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D. Pedro Casaldáliga |
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D. José M. Pires |
“Arcebispo emérito da Paraíba e
Bispos eméritos de Goiás e São Félix do Araguaia (MT), Dom José Maria Pires,
Dom Tomás Balduíno e Dom Pedro Casaldáliga, respectivamente, enviaram uma carta
a todos os Bispos do País conclamando ao diálogo e pedindo que os princípios do
Concílio Vaticano II, convocado pelo então Papa João XXIII e levado à frente
pelo seu sucessor à época, Papa Paulo VI, sejam retomados pela Igreja Católica.
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A primeira geração que teve contato com o
Concílio tentou segui-lo com muito ardor. Gostaríamos de retomar este ardor,
essa capacidade de nos reajustar à realidade das pessoas, de estar mais perto
do povo, seja rico ou pobre – diz Dom José Maria Pires, que completa:
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D. Tomás Balduíno |
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À época do Concílio, os Bispos deixaram os
palácios e foram viver em casas. Quando viajavam, eles deixaram de ficar
hospedados nas melhores casas e passaram a se aproximar mais das pessoas.
Queremos que o diálogo sobre essas questões seja retomado e que, na Igreja, as
pessoas sintam que não há distinção entre elas” (Trecho de Matéria publicada no
Jornal, “O Globo”, em 23/08/2013).
Um Testemunho das Incertezas
do Pós-Concílio
“Conceituada revista espanhola,
conhecida pela seriedade e segurança de suas informações, a “CIO”, publica a
carta que abaixo, com a devida vênia, transcrevemos, pois ilustra a maneira
como se realiza na Igreja a palavra autorizada de Paulo VI, quando, falando ao
Seminário Lombardo, lamentou sua auto-demolição (1969):
Uma Religiosa Secularizada: “A Revista de
Teologia mística 'A vida sobrenatural', no seu último número, reproduz a
seguinte carta de uma religiosa secularizada:
“Passei 17 anos como religiosa
professa em uma Congregação de Ensino. Foram os anos mais felizes de minha
vida. Amava a Congregação pelo muito que significava para mim. Um irmão meu
é missionário na Austrália; e um tio, sacerdote numa diocese americana. A
religião teve sempre um papel muito importante na nossa família; minha mãe era
muito piedosa; e meu pai, converteu-se do protestantismo à nossa Religião,
antes de casar-se. Tive uma infância baseada numa fé firme e vivida.
Sempre gostei da docência e, por
isso, ingressei numa Congregação de Ensino. O noviciado, passei-o sem
contratempo algum. A mestra de noviça me estimava muito”.
Reciclagem pós-Conciliar: “ Nos anos
pós-conciliar, minhas superioras julgaram que eu devia adquirir um máximo de
experiência. Tive que assistir a vários seminários, a muitas conferências e
reuniões que me deixavam, cada vez, menos tempo para minhas rezas, a meditação
e o Ofício divino. Fiz, no entanto, quanto pude para combinar o trabalho
com a vida espiritual.
A mudança na minha vida começou
como fruto de umas conferências que nos fez um jovem sacerdote, na Escola de
Magistério. Pela primeira vez conheci noites de insônia, ao recordar
constantemente as coisas ouvidas nessas conferências.
Senti dificuldade para
desabafar-me com a Superiora. E eis que um dia encontrei uma religiosa chorando
amargamente. Não era de nossa Congregação. Éramos amigas e ela confiou-me as
angústias que estava atravessando. Eram iguais às minhas: seria Cristo Deus e
Homem? Estaria Ele realmente na Eucaristia? Teria havido algum tempo algo como
Pecado Original?
Estas e outras questões propôs o
sacerdote à nossa consideração, para darmos uma resposta pessoal. Sempre pensei
que todas estas respostas, já as havia dado a Igreja, de uma vez para sempre,
sem deixar lugar à dúvida. Porém, o sacerdote insistia que os teólogos
modernos tinham projetado novas luzes sobre estas doutrinas. E, ao final
destas conferências, achei que nenhuma doutrina da Igreja oferecia segurança”.
A Igreja não é Mestra da Verdade: “Depois
de falar com aquela religiosa amiga, decidimos convidar aquele sacerdote a uma
entrevista particular. Aceitou logo e, durante a conversa, demo-nos conta, com
horror, de que ele não somente estava duvidando da doutrina da Igreja, mas
mesmo de toda a autoridade desta como Mestra da verdade. Para ele, não
existia pecado, pois o considerava como restos da idade do medo; era coisa
que tinha passado com o Vaticano II, que havia mudado tudo.
Acrescentou que a verdade
devia evoluir e mudar constantemente. Ao lhe perguntarmos de onde tinha
tirado todas essas ideias e como as conciliava com o ensinamento da Igreja,
respondeu: 'Elaborei minhas ideias estudando Teilhard de Chardin e Hans
Küng'.
Dava grandíssima importância
ao tema da instrução sexual, dizendo que, sem isso, não pode haver
desenvolvimento da personalidade. Resisto a aduzir mais pormenores neste
particular. Minha amiga perguntou-lhe que diria o Bispo se soubesse dessas
coisas que ele ensinava. Sua resposta foi: 'Estou numa das Comissões que
assessoram e informam o Bispo sobre o desenvolvimento da doutrina'.
Convento subvertido: ”Ao voltar ao
convento, minha vida tinha mudado. Minha alegria e minha paz tinham-se
evaporado. Tratei de confiar minhas inquietações à Superiora. Parece que não
fez caso. No fim de três meses, trasladaram-me para outra casa. Vi que ali,
várias religiosas já estavam infectadas com as novas doutrinas. Não por
influência daquele sacerdote, mas de um outro que tinha as mesmas ideias.
Nesta nova Comunidade, ninguém
observava a Regra. Cada uma fazia o que lhe desse na gana. Apenas umas poucas
ainda se confessavam e faziam visita ao Santíssimo. A única ocupação depois das
aulas era televisão. Pouco tempo depois de estar ali, um sacerdote jovem, que
costumava visitar a Comunidade, casou-se no civil com uma religiosa, fato que
todas ali julgaram a coisa mais natural do mundo. A Superiora não se atrevia a
dar ordens a ninguém.
As coisas iam de mal a pior. Eu
era a única que cuidava de observar a Regra e as companheiras riam-se de mim.
Ao cabo de um ano, todas as religiosas, menos eu e uma irmã, já mais idosa,
tinham abandonado o hábito.
O Abandono das Almas: “Ao expor, por
carta, à Madre Provincial minhas dificuldades, respondeu-me muito secamente,
dizendo-me que duvidava de minha vocação. Na minha angústia, decidi pedir
conselho ao diretor espiritual que nos confessava. Ele me disse estas palavras
textuais: 'as religiosas, hoje, devem
amoldar-se às exigências do tempo e libertar-se da escravidão do passado'.
Era Cônego e acrescentou que o Bispo me diria a mesma coisa. Perguntei-lhe se
todos os anos de vida religiosa antes do Vaticano II – procedente do Espírito
Santo – a Igreja reconhecia os erros do passado”. (Quer dizer que o Espírito
Santo, antes do Vaticano II, teria, segundo este Cônego, abandonado sua
Igreja!) [parêntese do Boletim Diocesano e D. Antônio].
“Então, pedi a dispensa dos
Votos. Conheço a muitas que fizeram o mesmo (…). Conheço, agora, o poder de
Satanás, que destruirá a Igreja se seguir por este caminho”. (N.N.)
(D. Antônio de Castro Mayer,
Boletim Diocesano, nº 46, de Outubro/1975).
Fonte: Instrução Dominical
para os Fiéis – 25 de Agosto de 2013 (Igreja de São José, da Administração
Apostólica São João Maria Vianney, em Campos dos Goytacazes/RJ).
“Não será um dos benefícios da História
o ensinar-nos a não renovar
os erros do passado?”
(Régine Pernoud, “O Mito da Idade Média”, p. 22,
Coleção “Saber”, nº 125, Publicações Europa-América, Lisboa, 1978).