Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

QUAL É A ORIGEM DA RENOVAÇÂO CARISMÁTICA?

Gravura ilustrando uma Sessão do Concílio de Trento



"A equivalência essencial entre a Doutrina do Concílio de Trento e as doutrinas opostas, também entre elas, as de Lutero e de Calvino, jamais será aceita pela Igreja Católica. O dia em que a Igreja Católica aceitasse teria deixado de existir e teria se tornado Protestante" (Cardeal C. Journet, L'Osserv. Romano, de 10-11-1969).



O que dizem eles?

“A Renovação Carismática é o Pentecostes hoje... não traz nada de novo à Igreja, em termos de realidade teológica... Nascida da Igreja... em 1967, um grupo de estudantes e professores da Universidade de Duquesne nos Estados Unidos reuniram-se num retiro de fim de semana para renovar os votos de Batismo e de Crisma, e receberam o Batismo no Espírito Santo. Este evento marcou o início da Renovação Carismática, por ter sido o primeiro grupo de fiéis católicos que experimentou o Batismo no Espírito Santo e os dons carismáticos” (Excertos da obra “Ofensiva Nacional”, Cap. I, Págs. 11/12; Cap. III, Pág. 32; Cap. V, Pág. 45).

E qual é a verdade?

“Qualquer grupo de almas batizadas que se separa da comunhão dos fiéis e rompe com os Ensinamentos e Tradições antigas já está condenado pela sua própria novidade. É nas suas origens que se devem observar os frutos próprios de uma doutrina religiosa. Somente na sua origem Divina tem uma religião os seus títulos incontestáveis para impor-se à humanidade” (Rev. Pe. Leonel Franca, S.J., “A Igreja, a Reforma, e a Civilização”).

Patty Galagher Mansfield na Canção Nova

Uma das primeiras católicas iniciadas na doutrina Pentecostal do Batismo no Espírito Santo, a sra. Patti G. Mansfield, tratou logo de documentar os primórdios da Renovação Carismática, escrevendo para isso um livro intitulado “Como um Novo Pentecostes”, do qual tirei os seguintes excertos:

1─ “Poucos meses depois de ter havido aquela troca de livros (n.c: Pentecostais), na primavera de 1966, dois professores (n.c: Católicos) da Universidade de Duquesne. Um era professor de História; o outro, instrutor de Teologia. Eles sentiam a necessidade de um maior dinamismo interior, a carência de uma força renovadora para viverem como cristãos e para darem testemunho de Cristo. Ambos... eram Cursilhistas.” (C.N.P., pp. 14/15).

2─ “Os professores tinham diante de si diversas opções. Eles poderiam deixar-se ficar na busca desta vida mais profunda no Espírito, através da oração e da discussão conjunta, mas essa alternativa não lhes parecia suficiente promissora; uma outra opção seria a de frequentarem a igreja pentecostal, mas, relutaram em fazer isso, no final, a ideia que lhes pareceu mais atraente foi a de procurarem alguns neo-pentecostais conhecidos, aqueles que tivessem permanecido em sua religião, mesmo depois de batizados no Espírito Santo” (C.N.P., Pág. 16).

3─ “Havia um ministro da igreja episcopal que tinha vindo ao Campus de Duquesne para dar uma palestra. Dando uma volta mais longa, eles ligaram para o Pe. William Lewis da igreja de Christ Church, situada no subúrbio de North Hills, na cidade de Pittsburg, para saber dele se conhecia os livros de WilKerson e Sherrill (n.c: Protestantes). Ocorre que ele estava familiarizado com aquelas leituras e, apesar de não ter sido, ele mesmo, batizado no Espírito Santo, poderia apresentar-lhes a uma das suas paroquianas que tinha recebido o 'Batismo'. Padre Lewis descreveu-a como uma fina senhora de excelente conceito na comunidade, mãe de um sacerdote episcopal e membro de um grupo de oração carismático de composição eclética, o qual se reunia numa casa logo em frente a sua igreja” (C.N.P., Pág. 16).

4─ Continua a narrar a sra. Mansfield: “Sou profundamente grata à Flo dodge, que reside atualmente em Lower Burrel, Pensilvânia, por ter-me provido com o relato documentário que será feito a seguir, referente ao seu grupo de oração, o qual deu origem a uma tão poderosa atuação do Espírito Santo entre os católicos. Flo dodge, que é Presbiteriana, foi legitimamente batizada no Espírito Santo em 1962 ...

Flo havia se sentido induzida a formar um grupo de oração, entre dois anos e meio à três anos, antes da famosa visita dos professores (n.c: Católicos) de Duquesne. Naquela época, ela conciliava a sua ativa atuação em sua igreja, com as responsabilidades de diretora de treinamento de uma grande loja de departamentos de Pittsburg. O Senhor havia trazido, uma a uma, para as reuniões de oração da casa de Flo, mulheres das mais variadas denominações cristãs, de quem Ele cuidava maravilhosamente. As vezes alcançava a 30, o número de participantes, mas havia um grupo central permanente de sete mulheres que tinham sido batizadas no Espírito Santo.

Flo dizia que o Senhor havia treinado para a intercessão este grupo central, e o havia posto sob uma estreita disciplina. Elas mantinham uma profunda unidade no Espírito Santo, que se movia em seu meio, e estavam sendo preparadas, em preces e jejuns, a serem obedientes e dóceis em grau máximo, ao Espírito Santo.

Em outubro de 1966, o Senhor induziu Flo, em oração, a ler todo o capítulo 48 de Isaías. Ela pressentiu que ali havia uma importante mensagem para o grupo de oração...

Flo sentiu que nesta passagem o Senhor estava chamando atenção para 4 coisas, sobre as quais confessou na reunião do grupo de oração, a saber: primeiro, o que Ele estava fazendo era algo de novo. Segundo, eles não deveriam dizer nunca 'meu ídolo fez isso'. Terceiro, um processo de refinamento estava em pleno curso. E, quarto, ninguém deveria macular a glória de Deus, deixando-se mover pela carne em vez de pelo espírito. Quando em retrospecto, ela percebeu como o Senhor estava preparando este grupo para o papel que viria a cumprir, trazendo para os católicos o Batismo no Espírito. É evidente que Deus tinha em sua providência um plano para eles, do qual não tinham noção naquela época...

Pouco depois da reunião de 13 de Janeiro de 1967, Flo recebeu um telefonema da mulher episcopalina que se havia encontrado com os professores de Duquesne. Estava muito entusiasmada aquela irmã em Cristo, e ansiosa para que algo especial fosse feito na noite da visita dos católicos. Flo achou que o grupo precisava ser preparado em oração e, no restante, proceder como de costume. Mas, ao desligar o telefone, dirigiu-se a Deus para saber o que estava acontecendo, e se deveria ou não convocar o grupo central. Ela se recorda que pareceu-lhe ter-lhe dito o Senhor: 'Peça-lhes que façam jejum e rezem, e sejam conduzidas pelo Espírito Santo e um evento histórico acontecerá'.

Quatro visitantes de Duquesne chegaram na casa de Flo, à rua Chapel Drive, 25, em North Hills. O grupo era formado pelos 2 professores, já aqui mencionados, a esposa de um deles, e mais um outro instrutor de Teologia, Patrick Bourgeois. Flo se lembra que quando a sua mãe abriu a porta, naquela noite, e viu os homens, ela sentiu de imediato um amor profundo por eles, e os recebeu como seus filhos. Todos se acolheram com um forte abraço. O Senhor transmitiu à mãe de Flo o sentido da integração no Espírito Santo que Ele desejava fazer. O amor do Senhor desceu a todo o grupo e perdurou por toda a noite.

Flo foi profundamente tocada ao ver naqueles dois homens que vinham jejuando e orando por uma renovação com a presença do Espírito Santo, a vontade de alimento espiritual. O instrutor de Teologia comentou para a amiga de Flo, como ele estava surpreso com a percepção profunda na discussão dos assuntos bíblicos, revelada pelos leigos presentes à reunião. Esta prosseguiu como de costume, com o canto de hinos, preces de improviso, curtos testemunhos, compartilhamento de trechos da Sagrada Escritura e preces em línguas.

Era habitual que ao aproximar-se o final da reunião de oração, fosse colocada uma cadeira no meio da sala para que, ali, se sentasse alguém que desejasse que o grupo orasse, para que fosse atendida alguma necessidade especial. Mas, naquela noite, Flo sentiu que o Senhor desejava que esse costume fosse evitado. Ela lembrou-se daquela passagem de Isaías 48: 'A Minha glória, não a darei a outrem'. Flo dispôs-se a observar à ordem do Senhor para que não houvesse imposição de mãos naquela noite. Era importante que nenhum dos membros do grupo de oração fosse dado o crédito, para assim dizer, por ter sido aquela pessoa que impôs as mãos nos visitantes católicos durante o Batismo no Espírito Santo.

Mas, ao tentar levar a reunião ao seu encerramento, o professor de História de Duquesne deu um salto e levantou-se. Flo Dodge recorda-se vividamente que ele a alcançou com um movimento da mão como que para detê-la e disse: ó, não, não faça isso, eu venho esperando há muito tempo por esta ocasião. Eu vim para receber o Batismo no Espírito Santo e não sairei daqui até que o tenha” (C.N.P., Págs. 17-19).

5─ “Flo pediu, então, a Jim Prophater, um artista comercial que aconteceu de ter vindo àquela noite, com sua esposa, que se reunisse a sós com o professor para se certificar de que ele estivesse mesmo preparado, e em condições de receber o Batismo no Espírito Santo. Segundo o relato de Flo, Jim pediu-lhe que expusesse o que acreditava com referência a Jesus Cristo. O professor respondeu que ele amava o Senhor com todo o seu coração e que estava ansioso para receber mais do seu Espírito Sagrado.

Todos os presentes deram-se as mãos, fazendo um círculo e Jim Prophater ofereceu uma prece singela, pedindo ao Espírito Santo que viesse. Flo recorda-se que Jim disse: 'Senhor, Tu conheces o seu coração e a sua necessidade. Derrama sobre ele o Teu Espírito transbordante, a fim de que fique pleno de Ti'. Ela disse que podia sentir o Espírito Santo descendo sobre o professor, mesmo que não estivesse ele rezando em línguas e não houvesse ninguém imposto as mãos sobre ele, mas havia uma tão poderosa energia naquela sala, naquela noite, que cada um dos que ali estiveram recebeu o acréscimo de uma partícula de Deus. Com espírito festivo de alegria, cada um de pé, deu graças ao Senhor pelo que Ele estava fazendo...” (C.N.P., Págs. 19-20).

6─ “Na sexta-feira seguinte, dia 20 de Janeiro de 1967, dois daqueles quatro católicos retornaram a casa de Flo em Chapel Hill. O instrutor de Teologia assim compartilhou, em carta aos seus amigos as suas impressões sobre aquela segunda reunião: Dos quatro de nós que comparecemos à primeira reunião, por diversos motivos, somente Patrick Bourgeois, meu colega instrutor no Departamento de Teologia, e eu, pudemos participar da reunião seguinte. Nós lá voltamos, e dessa vez encontramos as orações e a discussão, focalizada na Epístola aos Romanos. A única forma de expressar como nós nos sentimos com respeito a essa discussão é que ela não foi toldada por temas relacionados com a Reforma.

Eles não estavam afirmando nada que eu sentisse que fosse um problema. Foi uma pujante reunião eclética, desligada de quaisquer denominações. Ela se concluiu quando Pat e eu pedimos para receber o Espírito Santo em oração.

Eles, então, se desmembraram em grupos diversos para poderem orar por várias pessoas. A mim, simplesmente, pediram que fizesse um ato de fé, para que o poder do Espírito Santo atuasse sobre mim. Eu comecei rapidamente a falar em línguas. Não foi nada particular, espetacular, ou engrandecedor. Eu senti uma paz interna, e pelo menos desta vez, realizado na oração... depois, eles trouxeram comida e tivemos uma festinha” (C.N.P., Pág. 21).

7─ “Na semana seguinte, o professor cujo relato acaba de ser lido, rezou com imposição de mãos juntamente com sua esposa e o professor de História. E receberam, também, o Batismo no Espírito Santo” (C.N.P., Pág. 22).

8─ “Um registro interessante, é o de que o reverendo Dom Basham escreveu: 'E eu encontrei-me louvando a Deus, que tomou, inicialmente, o que começou como uma simples prece de fé para dois jovens sinceros que estavam em busca de maior presença Dele, e parece estar tornando isso num renascimento espiritual de grandes proporções, entre os futuros líderes da Igreja Católica Romana'” (C.N.P., Pág. 23).

9─ “O Pe. Eduardo O'connor, C.S.C., encontrou-se quase por acaso com este professor de Duquesne, em sua visita a South Bend. Eis o seu comentário sobre o encontro: 'Ele não disse uma palavra sequer sobre os acontecimentos pentecostais ...'” (C.N.P., Pág. 24).

10─ “O instrutor de Teologia (n.c: um dos fundadores da Renovação Carismática) escreveu uma carta a um amigo, na qual descreve a sua experiência do Batismo no Espírito Santo e do grupo carismático de oração. A carta é datada de 11 de Fevereiro de 1967 – uma semana, exatamente, antes do (n.c: retiro de) fim de semana de Duquesne (n.c: onde a sra. Mansfield participou, e que erradamente, se qualifica como marco inicial da Renovação Carismática ). Na carta o professor diz o seguinte:

'Minha esposa começou a falar em línguas, quando fiz a imposição de mãos e rezei sobre ela, 2 dias somente, após ter a mesma coisa sido feita para mim numa reunião de oração...

Como eu relaciono tudo isto com o meu Catolicismo, torna-se, certamente, óbvio, à luz do que foi dito por mim acima. Nada que eu dissesse poderia ser melhor sumarizado do que o seguinte: que eu considero São Tomás de Aquino, a Liturgia Romana e a vida dos Santos, componentes relevantes e necessários à nossa realização religiosa... Em segundo lugar, eu relaciono o Batismo no Espírito Santo e a Crisma da forma seguinte: o nosso Sacramento da Crisma produz efeitos semelhantes aos do Batismo no Espírito Santo, no Novo Testamento... Se um católico crismado vem a ser transformado num contexto renovador como ocorreu conosco, isto nada mais é que uma revivescência da Graça do Sacramento... Terceiro, numa perspectiva ecumênica, este seria um caminho aberto pelo Espírito Santo para nos conduzir à Unidade de uns com outros. Todas as pessoas que encontramos no grupo de oração, são atuantes em suas respectivas igrejas; não encontramos nelas nenhum espírito sectário, nenhum repúdio à igreja institucional de maior porte. Nós estamos aprendendo uns com os outros no sentido mais profundo e, também no sentido mais profundo, nós precisamos uns dos outros, e, ao mesmo tempo eu descobri três horas por semana em minha vida, em que desaparecem todas as divisões entre as igrejas, e eu me vejo ficando mais e mais integrado na Igreja Católica'” (C.N.P., Págs. 24-25).

Breve Comentário

Patty Galagher Mansfield na Canção Nova

E os católicos continuaram frequentando o culto Protestante. Eis aí o novo “Pentecostes” (cfr. Ofensiva Nacional, Pág. 11); eis aí os novos “Atos dos Apóstolos”; eis aí a origem “Católica” da Renovação Carismática (cfr. Ofensiva Nacional, Pág. 12); eis aí “os chamados pancristãos” (Pio XI, Carta Encíclica “Mortalium Animos”, de 6/1/1928); eis aí “uma religião mais universal do que a Igreja Católica, reunindo todos os homens tornados, enfim, irmãos e camaradas no Reino de Deus” (São Pio X, Carta Apostólica “Notre Charge Apostolique”, de 25/8/1910); eis aí o funesto Indiferentismo Religioso, “o grande erro do tempo presente, que consiste em relegar para a categoria das coisas indiferentes o cuidado da Religião, e em colocar em pé de igualdade todas as formas religiosas. Ora, por si só, esse princípio basta para arruinar todas as religiões, e particularmente a Religião Católica, porquanto, sendo a única Verdadeira, não pode Ela, sem sofrer a última das injúrias e das injustiças, tolerar lhe sejam igualadas as outras religiões” (Leão XIII, Carta Encíclica “Humanum Genus”, de 20/4/1884). “Eles caminham, pois, ao revés da Doutrina Católica, para um ideal condenado... O sopro da Revolução passou por aí...” (São Pio X, ob. cit.). É contra estes com certeza que nos foram dirigidas as seguintes advertências: "Nisso deveis empenhar assíduo cuidado e toda diligência, vigiando com todos os meios, para que homens enganadores e sustentadores de novidades não continuem a difundir entre vossa grei doutrinas errôneas e falsos princípios e, dando a costumeira desculpa de defesa do bem" (Papa Gregório XVI, Carta Encíclica "Cum Primum ad aures", de 9/6/1832). A razão iluminada pela Fé nos ensina que, não pode ser o sopro do Espírito Santo, o bafo pestilento da Heresia.

“O novo Código de Direito Canônico de 1917 mantém firme a proibição da 'Communio in sacris', isto é, de se tomar parte em atos de outra religião. Os católicos não podem tomar parte ativa em culto acatólico (como que aprovando e prestigiando a religião estranha)” (J. P. Junglas e Frederico Tillmann, “Luz e Vida, Curso Superior de Religião – A Igreja”, Vol. I, Cap. I, Art. II, nº 2).

O Concílio Vaticano II ensina, que a Comunicação em coisas sagradas “em algumas circunstâncias especiais, como por ocasião das orações prescritas 'pro unitate' e em reuniões ecumênicas, é lícito e até desejável (isto, debaixo da orientação e dos cuidados da Igreja, através da autoridade dos Bispos). Todavia, não é lícito considerar a intercomunhão como um meio a ser aplicado indiscriminadamente na restauração da Unidade dos Cristãos. Esta comunhão depende precipuamente de dois princípios: da Unidade da Igreja que ela deve significar e da participação nos meios da Graça. A significação da Unidade proíbe, na maioria das vezes, a intercomunhão. A busca da Graça, às vezes, a recomenda” ( Decreto “Unitatis Redintegratio”, nº 8).

“A intercomunhão, que ofende a Unidade da Igreja ou inclui adesão formal ao erro ou perigo de aberração na Fé, de escândalo e de Indiferentismo, é proibido por Lei Divina” (Decreto “Orientalium Ecclesiarum”, nn. 26, 29 ).

“O réu da Comunicação in sacris (Communicatio in sacris) proibida seja punido com justa pena” (Código de Direito Canônico, Liv. VI, Part. II, Titul. I, de 25/1/1983). Continuemos:

Fim de Semana em Duquesne

Patty Galagher Mansfield na Canção Nova

Farei um brevíssimo resumo do tão famoso final de semana de Duquesne, pois, a origem já foi descrita como vimos acima. O final de semana nada mais é do que, a proliferação da doutrina Pentecostal entre os católicos por católicos.

11─ “No dia 17 de Fevereiro de 1967, sexta-feira, 25 estudantes, aproximadamente, acompanhados pelo Capelão do Campus, que era um Padre da Ordem do Espírito Santo, dirigiram-se para o local do retiro. Junto com eles, para exercerem a função de coordenadores, seguiram também os dois professores (n.c: neo-carismáticos), um deles acompanhado de sua esposa...

Logo (que) aberto o retiro, foi comunicado aos estudantes que,... também estavam intercedendo por eles, durante todo o retiro, os membros do grupo de oração de Chapel Hill. Flo Dodge lembra-se de como estavam animadas todas as mulheres do núcleo central de oração de seu grupo: 'Elas sabiam que Deus ia irromper numa explosão de poder...

Os professores coordenadores haviam convidado, para que participasse do retiro e se dirigisse aos estudantes aquela senhora, plena no Espírito Santo, com quem se haviam encontrado no grupo de oração de Chapel Hill. Sua apresentação versou sobre a realeza de Jesus e sobre o Batismo no Espírito...

... mais tarde, à noite, durante as horas que haviam sido programadas para uma festinha, celebrando o aniversário de alguns dos participantes, foram sendo induzidos a se dirigirem para a capela e experimentaram de forma manifesta, o Batismo no Espírito“ (C.N.P., Págs. 27-29).

12─ Pouco tempo depois do fim de semana de Duquesne, um dos dois professores conselheiros da CHI RHO escreveu uma carta para os seus amigos, pondo-lhes ao corrente sobre “algumas coisas maravilhosas...” Eis uma transcrição da sua carta:

“... Isto também nos coloca numa atmosfera ecumênica, no melhor sentido. Em quase todas as noites de sexta-feira, nós vamos a uma reunião de oração, juntamente, com Anglicanos, Presbiterianos, Metodistas, Luteranos e Pentecostais. E durante três horas todas as diferenças sectárias são reduzidas a zero, sem que tenhamos que ceder um só milímetro em nosso Catolicismo Romano.

O Pessoal mais prestativo que nos ajudou na orientação espiritual dos estudantes foram dois Pentecostais, um leigo e seu pastor. Eles são, realmente, pessoas notáveis. E toda essa conversa que temos ouvido sobre emocionalismo, etc., é um monte de insensatez, pelo menos no que se refere à Assembléia de Deus.

Eu poderia seguir... e seguir neste assunto, pois a matéria daria para encher um livro. Para resumir numa síntese: um pequeno grupo de Protestantes nos mostrou o que realmente significa ser católico. E mais do que isso: o Espírito de Deus está atuando, poderosamente.

Se você conseguir obter os livros que lhe mencionei (n.c: Pentecostais ), os quais terá condições de encontrar em qualquer boa livraria protestante, você notará que o Batismo no Espírito Santo é geralmente obtido com a imposição das mãos. Eu penso que é somente uma forma sacramental que reativa a Crisma... exatamente como qualquer outro rito sacramental, pode ser um genuíno reativador daquilo que já está presente...” (C.N.P., Págs. 29-30).

13─ “No início de Março (de 1967), o reverendo dom Bashan (Protestante) recebeu uma carta transbordante de boas novas, que lhe enviou Jim Prophater, o artista comercial que havia participado daquela primeira noite, em que os católicos foram à reunião de Flo Dodge. Eis uma parte daquela carta:

'... Você se lembra daqueles dois jovens instrutores de Teologia de Duquesne que receberam o Espírito Santo na casa de Flo Dodge, quando você esteve aqui da última vez? ... Eles pegaram 30 estudantes de Duquesne e os levaram para um retiro de fim de semana, com o propósito de estudarem os quatro primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos. Eles tiveram uma experiência de cenáculo no andar de cima, e vinte deles ou mais receberam o Espírito Santo. De volta ao Campus passaram a orar para que os seus colegas de classe, também recebessem... Eles admitem que têm necessidade de instrução, e nós os estamos ajudando. Na noite de sexta-feira, fomos ouvir os testemunhos de alguns dos estudantes...'” (C.N.P., Pág. 31).

14─ “Como mostra a carta de Jim Prophater, pelo menos durante algumas semanas após o fim de semana, alguns dos professores e dos alunos da Universidade compareceram às reuniões de oração na casa de Flo, e tiveram a verdadeira percepção da Unidade Cristã sob o poder do Espírito Santo. Também houve ministros (n.c: Protestantes) repletos do Espírito, que passaram por Pittsburg e estiveram com os estudantes. O mais notável destes ministros foi o reverendo Harald Bredesen, que é um pioneiro do Movimento Neo-Pentecostal. Um grupo (de católicos) de Duquesne chegou a passar o verão seguinte com o reverendo Bredesen em Mt. Vernon, Nova Iorque, num evento ecumênico de comunhão fraternal e ministério” (C.N.P., Pág. 31).

15─ “Na segunda-feira, dia 13 de Março, um outro grupo composto principalmente por aqueles que haviam recebido o Batismo no Espírito Santo, na semana anterior, acrescidos de uns poucos recém-chegados, compareceram a uma reunião de oração na residência de Ray Bullard, em Mishawaka. Ray era presidente de uma Fraternidade Internacional de Homens de Negócios, denominada Homens de Negócios do Evangelho Pleno... Ray tinha convidado alguns ministros pentecostais para virem encontrar-se com os católicos naquela noite. Antes que tivessem terminado a reunião, a maioria dos católicos já havia orado em línguas. Eles também fizeram questão de deixar claro que não tinham intenção de se tornarem católicos, quando isso lhes foi perguntado. Mais tarde começaram a realizar-se, regularmente, em Notre Dame, encontros católicos carismáticos de oração... e espalhou-se a notícia de que este novo fogo pentecostal estava ardendo no Campus... e o Movimento Pentecostal na Igreja Católica, como era então chamado, começou a propagarse” ( C.N.P., Págs. 32-33).

16─ “Logo depois da Páscoa, recebemos uma nova visita no Campus de Duquesne, do reverendo Harald Bredesen, um pioneiro do Movimento Neo-Pentecostal, desde o tempo que recebeu o Batismo no Espírito Santo, em 1946. Conquanto não tivéssemos avaliado na ocasião, o nosso grupo de Duquesne, tinha já um débito para com o pastor Bredesen, por motivo da sua atividade corajosa, ao testemunhar, desde tanto tempo, o envio do Espírito Santo e a sua atuação... era, portanto, justo que o pastor Bredesen viesse ver os frutos do seu trabalho apostólico... uma sala cheia de garotos católicos incendiados pelo Espírito Santo. Ele ficou deliciado” (C.N.P., Pág. 61).

17─ Confessa a sra. Mansfield: “Para minha vida, a visita de Bredesen teve grande significação. Ele ensinou-me a discernir a profecia pessoal, e como saber se, o que estamos escutando é a voz de Deus ou nossa imaginação. Harald contou-nos que tinha tido uma profecia pessoal que lhe indicou a mulher com quem deveria se casar. O único problema foi que ele estava apaixonado por outra! ... Explicou-nos que as decisões não são tomadas com base em uma só profecia pessoal. O que ocorre é que, geralmente, a profecia pessoal é uma preparação ou uma confirmação de alguma coisa, que está se desenvolvendo simultaneamente com outras muitas indicações de que o assunto é de Deus.

Vinda de um homem que já se movia por muitos anos em convivência com os dons do Espírito Santo, esta era para nós, uma importante lição. Haviam-se formado em Duquesne, no nosso reduzido grupo de jovens homens e mulheres, alguns pares, unidos em romance depois do fim de semana de Duquesne, muitos de nós, estávamos recebendo ou julgávamos estar recebendo palavras do Senhor, de que X deveria casar com Y, ou Y deveria casar com Z, ou X deveria ser Padre, ou Y deveria tornar-se freira. Abrir caminho através de todas essas revelações contraditórias, era um exercício complicado. Foi onde, fez-se útil a ajuda de Harald Bredesen, ensinando-nos a utilizar adequadamente algumas regras necessárias ao Discernimento” (C.N.P., Pág. 62). Nas páginas 64, 69, 89, 96, 155, 200, 202, 207, etc., existem outros desses “discernimentos” (Nota do Compilador).

18─ Peter Collins testemunha: “Como muitos outros que começaram a ler o livro 'Eles falaram em outras línguas' (n.c: Pentecostal), eu logo senti que não podia parar de ler. Com poucos capítulos de leitura, eu já tinha sido forçado a admitir que havia um grande número de cristãos, que ainda estão vivos, nos dias atuais, que estavam recebendo os dons do Espírito Santo, e que estes cristãos se encontravam em qualquer igreja que se possa imaginar, de denominação cristã, confessional, eucarística ou não, ou simples seita...” (C.N.P., Pág. 148).

19─ “... Preparando-nos para este encontro, lemos os Atos dos Apóstolos e um livro intitulado 'A Cruz e o Punhal', de autoria de Davi Wilkerson (n.c: Pentecostal)” (C.N.P., Pág. 3).

20─ “Dentre os fatores que levaram, diretamente, à experiência do Batismo no Espírito Santo, homens como Ralph, Steve e sua rede de amigos de Notre-Dame, Duquesne e dos Cursilhos, coube um papel-chave a dois despretensiosos livros editados em brochuras. Um deles é a 'Cruz e o Punhal', escrito por Davi Wilkerson com John e Elizabeth Sherrill, publicado originalmente em 1963. O outro é 'Eles falaram em outras línguas', escrito por John Sherrill e publicado originalmente por Mc Graw Hill em 1964” (C.N.P., Pág. 13).

21─ “É de grande interesse para os católicos conhecerem a história de como estes dois livros vieram a ser conhecidos nos seus círculos, ficando mais uma vez demonstrado o quanto nós, católicos, devemos aos nossos irmãos protestantes e pentecostais ...” (C.N.P., Pág. 14).

Observações Teológicas

"O Pe. João-René Bouchet especializou-se em Patrística Grega. Pregador, assistente espiritual de monjas na França, manteve contatos ecumênicos e freqüentou grupos de oração e Renovação Carismática.

Nas observações que faz, ele aponta os grupos, todos unidos pela 'experiência de oração', porém, diferentes pelas 'teologias' subjacentes a esta 'experiência'.

Todos, inegavelmente, diz ele, contribuíram 'para despertar na teologia e na espiritualidade católica o sentido da pessoa e da ação do Espírito Santo' (cfr. Le Renouveau charismatique interpellé, p. 20). E é de se lembrar, também, o papel que desempenharam esses grupos 'na descoberta, por parte dos leigos, de seu lugar na Igreja' (Ibid., p. 21).

Entretanto, nos grupos, estes efeitos são condicionados à experiência inicial, indispensável, de uma 'efusão do Espírito Santo' ou 'batismo no Espírito' em que o participante tem que 'estar disposto a receber, ao mesmo tempo que a efusão do Espírito, os carismas que o Senhor lhe quererá conferir. A recusa dos carismas, em particular do dom de línguas, representará um sinal de 'bloqueio', portanto, de desejo incompleto de conversão' (Ibid., p. 23).

Este 'batismo do Espírito' é conferido mediante imposição das mãos de todo o grupo, por entre preces longas de ação de graças, de profecias, de forma a se constituir num 'rito', do qual a pessoa sai libertada e possuída dos carismas, especialmente o de falar em línguas.

Magismo e Manipulação

Há, assim, um como 'fato mágico' na 'efusão do Espírito Santo', resultante da imposição de mãos dos participantes do grupo. E, além do mais, os carismas admitidos são exteriores, os mesmos das Assembléias de Deus. 'Quando se fala de carismas nos grupos da Renovação – escreve Bouchet - trata-se, antes de tudo, de manifestações exteriores tais quais as encontramos nas Assembléias de Deus, a saber, as línguas, as profecias, a cura, a libertação do maligno'.

Observa ainda esse autor que percebeu, não raro, uma como 'manipulação' dos iniciados do grupo, a fim de fazê-los crer estarem possuídos de tais carismas.

Bouchet registra fatos por ele presenciados na França. Também nós pudemos averiguar – pelo menos no início da Renovação Carismática entre nós - casos iguais.

Avaliando este processo carismático, desde os meus primeiros contatos com a Renovação, fiz notar um erro doutrinário inaceitável: o 'batismo do Espírito', ali recebido pela imposição de mãos de um grupo, põe totalmente de lado o valor do Sacramento do Batismo já recebido pelos participantes do grupo e desconhece que a santificação do Espírito Santo não pode resultar de filiar-se ou não à Renovação Carismática.

Importa, ainda, relembrar que carismas são, antes de tudo, 'dons interiores para o serviço da Igreja' e não 'dons maravilhosos' de falar línguas e operar curas.

A formação teológica do nosso clero não pode aceitar esta malversação ou mesmo falsificação dos 'carismas'. Da mesma forma, não consegue aceitar a insistência do método dos líderes carismáticos, que geram uma ilusão psíquica, quando não fanatismo, em torno de 'orar em línguas', 'exorcizar' e 'curar'.

Tudo isto, sem falarmos da exuberância de murmúrios, gritos de 'aleluias', gesticulação em 'frenesi', que torna o ambiente do grupo efetivamente ridículo...

Concluindo:

Queremos encerrar com a conclusão final do Pe. Bouchet:

'Outros pontos haveria ainda a examinar na Renovação Carismática, segundo nosso modo de ver e que manifestam sua dependência concreta relativamente ao Pentecostalismo Histórico: basta-nos lembrar, ao terminar, o agarramento fundamentalista à Bíblia, raramente de bom quilate. Em tudo isso, parece-nos necessário realizar um discernimento'. E, enfim:

'Tal qual se nos apresenta, a Renovação Carismática parece requerer uma purificação espiritual a fim de ser acolhida sem reticências na Igreja Católica' (Ibid., pp. 44-45)(D. Antônio Afonso de Miranda, S.D.N., "O que é preciso saber sobre a Renovação Carismática", pp. 45-48, Ed. Santuário, Aparecida-SP, 1993).

Tendências Semi-Quietistas

"Encontram-se às vezes em certas obras de piedade, aliás excelentes, tendências mais ou menos quietistas que, se servissem de regra de direção para as almas ordinárias, conduziriam a abusos.

O erro principal, que se insinua..., é que parece inculcarem-se a todas as almas, até mesmo às que estão pouco adiantadas, disposições de passividade, que não convém em realidade senão à via unitiva. Pretende-se chegar cedo demais a simplificar a vida espiritual, esquecendo que, para a maior parte das almas, essa simplificação não se pode fazer utilmente senão depois de haverem passado pela meditação discursiva, pelos exames de consciência esmiuçados, e pela prática das virtudes morais. É o excesso de uma boa qualidade; querem-se tornar perfeitas as almas o mais rapidamente possível, suprimindo os estádios intermédios e sugerindo desde o princípio os meios que dão bom resultado às almas mais adiantadas...

Insiste-se também demais sobre o lado passivo da piedade: deixar a Deus operar em nós, lançar-se nos seus braços, sem acrescentar que Deus não o faz geralmente senão quando, durante muito tempo, nos exercitamos na piedade ativa.

Quando se vem a tratar dos meios de santificação, propõem-se quase exclusivamente os que convém à via unitiva: critica-se, por exemplo, a meditação metódica e dividida em compartimentos, como a chamam; as resoluções particulares, que, dizem, quebram a unidade da vida espiritual; os exames de consciência esmiuçados, que se querem substituir por um simples olhar. Mas esquecem que os principiantes não chegam geralmente à oração de simplicidade senão pela oração metódica, que, para eles, as resoluções gerais de amar a Deus de todo o coração necessitam de ser precisadas e que, para conhecer e reformar os próprios defeitos, é necessário entrar em minudências: expostos demais estão eles a contentar-se de um olhar superficial sobre si mesmos, que deixará subsistir as suas paixões e fraquezas.

Numa palavra, esquece-se demasiado que há vários estádios que percorrer, antes de chegar à união com Deus e ao estado passivo" (Ad. Tanquerey, "Compêndio de Teologia Ascética e Mística", nn. 1487-1488, pp. 806-807, 5ª edição, Porto, 1955).


Conclusão

Como vimos ao longo deste trabalhinho, o critério fundamentalista na interpreta­ção da Es­critura Sagrada, a ignorância doutrinária, embala­das e impulsionadas por doutrinas pente­costais, foram e continuam a ser em grande parte os genito­res e mantenedo­res de todos os desvios na Renova­ção Carismática, inclusive da própria ori­gem e fun­dação deste Movimento. As suas Teses fundadas em razões teológicas, não tem ne­nhuma raiz na Tradição.

Existe Algo de Bom e de Proveitoso Neste Movimento?

Sim! Existem muitas qualidades que, bem expurgadas dos erros protes­tantes e ador­nadas com a bi-milenar Tradição Doutrinária Católica exalarão em muitíssi­mos e agradabilíssimos odo­res de novas primaveras de virtudes para a Igreja.

As pessoas que se encontram na Renovação Carismática, o estão (a grande maioria) com inten­ção reta. Se estão fazendo as coisas erradas, é porque assim o foram ensinadas. Bas­ta mostrar-lhes o caminho reto e seguro, e as ferramen­tas necessárias para bem percorrê-lo, e elas, automaticamente, obedecerão e percorrerão, “a fim de que em todas as coisas Deus seja glorifi­cado por Jesus Cristo” (I Ped. 4, 11).

Mais uma vez eu afirmo que, a finalidade principal deste pequeno trabalho não é senão a de lan­çar um pouco de luz no meio da densa escuridão do século presente; século este de igno­rância religiosa, de incredulidade, de aposta­sia da Fé Católica, de paganismo, de satanis­mo e sensualismo desregrado.

Espero ter contribuído de alguma maneira para ilustrar pelo menos uma única mente, so­bre o as­sunto presentemente tratado. Sei que um coração reto, uma alma sincera e uma consci­ência que plana pela verdade, encontrará neste trabalhinho manancial suficiente para rever os seus atuais conceitos so­bre a dita matéria.


Termino com esta belíssima, brevíssima e substanciosa oração:


Senhor, luz e mais luz,
enviai a vossa luz,
dissipai as minhas trevas,
abri os meus olhos;
porque sem sermos esclarecidos,
não podemos evitar os precipícios
e nem achar a Deus”

(Santo Afonso Maria de Ligório).

Fonte: Acessar o ensaio "Elucidário sobre o Dom das Línguas" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".
 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Medjugorje, a História Definitiva.


(I)

Credibilidade das Mensagens.

As mensagens de Medjugorje são, na maioria das vezes, de uma banalidade ímpar e poderiam ser compiladas por qualquer criança de 10 anos com um conhecimento mínimo de orações e devoções tradicionais e de doutrina. Eis um exemplo típico de mensagem (publicada no dia 6 de outubro de 1996):

Medjugorje

Medjugorje
Queridas crianças, hoje eu vos convido a oferecer suas cruzes e sofrimentos pelas minhas intenções. Filhinhos, eu sou sua mãe e quero ajudá-los a alcançar a graça de Deus. Filhinhos, ofereçam seus sofrimentos como um dom de Deus de modo que eles se tornem a mais linda flor de alegria. Por isso, filhinhos, rezem para que vocês possam compreender que o sofrimento pode se tornar alegria e a cruz, o caminho para a alegria. Obrigada por atender meu chamado.
Pode-se notar que é normal oferecer orações, sofrimentos e alegrias de cada dia pelas intenções de Nosso Senhor através do Imaculado Coração de Maria, e não pelas intenções de Nossa Senhora.
Desejo lhes transmitir mensagens de uma forma inédita na história.[1]
Dificilmente alguém poderia negar que a “aparição” ocorre sempre que um dos visionários deseja é, certamente, algo inédito na história.
Rezando, vocês me ajudaram a realizar os meus planos. Implorarei de meu Filho que todos os meus planos sejam realizados. [2]
Filhinhos, sem vocês eu não posso ajudar o mundo. [3]
Isso significa que a intercessão da nossa Advogada cheia de graça depende totalmente dos videntes de Medjugorje?
 Deixarei um sinal para os infiéis.
Este é um desenvolvimento interessante, pois, como demonstrarei mais tarde, o sinal prometido tinha, originalmente, a intenção de provar a veracidade das aparições para os fiéis.
Filhinhos, eu quero que vocês vivam e mudem toda a negatividade interior, de modo que tudo se torne positivo e vivo.  [4]
Esta mensagem parece ter vindo direto de um manual Nova Era. Algumas mensagens são de ortodoxia dúbia. No dia 1º de outubro de 1981, a aparição anunciou: “Para Deus, todas as religiões são iguais”, usando a palavra croata “iste”. Numa declaração mais detalhada, a aparição insiste que todas as religiões são iguais:
Só há um Deus para todos, mas as pessoas inventaram [5] várias religiões. Meu Filho é o único Mediador e Salvador de todas as pessoas, mas, do modo que vejo, as pessoas vivem bem se elas praticam bem as suas religiões, se elas seguem as suas consciências.
Nossa Senhora está dizendo aqui que a religião Católica foi inventada pelos homens? Como uma religião que foi fundada pela encarnação de Deus pode ser colocada no mesmo nível que as religiões inventadas pelos homens?

Medjugorje depois de 21 anos – 1981-2002 – A História Definitiva, Michael Davies. Tradução de Patrícia Medina.


[1] R. Franken, A Journey to Medjugorje (1999),  p. 36
[2] Ibid.
[3] Ibid.
[4] Franken, p.37
[5] Nota da Tradutora: a expressão utilizada originalmente foi “conjured up”. O verbo traduz-se por “fazer truques” ou “fazer aparecer”, ou ainda, “intentar por meio de conspiração. Conspirar, tramar, maquinar. Insurgir-se, rebelar-se”. Uma outra forma de traduzir a infame frase seria: “as pessoas maquinaram várias religiões”.


 (II)

A defesa de um Padre imoral.

Os "videntes" de Medjugorje.

 Os "videntes" de Medjugorje.

Antes de expor a documentação para provar a falsidade das supostas aparições, lhes darei dois exemplos do grau de credibilidade que deveria ser dado aos ditos videntes de Medjugorje. O primeiro incidente foi documentado numa declaração do Monsenhor Zanic [então bispo diocesano de Medjugorje] de 1990, que foi impressa em sua totalidade em maio de 1990.  Essa declaração diz respeito a um padre franciscano, expulso da Ordem Franciscana por uma ordem direta do Papa João Paulo II. Padre Vego seduziu uma freira, irmã Leopolda e, quando ela engravidou, ambos abandonaram a vida religiosa e começaram a viver juntos perto de Medjugorje, onde o filho dos dois nasceu. Eles agora têm dois filhos.

Mas, antes disso, o padre Vego se recusou a aceitar a sua expulsão e continuou a celebrar Missa, a administrar os sacramentos e a conviver com sua amante. Mas por que mencionar este fato desagradável? O motivo é que os videntes alegaram que Nossa Senhora apareceu a eles 13 vezes afirmando que o padre Vego era inocente, que ele tinha direito de celebrar Missa como qualquer outro padre e que o bispo era duro demais!

Qualquer leitor com uma verdadeira noção do ser católico, um sensus catholicus, não precisará ler mais nada para perceber a amplitude da desonestidade dos videntes, uma desonestidade que não pode ser desculpada com base na defesa de que eles foram manipulados por seus mentores franciscanos. Que credibilidade pode-se dar aqueles que alegam que a Mãe de Deus lhes disse repetidamente que um padre imoral, expulso de sua Ordem por ordem do próprio Papa, é inocente, e que o bispo, que agiu da única forma adequada, é a parte culpada?! E como um teólogo supostamente respeitável, como o padre René Laurentin, que ganhou muito dinheiro com livros sobre Medjugorje, reage quando confrontado com tais fatos? O Monsenhor Zanic nos dá a resposta. Laurentin implorou a ele que não publicasse os detalhes do incidente.

Monsenhor Zanic afirmou que esta tem sido a posição consistente do padre Laurentin – esconder a verdade e defender a falsidade. Apesar da verdade sobre o Padre Iviva Vego não poder mais ser negada, seu livro de orações ainda é vendido em Medjugorje e em outros lugares às centenas de milhares de cópias!  Os propagandistas de Medjugorje ainda insistem que Ivica Vego é a parte inocente e que o bispo é o culpado. A “prova” que os defensores têm é que Nossa Senhora supostamente disse para Vicka que este é o caso e, no que lhes diz respeito, qualquer afirmação da vidente Vicka é uma verdade auto-evidente. Num livreto pró-Medjugorje publicado em 1991, Nossa Senhora supostamente diz o seguinte, no dia 3 de janeiro de 1982:

Ivica não é culpado. Que ele mantenha a fé ainda que seja expulso. Eu não cesso de repetir, “paz, paz, paz” e, no entanto, a agitação aumenta. Ele não é culpado (Nossa Senhora repetiu isso três vezes). O Bispo não mantém a ordem. É por causa disso que ele é responsável. A justiça que vocês não viram, voltará. [1]

Medjugorje depois de 21 anos – 1981-2002 – 
A História Definitiva, Michael Davies. Tradução de Patrícia Medina.


[1] Bishop Zanic – What Went Wrong? (Saint James Publishing, P.O.Box 380244 – Birmingham, Alabama), p.5.


(III)

Fraude Filmada.

O ex-padre Vego teve um papel importante no segundo incidente. Os “videntes” e seus manipuladores franciscanos mantiveram, de forma consistente, que durante os seus “êxtases” eles ficavam imóveis e sem comunicação com o mundo exterior. No dia 14 de janeiro de 1985, um cinegrafista francês chamado Jean-Louis Martin quis testar tal afirmação enquanto os “videntes” diziam estar em êxtase na Igreja de são Thiago. Ele fez um movimento brusco com seus dedos em direção aos olhos de Vicka Ivankovic. Vicka teve um sobressalto e jogou a cabeça para trás. Felizmente, todo o fato foi filmado e eu possuo o vídeo que mostra o incidente em câmera lenta. A menina saiu da sala e voltou alguns minutos depois acompanhada por ninguém menos que seu velho amigo Ivica Vego vestindo um belo casacão azul. Vego estava no comando da situação e deu a maior parte das explicações. O fato de ele estar ainda tão envolvido com os videntes, mesmo depois de ter sido expulso de sua ordem, é de grande importância. A explicação apressadamente fabricada que Vego instruiu Vicka a dar é a seguinte:
Quando eu cheguei à capela, eu vi Jean-Louis, vi todas as pessoas, mas quando o êxtase começou, eu não vi nada além da Virgem Maria que trazia o Menino Jesus em seus braços e, naquele momento, eu vi que Jesus iria cair no chão, então eu fiz um movimento para pegar o Menino Jesus para que Ele não caísse no chão.
Dificilmente se pode encontrar um caso mais evidente de mentira. É inconcebível que durante uma aparição de Nossa Senhora com o Menino Jesus, a criança poderia possivelmente escorregar. Se, per impossible, isso aconteceu, é de uma coincidência absurda que vai para além dos limites da credibilidade, além de absurdo ter que acreditar que isso aconteceu no momento exato em que o jornalista fez o movimento em direção aos olhos de Vicka e, finalmente, ainda que ela estivesse falando a verdade, que ela teria se movido se afastando da aparição e não em direção a ela!


dezembro 26, 2011.

Medjugorje depois de 21 anos – 1981-2002 – A História Definitiva, Michael Davies. Tradução de Patrícia Medina.

http://fratresinunum.com/2011/12/26/medjugorje-a-historia-definitiva-iii-fraude-filmada/

Tomás responde: O herege, que não crê em um artigo da fé, pode ter fé informe nos outros artigos?



Gustaf Vasakyrkan, “Os santos triunfam sobre a heresia“, Estocolmo
Parece que o herege, que não crê em um artigo da fé, pode ter fé informe nos outros artigos:

1. Com efeito, o intelecto natural do herege não é mais potente que o do católico. Ora, o intelecto do católico para crer qualquer artigo da fé deve ser ajudado pelo dom da fé. Logo, parece que nem os hereges podem crer alguns artigos da fé sem o dom da fé informe.

2. Além disso, como a fé contém muitos artigos, assim também, uma mesma ciência, por exemplo, a geometria, contém muitas conclusões. Ora, um homem pode ter ciência de certas conclusões geométricas, ignorando outras. Logo, o homem pode ter fé em alguns artigos da fé, não crendo, porém, em outros.

3. Ademais, assim como o homem obedece a Deus para crer artigos de fé, assim também, para observar os mandamentos da lei. Ora, o homem pode ser obediente acerca de alguns mandamentos, mas não acerca de outros. Logo, também pode ter fé em alguns artigos e não em outros.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, como o pecado mortal contraria a caridade, assim também descrer um artigo contraria a fé. Mas, a caridade não permanece no homem depois do pecado mortal. Logo, nem a fé, em quem não crê num artigo.

O herege que descrê de um artigo de fé não tem o hábito da fé, nem da fé formada nem da fé informe. E a razão disso é que a espécie de qualquer hábito depende da razão formal do objeto. Se esta desaparece, desaparece também a espécie do hábito. O objeto formal da fé é a verdade primeira manifestada nas Sagradas Escrituras e na doutrina da Igreja. Por isso, aquele que não adere como a uma regra infalível e divina à doutrina da Igreja, que procede da verdade primeira revelada nas Sagradas Escrituras, não tem o hábito da fé, mas aceita as verdades da fé de modo diferente que pela fé. Como alguém que tivesse em sua mente alguma conclusão sem conhecer o meio que serve para demonstrá-la; é evidente que não tem dela ciência, mas somente uma opinião.

Ora, é claro que quem adere à doutrina da Igreja como à regra infalível, dá seu assentimento a tudo o que a Igreja ensina. Ao contrário, se do que ela ensina, aceitasse como lhe apraz, umas coisas e não outras, já não aderiria à doutrina da Igreja como regra infalível, mas à própria vontade. E assim é claro que o herético que descrê pertinazmente um artigo não está disposto a seguir em tudo a doutrina da Igreja (se, porém, não houver pertinácia, não é herético, mas apenas errado). Daí ser manifesto que o herético sobre um artigo de fé não tem fé a respeito de outros artigos, mas uma certa opinião dependendo de sua vontade própria.

Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:

1. O herege não admite como o fiel os artigos da fé sobre os quais não erra. Este adere absolutamente à verdade primeira, para o que precisa ser ajudado pelo hábito da fé. Mas os admite por sua própria vontade e por seu próprio julgamento.

2. Nas diversas conclusões de uma ciência há diversos meios pelos quais elas são provadas, podendo conhecer-se alguns sem que outros o sejam. Por isso, o homem pode saber algumas conclusões de uma ciência, desconhecendo outras. Mas, em todos os artigos da fé, ele adere por causa de um meio, isto é, por causa da verdade primeira que nos é proposta nas Escrituras, retamente entendida, segundo a doutrina da Igreja. Portanto, quem se afasta desse meio está totalmente privado de fé.

3. Os vários preceitos da lei podem referir-se a diversos motivos próximos; e assim um pode ser observado sem o outro. Ou então, a um motivo primeiro, que é obedecer perfeitamente a Deus; do qual se afasta qualquer um que transgrida um preceito, segundo o dizer da Carta de Tiago: “Quem vier a faltar num só de seus preceitos torna-se réu de todos”.

Suma Teológica II-II, q. 5, a.3

26 dezembro, 2011.

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