam, ou que não estou em condições de revelá-lo. É a resposta do Sacerdote – do médico, do advogado ou do parente –, quando alguém procura tirar-lhe uma informação confidencial. Outra frase similar é: “não está em casa”. “Não estar em casa” pode significar que a pessoa saiu efetivamente, ou que não recebe visitas. Se a menina, ao abrir a porta, diz ao visitante que mamãe não está em casa, não mente; não há por que dizer que mamãe está no banho ou corando a roupa. Quem se engana com frases como esta (ou outras parecidas de uso corrente) não é enganado: engana-se a si mesmo”.5




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1.  Catecismo Romano, Parte Terceira – Dos Mandamentos, Cap. IX - 8º Mandamento, III Ponto, Art. 18, p. 421; 2ª Edição Refundida, Editora Vozes Ltda, Petrópolis/RJ, 1962.

2.  D. Santiago José Garcia Mazo, “Catecismo da Doutrina Cristã Explicado ou Explicações do Catecismo de Astete”, Segunda Parte, Pergunta LXIV, pp. 200-201; 6ª Edição, Livraria Chardron de Lello & Irmão – Editores, Porto, 1905.

3.  Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, Terceira Parte, Cap. III, Quest. 462, pp. 89-90; Editora Vera Cruz Ltda. São Paulo, 1976.

4.  Teólogo Giuseppe Perardi, “Novo Manual do Catequista – Explicação Literal do Catecismo da Doutrina Cristã, publicado por ordem do Papa S. Pio X”, II Parte, Cap. I, 8º Mandamento, Art. 207, pp. 347-348; 5ª Edição, União Gráfica, Lisboa, 1958.

5.  Rev. Pe. Leo J. Trese, “A Fé Explicada”, Segunda Parte, Cap. XXI, pp. 212-213; 5ª Edição, Quadrante, São Paulo, 1990.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

STÁLIN - O HOMEM DE AÇO



                                                      Dom Fernando Arêas Rifan*

A História é mestra da vida, já dizia Cícero. Por isso, suas lições são úteis e seu esquecimento, desastroso.

Segundo resenha da revista Época (edição de 3/7/2017), acaba de ser lançada uma biografia de Koba Djugachvili, mais conhecido pelo apelido “Stálin” (homem de aço, em russo), intitulada “Stálin – Paradoxos do poder”, feita pelo americano Stephen Kotkin, da Universidade Princeton.  “Não há personagem mais rico para um historiador que Stálin. Uma biografia dele é quase como contar a história do mundo”, diz Kotkin, especialista em história soviética, que esmiuçou, por 11 anos, os arquivos abertos depois da queda do regime comunista, em 1991.

Stálin fugiu de uma aldeia siberiana, para onde fora deportado, para se encontrar com o camarada Lênin, em Cracóvia, na Polônia e lhe dar pessoalmente um texto que havia escrito sobre marxismo e nacionalismo, que mereceu elogios de Lênin.

Segundo o historiador, nas três décadas em que ficou no poder (1924-1953), Stálin iniciou uma tirania com atrocidades indizíveis, perseguiu, executou e confinou oponentes em campos de concentração. Numa conta conservadora, foram mais de 4 milhões de vítimas. Esse cálculo inclui aqueles que morreram de fome – de 5 milhões a 7 milhões de pessoas – em consequência de políticas de coletivização agrícola que levaram ao colapso do abastecimento no país. Todo esse despotismo e tirania para implantar o comunismo na Rússia.

Com sua visão das nações satélites, o ditador foi o artífice da União Soviética.

Crente fervoroso quando jovem, estudou num seminário teológico ortodoxo. Lênin, líder comunista, foi o fiador da ascensão de Stálin dentro do partido e criou o cargo de secretário-geral expressamente para ele.

Na concepção de Kotkin, a personalidade de Stálin foi de somenos importância para moldar o ditador que a conjuntura política da época. Ele renega a repisada tese psicanalítica de que a origem do tirano está nas surras que o pequeno Koba levava do pai e da infância difícil que viveu. “Não foi o indivíduo que criou a política, mas sim a política que criou o indivíduo. Aquele tipo de regime é que fez Stálin se tornar o personagem que foi”, diz ele. Em resumo, Stálin foi o que foi porque se dispôs a colocar em prática, como um homem de aço, as ideias comunistas (Revista Época, 3/7/2017: “A marca do demônio”).

Que aprendam da história os que querem o comunismo em nome do progresso e do bem-estar dos povos! “Ao princípio, o comunismo mostrou-se tal qual era em toda a sua perversidade; mas bem depressa percebeu que desse modo afastava de si os povos; e por isso mudou de tática e procura atrair as multidões com vários enganos, ocultando os seus desígnios sob a máscara de ideais, em si bons e atraentes... Não se deixem enganar! O comunismo é intrinsecamente perverso e não se pode admitir em campo nenhum a colaboração com ele, da parte de quem quer que deseje salvar a civilização cristã” (Pio XI, Enc. Div. Redempt. 57-58).


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney


terça-feira, 18 de julho de 2017

O QUE DEVE FAZER O TERCEIRO CARMELITA, PARA ALCANÇAR A PERFEIÇÃO E A SALVAÇÃO ETERNA.



Qui regulae vivit, Deo vivit,
 
viver ajustado à Regra, é viver para Deus.




Quando a Igreja Católica, qual Mãe solícita, dentro do seu Código de Direito Canônico, estabelece que a aprovação de uma Regra, que deve determinar a vida de uma Ordem Terceira, é reservada exclusivamente ao Magistério Supremo e Infalível da Santa Sé, Ela nos garante que esta mesma Regra, bem observada, torna-se caminho de salvação eterna. Que mais poderíamos desejar? Que mais preocupa um coração sincero, uma consciência cristã bem formada, senão a resposta adequada à pergunta pungente: ‘Para que estamos no mundo? Como alcançaremos a vida eterna?’ E aí está o Santo Padre Pio XII, cônscio da sua Suprema Autoridade em matéria de fé e de costume, a dirigir a resposta inequívoca aos Terceiros Carmelitas: ‘Observai esta Regra, por Nós aprovada. Servi e amai a Deus deste modo; é alcançar a perfeição cristã neste mundo, e a salvação eterna, no outro’.” (Rev. Pe. Emídio Ter Beke, O. Cam., “Comentário da Regra da Ordem Terceira do Carmo”, Introdução, pp. 7-8; 2ª Edição, Edições Carmelitanas, São Paulo, 1961).


A Confirmação Desta Verdade


Santa Teresa de Ávila: “Se algo pudermos fazer junto a Deus… lutemos por Ele, e eu considerarei muito bem empregados os sofrimentos que tive para fazer este recanto (o mosteiro de S. José), onde desejava que se respeitasse a Regra de Nossa Senhora e Imperatriz com a perfeição primitiva” (C 3, 5).

Se dizemos que esses são os princípios da renovação da Regra da Virgem Sua Mãe, Senhora e Padroeira Nossa, não a ofendamos, nem as Santos Padres nossos antepassados, deixando de nos conformar a elas...” (F 14, 5).

Se procurarmos respeitar perfeitamente e com muito cuidado a nossa Regra e Constituições, espero que o Senhor atenda às nossas súplicas. Não vos peço, filhas minhas, nada de novo, mas apenas que guardemos o que professamos, pois é essa a nossa vocação e a nossa obrigação muito embora haja muita diferença entre guardar e guardar” (C 4, 1).

A nossa primeira Regra diz que oremos sem cessar. Por isso, façamo-lo com todo o cuidado possível, que é o mais importante...” (C 4, 2; “guardando-a se reza sem cessar”).

O que o Demônio pretende aqui não é pouco: esfriar a caridade e o amor mútuo entre as irmãs, o que seria grande prejuízo. Entendamos, filhas minhas, que a verdadeira perfeição é o amor a Deus e ao próximo. Quanto mais fielmente guardarmos esses dois Mandamentos, tanto mais perfeitas seremos. A nossa Regra e as nossas Constituições, em seu conjunto, não servem senão de meios para seguir isso com mais perfeição” (M 1, 2, 17).

Santa Maria Madalena de Pazzi: “Cuidad de no introducir singularidades en vuestro modo de vivir, antes bien, guárdad puntualmente vuestra Regla. Ella es el camino reto.

La sumisión y obediencia regular son preferibles a las altas contemplaciones, pues el Espiritu Santo es quien ha dispuesto y ordenado todas las ordenaciones y preceptos de las religiones; cumpliéndolas estáis seguros de cumplir la voluntad de Dios, certeza que no tenéis en vuestros ejercicios particulares, por buenos y santos que sean.

Amad con gran amor la Regla y Constituciones; observad cada uno de sus preceptos con el mayor afecto posible.

Debéis procurar se os instruya en las obligaciones de la Regla, y cumplid las penitencias que ella impone por las faltas cometidas.

Estudiad vuestra Santa Regla, fijándoos en cada punto y hasta en cada sílaba, considerando hasta la más corta palabra como inspirada, observándola con solicitud y celo. Guardaos particularmente de la ociosidad, que es tan contraria a la Regla. Vivid en silencio y seguid con diligencia a la comunidad en el coro, refectorio y demás actos comunes.

Portaos como si sólo vos debierais guardar la Regla y Constituciones, y ello hasta el último ápice, y que de vos depende el conservarlas en su vigor.

Estad prestos a dar la sangre y la vida antes que permitir el menor relajamiento en cuanto a la observancia de la Regla y Constituciones”.

(Santa María Magdalena de Pazzi, carmelita, “Avisos y Enseñanzas”, Cap. III – Regla y Constituciones, nn. 22-28, pp. 17-18. Edita y propaga AMACAR, Apostolado mariano-carmelitano. Impresos y Revistas, S.A. (IMPRESA), Madrid, 1991).

São Francisco de Assis: “Em nome do Senhor, rogo a todos os irmãos, que aprendam bem o teor e sentido do que está escrito nesta Regra de vida a bem da salvação de nossa alma e frequentemente o recordem” (1Reg. 23, 35).

A Observância da Regra permite a Reforma da Igreja e a Salvação dos Fiéis: “… Começaram a vir a São Francisco muitas pessoas do povo, nobres e plebeus, clérigos e leigos, querendo por inspiração de Deus militar para sempre sob sua disciplina e magistério. O santo de Deus, como um rio caudaloso de graça celeste, alimentado pelas chuvas dos carismas, enriquecia o campo de seus corações com as flores das virtudes. Pois era um artista consumado que apresentava o exemplo, a Regra e os ensinamentos de acordo com os quais a Igreja de Cristo rejuvenescia, enquanto nos homens e nas mulheres triunfava o tríplice exército dos predestinados. A todos propunha uma norma de vida e demonstrava com garantias o caminho da salvação em todos os graus” (1C 37; LP 115).


São João Bosco: “As Regras foram aprovadas pela santa Igreja, que não erra nunca. Assim, obedecendo a elas, nós obedecemos diretamente a Deus”. (Memorie Biografiche di Don Giovanni Bosco, XVII 296, Torino, 1898-1939).



A
dolfo Tanquerey:
“Quando alguém entra no estado religioso, obriga-se, por isso mesmo, a observar as Regras e Constituições, que são explicadas no decurso do Noviciado, antes da Profissão. Ora, seja qual for a Congregação a que o homem se dê, não há uma só que não se proponha como fim a santificação dos seus membros, e não determine, por vezes, com todas as minúcias, as virtudes que se devem praticar e os meios que facilitam o seu exercício. Se é, pois, sincero o religioso, obriga-se a observar, ao menos no seu conjunto, esses vários regulamentos e, por isso mesmo, a elevar-se a certo grau de perfeição; porquanto, ainda mesmo que não cumpra senão o grosso das regras, tem ainda muitas ocasiões de se mortificar em coisas que não são de preceito; e o esforço, que é obrigado a fazer para isso, é um esforço para a perfeição…

O verdadeiro religioso… cumpre a regra tão integralmente como pode, sabendo que é esse o melhor meio de agradar a Deus: ‘Qui regulae vivit, Deo vivit, viver ajustado à Regra, é viver para Deus’. Assim mesmo, não se contenta de cumprir estritamente os votos, pratica o seu espírito, esforçando-se por avançar cada dia para a perfeição, segundo a palavra de S. João: ‘O que é santo santifique-se ainda mais’; e então se verifica para ele o que diz S. Paulo: ‘Todo aquele que seguir esta regra gozará de paz e poderá contar com a misericórdia divina, pax super illos et misericordia’ (Gál., VI, 16)” (Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 1ª Parte, Cap. IV, Art. II, Pontos 373-376, pp. 212-214; 5ª Edição, Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1955).


Da Obediência às Regras1

Pequena Explanação

São Francisco de Sales estabeleceu a seguinte e importante máxima: “A predestinação dos religiosos está ligada à observância de suas regras”. Santa Maria Madalena de Pazzi costumava dizer que, a obediência às regras é o caminho mais direito para a salvação e a santidade. Realmente, a observância das regras é o único meio de santificação dos religiosos; nenhum outro caminho os conduz a seu termo. Um Religioso, pois, que transgredir habitualmente qualquer prescrição da Regra, por menor que seja, não adiantará nem um passo no amor de Deus, ainda que pratique as maiores penitências e se dedique constantemente à oração e a outros exercícios de piedade. Todo o esforço de tais religiosos é vão e cumprem-se neles as palavras do Espírito Santo: “Infeliz é aquele que rejeita a disciplina; vã é a esperança dele, sem fruto os seus trabalhos e inúteis as suas obras”.2

As regras não deixam de ser uma carga, mas uma carga como a das asas, pois, por meio delas podemos voar até Deus. “O jugo de Jesus Cristo tem asas que nos elevam acima da terra, diz Santo Agostinho.3 As regras são prisões, mas prisões de amor, que nos ligam ao Sumo Bem. Não são elas prisões vergonhosas, mas nobres e desejáveis, que nos preservam das cadeias do Inferno.

Se achas, pois, difícil privar-te daquilo que a Regra te veda e que teu amor-próprio deseja, dize alegremente, com o Apóstolo: “Estou prisioneiro, mas alegro-me de minhas prisões, porque ligam-me estreitamente a Deus e asseguram-me a coroa eterna”. A isso se refere também São Agostinho, quando diz: O Senhor não te daria o colar áureo da eterna glória, se não te prendesse antes com as cadeias da santa Regra”.4

Se não puderes praticar grandes coisas por Deus, fazer rigorosas penitências, empregar muitas horas na oração, observa ao menos pontualmente as Regras e podes estar certo que isso só basta para fazeres, em pouco tempo, grandes progressos no caminho da perfeição. São Boaventura diz: O melhor modo de tender à perfeição é observar tudo o que é prescrito”. À medida da fidelidade do religioso neste ponto, se mostrará Deus liberal para com ele. Santa Teresa diz que os religiosos que observam a Regra até nas menores coisas, voam e não andam para o cume da perfeição.

Com razão chama Santo Agostinho a Regra o espelho dos religiosos, porque, do zelo com que observam a Regra, podem deduzir qual o seu estado de alma. Um religioso, ao examinar como ele observa a Regra, pode conhecer se ama a perfeição ou não, se faz progresso ou regresso, se agrada ou desagrada a seu divino Esposo. Por isso, convence-te profundamente que para te fazeres santo não precisas praticar muitas coisas, mas unicamente observar fielmente a tua Regra. Quando a Regra prescreve, por exemplo, o trabalho ou o recreio o religioso procederia mal se fosse então ao coro a rezar ou quisesse então praticar penitências. Dedicar-se a tais exercícios intempestivos de piedade é, segundo o Pe. Álvarez, oferecer a Deus coisas furtadas, isto é, um sacrifício que Deus não aceita. “É melhor ser um dedo e estar ligado com o corpo (da Comunidade), diz um sábio escritor, do que ser um olho, mas estar separado do corpo”. O olho separado do corpo nada mais é, senão uma presa da corrupção. Assim pode bem ser que uma boa obra em si, mas contrária às prescrições da Regra, desagrade muito a Deus e que, longe de ser para o religioso um meio para a perfeição, seja até um impedimento, porque todos os exercícios de piedade e boas obras contrárias à Regra são passos fora do caminho e impedimentos na vida espiritual, diz Santo Agostinho.

Aos olhos do mundo, muitas Regras parecerão insignificâncias; consideradas, porém, à luz da fé, tornam-se muito outra coisa. Nós devemos considerar todas as Regras como muito importantes, parte porque todas elas foram dadas por Deus e aprovadas pela Igreja, como meios para a perfeição cristã; parte porque a transgressão delas, mesmo das mais pequenas, faz perigar a disciplina da Ordem e traz consigo a confusão à Comunidade toda. Como narra a Pe. St. Jure, o Pe. Oviedo, sendo Reitor do colégio dos Jesuítas, em Nápoles, insistia muito para que todas as Regras, mesmo as menores, fossem observadas pontualmente. O Pe. Bobadilla, porém, era de opinião de que não convinha incomodar os religiosos com tantas insignificâncias, e tanto fez que desistiram do antigo rigor. As consequências mostraram que ele não tinha razão, porque, pouco a pouco, desapareceu o zelo e muitos não se importavam mais com as Regras pequenas nem com as grandes e abandonaram, finalmente, a Ordem. Sendo disso inteirado, S. Inácio ordenou que todas as Regras deviam ser rigorosamente observadas e, assim, se restabeleceu novamente a disciplina.

Os que transgridem as Regras, sem necessidade, não encontram senão aridez e desgosto na oração, na santa Comunhão e em todos os exercícios de piedade. Por causa de um só olhar curioso que Santa Gertrudes lançou sobre uma irmã, contrário a uma inspiração interna, foi ela castigada por onze dias com aridez espiritual. É justo que se colha pouco, quando se semeia pouco. Como poderia ser o Senhor liberal para com um religioso, concedendo-lhe graças e consolações celestes, se ele O serve tão mesquinha e negligentemente? Talvez lhe concederia uma graça preciosíssima, se observasse este ou aquele ponto da Regra; mas, por causa de sua negligência, fica mui merecidamente privado dela. “Por uma pequena negligência, diz o Beato Egídio, pode-se perder uma grande graça”.

Mas dirá alguém: Ora, as Regras não obrigam sob pecado. A isso deve-se responder: Se bem que as Regras em si não obriguem debaixo de pecado, contudo, ensinam os teólogos, que a violação de uma Regra, por menor que seja, é ao menos um pecado venial, sempre que falte um motivo suficiente para a sua transgressão, por que é necessariamente por paixão ou por preguiça que se transgride voluntariamente e sem motivo uma Regra qualquer, e, por isso, essa transgressão nunca pode ficar isenta de um pecado ao menos venial. São Francisco de Sales diz,5 por isso, em seus entretenimentos espirituais, que, apesar de as Regras da Ordem da Visitação não obrigarem debaixo de pecado, ele não saberia como isentar de um pecado venial a violação delas, pois, quando um religioso transgride a Regra, diz ele, desonra a Deus, renuncia a seu estado, traz a confusão à Comunidade e frustra o bom exemplo que devia dar aos outros. Segundo esse Santo, pois, comete-se ainda o pecado de escândalo, quando se transgride a Regra na presença dos outros.

Eu disse que essa violação da Regra é, pelo menos, um pecado venial; pois, quando ela traz consigo um grande dano ou causa um grande escândalo à Comunidade, por exemplo: se se violasse habitualmente o silêncio prescrito, se se entrasse nos quartos dos outros, etc., não deixaria de ser pecado grave.

Santo Tomás ensina, que depois da emissão dos votos, a violação das Regras e Constituições, mesmo aquelas que não se referem aos votos, não poderá estar isenta de um pecado venial. Será, porém, um pecado mortal se a transgressão for feita por desprezo formal da Regra. Ora, é impossível que alguém transgrida voluntariamente e constantemente uma Regra, sem desprezá-la, porque é justamente o desprezo a causa das transgressões voluntárias, nota São Bernardo. Pode-se objetar, que esse desprezo não é patente e formal; porém, mesmo assim, não se pode negar, como nota o mesmo Santo, que há um desprezo oculto e tácito, que, sem dúvida alguma, basta para que se cometa um pecado venial. Por isso, não é necessário, de forma alguma, segundo Suárez, examinar mais de perto se a Regra obriga debaixo de um pecado ou não, desde que é quase impossível transgredi-la voluntariamente sem pecar.

Que as violações voluntárias da Regra em si incluem pelo menos um pecado venial, está fora de dúvida: primeiro, porque o religioso que infringe a Regra, despreza a tendência à perfeição, à qual ele está obrigado; segundo, porque ele não cumpre a promessa feita na emissão de seus votos de observar a Regra; terceiro, porque perturba a boa ordem da Comunidade por seu mau exemplo; quarto, finalmente, e este é o motivo mais poderoso, porque, transgredindo a Regra, faz a sua própria vontade e se afasta da vontade de Deus.

A violação da Regra certamente não é uma ação virtuosa; e também não é uma ação indiferente, pois como poderia sê-lo, se ela procede do amor-próprio, é um mau exemplo para os outros e perturba a ordem do claustro? Ora, quando uma ação não é nem boa nem indiferente, é má. Isso vale não só para os jovens religiosos, mas também para os mais idosos. Estes até estão mais obrigados à observância perfeita do que aqueles, e por duas razões. Primeiramente, porque passaram mais tempo na Ordem; quem mais estudou, deve ser mais sábio; assim também o religioso que esteve mais tempo no convento, na escola do Crucificado, deve estar mais adiantado na ciência dos Santos, isto é, na perfeição cristã. Em segundo lugar, porque o exemplo dos mais velhos arrasta os mais novos a observar ou a violar a Regra. Os religiosos mais velhos são os fachos que iluminam a Comunidade; são as colunas que sustentam a observância; se eles observam a Regra, observam-na também os mais moços; se estes, porém, veem que os mais velhos pouco se importam com a Regra, também eles pouco se incomodarão com ela. Que aproveita os velhos exortarem com palavras os moços à observância da Regra, se os demovem disso com o seu exemplo? “Mais podem os exemplos que vemos com os nossos olhos, diz Santo Ambrósio, que as exortações que ouvimos com os nossos ouvidos”.

Para observar rigorosamente a Regra, deves lê-la muitas vezes e examinar em que faltaste e em que deves te emendar; é essa uma das melhores leituras espirituais que podes fazer. Também é bom fazer cotidianamente um especial exame de consciência sobre aqueles pontos contra os quais mais vezes faltas. Não deixes de te acusar diante do Superior todas as vezes que cometeres uma falta e de lhe pedir por isso uma penitência.

Se quiseres observar perfeitamente a Regra, deves ter como motivo de tuas ações o amor e não o temor, diz Santo Inácio de Loiola, isto é, deves observar a Regra, não para te livrares das repreensões de teus Superiores ou seres louvado pelos outros, mas unicamente para agradares a Jesus Cristo. Pondera que só viveste aquele dia em que renunciaste à tua vontade próprio e não transgrediste nenhum ponto da Regra, diz Santo Euquério de Lião, isto é, considera só um tal dia como verdadeiramente proveitoso.

Santa Maria Madalena de Pazzi nos dá os seguintes conselhos quanto à observância das Regras: 1. Estima tua Regra tanto quanto estimas o próprio Deus. 2. Representa-te que a observância da Regra inteira foi confiada a ti, unicamente a ti. 3. Quando os outros faltarem contra as prescrições da mesma, procura reparar essas faltas com tua fidelidade.

Brevíssimo Exemplo6


Santa Margarida Maria Alacoque


Se a obediência não lhe tivesse moderado o fervor, o extremo desejo que tinha de sofrer pelo amor de Jesus Cristo tê-la-ia levado a praticar excessos. Tendo considerado um dia que a última queixa que o Filho de Deus fez na Cruz foi da sede que sofria: sempre engenhosa em achar novos meios para imitar seu divino Mestre, tomando parte em seus tormentos, ela resolveu padecê-los cada semana, desde a quinta-feira à noite até ao sábado seguinte, sem beber. Por mais difícil que fosse esta abstinência praticou-a muito tempo, até que a Superiora, tendo sido disto informada, lhe proibisse continuá-la; e para pôr melhor à prova sua virtude, ordenou-lhe beber nestes dias duas ou três vezes fora do tempo das refeições. Ela obedeceu; mas, achou em breve novo modo de mortificar-se ao obedecer. Imaginou que beber então da água mais suja que pudesse achar, não seria agir contrariamente à obediência, e isto seria para ela o maior de todos os tormentos. Só este pensamento a fez estremecer; nada mais porém foi preciso para censurar a sua demasiada delicadeza, e para se resolver a punir por ali sua liberdade. Assim fez vários meses, com penas incríveis. A Superiora tendo sido informada da indústria de que ela se servia para fazer-se sofrer, dissimulou a admiração que lhe causavam um fervor e uma generosidade tão pouco comum; chama-a, e repreende-a com tanta aspereza, e de maneira tão dura, que esta santa moça considerou esta ação, digna na verdade da admiração de todos aqueles que sabem julgar retamente da verdadeira piedade, considerou-a, digo, pelo resto de seus dias, como uma das maiores faltas de sua vida.

Um dos mais seguros sinais com que se conhece infalivelmente se uma alma é dirigida pelo Espírito de Jesus Cristo, é a estima e o amor que tem da obediência, desconfiando continuamente de suas próprias luzes, e sujeitando-se em todas as coisas aos sentimentos de seus Superiores; é também por este sinal que sempre se pôde reconhecer o Espírito de Jesus Cristo na conduta desta virtuosa moça.

Diz ela nuns papéis que foram achados depois de sua morte, escritos de seus próprios punhos: Conquanto meu divino Salvador, se tenha tornado meu Mestre e meu Diretor, Ele não quer entretanto que nada faça de tudo quanto me ordena, sem o consentimento de minha Superiora, à qual quer que eu obedeça, por assim dizer, mais exatamente que a Ele próprio; o que Ele me ensina particularmente é desconfiar de mim mesma como do mais cruel e do mais poderoso inimigo que eu possa ter; mas que se puser toda a minha confiança nele, e tiver uma perfeita obediência, dependendo em todas as coisas da vontade dos meus Superiores, dele me defenderá. Além disto, proíbe-me que jamais me perturbe, seja do que for que possa acontecer, considerando todos os acontecimentos da vida sejam eles quais forem dentro da ordem da santa Providência e de sua vontade, a qual pode quando lhe apraz voltar todas as coisas para a sua glória. Uma vez achando-me num emprego que me tolhia frequentemente o lazer de rezar a Oração com a Comunidade, isto excitou em meu espírito, um dia de Páscoa, um pequeno impulso de mágoa, do qual fui logo repreendida pelo meu Soberano Mestre, dizendo-me: – Saiba que a oração de submissão e de sacrifício me agrada mais que a contemplação, e que qualquer outra especulação por mais santa que pareça. – Isto imprimiu em mim tão grande paz, que desde esse tempo não senti mais pena em tudo aquilo que minhas Superioras queriam de mim.

E num outro trecho: “desde aquele tempo, diz ela, meu divino Mestre não cessou de me repreender Ele mesmo de minhas faltas e de me fazer conhecer a fealdade delas; mas o que lhe desagrada extraordinariamente, e do que sempre me repreende de modo mais severo, é a falta de respeito, e de atenção diante do Santíssimo Sacramento, sobretudo durante o tempo do Ofício e da Oração. Ai de mim! De quantas grandes graças me tenho privado então por uma distração, por um olhar dado por curiosidade, por uma postura, algumas vezes um pouco mais cômoda, e menos respeitosa; a dor que sentia logo que percebia tê-lo desgostado em alguma coisa, obrigava-me a ir prontamente pedir alguma penitência, pois este divino Salvador me fez conhecer diversas vezes que a menor penitência feita por obediência, lhe era mais agradável de que todas as maiores austeridades de minha escolha; posso por isso assegurar, e meu divino Salvador mo redisse cem vezes, que nada há que prejudique mais a uma pessoa Religiosa de que a falta de obediência por pequena que pareça, seja às Superioras, seja às Regras, e a menor réplica neste ponto com algum sinal de repugnância, é um defeito insuportável aos olhos de Deus.

Enganas-te, minha filha, dizia-me este divino Salvador, enganas-te pensando poder agradar-Me com estes gêneros de ações, ou de mortificações, cuja escolha foi feita pela vontade própria: sabe pois, que rejeito tudo isso como frutos corrompidos pela vontade própria, que tenho em horror, sobretudo numa alma Religiosa; e agradar-Me-ia mais que tomasse todas as suas pequenas comodidades por obediência, de que se agravar de austeridades e de jejuns por sua própria vontade.

Experimentei que quando me ocorre fazer destes gêneros de mortificações sem a ordem expressa de minha Superiora, este divino Salvador não me permite sequer lhas oferecer, e delas me castiga na mesma hora. Um dia querendo continuar uma penitência que a obediência me impusera, ouvi a voz deste amável Salvador que me disse: O que fizeste até aqui foi para Mim, mas o que vais fazer agora é para o Demônio; o que me fez cessar imediatamente e desde então resolvi antes morrer que me afastar o mínimo que seja das ordens da obediência, à qual estou resolvida a tudo sacrificar: inspirações, desejos, visões, graças extraordinárias, etc.

Deus mostrou por milagrosos efeitos quanto lhe era agradável esta perfeita obediência.



Fazei, Senhor, que nos deixemos guiar
pela nossa Regra e pelos nossos Estatutos,
a fim de vivermos uma vida autenticamente Carmelita
e proclamarmos o vosso amor diante dos homens…
Concedei-nos fidelidade à vossa Lei,
para que, guardando-a no coração,
perseveremos até o fim”.

(Manual do Terceiro Carmelita,
Laudes de Terça-feira – Preces, p. 147.
Sodalício de Campos dos Goytacazes/RJ)


________________________

1.  Rev. Pe. Saint-Omer, C.SS.R., “Escola da Perfeição para Seculares e Religiosos”, obra compilada dos escritos de Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja, vertida para o português segundo a edição alemã do Pe. Paulo Leick pelo Pe. José Lopes, C.SS.R., III Parte, Cap. V, Art. III, pp. 346-350. IV Edição, Editora Vozes Ltda., Petrópolis/RJ, 1955.

2.  Sab. 3, 11.

3.  In ps. 59.

4.  In ps. 149.

5.  Entret. 1.

6. Rev. Pe. Padre João Croiset, S.J., “Compêndio da Vida da Irmã Margarida Maria Alacoque, religiosa da Visitação de Santa Maria”, pp. 20-25. Tradução do Francês, Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 1950.


quinta-feira, 6 de julho de 2017

NOVENA EM HONRA DA SANTÍSSIMA E IMACULADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO.



Aprovação da Ordem




Nihil Obstat
Fr. Romeu Peréa. O. Cam.
15 de Agosto de 1941.



Reimprimi potest
Fr. Joseph Maria Casanova
Ord. Carm. Provincialis
Recife, 18 de Agosto de 1941.


Aprovação do Prelado Eclesiástico


Nihil Obstat
Recife, 9 – XII – 1941
Pe. C. B. Barreto
Censor Diocesano

Imprimatur
Recife, 11 – 12 – 1941
Michael
Archiepus. Olinden. Et Recifen.






N o v e n a

da

Santíssima e Imaculada Virgem Maria

do

Monte Carmelo



________

Primeiro Dia
_______


Ao Expor-se o Santíssimo Sacramento

Hymnum

Tantum ergo sacramentum
Veneremur cernui;

Et antiquum documentum

Novo cedat ritui;

Praestet fides supplementum

Sensuum defectui.

Genitori Genitoque

Laus et jubilatio;

Salus, honor, virtus quoque,

Sit et benectio;

Procedenti ab utroque

Compar sit laudatio.

Amen.

______


Deprecação

Abri, Senhor, a nossa boca para louvar o vosso Santo Nome; purificai também o nosso coração de todos os pensamentos vãos, perversos e alheios; iluminai o nosso entendimento, inflamai a nossa vontade para que digna, atenta e devotamente possamos exercitar a presente devoção, e merecer ser ouvidos na presença de vossa Divina Majestade. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.

V. A Santa Mãe de Deus e dos Carmelitas seja conosco e sempre nos assista.
R. Amém.

V. Deus, vinde em meu auxílio.
R. Senhor, apressai-vos em socorrer-me.

V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.

___________

Invitatório

A Nosso Senhor Jesus Cristo, que se dignou que sua Mãe Santíssima se intitulasse, particularmente, Mãe dos Carmelitas. Vinde, adoremos.

___________

Hino

Virgem que o mundo inteiro venera,
Que a Santa Prole do nevado do Carmo
Por mãe venera, recebe estes nossos cândidos votos.

O nosso Elias divisando a Nuvem
Clamou dizendo: Vede aqui a forma
Da Mãe bendita, da preclara Virgem, Cópia certa.

Não tinha vindo do Celeste Trono
O Verbo Santo, já me protegendo
Te vejo, Nuvem, sendo de meus filhos a Próvida amante.

Também primeiro que este mundo deixes,
Um Templo Santo minha grata prole
Há de erigir-te por sinal do nosso íntimo afeto.

Do nosso Monte, rogo, não te afastes,
Mas sempre orvalha flores que cultivo;
O jardim cresça, até que teus altares floridos fiquem.

Dê-se honra ao Pai, ao Divino Filho,
A quem procede juntamente de ambos:
À Virgem Santa dê-se em todo o mundo, cânticos eternos. Amém.



Meditação

Maria simbolizada por uma nuvem,
é imitada por Elias e seus Discípulos.

PUREZA

I

Aquele Deus que desde toda a eternidade escolhera a Virgem Maria para ser, quando chegasse o tempo, a Mãe do seu Unigênito Verbo, entre as maravilhas que obrou para exaltação da mesma, não deixou em último lugar a de anunciá-lA por meio de símbolos expressivos e figuras tocantes aos fiéis do Antigo Testamento. Deus ia preparando por esse modo a glorificação aqui na terra de tão excelsa criatura, por meio de um culto tão esplêndido e tão universal. Entre tão gloriosos prenúncios, merece atenção especial o que teve lugar novecentos anos antes da era evangélica, no sagrado Monte Carmelo, e pelo qual o grande Profeta Elias compreendeu por luz profética e sob o símbolo de uma pequena nuvem, os futuros destinos da Virgem Mãe, e quanto havia de ser credora do amor e veneração de todos os remidos.

Desde então Elias e seus filhos a honraram e veneraram por um modo adequado; pelo que podemos dizer desta Mãe da Sabedoria divina, o que se lê em seu sagrado Livro: – Aqueles a quem se descobrira em visão, amaram-nA assim que a viram e que descobriram as suas grandezas.

E como entre tão soberanas excelências divisara Elias também as mais eminentes virtudes, propôs-se então imitá-las e fazer com que outros as imitassem. Entre muitas delas, a pureza virginal de Maria Santíssima instigou com o atrativo de seus encantos o grande Profeta a que cultivasse tão bela virtude e a propusesse à imitação de seus discípulos, semeando assim com lírios odoríferos, o Monte mesmo em que sempre exalaram celestial fragrância as belas flores de todas as virtudes. A estes perfeitos imitadores do imortal Tesbita, alude o grande Mártir São Metódio, quando dirigindo-se a Maria Santíssima lhe disse com ênfase:

O Profeta Elias, ó Virgem Sagrada, para louvar a tua pureza virginal, como se estivesses presente, embora tardasses ainda tanto em nascer, rodeou-se como que de uma coroa de lírios odorosos de numerosos imitadores de tua pura e fervorosíssima vida.

Verás aqui, minha alma, os humildes princípios dessa Congregação santa que no Antigo Testamento iniciou a série de ilustres triunfadores da malfadada concupiscência, e que no decurso de todos os séculos havia de imitar e, por conseguinte, honrar com tão sublime culto à Virgem das virgens e Mãe do Cordeiro Imaculado.

Diminuta nascente, que semelhante à que vira Mardoqueu, o ilustre parente de Ester, transformar-se em manancial de luz de bom exemplo e em rio caudaloso de merecimentos, desaguando no mar dos gozos imarcescíveis!

Ó Virgem, a mais pura das virgens! Fazei com que eu possa sentir continuamente os puros aromas do vosso místico Carmelo, pois que, me edificam e excitam em minha alma, saudáveis afetos de pureza e castidade. Amém.


II

Que dizes, minha alma, ao sentir esse suavíssimo odor de Cristo e de sua Mãe, esse aroma do místico lírio Jesus e da preciosa açucena Maria, que exala o privilegiado Carmelo, esse horto ameníssimo da Virgem das virgens?

Não é verdade que tanta fragrância e formosura te impelem suavemente a desejares uma pureza ilibada de alma e corpo? Não deixes pois de ouvir, ó minha alma, a doce voz de tua Mãe Imaculada, que fazendo refulgir a sua pureza sobre Elias e seus seguidores, te convida à prática de uma virtude que transforma o homem em anjo e é mais agradável a Deus do que as mais solenes homenagens.

Procura com o exercício da humildade, da oração e da mortificação, guardar diligentemente o depósito da pureza conforme o teu estado.

Não esqueças que este Escapulário, que tanto te honra no humilde de sua matéria e forma, te prega a humildade; em sua qualidade de veste de penitência, te exorta à mortificação cristã, e em sua origem celestial te diz para onde deves dirigir teus rogos, virtudes todas elas especialmente necessárias para te conservares casto entre os perigos a que está exposta a tua pureza. Ó Mãe castíssima! Já que tanto me edificas com teus exemplos e os dos filhos do teu espírito, alcança-me os socorros que me são necessários neste combate contra a rebeldia da carne e faze com que o Escapulário Santo, impregnado dos perfumes de tua pureza, me seja armadura impenetrável aos golpes do Tentador e aos atrativos do deleite sensual. Assim seja.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que 900 anos antes de nascerdes, quisestes escolher o sagrado Monte Carmelo para ser especialmente vosso, quando em figura de uma nuvem puríssima que o grande Profeta de Deus, Santo Elias, viu levantar-se do mar, símbolo expressivo da vossa Conceição Imaculada e Virginal Pureza, fecundastes com sua chuva toda a terra, havendo sido esse tão prematuro benefício, forte incentivo para que o Santo Profeta, instituísse em veneração e honra vossa essa tão antiga e sagrada Religião. Rogo-Vos, Senhora, me alcanceis do vosso divino Filho chuvas copiosas de auxílios, para que produza abundantes frutos de virtudes e boas obras, por cujo meio, senvindo-O com perfeição nesta vida, mereça gozá-lO na eternidade. E consiga agora o que peço, pela vossa intercessão neste Novena; e isso mesmo, Senhora, vos suplico com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Glória ao Pai, e ao Filho de Maria Santíssima, ao Incriado Amor de Esposa digníssima.

* Depois entoa-se a


Ladainha da Santíssima Virgem
(Segundo o Breviário da Sacrossanta Ordem Carmelitana)

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai celeste que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de sois.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus, rogai por nós.
Santa Virgem das virgens, rogai por nós.

Mãe de Jesus Cristo, rogai por nós.
Mãe da Igreja, rogai por nós.
Mãe da divina graça, rogai por nós.
Mãe puríssima, rogai por nós.
Mãe castíssima, rogai por nós.
Mãe imaculada, rogai por nós.
Mãe intacta, rogai por nós.
Mãe amável, rogai por nós.
Mãe admirável, rogai por nós.
Mãe do Bom Conselho, rogai por nós.
Mãe do Criador, rogai por nós.
Mãe do Salvador, rogai por nós.
Mãe e Decoro do Carmelo, rogai por nós.

Virgem prudentíssima, rogai por nós.
Virgem venerável, rogai por nós.
Virgem louvável, rogai por nós.
Virgem poderosa, rogai por nós.
Virgem clemente, rogai por nós.
Virgem fiel, rogai por nós.
Virgem Flor do Carmelo, rogai por nós.

Espelho de Justiça, rogai por nós.
Sede da Sabedoria, rogai por nós.
Causa da nossa alegria, rogai por nós.
Vaso espiritual, rogai por nós.
Vaso honorífico, rogai por nós.
Vaso insigne de devoção, rogai por nós.
Rosa mística, rogai por nós.
Torre de Davi, rogai por nós.
Torre de marfim, rogai por nós.
Casa de ouro, rogai por nós.
Arca da aliança, rogai por nós.
Porta do céu, rogai por nós.
Estrela da manhã, rogai por nós.
Saúde dos enfermos, rogai por nós.
Refúgio dos pecadores, rogai por nós.
Consoladora dos aflitos, rogai por nós.
Auxílio dos cristãos, rogai por nós.
Padroeira dos Carmelitas, rogai por nós.

Rainha dos Anjos, rogai por nós.
Rainha dos Patriarcas, rogai por nós.
Rainha dos Profetas, rogai por nós.
Rainha dos Apóstolos, rogai por nós.
Rainha dos Mártires, rogai por nós.
Rainha dos Confessores, rogai por nós.
Rainha das Virgens, rogai por nós.
Rainha de Todos os Santos, rogai por nós.
Rainha concebida sem Pecado Original, rogai por nós.
Rainha elevada ao céu, rogai por nós.
Rainha do sacratíssimo Rosário, rogai por nós.
Rainha da paz, rogai por nós.
Esperança de Todos os Carmelitas, rogai por nós.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos: Senhor Deus, nós Vos suplicamos, que concedais aos Vossos servos, perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da Bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor.

Amém.

Antífona

Esta é na verdade a mais prudente e formosa Abigail Carmelita, cuja cabeça se assemelha ao Carmo, e as suas mãos nos introduziram na terra do Carmelo para comermos o seu fruto e participarmos do que tem de mais delicioso. Aleluia.

V. Formosura do Carmo, Mãe dos Carmelitas.
R. Rogai por nós à Trindade Santíssima.

Oremos: Deus, que condecoraste a Ordem do Carmo com o singular título da Bem-aventurada Virgem Maria vossa Mãe, concedei propício que nós que agora nos preparamos à sua solene comemoração, fortalecidos com os seus auxílios, mereçamos gozar as eternas alegrias, em que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos.

R. Amém.

* Depois disto a música entoa para a adoração do Santíssimo Sacramento:

Verbum caro, Panem verum;
Verbo Carnem efficit;
Fitque sanguis Christi merum;
Et si sensus deficit,
Ad firmandum cor sincerum;
Sola fides sufficit.

V. Panem de coelo praestitisti eis.
R. Omne delectamentum in se habentem.

Oremus: Deus, qui nobis sub Sacramento mirabili passionis tuae memoriam reliquisti: tribue, quoesumus; ita nos corporis et sanguinis tui sacra mysteria venerari ut redemptionis tuae fructum in nobis jugiter sentiamus. Qui vivis et regnas in soecula soeculorum.

R. Amen.

* Segue-se a bênção com o Santíssimo Sacramento, finda a qual a música entoa e o povo responde as seguintes:

Jaculatórias finais

Formosura do Carmo, sua glória e delícia,
Do formoso Amor, a Mãe de toda carícia.

São vossos ardores de chamas mui ativas;
Acendei na minha alma, suas luzes vivas.

Bem frágeis somos; mas de vosso amor confiante,
Nas trevas da morte sede a luz constante!

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.

_________

Segundo Dia
_______

Exposição do Santíssimo Sacramento

Hymnum Tantum ergo
Deprecação – Aperi, Domine, etc.
Invitatório – Christum Dominum, etc.
Hino – Virgo, quam totus, etc.
(Tudo como no 1º Dia)



Meditação

Maria Santíssima visita os Carmelitas e os Ensina


I

Uma tradição venerável e que remonta ao alvorecer do Evangelho, testemunhada por monumentos venerandos e reconhecida e venerada pela Igreja, nos assegura haver ressoado no Carmelo e ao ouvido de seus piedosos moradores a voz autorizada da Rainha dos Apóstolos e Evangelistas, quando vivia sobre a terra em Corpo mortal. Oh! Sim, dizei Ordem Sagrada do Carmelo entre transportes de júbilo e com as palavras sublimes do Rei Profeta: Meus ouvidos perceberam, meus pais me noticiaram a obra que Maria realizou no meio deles e nos anos passados.

É esta a obra-prima de misericórdia que a doce Mãe do Carmelo levou a efeito a favor desta sua família privilegiada, conduzindo-a às regiões da fé, para que tenha sempre os olhos fixos em Jesus Cristo, autor e consumador da mesma e se mantenha unida a esse tão divino original.

Sim, minha alma, a Mãe d’Aquele de quem recebemos a fé, ao pisar nos cumes do seu amado Carmelo derramou melhor do que o filho de Sirach, sabedoria do seu coração dando-a a beber às torrentes, entre as provas as mais especiais de carinho e de ternura, aos seus prediletos Elianos.

E as pegadas que Maria Santíssima deixou impressas naquelas floridas solidões, foram, podemos dizer com o Eclesiástico, focos resplandecentes de luz divina, após a qual inumeráveis heróis seguiram pelas veredas da virtude até chegarem à região da claridade eterna.

Oh! Quão admirável é a obra da fé que a bondosa Mãe do Salvador realizou sobre o Carmelo! Em todo o tempo, desde a era evangélica, por obra e intercessão de Maria Santíssima, a fé se tem manifestado no Carmelo do modo o mais glorioso.

Exércitos de apóstolos, armados com a espada de dois gumes que é a palavra de Deus, desceram do Monte sagrado testemunhando o zelo de Elias, para lançar por terra e destruir o gentilismo e a heresia e dilatar as fronteiras do reino de Jesus Cristo.

Mártires invictos, cujo número só poderá conhecer aquele que lograr contar o dos astros, tingiram de purpúrea cor suas alvas vestimentas, selando com o seu sangue as verdades da fé.

Heróis de toda a idade, sexo e condição, que se contam por milhares, pelo exercício continuado das mais austeras virtudes, têm completado a obra da fé que Maria Santíssima iniciara com o seu luminoso magistério.

Oh! Quantas graças te dou, Mãe divina, por que fazendo-me admirar a obra da fé, que realizaste no teu Carmelo, me chamas e me conduzes ao seu divino autor Cristo Jesus. Amém.


II

Não te admires, ó minha alma, que a fé, cujas vividas luzes Maria Santíssima difundira no Carmelo, edificasse a Santa Igreja com o exemplo das mais eminentes virtudes, contrariando assim a sabedoria da carne, gérmen fatal da mais repugnante libertinagem, pois a nossa fé, conforme diz o Apóstolo, é a vitória que vence o mundo.

Que te dizem, ó minha alma, essa heroica pureza, esse desprendimento afetivo e efetivo dos bens terrenos, essa obediência submissa, morte do amor-próprio, as quais como consequências derivadas da fé têm difundido por toda a terra o bom odor de Cristo, mais ainda de que os eflúvios de mil odorosas plantas, perfumasse em extensa zona o ambiente do Carmelo da Palestina.

Qualquer que seja o teu estado, não te sentes movida a imitar quanto te for possível, as virtudes de tantos Santos, os exemplos de tantos justos?

Fita os olhos no Santo Escapulário que adorna o teu peito, e recorda-te que tua divina Mãe, para avivar a tua fé, o trouxe não já dos longínquos confins da terra, mas do alto da sua glória, para que teus pensamentos e desejos se dirijam a essa glória. Sim, a origem celestial dessa tão admirável vestimenta, deve excitar-te a que vivas a vida do justo, o qual – vive de fé, exercitando-te nas boas obras que nascem da mesma fé e preparam os gozos da visão eterna.

Ó doce Matriarca do Carmelo! Alcançai-me do vosso divino Filho, uma fé viva e prática, e livrai-me de todo o erro. Assim seja.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que pelo vosso amor especial e verdadeiramente de Mãe, quisestes, quando ainda em vida mortal, santificar o Monte Carmelo, pisando sobre suas alturas e fazendo com que por meio do suave orvalho do vosso trato familiar, de vossos doces colóquios e celestial doutrina, como Mestra que fostes de tantos varões veneráveis e herdeiros do espírito de Santo Elias, a Religião Carmelitana destes ao Céu mais Santos do que estrelas tem o firmamento. Rogo-Vos, Senhora, que me ajudeis por modo especial, alcançando-me do vosso amado Filho luz para conhecer sua bondade e amá-lO; conhecer minhas culpas e chorá-las; e que tanto o meu trato como a minha conversação sejam sempre para sua maior honra e glória e edificação do meu próximo. E que agora consiga o que peço, especialmente, pela vossa intercessão; pois assim, Senhora, vos suplico com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Honra e glória seja às Pessoas tão sagradas: A Elias fiel por Maria reveladas!

Ladainha de Nossa Senhora
Antífona – Haec est vere speciosa, etc.
Verbum caro, etc.
Bênção com o Santíssimo Sacramento
(Tudo como no 1º Dia)

Jaculatórias finais

Oh! Nuvem de Graças que só o Céu encerra
E por que não está limpa chovei nesta terra.

Repeti-me esta graça na vida e na morte
Para que ambas gozem uma melhor sorte.

A Fé com o amor por Vós se abraça,
A quem morre com fé, e expira em graça.

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.

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Terceiro Dia
_________

Exposição do Santíssimo Sacramento

Hymnum Tantum ergo
Deprecação – Aperi, Domine, etc.
Invitatório – Christum Dominum, etc.
Hino – Virgo, quam totus, etc.
(Tudo como no 1º Dia)


Meditação

Maria Santíssima venerada no primeiro templo a Ela dedicado

PIEDADE

I

O oráculo da Mãe do Salvador, relativo às homenagens e louvores que pelas gerações humanas lhe haviam de ser tributadas pelo dilatado decurso dos séculos, não tardou muito em se cumprir. Os filhos da nascente Igreja à porfia, e com particular afeto, como Ela mesma disse, os discípulos do grande Elias consagram à Mãe de Deus as mais assinaladas manifestações de amor e veneração. Pouco depois da Ascensão do Senhor e a curta distância da gruta venerável denominada – Escola dos Profetas, elevou-se um edifício sagrado, destinado à oração e à piedade, e que uma tradição veneranda reconhecida pela Igreja, nos assegura ser o primeiro Templo dedicado a Deus em honra de sua Mãe Imaculada. Sim, no cume do insigne Monte sagrado pela piedade dos primitivos Padres do Carmelo, como o chama o Bem-aventurado Batista Mantuano, vês minha alma, o fervor cristão trilhando com passo acelerado as árduas veredas da virtude, que os encantadores exemplos de Maria Santíssima tornam mais fáceis e transitáveis. A divina Mãe, enquanto viva, fitou sobre esse venerável Santuário se u doce olhar e nele encerrou os afetos do seu terno Coração, com o intento de proteger a quem a implorava e conduzi-lo ao Céu pelo atrativo dos seus favores. Tal tem sido, desde a aurora do Carmelo cristão, a norma seguida por sua imortal Padroeira. Nos santuários por Ela confiados à custódia dos seus piedosos Elianos, tais como os tão insignes de Nazaré, de Jerusalém e da Montanha de Judá, e em inumeráveis outros que para culto de suas imagens milagrosas mandou que levantassem, ostentou de um modo esplêndido a sua misericórdia para com eles. Sim, nestes templos consagrados à glória de Maria e por mediação desta divina Mãe, os Carmelitas, tem frequentes vezes experimentado as misericórdias do Senhor. Neles, sua amorosa Protetora e Mestra os tem mil vezes recreado com doces visões e frequentes aparições, tem-lhes inspirado essas práticas piedosas, as quais como a devoção ao seu castíssimo esposo São José e a seus gloriosos Pais São Joaquim e Santa Ana, foram depois e por obra especialmente dos Carmelitas, o consolo e esperança dos cristãos. Contempla, aqui, ó minha alma, como a Rainha dos Santos fez do seu Carmelo um jardim delicioso de virtudes, e dos templos consagrados ao seu culto outros tantos mananciais de piedade e devoção. Sacia-te, ó minha alma, nestas torrentes que brotam do Coração de tua Mãe – Vaso insigne da mais formosa devoção.


II

Os verdadeiros adoradores de Deus são os que O adoram em espírito e em verdade, isto é, os que põem em execução os seus afetos internos de submissão e reverência, por meio das práticas externas que a Religião inspira e consagra.

Já que tu, ó devoto da Senhora do Carmo, não és daqueles que, sob o pretexto de espiritualizar cada vez mais a piedade, incorreram no absurdo pensamento de eximir o homem do dever de adorar exteriormente. Aquele a quem deve todo seu ser e existência, serás todavia tão devoto pela sinceridade de teus sentimentos como tuas manifestadas homenagens te fazem exteriormente parecer? Põe a mão sobre o coração e não mintas a ti próprio.

Examina se tuas intenções e desígnios seguem o mesmo rumo que prescreves às tuas devoções exteriores.

Amas a Deus do mesmo modo pelo qual te prostras diante d’Ele? Onde se acha a tua mente quando teus lábios pronunciam a oração?

Ah! Medita sobre este ponto de importância capital! Corrige decididamente as desatenções e irreverências da rotina.

Adora a Deus com a alma e com o corpo e sobre o alicerce inalterável do amor divino, à semelhança da abelha industriosa, procura ajuntar na colmeia da devoção as místicas flores com que Maria Santíssima cobriu o seu delicioso Carmelo.

Estas flores, tu bem sabes, são, entre outras devoções e práticas santas, as de um culto todo especial e contínuo à tua Mãe amorosíssima, culto fundado na imitação de seus exemplos que, pelo privilégio de filho seu e de seres ornado de sua celestial divisa, te cumpre por modo especial imitar.

De Vós espero, Virgem piedosíssima, a graça de imitar os Vossos exemplos, já que de Vós recebi as lições as mais sublimes de devoção e piedade. Possa o Vosso sagrado Escapulário recordar-me sempre os deveres que me incumbem e me servir de estímulo para conseguir a verdadeira devoção. Amém.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que cheia de piedade, para conosco, Vos dignastes aceitar com amor especial o obséquio dos Carmelitas, que entre todos os mortais foram os primeiros que Vos edificaram templo e altar lá no Monte Carmelo, onde corriam com fervor e devoção para Vos dar culto e louvor; herdando deles, felizmente, seus veneráveis sucessores, o poderem sempre adiantar-se em apregoar e defender Vossas soberanas prerrogativas.

Rogo-Vos, Senhora, que alcanceis que minha alma seja templo vivo de Deus, ornado de virtudes, onde sua Divina Majestade habite sempre pela sua graça, sem que jamais a ocupem os afetos desordenados para com as coisas temporais e terrenas. E que agora consiga o que peço pela Vossa intercessão nesta Novena, e isso mesmo Vos suplico com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Espero em Deus, e também em Vós, Maria,
Que a Glória da Trindade verei num dia.

Ladainha de Nossa Senhora
Antífona – Haec est vere speciosa, etc.
Verbum caro, etc.
Bênção com o Santíssimo Sacramento
(Tudo como no 1º Dia)

Jaculatórias finais

Mãe do Carmo honra, oh! Virgem querida!
Esperança nossa, doçura, e nossa vida.

Protegei-me, agora, e na hora tão temida,
Para que espere em Vós, que sois nossa guarida.

Que acabe convosco a fadiga deste mundo,
Quem de Carmelita o viver teve profundo!

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.

____________

Quarto Dia
____________

Exposição do Santíssimo Sacramento

Hymnum Tantum ergo
Deprecação – Aperi, Domine, etc.
Invitatório – Christum Dominum, etc.
Hino – Virgo, quam totus, etc.
(Tudo como no 1º Dia)



Meditação

Maria Santíssima Enobrece os Carmelitas
dando-lhes o Título de seus Filhos e Irmãos

INVOCAÇÃO FERVOROSA
DO SEU DOCE NOME

I

Um dos rasgos mais notáveis de amor materno com que a Sereníssima Rainha dos Céus honrou o seu amado Instituto do Carmo, é o título glorioso sem igual, que Ela mesma lhe impôs, e no qual se dignou incluir o seu próprio augusto nome.

Sim, a sagrada família do Carmelo, é conhecida na Igreja sob o título excelso de Ordem de Maria, sendo, por assim dizer, esse título como que uma invocação perpétua do Nome dulcíssimo da Mãe de Deus, e uma garantia segura da continuação do seu patrocínio.

Estrela que no mar proceloso da tribulação guia ao porto da esperança e do consolo; íris que irradiando sobre um dilúvio de vícios e calamidades anuncia a paz aos mortais abatidos; torre inexpugnável de defesa espiritual, chamam os Santos Padres ao Nome amabilíssimo da Virgem, chegando um deles a dizer, que às vezes consegue-se o socorro celeste mais prontamente pela invocação do Nome de Maria, do que pela do Nome do seu divino Filho Jesus, tanta é a honra que Deus tributa à sua Mãe.

E se faltassem exemplos da virtude que Deus ligou ao Nome da Rainha celeste, eles te seriam apresentados, ó minha alma, para te edificar e excitar a tua confiança para com o sagrado Instituto do Carmelo.

Durante 11 séculos de quase contínua perseguição em que, ora o cutelo da Roma pagã, ora a lança do bárbaro persa ou o alfange do feroz islamita, derramaram em torrentes o sangue dos Carmelitas; entre os ódios de que foram alvo por parte dos sectários do erro, e a fria indiferença e desamor com que por vezes se viram tratados por parte dos próprios fiéis, a imortal Matriarca do Carmelo, mesmo à força dos milagres estupendos, tem defendido a honra e a vida do seu predileto Instituto.

Bem o revelam as ternas palavras que Maria Santíssima pôs na boca de uma sua inerte Imagem, quando ao inclinarem-se ante Ela os filhos do Carmelo, como se fosse animada, lhe retribuiu a saudação dizendo ao mesmo tempo: – Estes são meus irmãos; quem vir um destes, vê um de meus irmãos.

Assim Maria Santíssima dá palavra eloquente às próprias pedras para selar os lábios aos que falam iniquamente negando ao Carmelo o seu mais fulgente título de glória.

Assim manifesta Deus, à face de um grande povo, para que todos os povos o saibam que é ilimitado o poder d’Aquele cujo Nome, assim como o Nome Divino, é admirável em toda a terra e eleva a sua grandeza até aos Céus. Ó Rainha e Senhora do Carmelo, que cheia de carinhos sem igual Te chamas e declaras nossa irmã, faze com que nossa vida e costumes sejam dignos e conformes com a excelsa honra que nos dispensas.


II

É doce coisa, podes dizer, ó minha alma, com São Gregório Nazianzeno, ser eu na realidade filho de Maria, pois que me chamam com esse tão doce Nome. Gloria-te em boa hora de um título que tanto te exalta, mas não esqueças o dever que te impõe de te assemelhares no que for possível a tua Mãe Celeste. Oxalá se verifique em ti o que, em referência aos verdadeiros devotos de Maria, dizia São Germano de Constantinopla a esta excelsa Senhora: Ó Maria, assim como o respirar é sinal de vida, assim a invocação de teu Nome, que a todas as horas ressoa na boca dos teus fiéis servos, é o sinal de já viverem na graça divina ou de que prestes virá a vida; pois este Nome poderoso tem a virtude de alcançar auxílio e vida para os que o invocam devotamente. Examinemos, ó devotos da Virgem do Carmo, se a invocação frequente do seu amabilíssimo Nome é em nós indício de que vivemos na graça de Deus, e se desgraçadamente assim não fora invoquemos entre soluços e gemidos de sincera penitência este Nome de salvação, de esperança e de vida.

Se como diz o sábio Idiota, o Nome santíssimo de Maria tem virtude para abrandar o coração o mais empedernido, que desgraça seria a nossa si, enquanto invocamos continuamente a Maria Santíssima, nos obstinássemos em resistir à sua virtude santificadora?

Só então seremos dignos, ó minha Mãe, do nome com que nos honrais, quando este Nome cheio de doçura que acompanha ao da nossa origem, for em nós indício de vida espiritual. Então Te invocaremos, e nos hás de ouvir e proteger, porque na realidade teremos conhecido verdadeiramente o teu Nome e o teremos honrado em nós mesmos, pela santidade dos nossos costumes. Chamaste-nos teus irmãos por uma inefável dignação, e nós nos confessamos teus vassalos, pelo dever que nos incumbe de servir-Te como a Mãe do nosso Deus; aumente-se infinitamente o número de corações que Te amem e de línguas que Te bendigam, e a geração atual e as gerações futuras vejam rendidos ao Teu serviço e ocupados em Teus louvores esses que hoje são Teus inimigos e blasfemam o Teu Nome Santo. Amém.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que para mostrar vosso especialíssimo amor aos Carmelitas, os honrastes com o doce nome de vossos filhos e irmãos, e tomando à peito ter esta Religião como própria vossa, assim o destes a conhecer por meio de milagres estupendos, animando deste modo com este singular favor a sua confiança, para buscar em vós, como Mãe amorosa, consolo e amparo em todas as suas necessidades e aflições, e também empenhando-os à que procurassem imitar as vossas excelentes virtudes. Rogo-Vos, Senhora, me olheis como Mãe amorosa; me alcanceis que Vos imite de modo que goze dignamente do Nome de vosso Filho; que o meu nome seja escrito no Livro da Predestinação com os dos filhos de Deus e irmãos do meu Senhor Jesus Cristo. E consiga agora o que nesta Novena peço especialmente pela vossa intercessão. Assim, Senhora, vos suplico com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Cantemos a glória à Trindade Santíssima,
Por nascer cá na terra a Rosa Puríssima.

Ladainha de Nossa Senhora
Antífona – Haec est vere speciosa, etc.
Verbum caro, etc.
Bênção com o Santíssimo Sacramento
(Tudo como no 1º Dia)

Jaculatórias finais

Vivas, e alegres parabéns cantemos
Que Maria nascida em terra temos.

Virgem, Flor do Carmo, bela fragrantíssima,
Salvai-me com vida da morte que é tristíssima.

Espero confiante, com riso e alegria.
Sois a Mulher forte, em quem no último dia,

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.

_____________

Quinto Dia
_____________

Exposição do Santíssimo Sacramento

Hymnum Tantum ergo
Deprecação – Aperi, Domine, etc.
Invitatório – Christum Dominum, etc.
Hino – Virgo, quam totus, etc.
(Tudo como no 1º Dia)



Meditação

Maria Santíssima, Mui Zelosa
Defensora do Carmelo

EFICÁCIA DA ORAÇÃO

I

A nova Eva, regeneradora e verdadeira Mãe dos viventes, Maria Santíssima, manifestou praticamente no seu Carmelo, aquilo que tirado do Livro Sagrado dos Provérbios, a Igreja põe em sua boca: Aquele que me achar, achará a vida; tendo o Instituto carmelita nascido do seio puríssimo da caridade de Maria, e tendo sido nutrido com o abundante néctar de suas misericórdias, como com prazer afirmam vários Romanos Pontífices, em vão seus inimigos, ocultos ou manifestos, se conjuraram para alcançar o seu total extermínio.

Bem o patenteia o fato transcendental que, semelhante ao da entrega do sagrado Escapulário, deu grato motivo para as solenidades que nestes dias o Carmelo consagra à sua dulcíssima Protetora. Enquanto ao redor do Trono Apostólico, os mal aconselhados adversários do Carmelo, clamam para ele morte e extermínio, a Rainha do amor e da vida mostra-se ao Papa Honório III, rodeada de fulgores celestiais e, Acolhe, lhe diz, acolhe benigno, nos braços de tua caridade, o Instituto do Carmelo e a cada um dos seus membros, pois assim quero Eu como também Deus quer; cumpram-se essas tão soberanas disposições sem desalento e sem demora. Verás esta mesma noite mortos em castigo de seus aleivosos desígnios, acrescenta a Virgem, os dois mais temerários hostilizadores da Minha devota Religião, o que tudo se verificou conforme a predição de Maria Santíssima.

Reconhece minha alma, nesse tão portentoso fato, a virtude e eficácia da santa oração. Adestrados nesse exercício salutar, os filhos do insigne Elias, que, não obstante ser como nós outros, homem mortal e passível, orou uma vez e outra vez e o Céu enviou à terra o rócio dos seus favores, os carmelitas oram humilde e incessantemente, invocando a mediação sempre eficaz de Maria Santíssima, e esta Mãe de misericórdia alcança o mais feliz despacho para as suas fervorosas e reiteradas súplicas. Graciosíssima Ester da Lei Nova, advoga a causa do seu povo ante o Rei imortal dos séculos, não só para que esta sua grei mística tenha vida, mas também para que tenha essa vida em abundância.

Ó vida, doçura e esperança do Carmelo, que neste rasgo, obra-prima do vosso amor, me fizestes ver o quanto se pode esperar de Vós, e quanto é eficaz a rogativa a que Vós vos dignais unir a vossa; ensinai-me, ó minha Mãe, a orar e tornai vossos os meus rogos ante a presença do Altíssimo. Amém.


II

Nem sempre hão de atentar exteriormente à nossa existência, embora tenhamos, em realidade e permanentemente dentro de nós mesmos, um gérmen de destruição e de morte. Tua vida, ó minha alma, tua verdadeira vida, a vida da graça, eis aí o que te cumpre defender, conservar e robustecer a todo o custo; todavia, tuas forças são efêmeras, é grande a tua inclinação ao mal, são perversos os exemplos dos mundanos e frequentes os assaltos do tentador. Poderás então, por ventura, prescindir em tão apertadas circunstâncias da intervenção celeste? Não é verdade que necessitas de um poder superior que te defenda, te ilumine, te dirija pela senda da virtude? A oração, ó minha alma, a oração, que penetra os Céus e abre seus infinitos tesouros, faz doce violência ao Coração de Deus e atrai suas misericórdias. Eis aí o grande e infalível meio pelo qual te há de ser dado conseguir vigor para tuas forças abatidas, luz para evitar todo o perigo, valor em tuas lutas inevitáveis, segurança em teu caminho, até alcançares a eternidade.

Seja tua oração humilde, confiante e perseverante. Provenha a tua rogativa da viveza da tua fé e da sinceridade de teus afetos. Não esqueças jamais de encaminhar tua oração pelo seguro canal de Maria, cujos rogos, diz São Germano, são revestidos de autoridade maternal e Deus não pode deixar de ouvi-los, pois sendo seu Filho, digna-se de lhe obedecer em tudo, como a mais terna e a mais pura das Mães.

Levantai-Vos, pois, ó minha Mãe e, para glória de vosso Nome, correi pressurosa em meu socorro, quando cheio de confiança o invocar nas desventuras desta vida. Fazei que este vosso Nome, que Deus tanto exaltou à face de todos os povos, se dê a conhecer ao vosso místico povo do Carmelo, qual ímã poderoso que a ele atraia as bênçãos divinas. Assim seja.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que para defender aos Carmelitas vossos filhos, haveis sempre sido como um escudo e torre inexpugnável, especialmente quando seus adversários intentavam extinguir a sua Religião sagrada, e mostrando o especial amor com que sempre os amparais, mandastes ao Sumo Pontífice Honório III, que os recebesse benignamente e confirmasse o seu Instituto, dando em prova de ser esta a vossa vontade e a do vosso Filho Jesus, a morte repentina com que foram castigados os dois que o contradiziam mais especialmente, rogo-Vos, Senhora, que me defendais de todos os meus inimigos, tanto da alma como do corpo, para que eu com paz e quietação me empregue sempre fervorosamente no serviço de Deus e no vosso. E agora, consiga o que nesta Novena peço especialmente por vossa intercessão, pois assim, Senhora, vos suplico com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Cantemos a glória à Trindade Santíssima,
Por nascer cá na terra a Rosa Puríssima.

Ladainha de Nossa Senhora
Antífona – Haec est vere speciosa, etc.
Verbum caro, etc.
Bênção com o Santíssimo Sacramento
(Tudo como no 1º Dia)

Jaculatórias finais

Escrava do Senhor, que ao Sol de Justiça
Criastes sujeito, e ouvistes submissa!

Não vos criou Eva como filha sua;
Contra o crime dela vossa graça atua.

Obediente à Lei, fazei-me, Vós, Senhora,
Para que veja a Deus naquela última hora!

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.

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Sexto Dia
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Exposição do Santíssimo Sacramento

Hymnum Tantum ergo
Deprecação – Aperi, Domine, etc.
Invitatório – Christum Dominum, etc.
Hino – Virgo, quam totus, etc.
(Tudo como no 1º Dia)



Meditação

Maria Exalta os seus Humildes Carmelitas
com a Preciosa Dádiva do seu Sagrado Escapulário

HUMILDADE

I

Já é tempo, ó minha alma, que fixes a tua atenção sobre a honrosa e celestial veste que, para exaltação da humildade, a mais humilde e elevada das criaturas trouxe ao Carmelo. Não duvideis, almas devotas de Maria, que a dádiva sublime do Escapulário seja prêmio da humildade a mais profunda. Para disso nos convencermos, basta observar em que circunstâncias foi dado por Maria e para que fins o destinou.

Sob pretexto de que introduziam novidades, os filhos do antiquíssimo Instituto Eliano, foram alvo de sátiras envenenadas, até mesmo em relação à reforma e cor de seu vestuário. Porém, a Mãe solicita da família carmelitana, a Mulher mais magnânima e diligente do que aquela que Salomão elogia nos Provérbios, emprega a destreza de suas mãos, não já em lavrar precioso vestuário ou cinto ostentoso, mas sim um Escapulário como aquele de que se revestem os Carmelitas, ligando a grandeza dos Céus àquilo que o mundo chamaria abjeto e desprezível. Este mesmo hábito da tua Ordem, disse Maria ao Geral do Carmelo, São Simão, será de hoje em diante a insígnia dos Meus prediletos, emblema do Meu amor de Mãe e Irmã, e selo de uma aliança que celebro convosco e pela qual Me comprometo a defender-vos nos perigos da vida e no transe extremo da morte.

Proteção além da glória, como dizia Isaías, porque Maria Santíssima quer que à humildade corresponda a glória, e à perseguição a defesa e a vida.

Contempla, minha alma, verificada no Carmelo a admirável predição do teu Salvador: Aquele que se humilhar será exaltado. E já o Espírito Santo havia dito no Eclesiástico: A oração do que se humilha, penetrará às nuvens; e não repousará sem que chegue, nem se retirará sem que o Altíssimo a mire. Simão Stock e seus Carmelitas humilham-se sob a poderosa mão de Deus, e Deus por meio de sua Mãe Santíssima os visita e consola. Aquela oração tão terna e tão singela que, do profundo de sua amargura, Simão Stock pronunciou, subiu em odor de suavidade até ao trono de Maria e essa piedosíssima Rainha transforma em brasão imortal aquilo que o mundo considera quase que um padrão de ignomínia. Bendita sejais, ó minha Mãe, pois que neste dom glorioso do sagrado Escapulário, me ensinais a buscar a grandeza verdadeira pelos caminhos da humildade.


II

O Escapulário de Maria, melhor ainda do que aquela veste sacerdotal de que nos fala o Livro do Eclesiástico, tem dado glória de santidade e verdadeira grandeza espiritual, para exaltação da Santa Igreja e honra da Ordem Carmelitana. Sobre seu peito o têm ostentado Pontífices insignes e Monarcas poderosos, chefes invictos e doutores sapientíssimos e sobretudo, uma plêiade de Santos, os quais com o místico odor do vergel de Maria, que é a virtude mais acrisolada, têm perfumado o ambiente da Igreja Católica. Então agora, minha alma, além de seres obrigada a ser santa, como é Santo o teu Pai que está nos Céus, não te sentes além disso atraída pelo aroma delicioso que exala essa veste de santidade, o sagrado Escapulário? Após a Rainha do Céu, inumeráveis almas verdadeiramente grandes têm ido recrear o Rei da glória, com a deleitável fragrância do incenso da piedade, da mirra da mortificação, do merecimento de todas as virtudes. Lembra-te, porém, minha alma, que estas virtudes, esta santidade, do mesmo modo que as paredes de um elegante e sólido edifício, têm o seu alicerce profundo e a sua base sólida e firme. E ninguém pode pôr outro alicerce senão o que já está posto, que é Jesus Cristo, humilde e humilhado. Jesus Cristo que te ensina com o exemplo o que já de palavra te ensinara: Aprendei de Mim que Sou manso e humilde de Coração. Sê, portanto, humilde aos olhos de Deus, reconhecendo que a Ele deves todo o bem que porventura haja em ti; sê humilde aos teus próprios olhos, considerando o nada da tua origem e os desacertos de tua vida; sê humilde aos olhos dos homens, reputando-te indigna da companhia dos bons e só credora do suplício dos maus.

Ó a mais humilde das criaturas, minha Mãe e Mestra dulcíssima! Veja eu sempre no vosso sagrado Escapulário a insígnia da humildade, único meio de alcançar aos olhos de Deus a verdadeira grandeza. Que eu comece com o vosso auxílio a elevar sobre o fundamento da vossa virtude predileta o edifício sublime da minha santificação. E graças infinitas vos sejam dadas, pelo dom de valor inestimável que devo ao vosso amor. Amém.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que para distinguir os Carmelitas como sendo vossos filhos especiais tecestes para eles, acolá nos teares da glória, o tão rico tecido do Sagrado Escapulário, como que recamado de tantas graças e favores que a ele ligastes em benefício dos que dignamente vestem, e cumprindo com suas obrigações procuram viver de modo a mostrar, pela imitação das vossas virtudes, que são filhos vossos. Rogo-Vos, Senhora, me alcanceis que assim o cumpra sempre, e distinguindo-me no vosso serviço com obséquios fervorosos e dando o devido apreço que merece um favor tanto do Céu, seja digno de lograr os frutos desta santa devoção e mostre-me agradecido a um tão assinalado benefício. E agora consiga da Majestade divina, o que nesta Novena lhe peço especialmente, por vossa intercessão; pois isso mesmo vos suplico, Senhora, com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Maria ouvida, Virgem de grata memória,
À Trindade Divina ensinai-me a dar glória.

Ladainha de Nossa Senhora
Antífona – Haec est vere speciosa, etc.
Verbum caro, etc.
Bênção com o Santíssimo Sacramento
(Tudo como no 1º Dia)

Jaculatórias finais

Ó Mestra da ciência que no Carmelo ensinas,
Com proveito ouça eu tuas doutrinas!

De quantas ciências se procuram conhecer
É mais preciosa a de saber morrer.

Ensinai, ó Mestra, à minha pobre alma
A acabar no Curso tendo a vossa palma!

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.

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Sétimo Dia
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Exposição do Santíssimo Sacramento

Hymnum Tantum ergo
Deprecação – Aperi, Domine, etc.
Invitatório – Christum Dominum, etc.
Hino – Virgo, quam totus, etc.
(Tudo como no 1º Dia)



Meditação

Maria Santíssima Defende nos Perigos da Vida
aos que se Acham Vestidos do seu Sagrado Escapulário

ESPERANÇA

I

Uma virtude milagrosa emanou de Maria Santíssima, quando a vestimenta preciosa que Ela chamou preservativo e salvação nos perigos da vida tocou na mão convulsa do desgraçado mortal. O mundo está cheio da glória destes portentos. Tanto na populosa cidade como na aldeia ignorada; na terra como no mar; tanto nos ares como no fogo; ora para socorrer ao desvalido, ora para fortalecer ao tentado; entre os desfalecimentos da vida e as ânsias da morte, os Anjos e os homens têm visto cumprir-se exatamente a promessa de Maria Santíssima: O Meu Escapulário será salvação nos perigos.Muita é a tua felicidade, podemos dizer-lhe com Jeremias; Virgem sempre fiel como a chama a Igreja; é extremada sua pontualidade em cumprir aquilo que promete sob a fé de sua régia palavra. Ah! Se nós que nos achamos revestidos do sagrado Escapulário pudéssemos ler no livro místico em que se registram os benefícios divinos! Nele veríamos enumerados uma multidão de favores cuja concessão apenas suspeitamos; e vendo-nos amparados nos perigos, confortados nas desventuras, imunes nas tentações, talvez salvos da catástrofe suprema – Mãe amantíssima, exclamaríamos, que teria sido de nós se não tivesses acudido em nosso socorro?

Porém, ó minha alma, é certo que os benefícios temporais de tua solícita Mãe não podem deixar de ser dirigidos a fim de alcançares a tua salvação eterna. E se alguma vez o sagrado Escapulário deixa de ser preservativo dos perigos temporais, não será por ventura a favor de algum bem de ordem superior, se por acaso essa suspensão de sua virtude não for um castigo devido por motivo do pecado ou tibieza? Reconhece, pois, ó minha alma, nos benefícios temporais a doce voz de tua Mãe amorosa, que te exorta a esperar e te incita a desejar os bens imarcessíveis que estão por detrás do véu que encobre o santuário da glória. Procura passar por entre os bens temporais, conservando-te em constante direção para os eternos. Busca antes de tudo, o reino de Deus e a sua justiça, e a defesa nos perigos e toda a felicidade te será dada por acréscimo.

Se me admiram os vossos prodígios, ó Matriarca admirável do Carmelo, eles também me arguem pelo uso, não sempre reto, que mal aconselhado tenho feito de vossas mercês; ensinai-me, ó minha doce Mãe, a antepor o eterno ao temporal e o celeste ao terreno. Amém.


II

Eu sou a Mãe da santa esperança, nos diz Maria na linguagem dos Livros Sagrados e cada portento de sua dextra, cada rasgo de sua ternura é uma confirmação solene da sua autorizada asserção. Grava, ó minha alma, profundamente, em ti mesma estas palavras plenas de rara doçura.

À vista dos favores que Deus te dispensa aqui na terra por meio de sua divina Mãe, como poderás deixar de esperar que um dia te será dado penetrar nos eternos tabernáculos? Deseja pois e espera; que, se por ti mesma nada podes, pelo contrário, tudo te é dado alcançar naquele Deus que te dá forças. Procura, portanto, com firmeza e com esforço, secundar as intenções e a vontade misericordiosa do Altíssimo, ajudando as mesmas por meio da prática perseverante das boas obras. Não te assuste a avidez e as privações da mortificação, não te afastem as dificuldades que o cumprimento do dever exige. Deixa te animar pela esperança, âncora, como diz o Apóstolo, de espiritual firmeza, embora submergida no mar amargoso das tribulações presentes. Poderás ver-te combatida, qual frágil barquinha, pelas ondas gigantescas da tentação e do mau exemplo, mas a âncora fiel da esperança logrará sustentar-te flutuando acima delas.

Correi, ó minha Mãe, em meu socorro, quando me virdes tentado e a ponto de sucumbir. Recordai-me a celeste procedência do vosso Santo Escapulário e a mão poderosa que por meio dele operou tantos portentos. Veio do alto o vosso hábito santo, para que ao alto se dirijam os meus desejos e esperanças. Favorecei-me bondosa nas tribulações da vida, e seja cada um dos vossos favores um novo impulso que me leve a Deus, um novo título para merecê-lo, um novo meio para o alcançar. Amém.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que sendo especial protetora de vossos distintos filhos, os Carmelitas e seus confrades, destes em vosso Santo Escapulário àqueles que o revestem devotamente um escudo firmíssimo para se defenderem de todos os perigos deste mundo e das ciladas do Demônio, uma veste dobrada que os defenda ora do calor das paixões, ora do frio das tibiezas, confirmando esta verdade por meio de tantos e tão singulares milagres. Rogo-Vos, Senhora, que façais com que esta vestimenta sagrada me sirva de poderosa defesa durante a vida mortal, para que tenha seguro auxílio em todas as tribulações e perigos e saia vitorioso de todas as tentações, logrando sempre a vossa especial assistência para consegui-lo. E agora Vos peço que me alcanceis do vosso bendito Filho Jesus, o que nesta Novena peço, especialmente pela vossa intercessão; pois isso mesmo, Senhora, Vos suplico com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Nos louvores que à Virgem tributamos
À Glória de Deus Trino memoramos!

Ladainha de Nossa Senhora
Antífona – Haec est vere speciosa, etc.
Verbum caro, etc.
Bênção com o Santíssimo Sacramento
(Tudo como no 1º Dia)

Jaculatórias finais

Bem grato quisera eu, ó Rainha querida,
Zelar a honra e glória que a Vós, só, é devida!

Zelai Vós em mim, ó Mãe da humana raça,
Para que na morte acabe em vossa graça.

Quando a morte cortar-me os fios desta vida,
Seja então por Vós minha alma defendida!

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.

____________

Oitavo Dia
____________

Exposição do Santíssimo Sacramento

Hymnum Tantum ergo
Deprecação – Aperi, Domine, etc.
Invitatório – Christum Dominum, etc.
Hino – Virgo, quam totus, etc.
(Tudo como no 1º Dia)



Meditação

Maria Santíssima Promete o seu Especial Patrocínio,
Aqueles que se Acham Dignamente Revestidos do seu
Escapulário, para que Morram na Graça de Deus.

CORRESPONDÊNCIA À MESMA GRAÇA

I

Não satisfeita a excelsa Protetora do Carmelo de haver vinculado no Santo Escapulário a promessa de defender aqueles que dele se acham devotamente revestidos nos perigos da vida, extremou também sua caridade e zelo para com eles, prometendo-lhes o seu muito especial auxílio na hora da morte para os preservar do fogo inextinguível do Inferno – Quem morrer, disse, coberto com esta roupagem de salvação não sofrerá o fogo eterno.

Os Santos Padres e mestres insignes da sabedoria cristã, jamais vacilaram em atribuir à intercessão da Mãe de Deus a mais prodigiosa eficácia – tudo pode, dizem, aquela que pode abrir o coração, até mesmo dos desesperados, à doce e salvadora esperança, obter o perdão para os réus dos mais enormes crimes e abrandar os pecadores os mais endurecidos; porque os tesouros da divina misericórdia estão em suas mãos; é ao mesmo tempo Mãe do nosso Juiz e nossa Mãe amorosíssima. Ela se apresenta ante o áureo altar da glória para verificar a nossa reconciliação com Deus como Rainha autorizada e não à guiza de escrava suplicante.

Prodígios luminosos de que dão fé as histórias eclesiásticas certificam a exatidão dessas autorizadas asserções; quanto não poderíamos dizer acerca da eficácia do Patrocínio de Maria? Não é todavia à virtude do prodígio que a Virgem Soberana confia comumente a sorte eterna dos seus protegidos. No curso ordinário da graça conta com poderosos recursos para lhes proporcionar a perseverança no bem até a hora derradeira. Para este fim, dirige piedosa os seus maternais desvelos. Pensamentos salutares, toques especiais da graça, práticas piedosas peculiares às santas associações consagradas à sua honra e mais centenas e centenas de outros meios valiosos emprega esta Mãe de misericórdia e de vida para conduzir os seus fiéis devotos pela vereda da virtude ao termo da vida eterna.

Por isso, dizia São Boaventura: Que aquele que honra e serve fielmente a Virgem se há de salvar.

Agora atende, ó minha alma; essa que tu chamas com especialidade tua Mãe e que é por uma certa duplicação deste caráter e qualidade, é ao mesmo tempo Mãe da divina graça e autorizada tesoureira da mesma. Bem te tem dado a entender isso mesmo. Ela te revestiu, mais previdente do que a mulher forte, com a dobrada veste do seu sagrado Escapulário, místico preservativo do gelo mortífero da culpa e até dos rigores da divina justiça, prometendo-te que nem mesmo na noite da morte se apagará em sua mão bendita, a tocha da sua maternal vigilância. Que mais podia Maria Santíssima fazer pela sua mística Vinha, que não tenha feito?

Porventura penetras, ó minha alma, as amorosas intenções e piedoso intuito de tua Mãe Celeste?

Serás por acaso daqueles que afirmam que a promessa de Maria Santíssima, assunto da presente meditação, nada significa se não assegura morte semelhante à dos justos, até mesmo aos pecadores mais refratários à graça? Se tal afirmasses, tua ingratidão teria chegado ao cúmulo.

Maria não promete a salvação para animar aos alucinados por uma vã e mal entendida esperança, mas o seu patrocínio especialíssimo significa alguma coisa e até muito mais, além da proteção genérica e normal, que dispensa ao comum dos fiéis; e esta proteção especialíssima, tua Mãe amantíssima te promete e te outorgará, contanto que não te empenhes em destruir seus benéficos efeitos.


II

Graças vos dou, Mãe amabilíssima, pelos cuidados e desvelo que exercitais em benefício da minha salvação eterna. Quão ingrato serei se não lhes corresponder! Quão infeliz se chego a me desprender de vossa mão benéfica, a qual, pelo caminho das virtudes, me quer conduzir ao gozo da eterna salvação!

A graça, ó minha alma, reclama a nossa correspondência para atingir aos fins da nossa santificação e salvação eterna.

O exímio Simão Stock anunciando aos seus irmãos Carmelitas a recepção do sagrado Escapulário, exorta-os a que procurem tornar efetiva em si próprios a promessa consoladora da celeste doadora, por meio do exercício contínuo das boas obras.

Oh! Quanto Maria nos facilita esse tão necessário exercício! A vestimenta sagrada, prova irrefragável do seu amor, enobrece sobremodo; sendo constante opinião, que a nobreza e o amor são um forte estímulo para as ações dignas e generosas.

A multidão de seus favores, cadeia mística na qual fica preso todo o coração bem nascido, te incita suavemente a corresponder-lhe por meio do teu bom comportamento cristão, que é o modo pelo qual Ela quer que lhe correspondas.

Aplaina-te e facilita a senda da virtude com as práticas santas a que dá motivo a devoção do seu sagrado Escapulário e que são leis reguladoras de sua santa Irmandade.

São na verdade deleitáveis, seguros e pacíficos os caminhos que Maria Santíssima nos abre por meio do seu florido Carmelo.

Neles se percebe o grato aroma da santidade, a presença de Maria faz-se sentir suave e consoladora, ouve-se a sua doce voz que avisa o caminhante da proximidade do perigo, e lhe é dado restabelecer as suas forças com o néctar da esperança na especial proteção que Maria Santíssima prometeu.

Deixa-te, pois, ó minha alma, conduzir pela mão da tua boa Mãe pela senda da virtude; ou antes, deixa-te prender no laço salutar do sagrado Escapulário.

São doces, como a respeito da Sabedoria se diz no Eclesiástico, as prisões com que Maria te conserva sujeito sem te rebaixar e para te conter no bem. – Seus cepos ser-te-ão fortaleza e defesa; e suas prisões são cadeias de salvação.

Ó minha doce Mãe! O vosso zelo pela minha salvação é tão grande, que bem posso exclamar, que Vós colocastes a minha alma em direção à vida, e piedosa me quereis evitar todo o tropeço no caminho da virtude.

À honra imortal que me concedestes revestindo-me de vossa libré sagrada, juntastes os auxílios e virtudes de vosso especial Patrocínio, para me preservar da morte eterna e do fogo inextinguível. Possa eu corresponder aos vossos desvelos, secundando os impulsos da graça de Deus, amando-O sobre todas as coisas e depois d’Ele a Vós.

Agora, toca a Vós alcançar-me do Altíssimo poder perseverar no seu amor até a morte; de Vós espero este favor que porá o selo aos vossos inumeráveis favores.

Ó Maria, esperança minha! Vós haveis de me salvar. Amém.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que oferecestes a vossa especial assistência na hora da morte, àqueles que se acham devotamente revestidos do vosso Escapulário, para que consigam por meio de uma verdadeira penitência, sair desta vida em graça de Deus e livrar-se das horríveis penas do Inferno. Rogo-Vos, Senhora, que me assistais e consoleis na hora da minha morte, alcançando-me uma verdadeira e perfeita penitência e contrição de todos os meus pecados, abrasado em amor de Deus e em desejo de vê-lO e gozá-lO, para que minha alma não se perca nem se condene, até que, livre de toda a culpa chegue com segurança às delícias do Carmelo da Glória. E agora consiga da Majestade divina o que nesta Novena peço, especialmente, pela vossa intercessão, pois isso mesmo, Senhora, Vos suplico com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Por Maria assunta à glória tão subida
É a Deus Trino e Uno a honra só devida!

Ladainha de Nossa Senhora
Antífona – Haec est vere speciosa, etc.
Verbum caro, etc.
Bênção com o Santíssimo Sacramento
(Tudo como no 1º Dia)

Jaculatórias finais

A vossa despedida, Senhora, já padeço:
Mas da vossa união não me despeço!

O curar saudades somente o facilita
A presença visual vossa, oh! Mãe bendita!

Gozar para sempre essa Divina Face,
Por Vós espero eu – Visão vivace!

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.

____________

Nono Dia
____________

Exposição do Santíssimo Sacramento

Hymnum Tantum ergo
Deprecação – Aperi, Domine, etc.
Invitatório – Christum Dominum, etc.
Hino – Virgo, quam totus, etc.
(Tudo como no 1º Dia)



Meditação

Maria Santíssima com a sua Intercessão
Abrevia aos seus Religiosos e Confrades
as Penas do Purgatório

CARIDADE

I

A Mãe do belo e santo amor que amando-nos em Deus e por Deus nos ama com caridade inexcedível, segundo a expressão de São Pedro Damião, não restringe os seus desvelos ao curso de nossa vida mortal, vai ainda mais além e até nos domínios da morte vai buscar os seus filhos para lhes fazer bem. Seu amor é na realidade mais forte do que a própria morte, e para o seu ardente zelo não são impenetráveis nem mesmo os sólidos e incandescentes muros do cárcere do Purgatório. Afamada libertadora dos encarcerados, como entusiasticamente a denomina Santo Efrém, Sírio, e Chave do Reino celestial, com seus rogos e mediação não só torna mais toleráveis para as almas santas do Purgatório, especialmente para as que lhe foram devotas, aquelas penas atrozes, como também alcança para muitas de entre elas plena e inteira libertação. Assim o têm entendido por luz sobrenatural os maiores Santos, assim o têm crido e pregado os mais insignes Doutores, firmando-se nas ternas palavras que Santa Brígida ouviu do Salvador dizer à sua divina Mãe: tu ó minha Mãe, és também Mãe de misericórdia e consolo e doçura das almas detidas no cárcere do Purgatório.

E então, que fará a Protetora especial do Carmelo pelas almas de seus filhos, padecentes e cheias de angústias no lago pavoroso da mais dura expiação?

Aquela que foi para com eles tão boa Mãe enquanto viviam aqui na terra, terá por ventura achado entre os tesouros do seu amor e do seu poder algum recurso com o qual os socorra com especial e privilegiada liberalidade? A resposta já tu a tens, ó minha alma, no insigne documento apostólico que o mundo cristão conhece sob o nome de Bula Sabbatina. Nele, entre as excelentes prescrições e salutares regras de bem viver que Maria Santíssima aponta aos seus Carmelitas, faz também saber ao Papa João XXII que Ela, além de ser Mãe e generosa protetora dos que se acham revestidos de sua insígnia sagrada, há de também pela eficácia da sua intercessão baixar ao Purgatório, especialmente no primeiro sábado depois do óbito de cada um deles, para livrá-los daquelas penas e conduzi-los ao Monte Santo e região de eterna vida. Este rasgo de celestial liberalidade, este que bem se poderá chamar pleno e extraordinário jubileu de eterna redenção e ventura, tem sido confirmado, promulgado, explicado e em mais de uma ocasião defendido pela autoridade veneranda dos principais de entre a Hierarquia da Santa Igreja Católica. Em vão uma crítica tão agressiva quanto parcial, debalde um zelo tão imprudente quão pouco ilustrado, tem ousado colocar como matéria de parecer a promessa de Maria Santíssima, constata na Bula Sabbatina, promessa que há cinco séculos para cá tem sido a consolação de inumeráveis almas, poderoso estímulo para a caridade cristã e suave atrativo com que Maria Santíssima atrai os corações à sua santa e salutar devoção. Ó caridade sem limites da Matriarca do Carmelo! Bem podes, ó minha alma, denominá-la, juntamente, com o Eclesiástico, torrente abundante de águas refrigerantes; rio caudaloso de doçuras que saindo dos mananciais do Paraíso eterno penetra até as mais recônditas cavidades do Purgatório e extingue para os prediletos da Virgem o fogo atormentador em que jazem submergidos.

Eleva agora, ó minha alma, as tuas vistas até a fonte da misericórdia e do amor, da caridade a mais ardente que se pode achar em uma pura criatura; ascende ao amor infinito que é o teu eterno Criador. Para teu bem, como para sua glória, fez Deus a Maria Santíssima tão amorosa e benéfica para contigo. Por meio de suas finezas, fala-te com eloquência irresistível, apresentando-te, entre tantos títulos que te dão direito ao seu amor, as mercês com que te cumulou pela mediação de sua divina Mãe. E que outro fim se propõe a sua divina misericórdia, senão o de ordenar, isto é, atear em ti, como na Esposa dos Cantares, o fogo sagrado da caridade?

Ó Rainha do amor e da clemência, por quem possuímos aquele Coração deífico, que é foco de amor e fonte de misericórdia! Alcançai-me, Senhora, do vosso Jesus, que em mim arda esse fogo que Ele veio trazer à terra, desejando que toda se abrasasse em suas divinas chamas. Que este amor me vivifique, e consuma em mim todo o resquício de pecado.

E se depois de minha morte, me restar alguma coisa que expiar no Purgatório, recorrei, Vos rogo, à infinita misericórdia, para me impetrar com prontidão alívio e redenção.


II

Os exemplos de Maria Santíssima, assim como os seus milagres, aparições e mercês, e a sua constante intervenção no que diz respeito ao nosso bem, não se dirigem a nenhum outro fim senão ao mais importante e elevado de estender, consolidar e engrandecer o reino da caridade entre os pobres viventes.

Durante estes dias, ó minha alma, pelo menos em escrito, tens visto quanto Maria Santíssima tem feito a favor da mística Vinha, que sua mão diligente plantou nas veredas do Carmelo e a tens acompanhado pelas sendas formosas de sua inapreciável beneficência; tens penetrado após Ela com o pensamento, até mesmo no cárcere do Purgatório, atônita ante o portento de ternura inaudita, que sua inefável caridade ali realiza. Maria Santíssima falou-te com a linguagem dos fatos, mais eloquente do que a das palavras, dizendo-te a ti e a todos os que de algum modo pertencem ao seu Carmelo: Agora, filhos meus, escutai-Me; bem-aventurados os que guardam e seguem os Meus caminhos. Nunc ergo, fili audite me; beati qui custodiunt vias meas.

Quais são estes caminhos que Maria Santíssima nos convida a seguir em busca da verdadeira felicidade? É inútil dizê-lo, minha alma; estes caminhos são os caminhos do amor de Deus.

Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao vosso próximo em Deus e por Deus, pois isto é o que constitui o homem, formado pelo Meu espírito nascido do seio da Minha caridade, e tem sido nutrido aos peitos da Minha ternura.

Esteja pois sempre, ó filhos de Maria Santíssima do Carmelo, esteja pois, em todos e em cada um de nós, como deseja Santo Ambrósio, o espírito da Mãe de Deus, o espírito de caridade da Virgem Soberana.

Revistamo-nos de Maria, como a isso nos exorta São Boaventura. Resplandeça Maria, isto é, suas virtudes, em nossa conduta e ações. Ordenemos em nós mesmos a caridade, amando em primeiro lugar e com preferência absoluta a Deus, autor, reparador, santificador e futuro glorificador do nosso ser.

Seja Maria Santíssima, depois de Deus, o objeto preferido do nosso amor, amando n’Ela as grandezas divinas, o mais resplandecente rasgo da misericórdia, o achado da graça e mesmo até o Sangue que nos remiu.

Ó filhos do povo que Maria formou para cantar em todo o tempo os seus louvores! Entre os amadores da doce Mãe e Soberana Rainha, sejamos nós os Serafins.

Sejamos nós os apóstolos, os mais zelosos de sua devoção, os mais denodados sustentadores de suas prerrogativas, os mais diligentes, e se é possível, os mais esplêndidos promotores do seu culto, e sobretudo, seus mais exatos e mais fiéis imitadores.

Correspondamos ao seu zelo pela nossa salvação, utilizando com cuidado os meios poderosos que Ela pôs ao nosso alcance para consegui-la.

Que o seu santo e sagrado Escapulário não deixe jamais de cobrir o nosso peito. Seja para nós uma lei santa e impreterível conservar a castidade conforme o nosso estado.

Filhos da Virgem sem mácula, seja sempre o pecado objeto do nosso ódio implacável.

Siga imediatamente a expiação à culpa, se por fragilidade a cometemos. Que o Pão dos fortes fortaleça o nosso caminho, a oração nossa força, a mortificação nossa arma de combate, e a doce e santa caridade o nosso consolo e o móvel constante de nossas ações.

Ó Mãe e decoro imortal do nosso Carmelo! Grandes são os prodígios que Te tens dignado realizar para honra e defesa deste teu povo predileto. Com grande zelo e edificação da Santa Igreja, a sagrada família eliana os apregoa e Te louva desde a aurora de Tua existência. O orbe católico os ouve e Te bendiz e clama Bem-aventurada a Ordem que tantos favores recebeu de Tua mão bondosa: Beatum dixerunt populum cui haec sunt! Faze, ó Mãe divina, com que o Senhor Onipotente, que pela Tua mediação tanto o tem exaltado, seja sempre o Deus, isto é, o objeto preferido do amor e zelo do povo que tem o Teu Nome. Desse modo será ditoso na posse pacífica do Teu Patrocínio. Beatus populus, cujus Dominus Deus ejus. A Tua bênção, ó minha Mãe, será penhor do favor que por Tua mediação esperamos alcançar de Deus. Abençoe-nos pois a Tua dextra soberana, com a bênção do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, a quem seja dada toda a honra e louvor em perpétuas eternidades. Amém.

Oração Especial para este Dia

Ó Virgem do Carmo, Maria Santíssima, que estendendo o vosso amor a favor dos Carmelitas e seus Confrades, até mesmo além da morte, como Mãe piedosa dos que se acham revestidos do vosso santo Escapulário, consolais as suas almas quando estão no Purgatório, e com vossos rogos e intercessão alcançais do vosso divino Filho, que saiam quanto antes daquelas penas, especialmente, no primeiro sábado depois de sua morte, para irem gozar da Majestade Divina lá na glória. Rogo-Vos, Senhora, que me alcanceis do Senhor, que eu cumpra de tal modo com os deveres de cristão e com a devoção do vosso santo Escapulário, que logre este singularíssimo privilegio que prometestes aos que dele se acham revestidos devotamente, e que não só tenha com ele indulgência em vida e remissão na morte, como também resgate do Purgatório, para assim ser introduzido no Santo Monte Carmelo da Glória. E agora consiga, o que nesta Novena peço, especialmente, a Deus pela vossa intercessão, pois isso mesmo, Senhora, Vos suplico com toda a humildade e confiança. Amém.

* Depois da Meditação e Oração, canta-se as jaculatórias alternadamente com o povo, e reza-se o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai no fim de cada jaculatória:

Senhora do Carmo
Mãe dos Carmelitas
Socorrei as almas
Que vivem aflitas.

1º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Senhora do Carmo
Oh! Virgem Maria!
Vinde em meu socorro
Na última agonia!

2º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

No transe horrendo da morte
Valei-nos compadecida,
A fim de com vosso Filho,
Gozarmos da eterna vida.

3º – Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

*Findo o cântico, a música entoa e o povo repete a seguinte

Jaculatória

Dos Filhos de Elias, de Maria herdada,
Seja a Deus a glória – herança tão sagrada!

Ladainha de Nossa Senhora
Antífona – Haec est vere speciosa, etc.
Verbum caro, etc.
Bênção com o Santíssimo Sacramento
(Tudo como no 1º Dia)

Jaculatórias finais

Senhora do Mundo, que prazer não encerra
Vossa exaltação no Céu e sobre nós na terra!

Quem, Senhora, Vos herda, mais que rico fica;
Porque o gozo da Glória em Vós se verifica!

Valei-nos na morte: a nós a graça assista,
Para que eternamente gozemos vossa vista.

V. A Virgem Sagrada seja nossa Advogada.
R. Amém.



Hino da Ordem Terceira
de Nossa Senhora do Carmo


Salve! Ó belo pendão da vitória
Da excelsa Rainha dos Céus
Que um dia no reino da Glória
Nós veremos ao lado de Deus!

Coro:

Em torno da nossa bandeira
Façamos, com fé, este apelo!
Protegei nossa “Ordem Terceira”
Oh! Senhora do Monte Carmelo!


Salve! Ó belo e sublime estandarte
Da certeza da graça, o penhor,
Que Maria convosco reparte
Na celeste mansão do Senhor!


Salve! Ó grande pendão do Carmelo
Onde Elias venceu a Baal.
És de todos da terra o mais belo,
Tens o lema da fé divinal.


Salve! Ó grande bandeira bendita
Da milícia fiel de Maria!
Salve! Ó pálio da grei carmelita
Nosso amor, nossa luz, nossa guia!


Não importa do mundo, em que parte
Nos vai e vens imprevistos da sorte.
Com os olhos em nosso estandarte,
Venceremos na vida e na morte!

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