Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 6 de novembro de 2022

FONTES INEXAURÍVEIS DE INDULGÊNCIAS E RIQUEZAS ESPIRITUAIS, EM FAVOR DAS BENDITAS ALMAS DO PURGATÓRIO.


A VIA SACRA E O ROSÁRIO

DE NOSSA SENHORA


Para alívio das Almas do Purgatório, temos uma fonte de indulgências e de riquezas espirituais – é a Via Sacra. Esta meditação da Paixão e Morte do nosso Divino Redentor, nos lembra o Sangue Precioso derramado pela salvação das almas, e nos faz pedir pelo Sangue de Cristo a libertação das Almas do Purgatório. Quanto alívio não traz às almas sofredoras uma piedosa Via Sacra! É uma devoção santificadora para nós e um sufrágio precioso para as pobres almas. Dizia São Boaventura: “Se quereis crescer de virtude em virtude, atrair para vossa alma graça sobre graça, entregai-vos muitas vezes ao exercício da Via Sacra”. A Paixão de Jesus Cristo é remédio para nossa alma pecadora, e este Sangue Precioso cairá sobre as almas como doce refrigério.

Na Vida da V. Maria d’Antiga, se conta que esta serva de Deus tinha o piedoso costume de fazer todos os dias a Via Sacra pelos defuntos. Depois, com outras ocupações e devoções, se descuidou desta. Um dia, uma religiosa do mosteiro, falecida há pouco tempo, lhe apareceu e lhe disse, gemendo: “Minha Irmã, porque não faz as estações da Via Sacra por mim e pelas almas como antes?” Neste momento, apareceu-lhe Nosso Senhor e disse-lhe: “Filha, estou muito triste com tua negligência. É preciso que saibas, que a Via Sacra é muito proveitosa para os defuntos, e eis porque permiti que esta alma viesse reclamá-la em seu nome e em nome das outras almas padecentes. É um sufrágio muito importante. É preciso tornar este tesouro mais conhecido em favor das almas”.

Desde esse dia, a serva de Deus se dedicou a este exercício e o propagou com muito zelo. Pelo menos às sextas-feiras, se possível, façamos uma Via Sacra pelos mortos. Como a Via Sacra, o Rosário é um tesouro para os mortos também.

Um dia, São Domingos pregava sobre a eficácia do Rosário em favor das almas sofredoras. Era nas planícies do Languedoc. Um homem incrédulo zombou do Santo. Naquela noite teve uma misteriosa visão. Via as almas se precipitarem nos abismos do Purgatório e Maria Santíssima, com uma cadeia de ouro, as tirava do abismo e as punha em terra firme. Era uma imagem do Rosário, cadeia de ouro pela qual Nossa Senhora arranca do Purgatório as pobres almas sofredoras.

Quantos prodígios faz o Rosário em favor dos seus devotos na vida, na morte e depois da morte, no Purgatório! Além do mais, o Rosário é um tesouro de muitas indulgências que podemos aplicar em sufrágio das pobres almas. Vamos rezá-lo sempre, nas horas vagas, pelas estradas, em toda parte, não percamos o tempo. Aproveitemos para rezar muitos rosários pelas pobres almas. Temos tantos parentes e amigos e tantas almas queridas no Purgatório! Vamos aliviá-las com nosso Rosário bendito!



O “De Profundis”.


Que é o De Profundis? É o Salmo dos mortos, a oração que outrora nos lábios do Profeta Davi chegou até nós e parece vir das profundezas do abismo do Purgatório a implorar nossa compaixão para com as pobres almas. É um dos Sete Salmos Penitenciais. O Padre, diante do cadáver reza o De Profundis. Depois, ao vir buscar o cadáver para a sepultura, de novo reza o Salmo dos Mortos. No cemitério e a caminho da sepultura o De Profundis. Os fiéis, depois do Pai Nosso e da Ave Maria, rezam o De Profundis. Por que esta prece? Por que se tornou a oração dos defuntos? Porque assim começa: De Profundis… das profundezas… Não parece um gemido saído do Purgatório? O sentido deste Salmo é este: o seu esquema pode ser o seguinte: O salmista, imerso na profundeza dos pecados, invoca a Deus.1 Como somos pecadores, só a confiança em Deus, só o perdão de Deus nos pode salvar.2 Com muita confiança e um desejo ardente, o pecador aguarda este perdão.3 O povo de Israel também alimenta esta mesma esperança de perdão e de Redenção e de Redenção copiosa.4

Ora, estes gemidos, estas aspirações de Redenção e de perdão copioso, este clamor doloroso colocamos em nossos lábios e suplicamos pelas almas que sofrem no abismo do Purgatório. Não é verdadeiramente próprio e significativo para uma súplica dos defuntos o De Profundis? Eis agora o texto do Salmo, na tradução nova do Novo Saltério:

Das profundezas clamo a Vós, Senhor,

Ouvi, Senhor, a minha voz!

Atendam os vossos ouvidos

O brado da minha súplica,

Se conservardes, Senhor, a memória das ofensas,

Quem, Senhor, poderá subsistir?

Mas em Vós está o perdão dos pecados,

Para que sejais servido com reverência.

No Senhor ponho a minha esperança,

Espera minha alma na sua palavra,

Aguarda minha alma o Senhor,

mais do que os vigias da noite a aurora,

Sim, mais do que os vigias da noite

a aurora aguarde Israel o Senhor,

Porque no Senhor a misericórdia,

Nele há Redenção abundante.

E Ele resgatará Israel

De todas as suas iniquidades”.

Eis o Salmo na nova tradução. Muita gente nossa o recita já de cor e em outras palavras. Não importa. O essencial é que o recitem com piedade e fervor e se lembrem que é Salmo dos Defuntos, muito alívio pode trazer às benditas Almas do Purgatório.



Práticas devotas


Há muitos meios de sufragar os mortos. Escolhamos a segunda-feira consagrada pela tradicional piedade do povo a devoção do Purgatório. Há o piedoso costume de se fazer tudo quanto possível na segunda-feira pelas almas. Dar esmolas aos pobres, visitar os doentes, praticar algumas mortificações, etc. Felizes se pudermos comungar, assistir a Santa Missa nesse dia, enfim, fazermos por juntar muitos tesouros de sufrágios pelas almas. Temos o Domingo, dia do Senhor; a terça-feira, consagrada aos Santos Anjos; a quarta-feira, consagrada a São José; a quinta-feira, consagrada ao Santíssimo Sacramento; a sexta-feira, consagrada ao Sagrado Coração de Jesus e à Paixão; o sábado consagrado a Nossa Senhora. Seja a segunda-feira dos fiéis defuntos. Dia do nosso sufrágio, da nossa caridade para com as almas que padecem nas chamas expiadoras. Em algumas Paróquias e Comunidades Religiosas há piedosos exercícios neste dia. Por que não havemos de concorrer para que sejam eles frequentados, e estabelecidos onde não se fazem? Muitas pessoas entre nós têm um costume que às vezes toma um cunho supersticioso: o de acender velas em portas de cemitérios e em cruzes da estrada (Cruzeiros), ou pelos campos em favor das Almas do Purgatório. Não poderia ser reprovado, se não tivesse às vezes um cunho muito supersticioso. Velas acesas sem oração, pouco adiantam para os mortos. A vela é para lembrar Cristo, Luz do mundo, e sendo de cera, e benta, é um sacramental.

Por que não acender então velas bentas? E rezar mais ao invés de queimar tanta vela, sem um sufrágio, sem uma prece pelos mortos?

Nosso povo tem uma grande devoção pela vela acesa. Não a reprovamos, mas desejaríamos que houvesse mais compreensão da necessidade da oração pelos mortos. A vela simboliza a Luz que os defuntos esperam no Céu. Diz tantas vezes a Liturgia: Que a luz perpétua resplandeça para eles. Talvez por esta súplica, repetida muitas vezes, este pedido de luz, é que o povo tomando num sentido muito material o belo simbolismo da vela, gosta de acendê-la em profusão. Não deixa de ser edificante e impressionante a multidão de velas acesas nas sepulturas de nossos mortos. Disse e repito: longe de mim reprovar tão piedosa prática, mas desejaria vê-la mais compreendida no seu simbolismo e preferiria ver acesas velas bentas nas sepulturas e nos cemitérios.

Nosso povo tem muitas tradições de devoção às almas. Havia pelos nossos sertões os grupos de suplicantes de orações pelas almas, que muitas vezes degeneraram em abusos. Estão abolindo um costume piedoso e tocante. Quando morre alguém numa família, durante nove dias, a contar do dia da morte, todas as noites se reúnem os parentes e amigos do morto para a recitação do Terço ou da Novena das Almas em sufrágio do morto. Por que não conservar esta bela tradição?

Enfim, já vimos e meditamos durante este mês quanto é necessária e útil a devoção às santas Almas do Purgatório. Façamos tudo por elas, pobrezinhas, que só tudo esperam de nós. Sejamos dedicados apóstolos do Purgatório.



Exemplo


Proteção das Santas Almas


Mons. Louvet, na sua obra “Le purgatoire d’ápres les revelations des Saints”, narra um fato prodigioso da proteção das almas aos que a elas socorrem com sufrágios.

Um Padre italiano, Luiz Monaci, religioso dos Clérigos Menores, era um fervoroso devoto das almas. Em toda parte e em todas as ocasiões procurava meios de ajudar as benditas almas sofredoras. Em uma noite teve de viajar e atravessar sozinho uma planície deserta e perigosa, porque, infestada de bandidos e salteadores, haviam já tirado a vida a muita gente para roubar. Pelo caminho, o bom Padre não perdia tempo: ia recitando piedosamente o Rosário de Maria pelas Almas do Purgatório. Ao avistar de longe o pobre Sacerdote sozinho e desprovido de armas, um grupo de bandidos se preparou para o assaltar e puseram-se de emboscada. Qual não foi o espanto de todos quando ouviram o soar de trombetas e um grupo de soldados que marchava armado ao lado do Padre. Aterrorizados, esconderam-se os bandidos; pensaram em soldados que os vinham prender. Viam, entretanto, o Padre muito tranquilo a caminhar, recitando o Rosário. Entrou este numa hospedaria próxima. Enquanto o Padre ceava, dois bandidos curiosos se aproximaram e perguntaram curiosos:

Que Padre é este que anda acompanhado pelas estradas de soldados que o protegem?

Aqui não chegou soldado algum a este Padre, nunca andou assim em viagem…

Os bandidos, curiosos, procuraram entrar em palestra com o Sacerdote e perguntaram-lhe do batalhão que o escoltava.

Meus filhos, eu ando sozinho pelos caminhos. Só tenho um companheiro, o meu Rosário, que recito sempre pelas Santas Almas do Purgatório para que elas me protejam.

Pois bem, meu Padre, confessa um bandido, estas Almas vos salvaram. Somos bandidos e estávamos na estrada, prontos para vos despojar e matar. E só não o fizemos porque um batalhão vos seguia pela estrada, e, aterrorizados, fugimos e viemos aqui curiosos saber do que se trata. Cremos que as Almas das quais sois tão devoto vos salvaram da morte.

Os bandidos, tocados pela graça, ali mesmo de joelhos pediram perdão dos pecados e confessaram-se humildemente.

O Pe. Rossignoli e outros autores contam inúmeros casos de proteção das Santa Almas em favor dos seus benfeitores.

Na verdade, mesmo nas coisas temporais os devotos caridosos que nunca se esquecem de socorrer as benditas Almas do Purgatório, podem contar com uma proteção segura da Divina Providência em todas as circunstâncias difíceis, porque Deus sempre recompensa esta grande caridade.


______________________

Fonte: Mons. Ascânio Brandão, “Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!”, Cap. A Via Sacra e o Rosário, pp. 147-153. 2ª Edição, Editora “Ave Maria” Ltda, São Paulo/SP, 1956.

1.  Vs. 1 e 2.

2.  Vs. 3 e 4.

3.  Vs. 5 e 6.

4.  Vs. 6 a 8.


A BENDITA RAINHA DO PURGATÓRIO.

 

Maria Santíssima,

Mãe e Consoladora

do Purgatório.


Maria pode socorrer as almas. “Um dia, escreve Santa Brígida nas suas Revelações, disse-me a Virgem Santíssima: – ‘Eu sou a Rainha do Céu, eu sou a Mãe de misericórdia, e o caminho por onde voltam os pecadores a Deus. Não há pena no Purgatório que não se alivie e que por mim não se torne menor do que se o fosse sem mim”.1 Outra vez a Santa ouviu Jesus dizer à sua Mãe: “Tu és minha Mãe, és a Rainha do Céu, és a Mãe de misericórdia, és o consolo dos que estão no Purgatório e a esperança dos pecadores na terra”.2 A Providência maternal de Nossa Senhora se estende sobre seus filhos, na terra e no Purgatório. Ela nos socorre e ajuda até depois da morte nas chamas expiadoras. É uma verdade de fé, que as Almas do Purgatório podem ser não só aliviadas em seus padecimentos, mas até libertadas das chamas expiadoras pelas orações, satisfações e boas obras, e pelo Santo Sacrifício da Missa, enfim, pelos sufrágios dos vivos. Todavia, a Igreja nada definiu sobre o socorro que possam os Santos do Céu dar às almas padecentes. Não houve necessidade de uma definição, porque o que os hereges contestaram desde Lutero, principalmente, foi o sufrágio dos vivos e até a existência do Purgatório. Quem, entretanto, pode negar que a Igreja Triunfante possa auxiliar a Igreja Padecente?

Segundo São Tomás de Aquino, duas coisas concorrem para que o sufrágio dos vivos aproveitem aos mortos: a caridade que une a todos, e a intenção que tem eles de socorrer os mortos. Quanto ao primeiro, nenhum meio existe maior de um vínculo de caridade que o Santo Sacrifício da Missa, o Sacramento que é o vínculo dos fiéis da Igreja. Quanto à outra, a oração, tem a vantagem de levar nossa intenção diretamente a Deus, quando se invoca a Divina Misericórdia.

Ora, quem pode negar que os Santos do Céu já purificados, possuam a caridade em estado de perfeição na glória e a intenção reta de ajudar às benditas almas sofredoras? Quem melhor do que eles conhece o sofrimento daquelas almas? Não há dúvida, os Santos na glória podem e socorrem as Almas do Purgatório. Quanto mais a Rainha dos Santos!

Contestaram alguns com sutilidades teológicas, que Maria nada poderia fazer pelas almas entregues à Justiça Divina no Purgatório. “Alguns autores, diz o piedoso P. Faber, pretendem que a Santíssima Virgem não pode ajudar as Almas do Purgatório senão de uma maneira indireta, porque não está mais em estado de satisfazer por elas. Não gosto de ouvir isto. Não gosto que falem de uma coisa que nossa terna Mãe não possa fazer”.3

Pois se Maria tem todo poder no Céu e na terra, se é Mãe dos remidos, Mãe de Deus, não há de poder socorrer como e quando queira os seus filhos da Igreja Padecente?

Sim, não há teólogo seguro que o conteste, e a Tradição de tantos séculos confirma esta consoladora verdade: Maria socorre seus fiéis servos depois da morte. Estende até o Purgatório seu manto protetor de Mãe e Refúgio dos pecadores.



Como socorre Maria as Almas sofredoras?


Há muitas maneiras do poder misericordioso de Maria socorrer as benditas almas padecentes. O primeiro meio e mais frequente, diz o Pe. Terrien, S.J.,4 é o pensamento e a vontade que inspira aos fiéis ainda vivos neste mundo, de orar, sofrer e trabalhar pela libertação das pobres almas. Quantos devotos de Nossa Senhora não sentem de repente uma inspiração, um desejo de sufragar os seus mortos queridos ou o desejo de trabalharem pelo sufrágio do Purgatório! É a Mãe bendita quem inspira estes bons desejos e resoluções. Não tem Ela nas mãos os corações de seus filhos? Um dia um santo Irmão coadjutor da Companhia de Jesus orava fervorosamente diante de uma imagem da Virgem Imaculada. Enquanto rezava, veio-lhe um certo escrúpulo do pouco zelo que tinha em orar e sufragar as Almas do Purgatório. Uma voz misteriosa lhe disse, então:

– “Meu filho, meu filho, lembra-te dos defuntos! – Sim, minha Mãe, o farei doravante”, respondeu o piedoso Irmão. E desde aquele dia se entregou às boas obras e sacrifícios e orações pelas Almas.5

Quantas vezes Nossa Senhora em tantas revelações particulares pediu orações pelos mortos! Maria, pois, ajuda os fiéis do Purgatório inspirando sufrágios aos seus filhos da terra e depois, oferecendo por estas almas cativas, não as satisfações atuais, pois no Céu não há sofrimento nem expiação, mas o que Ela padeceu e mereceu neste mundo. Haverá maior tesouro depois dos méritos de Cristo do que os méritos de Maria?

Maria Santíssima, pois, por estes dois meios pode e realmente socorre as almas. A Igreja, na sua liturgia, confirma esta piedosa crença e esta verdade consoladora quando assim ora na Missa dos Defuntos: “Ó Deus, que perdoais aos pecadores e desejais a salvação dos homens, imploramos a vossa clemência por intercessão da Bem-aventurada Maria sempre Virgem, e de todos os Santos em favor de nossos irmãos, parentes e benfeitores que saíram deste mundo, a fim de que alcancem a Bem-aventurança eterna”.

Por terem as almas maior precisão de socorro, escreve Santo Afonso de Ligório, empenha-se a Mãe de Misericórdia com zelo ainda mais intenso em auxiliá-las. Elas muito padecem e nada podem fazer por si mesmas. Diz São Bernardino, que Maria desce ao cárcere do Purgatório, onde tem certo domínio e poder para aliviar e libertar estas esposas de Jesus Cristo. Trás alívio às almas. Aplica-lhes o Santo estas palavras do Eclesiástico: “Caminho por sobre as ondas do mar.6 Compara as ondas às penas do Purgatório, porque são transitórias, e por isso diferentes das do Inferno, que nunca passam. Chama-as ondas do mar, porque são penas muito amargas. Os devotos da Virgem, aflitos com estas penas, são por Ela visitados e socorridos frequentemente. Eis pois como socorre Maria as Almas do Purgatório.



Nossa Senhora do Carmo,

Mãe do Purgatório.


As aparições da Virgem Misericordiosa a São Simão Stock e ao Papa João XXII, são muito conhecidas e hoje a piedade de toda Igreja tem na devoção à Virgem do Carmo, um motivo para chamar a Nossa Senhora Mãe e Rainha do Purgatório. Diz a Mãe de Deus a São Simão: “Recebe, meu querido filho, este escapulário de tua Ordem como sinal distintivo da minha confraria e prova de privilégio que obtive para ti e para os filhos do Carmo. Aquele que morrer revestido do escapulário será preservado das penas do outro mundo. É um sinal de salvação, uma defesa nos perigos, o penhor de paz e proteção especial até o fim dos séculos”. Promete a Virgem a proteção aos seus fiéis devotos do escapulário. Esta promessa foi confirmada setenta anos depois, após uma revelação feita por Maria ao Papa João XXII. Declarou este Pontífice numa Bula, que estando em oração, Maria lhe apareceu e disse: “João, Vigário de meu Filho, és devedor da alta dignidade a que chegaste a mim, que pedi por ti. Eu te livrei dos laços dos teus adversários; espero de ti uma confirmação da Ordem do Carmo, que me foi sempre especialmente dedicada. Se entre os religiosos ou confrades, quando morrerem, se acharem alguns cujos pecados tiverem merecido o Purgatório, eu descerei como terna Mãe no meio deles, no Purgatório, no sábado que seguir a sua morte. Livrarei aqueles que eu lá encontrar e os levarei à Montanha Santa, à feliz morada da vida eterna”.

É Maria revelando-se Mãe carinhosa das Almas do Purgatório.

A arte cristã sempre representa a Virgem do Carmo estendendo o seu escapulário sobre o Purgatório, onde as almas em meio das chamas expiadoras levantam os braços e os olhos suplicantes implorando a misericórdia da boa Mãe e procurando no escapulário um meio de saírem das chamas.

Como isto é significativo e simbólico! Não é esta a Missão da Virgem Santíssima, consolo e alívio e libertação do Purgatório e o que encontram com segurança os devotos verdadeiros de Maria Santíssima? Podemos crer no grande privilégio dos Carmelitas. A Sagrada Congregação das Indulgências em 1º de Dezembro de 1886 decidiu: “Seja permitido aos Padres Carmelitas pregarem ao povo, que se pode crer piedosamente na assistência que esperam os Irmãos e confrades da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, a saber: que esta Senhora ajudará com suas orações contínuas e sufrágios e méritos e com uma proteção especial depois da sua morte (principalmente ao sábado, dia que lhe está consagrado pela Igreja), aos irmãos e confrades falecidos na caridade, com a condição de que tenham levado durante a vida o escapulário, guardado a castidade de seu estado, rezado o Ofício Parvo, ou se não puderem rezá-lo, que hajam observado os jejuns da Igreja e abstido de carne nas quartas e sábados”.

Este decreto foi publicado em Roma, em 15 de Fevereiro de 1615, pelo Santo Ofício. Ora, não é a Igreja confirmando a consoladora doutrina da assistência e proteção de Maria sobre o Purgatório? Invoquemos sempre a Mãe querida das pobres Almas do Purgatório. Sejamos devotos da Virgem do Carmo e do Santo Escapulário.



Exemplo


Maria liberta as Santas Almas nas suas Festas


Diz o Venerável Dionísio Cartusiano, que cada ano, nas grandes festas, a Mãe de Deus desce ao Purgatório e liberta muitas Almas do sofrimento, levando-as para a glória, sobretudo, nas festas da Páscoa, do Natal e da Assunção. São Pedro Damião conta a propósito um caso que diz ter ouvido de um Sacerdote fidedigno. Vou traduzi-lo do latim tal como o deixou escrito São Pedro Damião:

Uma mulher em Roma entrou no dia da Assunção, na basílica erigida em honra da Santíssima Virgem no Capitólio. Grande foi a sua surpresa ao ver ali uma das suas vizinhas, que um ano antes havia morrido. Não podendo chegar-se a ela pela multidão que enchia o templo, foi esperá-la ao sair da igreja numa das ruas estreitas da cidade, por onde havia de passar.

Não és Marozia, minha vizinha, lhe perguntou, que morreu há cerca de um ano?

Sim, sou eu mesma.

E como estás aqui?

E Marozia confessou, que havia sofrido muito no Purgatório, por umas faltas da meninice e acrescentou: “Hoje, porém, a Rainha do mundo rogou por mim e tirou a mim e a muitas outras Almas do lugar da expiação e é tão grande o número das almas libertadas, que sobrepuja aos habitantes de Roma. Eis porque visitamos, em ação de graças, os lugares consagrados à nossa gloriosa Rainha”.

E como prova da verdade da aparição, anunciou que a sua amiga dentro de um ano morreria também. O que de fato aconteceu”.

Santa Francisca Romana, favorecida com tantas visões, contemplou também, num dia da Assunção, o triunfo de Maria e uma multidão de Almas libertadas do Purgatório, pela intercessão da Mãe de Misericórdia.7


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Fonte: Mons. Ascânio Brandão, “Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!”, Cap. Maria Santíssima, Mãe e Consoladora do Purgatório, pp. 162-169. 2ª Edição, Editora “Ave Maria” Ltda, São Paulo/SP, 1956.

1.  Revel. Sanct. Birgitae – I, VI.

2.  Idem – Cap. X, I – Cap. XVI.

3.  Faber: “Tudo por Jesus” – C. IX – Purgatório, 5.

4.  Terrien, S.J. – “La Mere de Dieu et la Mere de homes” – Tom. II – Lib. X, cap. II.

5.  La Quente – “Vida del P. Baltazar Alvares” – C. 44.

6.  Eccl. XXXIV, 8 – “Glórias de Maria” – Santo Afonso – I. Par. Cap. VIII.

7.  S. Petr. Damian, Opusc. XXXIV – Disput. de variis apparition, et miraculis. C. 3. P. L. CXLV – 586-587.


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