Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

segunda-feira, 27 de julho de 2015

A CRUZ, A FOICE E O MARTELO.

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Dom Fernando Arêas Rifan*

Em sua visita à Bolívia, no começo deste mês, o Papa Francisco recebeu do presidente Evo Morales uma cruz em forma de foice e martelo, símbolo do comunismo, tendo nela Jesus Crucificado, símbolo do cristianismo. Era uma réplica da escultura criada pelo jesuíta espanhol Padre Luis Espinal, ligado à Teologia da Libertação, como forma de diálogo ou mesmo simbiose entre o comunismo e o catolicismo.

Ao ver o rosto constrangido do Papa, lembrei-me do constrangimento de Dom Antônio Santos Cabral, arcebispo de Belo Horizonte, ao ser convidado por Juscelino Kubicheck para benzer a Igreja da Pampulha, em forma de foice e martelo. O arcebispo recusou, dizendo que a obra modernista de Oscar Niemeyer ia de encontro ao aceitável pela Igreja.

Deixando de lado a análise da impertinência do insólito presente de Evo Morales, consideremos apenas o significado de tal crucifixo em forma de foice e martelo.

Na entrevista no avião, o Papa explicou que o Pe. Luis Espinal pertencia à linha da Teologia da Libertação que utilizava a análise marxista da realidade. Segundo o Papa, Espinal era um entusiasta dessa análise da realidade marxista e também da teologia usando o marxismo. O Papa lembrou que, nesse tempo, o Superior Geral da Companhia de Jesus mandou uma carta a toda a Companhia sobre a análise marxista da teologia, dizendo que isso não podia, não era justo, pois são coisas diferentes. E o Papa Bergoglio lembra os documentos da Congregação para a Doutrina da Fé sobre o assunto (CDF Libertatis nuntius e Libertatis conscientia).

Alguns tentaram justificar a amálgama entre marxismo e cristianismo, alegando que se poderia “batizar Marx” assim como Santo Tomás de Aquino “batizou” Aristóteles. Mas esses se esquecem de que Aristóteles era pagão, tinha uma filosofia natural, mas não era anticristão, ao passo que Marx, sua filosofia, sociologia, materialismo dialético, negação da propriedade, etc. são visceralmente antinaturais e anticristãos. Impossível ser batizado! Coisas irreconciliáveis!

O documento citado pelo Papa Francisco relembra a advertência do Papa Paulo VI: “Seria ilusório e perigoso o esquecimento do íntimo vínculo que os une de forma radical, aceitar os elementos da análise marxista sem reconhecer suas relações com a ideologia, entrar na prática da luta de classes e de sua interpretação marxista deixando de perceber o tipo de sociedade totalitária que conduz esse processo” (Octogesima adveniens, 34).

Essa concepção totalizante (de Marx) impõe sua lógica e leva ‘as teologias da libertação’ a aceitar um conjunto de posições incompatíveis com a visão cristã do homem... A nova hermenêutica, inserida nas ‘teologias da libertação’ conduz a uma releitura essencialmente política da Escritura... A luta de classes como caminho para uma sociedade sem classes é um mito que impede as reformas e agrava a miséria e as injustiças. Aqueles que se deixam fascinar por este mito deveriam refletir sobre as experiências históricas amargas às quais ele conduziu...” (Libertatis nuntius).
  

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*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

terça-feira, 7 de julho de 2015

CARTA DE SÃO SIMÃO STOCK, AO RECEBER O SANTO ESCAPULÁRIO.



Meus queridos Irmãos:

Bendito seja Deus que não tem abandonado aqueles que põem nele toda sua confiança, e que não tem desprezado as orações de seus servos. Bendita seja também a Santíssima Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, lembrando-se dos dias passados, e das tribulações que, por todas as partes, vos tem cercado; lembrando-vos que os que querem piamente viver em Jesus Cristo, padecem perseguição, vos envia a palavra que vós recebereis com alegria do Espírito Santo; eu suplico a este Espírito que dirija minha língua, para que eu possa comunicar-vos esta palavra convenientemente. Quando derramava minha alma em presença do Senhor, ainda que sou pó e cinza, e, com toda confiança, suplicava a minha Senhora, a Virgem Maria, que, assim como queria que nós nos chamássemos seus, mostrasse Ela que era nossa Mãe, livrando-nos da perseguição e dando-nos alguma mostra sensível da consideração e estima particular que nos tem, para confundir aos que nos perseguem; quando eu lhe dizia com ternos suspiros: “Flor do Carmelo, Vinha florida, Esplendor do Céu, Virgem fecunda, e singular. Mãe bondosa e intacta, aos Carmelitas dai privilégios, Estrela do mar!”, me apareceu a Soberana Senhora, escoltada de inumeráveis Anjos, e tendo em suas mãos o hábito da Ordem (o santo Escapulário), me disse: “Meu muito amado filho; recebe este Escapulário da tua Ordem, sinal da minha confraternidade, privilégio para ti e todos os Carmelitas; quem com ele morrer, não padecerá o Fogo eterno. Eis o sinal da salvação, proteção nos perigos, contrato de paz e aliança eterna”. Como a gloriosa presença da Virgem Santíssima me alegrava além do concebível, e eu, miserável como sou, não podia suportar a vista de sua Majestade, me disse, ao desaparecer, que não me restava, senão enviar uma deputação ao Papa Inocêncio, Vigário de seu Filho, que não deixaria de dar remédio a nossos males. Conservando, pois, meus Irmãos, esta palavra em vossos corações, esforçai-vos em assegurar vossa salvação com boas obras e nunca pecar. Dai ações de graças, por tão grande benefício, orai, sem intermissão, para que o que me foi comunicado, se verifique, para glória da Santíssima Trindade, do Pai, de Jesus Cristo, do Espírito Santo e da Virgem Maria, para sempre bendita. Amém.1


____________________

1.  Rev. Pe. Everaldo Bon Robert, “Bebendo nas Fontes”, Cap. 15, p. 202; Literatura Privada da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmelo – Sodalício de Campos dos Goytacazes – RJ, 2014.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Que não Deve Ter-se o Homem por Digno de Consolação, mas só de Castigo.


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Tomás de Kempis

Que não deve ter-se o homem
por digno de consolação,
mas só de castigo1


1 – Alma: Senhor, eu não sou digno da vossa consolação, nem de visita alguma espiritual, e por isso, justamente vos haveis comigo, quando me deixais pobre e desconsolado.

Porque se eu pudesse chorar tantas lágrimas, que igualassem o mar, ainda não seria digno da vossa consolação.

De maneira que nenhuma outra coisa mereço senão ser açoitado e castigado; porque gravemente vos ofendi muitas vezes e cometi muitos delitos, e de muitos modos.

Se pois bem me examino, não sou digno de consolação alguma por pequena que seja.

Mas vós, benigno e misericordioso Senhor, que não quereis que vossas obras pereçam, para mostrardes as riquezas da vossa bondade nos vasos da nossa miséria, tendes por bem consolar de modo sobre-humano o vosso servo, ainda além de todo o merecimento.

Porque as vossas consolações não são como as humanas.

2 – Senhor, que tenho eu feito para que me désseis alguma consolação celestial?

Não me lembro de ter feito bem algum, mas de ser sempre inclinado a vícios e preguiçoso em me emendar.

Eis uma verdade, que eu não posso negar.

Se dissesse outra coisa, vós estaríeis contra mim e não haveria quem me defendesse.

Que tenho eu merecido por meus pecados, senão o Inferno e o Fogo eterno?

Com toda a verdade confesso, que sou digno de todo o escárnio e desprezo e que não mereço estar entre os vossos servos.

E, posto que ouça isto de má vontade, em defesa da verdade lançarei contra mim os meus pecados, para que mais facilmente mereça alcançar a vossa misericórdia.

3 – Que direi eu, réu e cheio de toda a confusão?

Não tenho boca para dizer senão estas palavras: pequei, Senhor, pequei, havei misericórdia de mim, perdoai-me.

Esperai-me “um pouco para que chore a minha dor, antes que vá para a terra cheia de trevas e coberta da escuridão da morte”.2

Que quereis vós, Senhor, de tão culpado e miserável pecador senão que se humilhe e tenha contrição de seus pecados!

Da verdadeira contrição e interior humildade nasce a esperança do perdão; com elas reconcilia-se a consciência perturbada, recupera-se a graça perdida, livra-se o homem da ira futura, e une-se em santa paz com Deus a alma arrependida.

4 – Senhor, a humilde contrição dos pecados é para vós sacrifício mui aceito, e mais suave na vossa presença que o incenso.

Este é o unguento agradável que quisestes que se derramasse a vossos pés, porque nunca desprezastes o coração contrito e humilhado.

Aqui está o lugar de refúgio para quem foge do furor do Inimigo.

Aqui se emenda e lava todo o que noutro lugar se transviou ou manchou.

1ª Reflexão3

Um dia no litoral de Genesaré, quando acabava de falar às turbas de cima de uma barca, disse Jesus Cristo a Simão Pedro: “torna ao largo e lança as redes para pescar. E Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos toda a noite e nada pescamos; em obediência, porém, a vossa palavra, lançarei as redes. E tendo feito isso pescaram tantos peixes que as redes se rompiam com o peso. Fizeram sinal aos companheiros que estavam noutra barca, para que viessem e os ajudassem. Vieram, com efeito, e encheram ambas as barcas, de tal modo que elas ameaçavam ir a pique. Vendo isto, Simão Pedro, lançou-se aos pés de Jesus Cristo, dizendo: afastai-vos de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”.4

Fatigados das lutas da vida, também nós, como os pescadores de Genesaré, a cada passo nos sentimos tristes por não vermos os frutos dos nossos trabalhos. Mas, de onde é que nasce o nosso desalento? Da má direção do nosso trabalho: move-nos mais a vaidade do que a caridade, obramos segundo os nossos caprichos e não segundo a vontade de Deus; contamos demasiado com as nossas forças e não procuramos a graça divina. Apesar disso, a misericórdia de Deus não nos abandona, vem visitar-nos no cárcere de nosso desterro para nos inspirar alento. Felizes de nós se então soubermos receber a sua visita, como Simão Pedro, com uma perfeita contrição dos nossos pecados!

A miséria de um pecador mede-se pela gravidade de seus crimes: o maior criminoso é o maior miserável. Quando a graça divina ilumina a consciência do pecador e lhe desperta o remorso, é então chegado para ele o momento feliz de cair arrependido aos pés de Jesus Cristo e confessar os seus pecados. É insondável o abismo em que se afundou, e ao volver os olhos para as suas iniquidades encontra mil razões para exclamar: Senhor, afastai-vos de mim, por que eu sou, não só pecador, mas grande pecador.

Entretanto, se abrir o seu coração à graça que o chama, sentir-se-á movido a confiar no Senhor, que está sempre pronto para receber os arrependidos: “vós, Senhor, não desprezais um coração contrito e humilhado”.5 A contrição purifica dos pecados; a humilhação cura a soberba e dos grandes pecadores faz grandes penitentes.

Trabalha, pois, em juntar a contrição com a humilhação. As consolações, são dádivas da misericórdia divina, e não prêmios devidos aos teus merecimentos.

2ª Reflexão6

Buscam alguns com grande ardor as consolações celestiais, e caem no abatimento desde que elas lhes são retiradas. Porém, estas graças que Deus concede ou como recompensa às almas abrasadas do amor divino, ou como estímulo às almas fracas, para ajudá-las a suportar o trabalho da penitência, não nos são devidas de modo algum; e sempre é necessário “levar em nós a mortificação de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste em nós”.7

Onde estaria a expiação, onde o mérito, se não tivéssemos nada que sofrer, ou se nossos sofrimentos fossem sempre acompanhados da unção divina que os tempera, e algumas vezes os torna mais doces do que nenhuma alegria do mundo? De nós mesmos, pecadores miseráveis, não temos direito senão ao suplício, e gostaríamos de gozar na terra da felicidade do Céu? Bendigamos antes a misericórdia divina, que às penas da eternidade substitui as provas do tempo: Bendigamos a Deus que não se lembra, durante nossa peregrinação na terra, do que devemos à sua justiça senão para o por logo em esquecimento para sempre; e digamos-lhe do fundo de nosso coração contrito, porém, cheio de reconhecimento e amor: “Lavai-me cada vez mais de minha iniquidade, Senhor, e purificai-me do meu pecado; porque bem conheço a minha maldade, e o meu pecado está sempre diante de mim”.8

3ª Reflexão9

Para bem orarmos, é necessário reconhecermos que somos pobres, e humilharmo-nos profundamente: e como vemos que um atirador de balista, quando quer disparar um grande dardo, quanto mais alto quer atirar, tanto mais puxa a corda do arco para baixo, assim devemos fazer, quando queremos que nossa oração chegue ao Céu: necessário é que nos afundemos muito pelo conhecimento de nosso nada.

Davi nos admoesta a fazê-lo por estas palavras: “Quando quiseres fazer oração, diz ele, afunda-te no abismo de teu nada, de modo que possas depois sem dificuldade disparar tua oração, como uma flecha até os Céus”.

E não vemos nós que os grandes príncipes, quando querem fazer subir uma fonte ao lugar mais alto de seu castelo, vão tomar a fonte da água em algum lugar muito alto, depois a conduzem por tubos, fazendo-a descer tanto quanto querem que ela suba, pois, de outra forma a água nunca subiria; e se lhes perguntais como a fizeram subir, responder-vos-ão, que foi fazendo-a descer.

Outro tanto acontece com a oração; pois, se alguém perguntar como pode ela subir ao Céu, deve-se responder, que lá sobe, pela descida da humildade.10


1Mons. Manuel Marinho, “Imitação de Cristo”, Liv. III, Cap. LII, pp. 276-277; Editora Viúva de José Frutuoso da Fonseca, Porto, 1925.
2Jó 10, 20-21.
3Mons. Manuel Marinho, ob. cit., pp. 277-279.
4S. Luc. 5, 4-8.
5Salm. 50, 19.
6Presbítero J.I. Rouquette, “Imitação de Cristo”, Liv. III, Cap. LII, pp. 358-359; Editora Aillaud & Cia., Paris/Lisboa.
7II Cor. 4, 11.
8Salm. 50, 4-5.
9“Imitação de Cristo”, por um Padre da Missão, Liv. III, Cap. LII, p. 294; Imprenta Desclée, Lefebvre y Cia, Tornai/Bélgica, 1904.
10São Francisco de Sales, Sermão da Oração, IV.

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