Um
Encontro Profético
Certo
dia, que já vai longe, andando pelas ruas de Roma, encontraram-se
três insignes homens de Deus. Um era Frei Domingos de Gusmão, que
recrutava membros para a Ordem que fundara, a dos Pregadores,
mais tarde conhecida como dos “dominicanos”.
Outro era o Irmão Francisco de Assis, o Povorello,
que havia pouco reunira alguns homens para servir ao que chamava a
Dama Pobreza. O
terceiro, Frei Ângelo, tinha vindo de longe, do Monte Carmelo, na
Palestina, chamado a Roma como grande pregador que era. Os três,
iluminados pelo Divino Espírito Santo, reconheceram-se mutuamente, e
no decurso da conversa fizeram muitas profecias. Santo Ângelo, por
exemplo, predisse os estigmas que seriam concedidos por Deus a São
Francisco. E São Domingos profetizou:
“Um
dia, Irmão Ângelo, a Santíssima Virgem dará à tua Ordem do Carmo
uma devoção que será conhecida pelo nome de Escapulário Castanho,
e dará à minha Ordem, dos Pregadores, uma devoção que se chamará
Rosário. E um dia Ela salvará o mundo por meio do Rosário e do
Escapulário”.
A
Grande
Promessa
de
Nossa
Senhora
do
Carmo,
a
São
Pedro
Tomás.
Celebramos
neste 8 de Janeiro a memória litúrgica de São Pedro Tomás,
Patriarca de Constantinopla, Bispo de nossa Ordem do Carmo, o qual
era muito devoto de Nossa Senhora.
Amou
tanto a Virgem Maria que trazia no coração o seu nome gravado. Com
razão se pode dizer que esse amor era singular e sua extraordinária
devoção a Maria foi o centro de toda sua vida e o norte de todas as
suas ações, a alavanca com a qual muitos obstáculos foram
removidos do seu caminho.
Foi
um dos mais ardorosos defensores da Imaculada Conceição de Maria
Santíssima.
A
ele se atribui o tratado: “De Immaculata Conceptionis” em quatro
volumes de sermões. É dele a profecia inspirada pela Virgem Maria
de que a Ordem do Carmo durará até ao fim dos tempos. A Virgem lhe
aparece, e com carinho maternal de Mãe, Irmã e Senhora, lhe diz:
“ENQUANTO
O MAR NOS ESCARCÉUS BRAMIR E NO ALTO CÉU BRILHAR O ETERNO SOL,
VIVERÁ SEMPRE PARA HONRA MINHA, A ORDEM CÂNDIDA DO MEU
CARMELO!”
Santa
Teresa de Jesus
e
as Visões proféticas
do
Futuro da Ordem do Carmo.
Estando
certa vez em oração, muito recolhida e envolta em suavidade e
quietude, senti-me rodeada de Anjos e muito próxima de Deus. Comecei
a rogar a Sua Majestade pela Igreja. Veio-me a compreensão do grande
proveito que certa Ordem religiosa traria nos últimos tempos e da
força com que seus filhos haveriam de sustentar a fé.
Eu
estava em oração perto do Santíssimo Sacramento quando me apareceu
um Santo cuja Ordem está um tanto decaída. Tinha nas mãos um
grande livro, que abriu, dizendo-me que lesse umas palavras escritas
em letras grandes e muito legíveis: Nos
tempos vindouros, esta Ordem florescerá; haverá muitos mártires.
Desta
outra vez, estando no coro durante as Matinas, vi diante dos meus
olhos seis ou sete religiosos dessa mesma Ordem – ou assim me
pareceu – com espadas nas mãos. Isso significava, penso eu, que
eles hão de defender a fé; porque mais tarde, quando eu estava em
oração, meu espírito foi arrebatado, e eu parecia estar num enorme
campo onde muitos lutavam; os combatentes dessa Ordem se batiam com
grande ânimo. Seus rostos estavam formosos e muito abrasados; eles
deixaram muitos caídos, vencidos, e outros mortos. Tive a impressão
de que a batalha era contra os hereges.
Tenho
visto algumas vezes este glorioso Santo,
que tem me dito algumas coisas e agradecido minhas orações pela sua
Ordem, prometendo me encomendar ao Senhor. Não nomeio as Ordens,
para que as outras não fiquem ofendidas; se o Senhor quiser que se
saiba, Ele mesmo as nomeará. Mas cada Ordem, ou cada membro, tinha
de fazer com que, através de si, o Senhor os fizesse tão ditosos
que pudessem servir à Igreja num momento de tão grande necessidade.
Felizes as vidas que por isso se sacrificarem!
“Algumas
Ordens religiosas reivindicaram, a diversos títulos, a honra dessa
missão. O grave historiador P. Jerónimo de San José,
após ponderar os argumentos em favor de umas e outras, conclui
que se trata da Ordem do Carmo,
e acrescenta:
Estas
conjecturas bastam para ter por certo aquilo que já dissemos; porém,
palavra mais certa e testemunho de sua verdade temos na própria
Santa, que ainda em vida declarou e disse que se referiam à sua
Ordem do Carmo de acordo com a nova reforma; e isso com tanta
segurança e ênfase, que a um religioso filho seu que a interrogou,
chamado frei Angel de San Gabriel, ela respondeu com simplicidade e
amor de mãe: «Bobo,
de quem se deveria entender, senão da Nossa Ordem?».
Isso
constou sempre dela e permanece sem controvérsia como coisa lisa e
assentada, garantindo-o as próprias pessoas que ouviram da boca da
Santa” (cfr. Santa Teresa de Jesus, “Libro
da Vida”, cap. apud
Obras Completas, BAC Nº 212, Madrid, 6ª ed. Revisada, 1184;
nota 3, p. 215).
Beato Francisco Palau,
verdadeiro Filho dos Profetas.
Quando
estava em oração o Beato Palau nos fala de uma inspiração que ele
pôs na boca de um Anjo da seguinte forma:
“Pelo
ano 1864, havendo-me retirado para este monte, uma grande voz, que há
20 anos me falava nos desertos sobre os destinos de nossa Ordem, a
qual não sabia de onde procedia, me disse com grande força o que
segue:
Eu
sou o anjo de que fala o capítulo XX do Apocalipse; a mim está
confiada a custódia do pendão do Carmelo e a direção dos filhos
desta Ordem.
Eu
guardo o trono pontifício de Roma e os muros desta cidade, frente
aos demônios e à Revolução que a circunda.
Venho
a ti enviado por Deus para instruir-te sobre o futuro da Ordem a que
pertences para que saibas a missão que hás de cumprir e sua forma…
… Eu
rezava com grandes instâncias pela Igreja e [o anjo] contestou:
Elias,
grande profeta, e os filhos de sua Ordem sois, e adiante sereis, o
meu dedo e o dedo Deus e meu braço nas batalhas contra os demônios
e contra a Revolução.
E
para que a vossa fé no dia das batalhas não falte, Deus me enviou a
ti que vives nos desertos, atento à minha voz para instruir-te sobre
a matéria e objeto do exorcistado.
Eu
sou o anjo que tem nas mãos as cadeias e as chaves do abismo.
A
mim estão sujeitos todos os demônios do inferno e, para que saibas
o modo de apresentá-los nas batalhas, devo manifestar-te um
mistério…”.
Nossa
Senhora do Carmo,
vitoriosa
até o Fim dos Tempos.
Um
outro carmelitano dotado de luzes proféticas – o Beato Pe.
Francisco Palau – deduz de um diálogo espiritual com a Ssma.
Virgem do Carmo que a Mãe de Deus fará surgir esses enviados de
Deus das gloriosas hostes carmelitanas :
“Definirei
tua missão em três pontos. (...): 1º. a revelação de minhas
glórias ao mundo, 2ª a restauração da Ordem do grande profeta
Elias, 3ª a missão deste profeta na terra.
“1.
Com relação ao primeiro, (...) vou direcionar tua caneta, pincel e
lápis; e por trás das sombras, das figuras, das espécies e dos
enigmas, me darei a conhecer àqueles que escolhi para que, quando
chegar a tremenda hora de combate, me amem e sejam fiéis.
“2.
Distribui as armas do santo Monte do Carmelo, para os escolhidos
serem filhos do grande profeta Elias e se acolham à sua proteção e
os prepararem
para receberem o espírito duplo desse grande profeta. (…)
“Entende-te
sobre eles com teu pai Santo Elias; e diz a eles que estão sob sua
proteção e direção, que o reconheçam como seu general, e que
peçam que Deus lhes dê o espírito forte do Profeta”.
Importância
da Devoção
a
Nossa Senhora do Carmo.
“Na
Inglaterra, Melânia teve contato com o Convento das Irmãs
Carmelitas de Darlington. Cativada pelo estilo de vida das Irmãs,
solicitou a admissão no Convento. A 25 de fevereiro de 1855 recebeu
o hábito de carmelita. A cerimônia pomposa foi para ela motivo de
satisfação... Deu início ao Noviciado. Professou os votos
religiosos a 24 de fevereiro de 1856”.
“Em
Lourdes, Bernadete viu Nossa Senhora várias vezes; a última
aparição foi no dia de Nossa Senhora do Carmo, 16 de Julho de 1858.
Bernadete declara ter visto nesse dia a Virgem «tão bela e gloriosa
como nunca».
‘Pensou
até em se tornar carmelita, mas as carências de saúde a
dissuadiram’.
Em
Fátima, a última aparição, no dia 13 de Outubro de 1917, foi de
Nossa Senhora do Carmo. A Ir. Lúcia diz que «por fim lhes apareceu
Nossa Senhora do Carmo a abençoar o mundo» e imediatamente se deu o
início do milagre do sol.
Muitos
santos, depois da aparição de Nossa Senhora do Carmo se quiseram
revestir do escapulário ou da medalha para melhor manifestarem o seu
amor a Maria e assim serem por Ela protegidos: S. Cláudio de la
Colombière, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Antônio Maria
Claret, o Santo Cura d’Ars, Santa Bernadete, S. João Bosco, S.
Domingos Sávio, S. Gabriel das Dores e um inumerável número de
santos. Para já não falar de todos os santos e santas carmelitas,
sobretudo Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz que sentiam a
maior glória em usar o hábito carmelita da Ordem de Nossa Senhora
do Carmo.
Também
os papas manifestaram o seu amor ao Escapulário do Carmo. João
XXII, no séc. XIV promoveu esta devoção. Nos nossos dias, Leão
XIII, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II têm
manifestado entusiasticamente o seu amor pelo Escapulário e pela
devoção a Nossa Senhora do Carmo.
Também
os nossos reis, sobretudo os da IV Dinastia, de quem há
documentação, usaram o Escapulário e amavam Nossa Senhora do
Carmo, a quem tinham muita devoção”.
Fátima
e o Escapulário
Nas
aparições de Nossa Senhora de Fátima, estão contidas as duas
principais devoções marianas que resistiram à dura prova do tempo:
A do Rosário e a do Escapulário. Dadas aos homens na Idade Média,
trazem-nos ambos privilégios inestimáveis relacionados com a
perseverança, a salvação da alma e a conversão do mundo. Sempre
foram importantes e atuais, mas com as revelações de Fátima estas
devoções tornaram-se ainda mais necessárias e urgentes.
No
auge das aparições, no dia 13 de Outubro, enquanto transcorria o
grande milagre do Sol visto por mais de 50 mil pessoas, a Mãe de
Deus mostrou-se aos pastorinhos sob a invocação de Nossa Senhora do
Monte Carmelo, apresentando-lhes nas mãos o Escapulário. Certamente
que, transcorrendo no momento mais alto entre todos os fenômenos
passados na Cova da Iria, esta aparição não é um detalhe sem
importância. Pode-se concluir até que os privilégios inestimáveis
ligados ao Escapulário são parte integrante da Mensagem que nos
deixou a Mãe de Deus em Fátima, juntamente com o Rosário e a
devoção ao Imaculado Coração de Maria.
De
facto, as referências ao Inferno, ao Purgatório, à necessidade de
penitência e à intercessão de Nossa Senhora contidas na Mensagem
estão em inteira consonância com as promessas anexas ao
Escapulário.
Quem
deitar atenção sobre o verdadeiro sentido das aparições concluirá
naturalmente que o atendimento completo dos pedidos de Nossa Senhora
de Fátima impõe que se conheça a importância do dom do
Escapulário, e que este seja difundido o mais amplamente possível.
Concluirá também, certamente, que o paulatino abandono em que caiu
a devoção ao Escapulário deu-se paralelamente ao crescente
desconhecimento do sentido profundo da Mensagem da Mãe de Deus.
No
ápice das aparições em que Nossa Senhora proclama a verdade da sua
realeza, sob a forma do triunfo do Imaculado Coração de Maria, Ela
aparece revestida do traje da sua mais antiga devoção – a do
Carmo. E, desse modo, realiza uma síntese entre o historicamente
mais remoto (O Monte Carmelo), o mais recente (A devoção ao
Imaculado Coração de Maria) e o futuro glorioso, que é a vitória
e o reinado desse mesmo Coração.
É
sinal inequívoco de que o católico zeloso do cumprimento dos
pedidos da Mãe de Deus encontrará nesta devoção uma fonte
abundante de graças para a sua conversão pessoal e para o seu
apostolado, especialmente nestes dias de profunda descristianização
da nossa sociedade. Este “Vestido de Graça” fortalecerá a sua
certeza de que, ao fechar os olhos para esta vida e ao abri-los para
a eternidade, encontrará o seu fim último, Cristo Jesus, na Glória
Eterna.
Não
é preciso dizer que aqueles que se permitem deliberadamente viver
uma vida de pecado, julgando que por usarem o escapulário irão
salvar-se, fazem muito mal. Deus poderá permitir que morram sem ele.
Porém,
não devemos combater o uso do escapulário pelos pecadores. São
Cláudio La Colombiére, jesuíta, em um sermão sobre a Virgem do
Carmo que pregou na Igreja dos Carmelitas de Lyon, diz: “Não vos
quero lisonjear: de nenhum modo se pode passar de uma vida pecadora e
desordenada para a vida eterna, se não pelo caminho da sincera
penitência; porém, esse sincero arrependimento, de tal modo o
saberá facilitar a mais carinhosa das mães que, quando menos
pensardes, fará brilhar nas vossas almas um raio de luz sobrenatural
que num instante vos fará ver o engano”.
As
aparições de Fátima
e
a devoção a Nossa Senhora do Carmo.
No
dia 13 de outubro de 1917, na sua última aparição na Cova da Iria,
em Fátima, Portugal, Nossa Senhora une três devoções: a
espiritualidade do Escapulário, a oração do Santo Rosário e a
consagração ao seu Imaculado Coração. Logo depois da aparição,
surgiram, aos três videntes de Fátima, várias cenas. Na primeira,
ao lado de São José, a Mãe de Deus, com o Menino Jesus ao colo,
apareceu como Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, surgiu como
Nossa Senhora das Dores, junto com seu Filho Jesus Cristo, que
padecia em meio a muitos sofrimentos, a caminho do monte Calvário.
Na última visão, “gloriosa, coroada como Rainha do Céu e da
Terra, a Santíssima Virgem apareceu como Nossa Senhora do Carmo,
tendo o Escapulário à mão”.
Em 1950, a Irmã Lúcia foi questionada a respeito do motivo de Nossa
Senhora aparecer com o Escapulário nas mãos. Em resposta, a Irmã
disse: “É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário,
respondeu ela”.
Providencialmente, no dia 11 de fevereiro de 1950, o Sumo Pontífice,
Papa Pio XII, convidou toda a Igreja Católica a “‘colocar em
primeiro lugar, entre as devoções marianas, o escapulário, que
está ao alcance de todos’; entendido como veste mariana, esse
é, de fato, um ótimo símbolo da proteção da Mãe celeste,
enquanto sacramental extrai o seu valor das orações da Igreja e da
confiança e amor daqueles que o usam”.
A
Irmã Maria Lúcia do Imaculado Coração, que como Simão Stock era
carmelita, disse que o Escapulário agrada o Coração de Nossa
Senhora, por isso, deseja que essa devoção seja propagada. Dessa
forma, compreendemos que a devoção do Escapulário faz parte da
Mensagem de Fátima e, certamente, o Escapulário e o Rosário
são devoções inseparáveis. “O Escapulário é o sinal da
consagração a Nossa Senhora.
[…] Ela quer que todos usem o Escapulário”.
Ao perguntarem se podemos ter a certeza de que Nossa Senhora queria o
Escapulário, como parte da Mensagem de Fátima, Irmã Lúcia
respondeu: “Sim”, e acrescentou: “Agora, já o Santo
Padre [Papa João Paulo II] o confirmou a todo o mundo,
dizendo que o Escapulário é sinal de consagração ao Imaculado
Coração”.
Segundo
a Carmelita, o Escapulário é uma das cláusulas da Mensagem da
Virgem de Fátima. Por isso, usar o Escapulário é tão importante
quanto a recitação diária do Terço Mariano. Segundo Lúcia, “o
Terço e o Escapulário são inseparáveis!”.
Dom
José Alves Correia da Silva, então Bispo de Leiria, em Portugal –
que sabia claramente do vínculo entre as devoções do Escapulário
e do Rosário – por ocasião do VII Centenário do Escapulário,
disse aos devotos de Fátima:
“Os
antigos guerreiros vestiam-se com uma armadura de ferro para
resistirem aos ataques dos seus inimigos, e como nós todos temos de
combater os inimigos da nossa alma, porque diz a Sagrada Escritura,
‘a vida do homem é uma guerra’, a Santíssima Virgem entregou o
emblema do Santo Escapulário para também nos defender. […] Nossa
Senhora recomendou também às videntes que espalhassem a devoção
do Escapulário. Compete-nos, pois, como cristãos, […] a obrigação
de nos afervorarmos na devoção do Escapulário.
O
Escapulário tem privilégios especiais. O primeiro é a promessa que
a Santíssima Virgem fez àqueles que observassem as devidas
instruções, que os preservaria do fogo eterno. E claro que
deveremos trazer o Escapulário não por orgulho ou superstição,
mas por esperarmos, com um sincero sentimento de confiança, que a
bondade de Maria Santíssima nos fará a graça da conversão e da
perseverança final”.
A
Espiritualidade Carmelita
e
a Consagração ao Imaculado Coração.
Santa
Teresa de Jesus, grande reformadora da Ordem dos Carmelitas, disse às
suas irmãs: “Todas nós, que trazemos este sagrado hábito do
Carmo, somos chamadas à oração e contemplação. Foi essa a nossa
origem”.
A tradição dos primeiros carmelitas está ligada à vida
contemplativa, mas esta se perdeu ao longo do tempo. A reforma que
Santa Teresa e, depois, São João da Cruz, realizaram no Carmelo
pretendia recuperar essa sua vocação à contemplação, que tem
como fim último a santificação e a comunhão com Deus já aqui
neste mundo. Para atingir essa união com o Senhor, é necessário
esvaziar-nos totalmente de nós mesmos, dispondo ativamente o nosso
coração para que Deus o purifique.
Neste
processo de purificação, a devoção a Nossa Senhora é
fundamental. “Desde
o princípio, os carmelitas – repetindo que Carmelus
totus Marianus est [O
Carmelo é todo de Maria] – já
se consagravam a Nossa Senhora, chegando a falar, séculos antes de
São Luís de Montfort, de ‘escravidão’ à Virgem”.
Quando professavam seus votos de obediência, os carmelitas faziam-no
não somente a Deus, mas também a Nossa Senhora do Carmo. Com o
Escapulário, eles recordam esse compromisso e a amizade que devem
ter com Nossa Senhora, imitando as suas virtudes e consagrando-se
inteiramente a ela. Pois a Virgem Maria não somente é modelo de
santidade, mas também coopera diretamente em nossa santificação.
No entanto, para quem, de algum modo, está ligado aos carmelitas,
Nossa Senhora não é somente um modelo a imitar, mas também uma
doce presença materna, na qual podemos confiar.
Segundo
o saudoso Papa São João Paulo II, “essa intensa vida mariana,
que se exprime em oração confiante, em entusiástico louvor e em
diligente imitação, leva a compreender como a forma mais genuína
da devoção à Virgem Santíssima, expressa pelo humilde sinal do
Escapulário, seja a consagração ao seu Coração Imaculado”.
Dessa forma, em nosso coração, realiza-se uma crescente comunhão e
familiaridade com Nossa Senhora, como novo modo de viver para Deus e
de continuar aqui na Terra o amor do Filho à sua Mãe, Maria
Santíssima.
Esse
rico patrimônio de espiritualidade mariana dos carmelitas se tornou,
através da propagação da devoção do Santo Escapulário, um
tesouro valiosíssimo para toda a Igreja. Pela sua simplicidade e
pela relação com o papel da Virgem Maria em relação à Igreja e à
humanidade, esta devoção foi profunda e amplamente recebida pelo
Novo Povo de Deus, a ponto de encontrar a sua expressão máxima na
festa de 16 de Julho, na Liturgia da Igreja Católica.
O
Escapulário, o Rosário
e
a Consagração ao Imaculado Coração.
A
Mensagem de “Fátima é, portanto, uma confirmação óbvia das
antigas devoções do Rosário e do Escapulário de Nossa Senhora do
Carmo, ambas vindas da Idade Média, quando o amor por Ela impregnava
toda a vida do cristão”.
Além disso, em Fátima, a estas devoções, acrescenta-se a devoção
ao Imaculado Coração, já conhecida na Igreja, mas agora revelada
de uma forma nova. A consagração ao Imaculado Coração de Maria,
de certo modo, aparece como nova expressão de devoção a Nossa
Senhora das Dores, que foi uma das visões dos pastorinhos na última
aparição de Fátima.
No
dia 13 de junho de 1917, Nossa Senhora disse à pequena Lúcia: “Ele
[Jesus] quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado
Coração”.
Falou também que voltaria para pedir essa devoção. Em 10 de
dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, a Virgem Maria apareceu
à Irmã Lúcia com o Coração na mão, cercado de espinhos, como
prometera em Fátima. Este é o mesmo coração transpassado pela
espada da dor no sacrifício do seu Filho no altar da cruz. Esse
sofrimento da Santíssima Virgem não foi somente de compaixão pelos
padecimentos do Filho, mas, desde aquele tempo até hoje, ela também
sofre por causa dos pecados da humanidade. Na mesma aparição, o
Menino Jesus disse a Lúcia: “Tem pena do Coração de sua
Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos, que os homens
ingratos, a todo momento, cravam-lhe sem haver quem faça um ato de
reparação para os tirar”.
Depois
de mostrar seu Coração Imaculado cercado de espinhos, Nossa Senhora
revelou à então postulante Lúcia, a devoção reparadora dos cinco
primeiros sábados do mês:
“Olha,
minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens
ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões.
Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que
durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a
Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de
companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de
me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas
as graças necessárias para a salvação dessas almas”.
Portanto,
depois de fazermos todo esse caminho de reflexão, podemos concluir
que a devoção a Nossa Senhora do Carmo está intimamente ligada
com a espiritualidade do Santo Rosário e com a consagração ao
Imaculado Coração de Maria, da qual faz parte da
devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. Estas são
devoções que, de certo modo, já faziam parte do patrimônio da
espiritualidade da Igreja Católica. No entanto, pela Providência
divina, nos foram dados a conhecer que estas não somente são
queridas por Deus, mas também são os meios que nos são dados hoje
para nos aproximar de Jesus e Maria e reparar as ofensas cometidas
contra seus Sagrados Corações. Sendo assim, usemos com fé e
devoção o Escapulário, rezemos com atenção e confiança o Santo
Rosário, consagremo-nos ao Imaculado Coração de Maria e
pratiquemos a devoção reparadora dos primeiros sábados. Nossa
Senhora do Carmo, rogai por nós!
Desejo
a Todos,
uma Santa e Feliz Devoção,
na
Graça de Deus e na Proteção
de
Nossa Senhora do Monte Carmelo.
AVE CARMELO!
AVE MARIA!