Da
Confraria do Escapulário
Que
é o Carmelo?
O Carmelo ou Carmo é um Monte da Palestina, situado a dez
quilômetros de distância de Nazaré.
Explicação:
A palavra Carmelo
é hebraica, e significa: messe
ou espiga madura,
vinha de Deus, lugar delicioso ou fértil.
Há
dois montes (chamados) de Carmelo. Aquele de que aqui falamos está
situado entre a Galileia e a Samaria, e tem quase sessenta e cinco
quilômetros de circunferência. Adorava-se outrora neste monte uma
divindade chamada também Carmelo. Ele foi muito célebre, no tempo
dos judeus, por terem ali habitado os Profetas, Elias e Eliseu. Ainda
lá existem as grutas, em que eles se recolhiam, e a nascente de
água, que Elias fez brotar da terra por suas orações.
Quem
são os Carmelitas?
Os
Carmelitas são uma Ordem Religiosa originária do Monte Carmelo.
Explicação:
Os
Carmelitas consideram Elias e Eliseu como seus Patriarcas. Parece
certo que deles proveem por uma sucessão não interrompida, e no
Ofício da festa de Elias, aprovado pela Sagrada Congregação dos
Ritos, é Elias qualificado de Fundador e Instituidor da Ordem do
Carmo.
Ensina-nos
uma constante tradição, que a Santíssima Virgem visitou o monte
Carmelo; e nada há nisto que seja inverossímil, pois que este monte
só dista dez quilômetros de Nazaré. Seja como for, a Ordem do
Carmo distinguiu-se sempre pelo seu ardente zelo me glorificar a
Santíssima Virgem, e é sobre o monte Carmelo, que se edificou a
primeira Capela sob a sua invocação. Este fato, testificado por
dois graves historiadores dos primeiros séculos,
referido e confirmado depois por escritores, fidedignos e por sábios
teólogos, pareceu assaz autêntico aos Sumos Pontífices, por isso,
o inseriram no Breviário
Romano,
na legenda da festa de Nossa
Senhora do Carmo,
depois de ter sido atentamente examinado e aprovado pelos três
célebres Cardeais da Congregação dos Ritos, Belarmino, Pinelli e
Torres.
O
que é a Confraria de Nossa Senhora do Carmo?
A Confraria de Nossa Senhora do Carmo era a princípio, uma simples
Associação de carmelitas.
Explicação:
A
instituição desta Confraria ou Associação é das mais antigas,
como se depreende do testemunho de vários Sumos Pontífices, que em
suas Bulas, referem e confirmam as indulgências concedidas por Leão
IV, no ano 848, e por Adriano II, em 862; o que prova que nessa época
estava já estabelecida no Oriente.
Em
que época recebeu a Confraria de Nossa Senhora do Carmo, o nome de
Confraria? Foi
quase no meado do século XIII.
Explicação:
No
século XIII, vendo-se os Carmelitas perseguidos pelos sarracenos,
abandonaram o Monte Carmelo e os lugares vizinhos da Palestina, e
vieram para a Europa, onde procuraram estabelecer-se. Encontraram
numerosos obstáculos, e viram a sua Ordem a ponto de se extinguir.
Então São Simão Stock, natural da Inglaterra, e geral da Ordem,
voltou-se para Maria; pede-lhe com as mais fervorosas orações que
proteja a sua Ordem do Carmo, e lhe dê algum privilégio, pelo qual
merecesse maior estima. Comovida das súplicas deste seu filho, a
Santíssima Virgem apareceu-lhe um dia, quando ele estava em oração,
cercada de uma multidão de espíritos celestes, tendo na mão o
Escapulário, que lhe entregou, dizendo estas palavras: “Recebe,
meu querido filho, este Escapulário como sinal distintivo da minha
confiança e a demonstração do privilégio, que Eu obtive para ti e
para os filhos do Carmo. Aquele que morrer piedosamente revestido do
Escapulário, será preservado do fogo eterno; é um sinal de
salvação, uma defesa nos perigos, e o penhor de uma paz e proteção
especial até ao fim dos séculos”.
Esta aparição, que teve Simão Stock, reconheceram-na por
verdadeira os mais graves autores, e principalmente Bento XIV; e
desde então é o Escapulário o distintivo dos Carmelitas, e se
denominou a Confraria de Nossa Senhora do Carmo, também do
Escapulário.
O
que é o Escapulário? O
Escapulário consiste em duas pequenas tiras de pano pendentes do
pescoço.
Explicação:
O
Escapulário era antigamente uma parte do hábito monacal. Cobria os
ombros dos religiosos, por isso, chama-se Escapulário, da palavra
latina scapulae,
que significa ombro.
O
Escapulário da Ordem do Carmo, é o único, que goza dos privilégios
que a Santíssima Virgem lhe anexou, quando o concedeu. Consta de
duas tiras de pano de lã, de quase duas
polegadas em quadro, com dois cordéis ou fitas. É o que trazem os
confrades como um sinal da sua particular dedicação ao serviço da
Rainha do Céu.
O
que se requer para fazer parte da Confraria de Nossa Senhora do Carmo
ou do Escapulário? Para
fazer parte desta Confraria, e gozar dos seus privilégios e
indulgências, requer-se que se receba de um Religioso Carmelita, ou
de um Sacerdote para isso autorizado pela Santa Sé, o Escapulário
bento por ele na forma prescrita.
Explicação:
O Escapulário deve compor-se
de duas tiras de pano de lã, de cor marrom, com umas fitas ou
cordões, presos ou costurados pelos lados das mesmas duas tiras de
pano, e as mesmas fitas terem dois palmos ou dois palmos e meio de
comprimento (15cm X 20cm). Mas no Escapulário da Imaculada Conceição
requer-se a cor azul, e tendo-se recebido o Escapulário do Carmo e o
da Imaculada Conceição, devem trazer-se ambos.
Não
se requer que o Escapulário tenha a estampa ou imagem de Nossa
Senhora para lucrar as indulgências.
Deve-se
trazer o Escapulário pendente ao pescoço, de dia e noite, com saúde
ou com doença, na vida e na morte.
O
Sacerdote autorizado para impor o Escapulário, deve pô-lo sobre o
novo confrade da maneira que acabamos de dizer. Todavia, não
deixaria de ser válida a admissão daquele que recebesse o
Escapulário de diverso modo; mas deveria esse confrade pô-lo depois
sobre si, da maneira prescrita, a fim de gozar dos privilégios e
indulgências do Escapulário.
Pode-se
trazer o Escapulário por cima ou por baixo do vestido.
Requer-se
o Escapulário recebido no dia da admissão na Confraria, fosse
benzido por um Sacerdote para isso autorizado pela Santa Sé; mas
destruindo-se ou perdendo-se, pode-se tomar outro, até não bento, e
ter de reserva, desde a admissão na Confraria, vários Escapulários
não bentos, para os mudar quando se quiser.
É
necessário trazer sempre ao pescoço o Escapulário para participar
dos privilégios e das indulgências da Confraria?
Sim; isso é absolutamente necessário.
Explicação:
Para participar dos merecimentos da Ordem do Carmo e das indulgências
pessoais que lhe são anexas, requer-se que se traga o Escapulário
ao pescoço de dia e de noite, com saúde ou com doença, na vida e
na morte. Não se trazendo por esquecimento ou negligência, deve-se
por ao pescoço quanto antes. Ainda que não
se
trouxesse
durante uma pequena parte do dia, não se ficaria privado das
indulgências correspondentes a esse dia; mas não se trazendo todo o
dia, perdem-se as indulgências desse dia, e não os privilégios da
Confraria.
Quais
são as obrigações dos confrades do Escapulário?
– Para ser membro da Confraria do Escapulário e poder gozar dos
seus privilégios, basta receber o Escapulário das mãos de um
Sacerdote munido dos poderes necessários para o impor, e trazê-lo
ao pescoço de dia e de noite, na saúde ou
doença, na vida e na morte.
Explicação:
Para serem membros da Confraria não se prescrevem aos fiéis orações
nem abstinência, nem jejuns extraordinários; basta que recebam e
tragam consigo o Escapulário, da maneira que dissemos; e não há
lei alguma que os obrigue a recitar 7 Pai Nossos e 7 Ave Marias para
lucrar as indulgências do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.
Quais
são os privilégios da Confraria do Santo Escapulário?
– Consistem, principalmente, nas numerosas indulgências, com que
os Sumos Pontífices enriqueceram esta Confraria.
Explicação:
Os confrades do Santo Escapulário entram em uma santa associação
com a Ordem dos Carmelitas, cuja santidade e virtudes a tornaram tão
venerável aos fiéis. Além disto, eles participam dos merecimentos
não só dos mesmos religiosos e religiosas carmelitas, mas também
dos merecimentos e boas obras de todos os membros da Confraria.
Finalmente, podem, cumprindo as condições requeridas, alcançar as
indulgências tão preciosas e numerosas, com que a Santa Sé
enriqueceu a Confraria de Nossa Senhora do Carmo. Eis o sumário
delas:
1º)
Indulgência plenária no dia da entrada na Confraria aos fiéis que,
contritos e confessados, comungarem nesse dia e orarem pela Santa
Igreja, etc.
2º)
Indulgência plenária no dia da festa de Nossa Senhora do Carmo, com
as mesmas condições.
3º)
Indulgência plenária, em artigo de morte, aos confrades que
invocarem o Santo Nome de Jesus, ao menos de coração, não podendo
com a boca, e com as sobreditas condições, sendo possível.
4º)
Indulgência plenária uma vez cada mês a todos os confrades, que
acompanharem a procissão da Confraria, autorizada pelo Bispo, e com
as mesmas condições. – Os que por doença ou qualquer outra causa
legítima, não acompanharem a dita procissão, lucrarão a mesma
indulgência, visitando devotamente a Capela da Confraria; ou se
também não poderem, como os presos, os viandantes… recitando o
pequeno Ofício de Nossa Senhora, ou cinquenta Pai Nossos e cinquenta
Ave Marias, com um Ato de Contrição e o firme propósito de se
confessarem e comungarem logo que possam.
5º)
Indulgência de cinco anos e outras tantas quarentenas aos
que revestidos do Escapulário, contritos e confessados, comungarem
uma vez por mês, e orarem conforme o costume.
6º)
Indulgência de trezentos dias todas as vezes que os confrades usarem
de comida de peixe às quartas-feiras, além das sextas-feiras e
sábados e mais dias prescritos, exceto no dia de Natal, se cair num
desses dias.
7º)
Indulgência de cem dias todas as vezes que recitarem devotamente o
Ofício de Nossa Senhora.
8º)
Indulgência de quarenta dias cada dia que recitarem sete Pai Nossos
e sete Ave Marias em honra das sete alegrias da Santíssima Virgem.
9º)
Indulgência de três anos e outras tantas quarentenas cada vez que
os confrades, contritos e confessados comungarem em alguma festa de
Nossa Senhora, e orarem segundo a intenção do Sumo Pontífice.
10º)
Indulgência de cinco anos e cinco quarentenas aos que acompanharem
com uma luz ou tocha acessa o Sagrado Viático, e orarem pelos
enfermos.
11º)
Indulgência de cem dias todas as vezes que assistirem à Missa
devotamente e aos outros Ofícios que se fazem na igreja, Capela ou
Oratório da Confraria, hospedarem ou socorrerem os pobres, e fizerem
qualquer outra obra de piedade ou caridade. – Todas
estas indulgências podem se aplicar às Almas do Purgatório.
Além
destas indulgências, que os confrades do Santo Escapulário podem
lucrar, não gozam eles de certos privilégios?
Sim; os confrades do Santo Escapulário, além das indulgências que
podem lucrar, gozam de dois grandes privilégios: o
primeiro,
é que se morrerem revestidos do Escapulário, serão preservados das
chamas eternas; o
segundo,
é que se morrerem com o Escapulário, e forem para o Purgatório,
Maria irá livrá-los no sábado seguinte à sua morte.
Explicação:
Foi
a mesma Virgem Santíssima que fez a primeira destas promessas a São
Simão Stock, quando lhe apareceu e lhe deu o Escapulário, como o
referimos. “Aquele que morrer piedosamente
revestido do Escapulário,
lhe disse Ela, será preservado do fogo eterno”.
O sentido desta promessa, é que a Santíssima Virgem obterá aos
confrades moribundos a graça de não serem surpreendidos pela morte
em estado de pecado mortal. – A segunda promessa ou privilégio de
serem livres do Purgatório no sábado seguinte à sua morte, se
morrerem com o Escapulário, funda-se em uma aparição da Santíssima
Virgem ao Sumo Pontífice João XXII. Ele mesmo afirma na Bula, que
publicou a este respeito, que a Santíssima Virgem lhe apareceu, e
que lhe dirigiu estas palavras: “João, Vigário
de meu Filho, às minhas solicitações junto d’Ele é que deves a
alta dignidade, a que foste elevado. Assim como te subtraí aos
embustes dos teus adversários, espero de ti uma ampla e favorável
confirmação da Santa Ordem dos Carmelitas, que sempre me foi
singularmente dedicada. Se entre os religiosos ou confrades, que
deixarem o século presente, se acharem alguns, cujos pecados tiverem
merecido a entrada no Purgatório, Eu descerei, como sua terna Mãe,
ao meio deles, ao Purgatório, no sábado seguinte à sua morte;
livrarei aqueles que lá encontrar e os conduzirei à montanha santa,
à feliz morada da vida eterna”.
É
autêntica a Bula chamada Sabatina?
– A autenticidade desta Bula é incontestável.
Explicação:
Esta Bula, publicada em 1322, encontrou-se no Bullario
dos Carmelitas. Em 1409, renovou-a Alexandre V e inseriu-a na que
publicou a este respeito. Passado um século, em 1520 e 1538, renovou
Clemente VII as
Bulas de João XXII e de Alexandre V. Depois foram confirmadas por
alguns outros Sumos Pontífices, e principalmente, por Paulo V, que,
por ocasião de várias contestações que se levantaram, minou toda
a questão com o seguinte Decreto:
“Podem
os fiéis crer piamente, que a Bem-aventurada Virgem Maria os
protegerá depois da morte, e sobretudo, ao sábado, se durante a
vida trouxerem o Santo Escapulário, guardarem a castidade própria
do seu estado, recitarem o pequeno Ofício, ou não podendo,
observarem os jejuns da Igreja e abstinência nas quartas-feiras,
além das sextas-feiras e sábados, exceto o dia de Natal, se cair
num daqueles dias”.
As
lições do Segundo Noturno da festa de Nossa Senhora do Carmo, no
Breviário Romano, são conformes com este Decreto. Lê-se
nele, que os confrades, que tiverem praticado durante a vida as obras
pias prescritas, são socorridas, o mais breve possível
(quantocius), depois da morte, pela Santíssima Virgem, que os
fará sair do Purgatório, e entrar na feliz morada da glória,
segundo uma piedosa crença (ut pie creditur).
Qual
é o sentido da promessa que a Santíssima Virgem fez de que irá
livrar do Purgatório os confrades do Escapulário no sábado
seguinte à sua morte?
– O sentido desta promessa, é que a Santíssima Virgem, no dia que
lhe é especialmente consagrado, descerá
ao Purgatório, por suas súplicas e intercessão, e obterá para os
confrades do Escapulário, que lá se acharem, a remissão das penas
(temporais) devidas aos seus pecados.
Explicação:
Deve
admitir-se, uma contínua descida da Santíssima Virgem ao Purgatório
todos os sábados, para livrar das suas penas os filhos do Carmo? De
certo, nada há aqui impossível; mas não é neste sentido tão
literal, que os Carmelitas entendem as palavras da Santíssima Virgem
ao Papa João XXII. Eles pregam e nunca deixaram de pregar, que Maria
descia ao Purgatório por suas orações e intercessão. É no mesmo
sentido, que se diz na Sagrada Escritura, que Deus desceu ao Egito
para livrar o seu povo.
Se, porém, alguém devesse descer em pessoa ao Purgatório para
tirar dali os filhos do Carmo, seriam o Espíritos Celestes, esses
Ministros de salvação sujeitos às ordens da Rainha dos Anjos e dos
Homens. – Vê-se em Roma, no Convento dos Carmelitas de S. Martinho
do Monte, junto do altar da Virgem, um quadro, que representa a
Virgem no seu trono, e os Anjos retirando do meio das chamas as Almas
dos Confrades do Carmo. – Pode-se considerar este livramento como
um verdadeiro jubileu, que a Santíssima Virgem obteve de seu Divino
Filho, cada semana, sobretudo ao sábado, em benefício dos filhos do
Carmo, que coroaram a sua vida verdadeiramente cristã com uma santa
morte. Como Mãe de Deus, Maria faz todas as semanas do alto do Céu,
em virtude do imenso valimento que goza junto do seu Filho, o que
fazem os Sumos Pontífices na terra, de vinte e cinco em vinte e
cinco anos, em virtude do Poder das Chaves. O
que
há, que
seja superior ao poder de Maria? Não a chama a Igreja de a
Mãe da Divina Graça, a Porta do Céu?
Basta
receber o Escapulário e trazê-lo sempre ao pescoço, para se ter
direito ao privilégio sabatino?
– Para ter direito ao privilégio sabatino, isto é, para ser livre
do Purgatório, no primeiro sábado depois da morte, não basta
receber o Escapulário e trazê-lo sempre ao pescoço; é necessário
também cumprir as condições impostas pela mesma Santíssima Virgem
e reveladas a João XXII.
Explicação:
Essas condições são: 1º)
guardar a castidade própria do seu estado; 2º)
recitar todos os dias o Ofício canônico, ou o pequeno Ofício de
Nossa Senhora. As pessoas, que não sabem ler, devem suprir a segunda
condição, não faltando a nenhum jejum prescrito pela Igreja e
comendo peixe às quartas-feiras, além das sextas-feiras e dos
sábados, exceto no dia de Natal, se ocorrer num desses dias. O
pequeno Ofício da Santíssima Virgem deve recitar-se, como se acha
no Breviário Romano, não havendo privilégio pessoal ou local.
Podem
comutar-se as obrigações, de que acabamos de falar?
– Podem em alguns casos.
Explicação:
Não se trata aqui da obrigação de guardar a castidade própria do
seu estado; porque é evidente, que em nenhum caso pode ser
dispensada nem comutada.
As
pessoas que sabem ler, e que se acham impossibilitadas de recitar
cada dia o Ofício da Santíssima Virgem, são disso dispensadas; mas
a Igreja aconselha, que peçam a decisão ao Confessor, a fim de
obterem dele uma certa comutação. O Confessor pode, por exemplo,
fazer consistir esta comutação na recitação diária da Ave,
maris stella,
do Magnificat,
e da Salve Regina,
que fazem parte do Ofício dos Carmelitas.
As
pessoas que não sabem ler e estão legitimamente impedidas de jejuar
ou guardar a abstinência, etc., podem fazer comutar esta obrigação
em alguma obra pia; como ouvir Missa às quartas-feiras, visitar
nesses dias o Santíssimo Sacramento, dar esmolas, etc. Os
Confessores Carmelitas podem comutar as obrigações acima expostas;
mas não os outros Sacerdotes que receberam a faculdade de benzer e
impor o Escapulário. Segundo uma decisão da Sagrada Congregação
das Indulgências, datada de 22 de junho de 1842, é preciso pedir e
ter um especial poder para comutar as obrigações comutáveis do
Escapulário; por consequência, não basta estar autorizado para
admitir na Confraria.
Não
autorizou Deus com milagres a Confraria do Santo Escapulário?
– Sim; Deus autorizou com brilhantes milagres a Confraria do Santo
Escapulário.
Explicação:
São
numerosos estes milagres; referiremos aqui alguns deles.
Durante
o cerco de Montpellier, no tempo de Luís XIII de França, o senhor
de Beanregard, oficial cheio de bravura, recebeu no peito duas balas,
que depois de penetrarem os vestidos se amassaram sobre o Escapulário
de Nossa Senhora do Carmo, que ele trazia, e pararam, sem lhe
causarem dano. O próprio rei foi testemunha deste milagre. – Em
1751, foi aberto em Bordeus o túmulo da senhora Luc, americana,
falecida vinte anos antes, e encontrou-se intacto o Escapulário, com
que fora sepultada; enquanto que o seu corpo estava reduzido a pó. –
Mons. Coislin, Arcebispo de Besançon, fala em uma das suas
Pastorais, publicada em 1720, de um Escapulário que lançado sobre
um violento incêndio, o extinguiu imediatamente, e foi retirado do
meio das chamas sem o menor dano.
Poderíamos
ainda citar muitos outros fatos não menos notáveis.
Não
instituiu a Igreja uma festa da Confraria do Escapulário?
– Sim; a Igreja instituiu uma festa da Confraria do Escapulário.
Explicação:
A festa do Escapulário, ou de Nossa Senhora do Carmo, celebra-se a
16 de julho. A Igreja instituiu-a para aumentar a devoção dos fiéis
para com a Santíssima Virgem, para a honrarem, e merecerem a sua
especial proteção.
Podem
os confrades do Escapulário agregar-se a outras Confrarias?
– Sim, podem.
Explicação:
Ainda que sejam membros da Confraria do Escapulário, podem os fiéis
agregar-se a outras Confrarias e alcançar as indulgências que lhes
são anexas, contanto que cumpram as condições prescritas. Tal é o
sentido de uma resposta do
Padre Jerônimo da Conceição, Geral da Ordem dos Carmelitas, datada
de 26 de fevereiro de 1841, e de outra da Sagrada Congregação das
Indulgências, de 20 de maio do mesmo ano.
Pode
o altar da Confraria servir para outras Confrarias?
– Sim; posto que seja mais conveniente, que cada Confraria tenha o
seu altar próprio.
Explicação:
É o que resulta de uma decisão da Sagrada Congregação das
Indulgências, datada de 20 de maio de 1841. – Segundo uma resposta
do Padre Jerônimo da Conceição, deve o altar assinado à Confraria
do Escapulário ser dedicado somente a Nossa Senhora do
Carmo, e é nesse altar que devem de preferência benzer-se os
Escapulários.
De
que idade podem os fiéis receber o Escapulário?
– Os fiéis podem receber o Escapulário, seja qual for a idade que
tiverem.
Explicação:
Podem os fiéis receber o Escapulário de toda a idade, até mesmo
imediatamente depois do Batismo,
sobretudo em ocasião de perigo grave, como o recebeu Luiz XV, rei de
França, da mão do Padre Diniz Duffand. É, porém, mais prudente
recebê-lo na idade da discrição, por exemplo, na Primeira
Comunhão. Obra-se então com mais discernimento, e é menos de
recear, que se venha a afrouxar no serviço de Maria Santíssima.
O
Escapulário, de que até agora temos falado, chama-se Escapulário
de obrigação,
porque é necessário trazê-lo para lucrar as indulgências e
participar dos privilégios anexos à Confraria. – Há outro
Escapulário, chamado de devoção,
e que se pode, sem o menor inconveniente, dar às crianças logo
depois do Batismo, porque não impôs outra obrigação que a de o
trazer o tempo que os pais quiserem. Com efeito, há pais piedosos,
que cheios de amor e reconhecimento para com Maria, apresentam os
seus filhos ante o seu altar, e lhes impõem um Escapulário bento,
que eles deverão trazer seis meses ou um ano, para lhes atrair a
especial proteção da Imaculada Virgem do Carmo.
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Fonte:
Catecismo:
Explicação Histórica, Dogmática, Moral, Litúrgica e Canônica
– Com respostas às objeções extraídas das Ciências contra a
Religião, Tomo IV, terceira edição portuguesa, Lição XLVI,
Artigo III, pp. 409-420. Livraria Chardron, Porto. 1903.