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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quarta-feira, 6 de março de 2024

SÃO JOSÉ NA VIDA DA IGREJA. 1ª PARTE.


São José Imagem de Deus


A vida temporal de São José e as fadigas a que esteve sujeito por amor do Divino Menino, confiado a seus desvelos, terminaram neste mundo com a morte do Santo. Ele continua, porém, a exercer a sua atividade na Igreja, Corpo Místico de Jesus Cristo. Com a sua grande dignidade, seus admiráveis exemplos de virtude e sua poderosíssima intercessão: eis os meios pelos quais o Santo vive ainda na terra animando, purificando, consolando e santificando os fiéis.

A glória extraordinária que agora goza no Céu é proporcionada a seus méritos e à generosa gratidão de seu Filho que, segundo a intensidade do grande amor do Santo, lhe dá uma medida cheia, suma e superabundante em Seu reino.

Jesus Cristo concedeu ao servo fiel amplo poder sobre todos os Seus tesouros e elevou o trono do Pai adotivo até junto ao da Mãe Imaculada. Mas esse triunfo, embora tão grande, não teremos a consolação de vê-lo senão no além.

Todavia, um raio dessa glória, podemos contemplá-lo ainda nesta vida, e é o efeito produzido na Igreja, no reino de Deus na terra, imagem e preparação do reino dos Céus; por ele podemos ter uma ideia do poder, do amor, da Bem-aventurança gozada por São José.

Consideremos agora o que o Santo opera neste mundo e a honra que lhe é tributada pelos fiéis. Comecemos pela dignidade e glória de que São José goza por suas relações com Jesus Cristo; relações que, tornando mais resplandecentes suas heroicas virtudes, enchem a alma dos fiéis de profunda veneração para com Ele, servindo-lhes de estímulo para imitar-lhe os exemplos.

São José foi dado à terra para exprimir visivelmente as adoráveis perfeições de Deus Pai, e os escritores ascéticos chamam-no imagem do Divino Pai. Imagem verdadeira, preciosa e elevada que exprime nobreza e exatamente a essência da vocação e grandeza do Santo, escolhido por Deus para Pai do Redentor.

O Eterno Pai é o tipo e princípio de toda paternidade no Céu e na terra, pelo qual todo pai terrestre é uma cópia e um representante do Pai Celeste. Mais que todos, o foi São José.

São José é imagem do Eterno Pai por sua autoridade. – A autoridade é o distintivo do pai, que tem o direito de mandar, quer por ser o princípio da vida, quer pela sua superioridade, necessária em toda sociedade ordenada. Estes dois poderes têm origem em Deus Pai que, sendo princípio gerador, constitui pessoa distinta das duas outras da Augustíssima Trindade.

Mas Deus que, em Sua infinita bondade, prodigaliza em abundância, graças e favores às almas, as devotas, quis conferir tal princípio a São José, de modo único entre todos os homens, apesar de não ser o glorioso Santo, pai natural de Jesus Cristo, mas somente Chefe da Sagrada Família, porque verdadeiro Esposo de Maria.

São José era pai legal de Jesus e tinha sobre Ele os poderes comunicados por Deus, reconhecendo-O pai segundo a Lei e Chefe da Sagrada Família. De fato, circuncida o Menino, impõe-Lhe o Nome, oferece-O a Deus no Templo, recebe diretamente do Céu as ordens para o governo da Família e é reconhecido por Jesus e Maria como vigário do Pai Celeste. Eis porque o Filho de Deus e Salvador nosso se lhe submeteu humildemente e lhe cumpriu as ordens com pontualidade, não só como menino, mas também como jovem e homem: porque nele via a imagem do Divino Pai, em suas ordens a vontade de Deus, e, obedecendo ao Santo, podia dizer: Eu faço sempre o que meu Pai quer.

Com muita justeza disse o piedoso e douto Faber, Sacerdote do Oratório na Inglaterra, convertido da heresia à fé católica: “Em Belém, no Egito, em Nazaré, esse Santo é como a sombra, a figura do Eterno Pai, e nisto se acha à altura de sua santidade: de maneira figurada que lhe é comunicada a Paternidade de Deus. É o Pai nutrício de Jesus e, aos olhos dos homens, é tido por seu verdadeiro pai; exerce essa autoridade, cumpre para com Ele todos os deveres da afeição e solicitude paternas.

Em sua natureza humana, Jesus Cristo é subordinado a São José. A São José, são dados em custódia Jesus e Maria, dois inefáveis tesouros de Deus: ele mesmo é um tesouro precioso a velar sobre os tesouros de Deus”.

São José é imagem do Eterno Pai, por sua pureza. – O Pai Celeste gerou o seu Unigênito, antes do tempo, com um ato infinitamente puro e santo. De fato, o Pai conhece perfeitamente a Si mesmo e, deste conhecimento, procede o vivo Esplendor de Sua glória, a subsistir na própria natureza divina, e é o seu Filho, o Verbo.

Mas, em toda paternidade humana, existe sempre uma perfeição e uma imperfeição. A perfeição, consiste no comunicar a vida ao filho; e a imperfeição, na perda da virgindade e integridade do pai. A Divina Natureza, porém, na qual subsistem o Pai e o Filho, exigia, como predisseram os Profetas, que o Salvador e Redentor nosso, nascesse da mãe sem pai; e por isto, ensina a fé, que São José não foi pai natural de Jesus, mas somente reconhecido como tal pela Lei, isto é, pai putativo, como dizemos. Daí procede uma nova semelhança de nosso Santo com o Eterno Pai, que quis comunicar a seu fiel servo tudo quanto possível.

São José é imagem do Eterno Pai no amor. – Assim como amamos as nossas ideias que, originando-se de nossa mente, são uma coisa toda nossa, é fácil imaginar quanto Deus ame com infinito amor o seu Filho, Imagem perfeita de Sua própria substância, e possa repetir-lhe a todo instante: Tu és o meu Filho amado, hoje Te gerei. Também, quando do Céu fez ouvir Sua voz às multidões, chamou ao Salvador: Meu Filho amado.

São José é apenas uma sombra do Eterno Pai. Mas a voz com que tantas vezes, por seu intermédio, o Pai Celeste chamou Jesus, não era um puro som, mas uma expressão do amor, ardente no coração do Santo: amor maior que o amor de todos os pais a seus filhos.

O Pai Celeste, querendo substituir-Se na terra por um homem, nos encargos para com o Seu “Filho dileto”, devia infundir-lhe certamente um profundíssimo afeto paternal, superior a toda a nossa imaginação. Por isso, é certo que, assim como Deus escolheu José para seu Vigário e lhe comunicou a Sua autoridade, devia infundir-lhe no coração, na medida da capacidade de nossa natureza, um grande amor ao Filho, tanto mais quanto faltava ao Santo a paternidade natural.

E José demonstrou claramente com as obras e sacrifícios por Jesus, quão grande e intenso era esse amor, cuja solicitude e operosidade chegaram a consumir-lhe a vida. Se pode existir alma capaz de verdadeiro amor, é justamente a dos Virgens, porque livres de todo laço com as criaturas, erguem-se e unem-se a Deus. Tudo isso se deve aplicar a São José.

Ó dignidade e amor incomparável! Como no palácio do Pai Celeste tem que nascer e ocultar-se o Sol e a Lua, assim no de São José resplandeceram o “Sol de justiça”, Jesus, e Maria, serena e bela como a lua. Disto, ninguém, exceto São José, pode gloriar-se, porque só a ele concedeu tal honra o Pai Celeste: Sou Eu o Senhor e não cedo a outros a minha glória.

São José está associado a Deus no nome, na missão, na autoridade e no amor ao Verbo Encarnado. Jesus está no Céu à direita de Deus Pai que o gera desde toda a eternidade e na terra com São José, que O nutre e sustenta. O Pai, contemplando o Verbo Encarnado, Lhe diz: Tu é o meu Filho amado em Quem pus as minha complacências; e São José, contemplando no seio puríssimo de sua Santa Esposa o Verbo Encarnado, cheio de fé, no êxtase de amor, pode dizer-Lhe em verdade: Reconheço-Te por meu filho e Tu me chamas de pai. Que espírito celeste poderá dizer essas palavras ao Filho de Deus e exercer para com Ele tão honrosa missão?

Deus honra o ilustre Patriarca dividindo somente com ele, o título de Pai: favor singular, que supõe em São José uma graça única, pois, assim como no Céu só existe uma Pessoa divina honrada com o título de Pai do Verbo Encarnado, na terra existe somente uma pessoa com o título de “Pai do Verbo”.

São José é pois honrado, com uma paternidade tal que, faz desaparecer todas as paternidades da ordem natural. É Pai de um Filho, que está acima de todos os homens e de todos os Santos; e com razões mais fortes que Adão, pode alegrar-se de ser o Pai dos viventes, sendo o Pai de Jesus, Vida das vidas, Vida vivificante, Vida pela qual vivem todas as coisas que possuem vida.

Merece, com direito maior que o de Abraão, ser chamado Pai dos crentes, sendo o Pai do Autor da fé, por Ele comunicada a todos os povos da terra. É Pai d’Aquele que traz escrito nas vestes: Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Honremos a São José por sua dignidade, mas não esqueçamos que também nós trazemos a imagem de Deus gravada em nossa fronte e em nosso coração. Não desonremos, não degrademos a nossa dignidade rebaixando-nos ao nível dos animais irracionais, em especial com pecados torpes. Consolem-nos as palavras de São Paulo: Se nos salvarmos, se formos santos, teremos no Céu a aparência da idade perfeita de Jesus cristo, e gozaremos de suas próprias delícias para sempre.


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Fonte: Rev. Pe. Tarcísio M. Ravina, da Pia Sociedade de São Paulo, São José – na Vida de Jesus Cristo, na Vida da Igreja, no Antigo Testamento, no Ensino dos Papas, na Devoção dos Fiéis e nas Manifestações Milagrosas; 2ª Parte, pp. 111-116. Edições Paulinas, Recife, 1954.


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