A Ignorância Religiosa é a Estrada Larga da Perdição
“E, em coisas de Religião,
uma grande parte
de homens de nosso tempo
deve ser considerada ignorante”
(São Pio X, Carta Encíclica “Acerbo Nimis”, de 15/4/1905).
“São Paulo nos diz: 'Se alguém ignora as suas obrigações, será ignorado; se alguém desconhece a Deus ou a Sua Doutrina, será de Deus desconhecido'(cfr. I Cor. 14, 3-38)”(R. Pe. Fr. Manuel da Madre de Dios, O.C.D., “Práticas Mandamentais ou Reflexões Morais sobre os Mandamentos da Lei de Deus, e os abusos que lhes são opostos”, 1871).
E é bem certo, que o Demônio nenhuma coisa procura tanto, como impedir o conhecimento da Doutrina e coisas santas; porque desta ignorância se aproveita para introduzir a maldade; e deste modo ganha imensas almas para o Inferno. Ai! Quantas almas eles assim caçam e levam ao Inferno! Eles obrigados por Deus chegaram a confessar de uma vez, que agradeciam muito a alguns Prelados, Pastores e chefes de famílias o pouco cuidado que tinham em ensinar a Doutrina Cristã; porque daí resultava colherem muitas almas para o Inferno; assim o declararam, quando se celebrava um Concílio Provincial em França.
Pode ser que algum espírito esclarecido de nossa época não acredite nesta história, por isso, vem em nosso auxílio um grave testemunho: “Conta Thomás de Cantimpré que, em 1248, um Sacerdote foi encarregado de fazer um discurso ao Clero de Paris, reunido em Sínodo. Este Sacerdote era muito ignorante e, estando na presença de seu auditório, se confundiu completamente. Então o Demônio veio em sua ajuda e lhe sugeriu que pronunciasse as seguintes palavras: 'Os Príncipes das Trevas saúdam os Príncipes da Igreja, e nós lhes agradecemos vivamente pela negligência em instruir ao povo, pois, as almas estagnadas na ignorância, seguem o caminho do mal e chegam ao Inferno'. Linguagem semelhante bem se poderia dirigir a certos pais”(Sermons de S. Alphonse de Liguori, Analyses, Commentaires, Exposé du Système de as Prédication, par le R. P. Basile Braeckman, de la Congrégation du T. S. Rédempteur, Tome Second. Jules de Meester – Imprimeur – Éditeur, Roulers, pp. 464-472).
"Imenso é o número, e aumenta de dia para dia, daqueles que ignoram a Religião inteiramente, ou que não têm da Fé Cristã, senão um conhecimento tal que lhes permite, no meio da luz da Verdade Católica, viver à maneira dos idólatras. Ah! Que avultado número e não somente entre as crianças, mas ainda entre os adultos e os velhos, que não conhecem absolutamente nada dos principais Mistérios da Fé, e que, ouvindo o Nome de Cristo, respondem: 'Quem é... para que eu creia Nele?'(S. Jo. 9, 36). Por isso, não consideram como vício conceber e alimentar ódios contra outrem, realizar os contratos mais iníquos, exercer profissões desonestas, emprestar dinheiro com usura e praticar outras ações não menos condenáveis. Por isso, ignorando a Lei de Cristo, que proíbe não somente fazer coisas vergonhosas, mas também pensar nelas e desejá-las conscientemente, muitas pessoas, ainda que, talvez por uma outra causa, se abstenham de prazeres vergonhosos, acolhem todavia no seu espírito os piores pensamentos, que nenhuma noção religiosa afasta, multiplicando assim as iniqüidades indefinidamente. E estes vícios, Nós o repetimos, encontram-se não somente nas populações dos campos ou na porção miserável do povo, mas também, e talvez mais freqüentemente, entre os homens de uma condição mais elevada, compreendendo neste número aqueles a quem a ciência incha, e que, apoiados numa vã erudição, se julgam autorizados a ridicularizar a Religião e 'blasfemam de tudo quanto ignoram'(Jud. 10)"(Papa São Pio X, Carta Encíclica "Acerbo Nimis", de 15 de Abril de 1905; cfr. D. Santiago José Garcia Mazo, "O Catecismo da Doutrina Cristã Explicado ou Explicações do Catecismo de Astete", p. 36, 6ª Edição, Porto, 1905).
“A razão não pode admitir um efeito sem causa. Este é uma resultante fatal de qualquer ato, seja da ordem lógica, ontológica ou metafísica. Querer o contrário é ir de encontro aos mais claros princípios da sã filosofia e da razão reta e sensata. O assunto em questão é de palpitante valor real e espiritual. Afeta o composto humano e de uma maneira muito especial a sua forma substancial: a alma.
Pavorosamente a ignorância religiosa campeia qual soberana rainha, principalmente entre os homens...
A ignorância religiosa é a nuvem cinza e negra, interceptora sinistra da operação da Graça no coração da criatura... compromete, totalmente, a salvação, porque afasta a criatura de Deus, impedindo os impulsos da alma para os problemas de além – túmulo... desequilibra as faculdades da alma, tornando-a campo aberto e vasto para a ação perniciosíssima dos inimigos espirituais.
A ignorância religiosa leva a criatura ao lamaçal purulento da descrença, acarretando a desonra da dignidade humana pela prática das maiores abominações... é a negação completa dos ideais espirituais, portanto, a maior inimiga de Deus e da alma... despreza os anseios da alma, dando rédeas soltas ao corpo bruto e mau.
A ignorância religiosa opondo-se ao conhecimento do Altíssimo é a fonte calamitosa, na qual se embriaga o materialismo e seu cortejo de iniqüidades e desastres morais... é a expressão claríssima do efeito, eternamente, lamentável do Pecado Original... é a infelicidade, porque desvia o ser humano do seu Princípio e do seu Fim, isto é, de Deus.
A ignorância religiosa neutraliza as aspirações da alma no aglomerado dos preconceitos, na confusão dos falsos juízos e na avalanche lamentável dos erros, os mais mesquinhos e atrevidos contra a Moral e contra a Religião Divina... é a ave negra e vaticinadora das desgraças do espírito no transe para a eternidade... é a mais clara prova do abaixamento moral de um indivíduo.
A ignorância religiosa é a escravidão da alma pelo reinado dos princípios degradantes do Demônio, do Mundo e Carne... é a executora deplorável das iniqüidades sociais, nacionais e universais... é o abismo fatal onde são algemados os espíritos orgulhosos.
A ignorância religiosa é a manifestação patente da fraqueza do espírito humano, incapaz dos vôos divinais pelas atmosferas espiritualísticas em ordem à glorificação deslumbrante do espírito... transforma o homem em inimigo feroz do Bem, da Moral, da Religião e do Eterno... é a aniquilação das faculdades da alma, desejosa, por essência, da Divindade e dos problemas transcendentais.
A ignorância religiosa faz de uma nação, de um povo, um antro de perversos pela falta dos princípios da Moral divina, única capaz de dirigi-los, no mar agitado da vida social... é a barreira em relação às aspirações da alma humana... expõe a alma à derrota espiritual nas lutas aguerridas desta vida, preparando-lhe, portanto, a condenação eterna.
A ignorância religiosa é o germe das desordens mundiais, levando os dirigentes da humanidade a abusarem dos seus poderes e incitando os súditos às revoltas e às loucuras... sustenta o domínio de Satã na alma... inutiliza a capacidade das faculdades da alma de encaminharem-se para a eternidade feliz, e por ela aprisionada aos erros e ao vil materialismo.
A ignorância religiosa é a estrada fácil dos vícios odiosos... é a positiva e cabal prova do orgulho descomedido e infernal... derruba as solidíssimas organizações em qualquer ramo do viver humano, porque não admite a autoridade, que tem como princípio Deus.
A ignorância religiosa é a manifestação mais clarividente da decadência de uma raça, de um povo e de uma nação... é a nuvem negra da demência, ofuscando, aparentemente, a Grandeza e a Majestade Divina, para o homem poder entregar-se ao desequilíbrio moral... ostenta como mesquinho e desprezível o homem, entregue à sua louca fantasia.
A ignorância religiosa dissemina a discórdia e a desordem, porque não reconhecendo um Princípio eterno, ou desconhecendo sua eterna Vontade, não sente base para se submeter a seu semelhante... dá ocasião para as cenas de selvageria, efeito patente da falta de consciência, por ela desorientada na apreciação dos direitos humanos... é a flagrante oposição entre o bem e o mal, entre a Verdade e o erro, entre a honra e a desonra, entre a dignidade e a indignidade, entre o pecado e a virtude.
A ignorância religiosa é o vulcão do Inferno, em erupção perversa, desfigurando a excelsitude da alma e tornando o homem objeto de abominação diante de Deus e da filosofia reta... é a detestação completa da espiritualidade ... é um flagrante incontestável da incerteza do ser humano.
A ignorância religiosa abala e destrói os alicerces da Moral, na revolução tola e trágica da inteligência e da vontade, nascidas dos desejos ardentes da carne infame... é igual a escura noite da iniqüidade, opõem-se ao claro dia da verdade e da santidade... é a real prova comprovada de um coração inimigo das coisas celestes.
A ignorância religiosa é a conseqüência fatal das perversões do homem... é a conclusão real da ignorância, da estupidez ou da má vontade do indivíduo... obscurece o céu anil da verdade com as nuvens tempestuosas dos conceitos loucos sobre as magnificências do espírito.
A ignorância religiosa inocula no homem a baba peçonhenta de Lúcifer, revoltoso nas suas indignas investidas contra as comunidades das almas amantes do Altíssimo... é o brilho transitório das inteligências desviadas do caminho de Deus, dos Ensinamentos celestes, iludindo os inexperientes em tais problemas, excitando os ingênuos, dominando os principiantes, na grande tempestade do agitadíssimo mar das pesquisas espiritualísticas ... assegura o império do mal, entre os seres humanos.
A ignorância religiosa fantasia para o homem um mundo de ilusões agradáveis, sob a capa de verdade... é o germe das desgraças humano-social-espirituais... desviando o homem de Deus, o coloca na senda perversa do mal.
A ignorância religiosa expulsa da mente humana toda a idéia de responsabilidade moral... é a causa principal das calamidades humano-sociais... enfraquece a alma humana, que é aspirante das grandezas do Altíssimo.
A ignorância religiosa inutiliza os benéficos efeitos das graças celestes... é um mar agitado, em cujas ondas, é envolvido um grande número de corações covardes para a única e verdadeira luta, a salvação da alma... é o máximo expoente das tramas de Satã contra as almas imortais... é a via larga da perdição eterna... pelos seus desastrosos efeitos, desonra a alma, combate a Santa Madre Igreja, sendo condenada por Deus”(Mons. Luiz Gonzaga de Moura, “Voando nas regiões dos Pensamentos”).
Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência Sobre a Modéstia no Vestir" no link Meus Documentos.