A
Solenidade deste dia deve despertar a nossa devoção, dar novo
alento à nossa fé e exercitar a nossa confiança. “Traz-nos
à memória, diz São
Bernardo, que temos no Céu uma Rainha que ao mesmo
tempo é nossa Mãe; uma Medianeira onipotente junto do Soberano
Mediador; e uma Advogada junto do Redentor, que nenhuma graça lhe
pode negar. Esta é a Escada dos pecadores, esta a minha grande
Esperança, esta o Fundamento de toda a minha confiança”. “Vós,
ó Virgem Santa, diz Santo
Agostinho, sois, por assim dizer, a única esperança
dos pecadores; por Vós esperamos o perdão dos nossos pecados; em
Vossa intercessão colocamos a esperança do nosso prêmio”.
“Concedeu-se-lhe
todo o poder no Céu e na terra,
diz Santo Anselmo; não há coisa impossível para
aquela que pode ressuscitar a esperança de salvação nos mesmos
desesperados. Toda a esperança, graça e salvação que temos,
estamos persuadidos que tudo nos vem por intercessão e valimento de
Maria. Se queres assegurar-te sempre bom despacho, lembra-te de
oferecer sempre por mãos de Maria tudo o que ofereceres a Deus”.
“Ela é a Esperança dos desesperados,
diz Santo Efrém, Porto dos que naufragam, e Único
recurso de todos os que não têm outro”. “Ser
Vosso devoto, ó Bem-aventurada Virgem Maria,
diz São João Damasceno, é ter armas defensivas,
postas por Deus nas mãos dos que quer salvar”.
Estava
o sepulcro da Santíssima Virgem no lugar de Gethêmani e no vale de
Josafá, sendo o mais respeitável e o mais digno de honra que havia
no mundo depois do sepulcro de Cristo. Mas no tempo dos imperadores
Tito e Vespasiano arruinaram por tal forma aquele santo lugar as
tropas que se apoderaram de Jerusalém, que depois não foi possível
aos fiéis reconhecer o lugar, onde havia estado. Esta é a razão,
por que São Jerônimo não faz menção alguma do sepulcro da
Santíssima Virgem, fazendo-a do sepulcro de vários Patriarcas e
Profetas, que foram visitados por Santa Paula e Santa Eustóquia.
Descobriu-se
depois com o andar do tempo,
não querendo o Senhor que aquele venerável lugar, santificado por
tão sagrado depósito, estivesse por mais tempo oculto à veneração
dos fiéis. Assegura Burchard, que ele mesmo o viu, mas de tal sorte
soterrado nas ruínas de outros edifícios, que era preciso descer
sessenta degraus para lá chegar. Beda escreve que, em seu tempo já
se encontrava inteiramente descoberto; e ao presente mostra-se aos
peregrinos, entalado em uma penha.
A
festa da Assunção foi sempre uma das mais solenes da Igreja; e pelo
que toca ao rito, vai quase a par do da Epifania e da Páscoa.
Fonte:
Rev.
Pe. Croiset,
Ano Cristão,
Vol. VIII – Agosto, pp. 199-207. Traduzido do Francês e adaptado
às últimas reformas litúrgicas, pelo Rev. Pe. Matos Soares,
professor do Seminário do Porto, 1923.