Sobre a Virtude da
Modéstia
► “Procurai que
todas as vossas ações e movimentos vão de tal modo ordenados,
que ninguém se possa ofender, senão edificar” (S.
Agostinho, “Regula”).
► “Os homens não
veem o interior, mas somente o exterior, e isso é o que os move e
edifica, e o que mais lhes prega, que não o ruído e estrondo
de palavras... essa move a gente à devoção, ao desprezo
do mundo, à compunção de seus pecados, e a levantar o
coração e o desejo às coisas da outra vida: este sermão sim que é
sermão, não de palavras, senão de obras, que é mais eficaz
que o de palavras... serve e ajuda muito para o nosso próprio
aproveitamento espiritual, porque é tão grande a comunicação e
união que há entre o corpo e o espírito, entre o homem
interior e o exterior, que as ações e disposições de um
passam logo ao outro. E assim, se o espírito está composto,
logo naturalmente se compõe o mesmo corpo; e pelo
contrário, se o corpo anda inquieto e descomposto, logo o
espírito se descompõe e inquieta igualmente. E daqui vem, que
a Modéstia e Compostura exterior é grande argumento e
sinal do recolhimento interior, e da virtude e
aproveitamento espiritual que há lá dentro, como o movimento
regular dos ponteiros de um relógio é sinal do movimento e
concerto da rodas.
A Modéstia...
consiste em que seja tal a composição do corpo, e tal a guarda
de nossos sentidos, tal o nosso porte e conversação, e tais todas
as nossas ações e movimentos, que sirvam de edificação a
todos os que nos virem e tratarem” (S.
Afonso Rodrigues, “Exercício de Perfeição e Virtudes
Cristãs”, 2ª Part., Tom. III, Trat. II, Cap. I).
► “A santidade
interior é o princípio da exterior; a segunda é um efeito da
primeira, e ambas têm entre si uma ligação tão
estreita, que não pode existir uma sem a outra, como não pode
existir o odor sem o perfume, e o perfume sem o odor” (R.
Pe. Chaignon, S. J., “Meditações Sacerdotais...”, Vol. II,
Parág. III, 41ª Medit., Pont. II).
► “É a última
das virtudes anexas à Temperança e conhecidas com o nome geral de
Modéstia.
É o ápice da
perfeição nos movimentos afetivos, cujo resultado é que todas as
ações exteriores, como sejam movimentos, gestos, palavras, tom
de voz, atitudes, etc., convenham ao decoro da pessoa e se
acomodem às suas circunstâncias, estado e situação, de
forma que nada destoe, senão que resplandeça em tudo a mais
perfeita harmonia. Neste conceito se relaciona a Modéstia com a
Amizade ou Afabilidade com a Verdade.
Pertencem também à
virtude da Modéstia os atos relacionados com o jogo, as diversões
e os recreios... evitando que se peque seja por excesso, seja por
defeito... e neste caso toma a virtude o nome de Eutrapélia
...
Está a cargo da
Modéstia o que se refere à maneira de vestir, e neste sentido,
rigorosamente, se chama Modéstia.
Prescreve normas... de
não ter a afeição desmedida aos vestidos raros e faustosos,
nem fazer ostentação de pobres e desalinhados...” (R.
Pe. Tomás Pègue, O.P., “Suma Teológica de S. Tomás em
forma de Catecismo, para uso de todos os Fiéis”, 2ª Part., 2ª
Secç., Cap. LVI).
► "A modéstia
não é ainda pureza, mas é uma salvaguarda dela e um elemento
de defesa (Pudeur et
Nudisme, Ed. Janssens, 32 pp., Paris, Livrar. Peigues).
Na sua 'Carta sobre a
modéstia, segundo a orientação de São João Berchmans' (1922), o
R. Pe. Ledochowski, Geral da Companhia de Jesus, escrevia: 'A
modéstia é a casca que protege a medula escondida, a guarda e
a protetora da pureza'.
São Gregório Nazianzeno
emprega uma imagem bastante semelhante: 'A
modéstia protege a castidade, como as folhas protegem o
fruto'. Para adotar uma
comparação moderna tirada da guerra, as fortificações
avançadas servem para defender uma posição. Não
é raro o acidental salvar o essencial" (R.
Pe. G. Hoornaert, S. J., "A Luta pela Pureza", Cap. "A
Vitória", 9ª Arma).
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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".