Todos os homens
estão sujeitos à lei do trabalho. Quem nada possui, deve trabalhar para ganhar
o pão cotidiano; quem não necessita de ganhar o pão, deve trabalhar para
conservá-lo e para fugir à ociosidade. Se o pobre não sua, morrerá de fome; se
o rico hoje só pensa em gozar, cairá amanhã na miséria e perecerá também por
falta de alimento. Cada um deve pois amar o trabalho do próprio estado e da
própria condição social.
São José é
chamado, por antonomásia, o Artífice de Nazaré. É o Modelo dos operários pela
santidade com que exerceu por toda a vida o seu ofício; mereceu ser o Exemplo e
o Padroeiro de todos os operários da terra. Embora de régia estirpe, em sua
juventude aprendeu uma arte e, adorando os desígnios da Divina Providência, que
dispusera perdesse a família de Davi o estado de grandeza no qual se achara por
tantos séculos, não recusou ganhar o necessário à vida com o trabalho das
próprias mãos.
Escolheu o
humilde ofício de carpinteiro e alegrou-se em suportar duras fadigas por amor e
submissão à vontade de Deus. “Imaginemos, diz um célebre escritor, a
oficina de Nazaré e nela um jovem de seus dezoito anos, atento ao trabalho. Sua
fronte é serena, os olhos cintilantes de alegria erguem-se de quando em quando,
fixando-se por um instante. Depois a voz prorrompe em um cântico de ação de
graças e louvor ao Criador. Maneja ora o machado, ora a serra ou a plaina. Em
volta, multidões de Anjos O contemplam atônitos, sabendo que o Senhor do Céu e
da terra tem sobre ele magníficos desígnios: quer confiar à daquele os Seus
mais preciosos Tesouros: o Filho em quem pôs as Suas complacências, e Aquela
que Lhe destinou por Mãe”.
Após as núpcias,
continuou a trabalhar na oficina de Nazaré, admirado não só pelos Anjos, mas
também pela Rainha desses Bem-aventurados Espíritos. Por vezes, Ela ia visitar
o seu José, que achava então menos pesada a fadiga do trabalho.
Quando, mais
tarde, para salvar o Salvador do mundo, teve de abandonar a terra de seus pais
e andar exilado pelo remoto Egito, o único recurso da Sagrada Família foi o
ofício de carpinteiro. Com o trabalho, conseguiu o necessário a Maria
Santíssima, a Jesus e a si mesmo.
A Sagrada
Família permaneceu vários anos na terra de exílio, e, quando deixou de existir
aquele que procurava matar o Menino, o Anjo que dera a São José o aviso para a
fuga, reapareceu-lhe no Egito e lhe ordenou que regressasse à terra de Israel.
Em Nazaré,
continuou José a trabalhar em sua oficina por perto de vinte e cinco anos, e,
nesse longo espaço de tempo teve por companheiros de suas fadigas, não só os
Anjos e a Rainha dos Anjos, mas o próprio Criador do Céu e da terra.
São José
trabalhou por toda a vida, e, naquela humilde condição, tornou-se Santo.
Manejando a plaina e o martelo, praticou todas as virtudes.
Devemos
trabalhar para eliminar a ociosidade, fonte de tantos males. Escrevia São
Jerônimo ao monge Rústico: “Faze sempre alguma coisa, para que o Demônio te
ache sempre ocupado”.
Felizes aqueles
que, a exemplo de São José, aceitam com paciência o trabalho, santificam-no com
a oração, com a resignação à vontade de Deus e o dirigem para a glória de Deus.
Oração do Papa Leão XIII
a São José
(Tradução de Lacyr Schettino, OTC, Belo Horizonte/MG)
A Vós, São José,
recorremos em nossas tribulações e depois de ter implorado o auxílio de vossa
Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos também o vosso patrocínio.
Por esse laço sagrado de caridade que Vos uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus,
e pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente Vos suplicamos
que lanceis um olhar benigno sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com o
Seu Sangue, e nos socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder.
Protegei, ó
Guarda providente da Divina Família, a estirpe eleita de Jesus Cristo. Afastai
para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício. Assisti-nos
do alto do Céu ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das
trevas; e, assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino
Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus das ciladas de seus
inimigos e de toda adversidade. Amparai a cada um de nós com o vosso
Patrocínio, a fim de que, com o vosso exemplo e sustentados com o vosso
auxílio, possamos viver virtuosamente, piedosamente morrer, e obter no Céu a
eterna Bem-aventurança. Assim seja.
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Fonte: Rev. Pe. Tarcísio M. Ravina, “São José – Na Vida de Jesus
Cristo, Na Vida da Igreja, No Antigo Testamento, No Ensino dos Papas, Na
Devoção dos Fiéis, Nas Manifestações Milagrosas”, 2ª Parte, Cap. “São José
Modelo dos Operários”, pp. 121-1123; 204; Edições Paulinas, Recife/PE, 1954.