"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).
Homilia em Santa Marta: Papa Francisco enfatiza que o amor de que
Jesus fala não é o êxtase espiritual, mas se traduz em ações concretas e
tem mais para dar do que para receber
Roma,
O amor cristão ou é altruísta, generoso, alegra-se "mais em
dar do que em receber ", ou, é um amor “romântico", de telenovela. Não é
brincadeira: o argumento levantado pelo Papa Francisco na missa em
Santa Marta é rigoroso. O amor cristão tem sempre uma característica: a
concretização. O amor cristão é “concreto", diz o Papa, guiado em sua
reflexão por São João, na primeira carta, ele reitera várias vezes: "Se
nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e o amor Dele é
perfeito em nós".
É neste "permanecer duplo" de “nós em Deus e Deus em nós", que
reside a "vida cristã" e a experiência de fé. Não "no espírito do mundo"
ou "na superficialidade, na idolatria, na vaidade", adverte o Santo
Padre. É fundamental “permanecer no Senhor”, e Ele "corresponde-nos: Ele
permanece em nós", por iniciativa própria. Mesmo quando - afirma
Francisco - "muitas vezes nós o expulsamos”, nós "não podemos permanecer
Nele", resta ainda "o Espírito".
Este "permanecer no amor de Deus" - esclarece o Papa- não tem apenas
uma dimensão espiritual, mas também se traduz na "carne", em ação
concreta. Não se limita a um êxtase do coração ou a algo agradável de se
ouvir. "Observem que amor de que nos fala João não é o amor das
telenovelas! Não, é outra coisa”, reitera firmemente o Papa.
"O próprio Jesus – continua Bergolgio - quando fala sobre o amor, nos
fala de coisas concretas: alimentar os famintos, visitar os doentes", e
assim por diante. Se no amor não há a "concretude cristã" - disse o
Papa – arrisca-se "viver um cristianismo de ilusões, porque não está
claro qual é o centro da mensagem de Jesus". É um "amor de ilusões",
como aconteceu aos discípulos quando - diz o Evangelho de hoje - ficaram
perturbados ao ver Jesus andando em direção a eles sobre o mar: "Eles
pensavam que fosse um fantasma".
O estupor dos Apóstolos – destaca o Santo padre - "vem da dureza de
coração", porque "eles não entenderam" a multiplicação dos pães ocorrida
pouco antes, como afirma o Evangelho. "Se você tem um coração
endurecido, você não pode amar, e você acha que o amor é imaginar
coisas"- exorta Francisco.
Então, para medir a concretude do amor cristão, devemos refletir
sobre dois aspectos. Primeiro: "Amar com as obras, não com as palavras.
As palavras são levadas pelo vento! Hoje estão e amanhã não estão mais"-
disse o Pontífice. Segundo: "No amor é mais importante dar do que
receber. Quem ama dá, dá, ... Dá coisas, dá vida, dá -se a Deus e aos
outros. Ao contrário, quem não ama, quem é egoísta, busca sempre
receber, tenta sempre ter coisas, levar vantagem".
A "moral" da homilia de hoje do Papa Francisco é, portanto, clara:
"Permanecer com o coração aberto, não como era aquele dos discípulos,
que era fechado, eles não percebia nada: permanecer em Deus e Deus em
nós; permanecer no amor.”