Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

SOBRE O SANTÍSSIMO NOME DE JESUS.


O nome próprio do Filho de Deus, feito verdadeiramente homem; e por conseguinte, o nome que compreende e recopila todas as suas grandezas e excelências, é JESUS, que quer dizer SALVADOR: porque o seu ofício, o seu gosto, o seu intento em descer do Céu à Terra, e o seu fim em quantas coisas realizou e padeceu, foi salvar almas.

Pondera, minha alma (assim como souberes), algumas das inumeráveis prerrogativas deste soberano Nome. Em reverência sua, diz São Paulo, que dobram os joelhos os Céus e a terra, e o mesmo Inferno. A Santo Inácio Mártir, se lhe achou escrito no coração. O mesmo Apóstolo São Paulo O tinha tão atuado, e presente no afeto e memória, que O repete em suas Epístolas 235 vezes:1 e quando foi degolado, a sua cabeça deu na terra três saltos, repetindo a cada um, o Nome de JESUS, e abrindo onde tocou, três milagrosas fontes.



Santa Gertrudes, estando no dia da Circuncisão, rezando com grande afeto umas orações em louvor do Nome de JESUS, o Senhor se inclinou a ela, e Lhe imprimiu o mesmo Nome nos lábios, dizendo: Ecce impressiori tuo nomen dulcissimum, et dignissimum, quod palam portabis coram omnibus, et quoties ad illud proferendum, labia movebis, melos suavissimum mihi resonabis.2 Eis, aqui imprimi na tua boca o Meu digníssimo e dulcíssimo Nome, que pregarás publicamente diante de todos, e cada vez que moveres os lábios para O pronunciar, será para Mim uma música suavíssima. E acrescenta a Santa, que lhe parecia ter escrito espiritualmente com letras vivas no lábio superior, JESUS; e no inferior, JUSTUS; e entendeu que, aos que desejassem ouvir este soberano Nome, ela o proporia como JESUS, isto é, SALVADOR; mas, aos outros, o proporia como JUSTO.

O soberano Nome de JESUS, pelo valor das letras Gregas, importa o número de oitocentos e oitenta e oito; no qual se escondem dois grandes Mistérios.3 O primeiro, é o da Ressurreição, simbolizada no número oitavo, como é vulgar entre os Santos Padres; e com razão se triplica este número, guardando a mesma semelhança, para significar três Ressurreições;4 a de Cristo, e a das nossas almas da morte do pecado, por virtude de Sua graça, e a que esperamos dos nossos corpos pelo exemplar da mesma Ressurreição de Cristo. O segundo Mistério, é o da firmeza imutável da vida eterna, que esperamos; porque a unidade, é ponto; o número de dois é linha; o de quatro é superfície; o de oito já é corpo cúbico perfeito, símbolo expresso da imutabilidade do estado que esperamos. E tal é a figura da Jerusalém Celestial (onde habitam os’ Santos com Jesus, amor e glória Sua eterna), segundo viu São João, que a medira um Anjo; Longitudo, et altitudo ejus aequalia sunt.5



Mas se não te deleitas, nem moves tanto, minha alma, com o espírito dos Mistérios deste soberano Nome; mova-te a contemplá-lO por aplicação dos sentidos (como ensinou Santo Inácio de Loyola), considerando que o Nome de JESUS (como lhe chamou Prudêncio), é nossa luz, nossa honra, nossa esperança, nosso socorro certo, e descanso nos trabalhos; manjar delicioso, que satisfaz e fortalece, fragrância que rescende e alenta, fonte que rega, refrigera, lava e fertiliza; amor casto, formosura especiosa e deleite sincero.

O nomen praedulce mihi, lux, et decus, et spes, Praesidiumque meum, requies o certa laborum, Blandus in ore sapor,, fragans odor, irriguus fons, Castus amor, pulchra species, syncera voluptas.6



Colhe daqui, dois frutos principais. 1. Promover sempre com grande diligência e cuidado, o negócio de tua salvação, e da de teus próximos; pois, é coisa tão preciosa, que se encarregou deste ofício o mesmo Filho de Deus, e O tomou por seu próprio nome. 2. Invocar nos perigos, dúvidas, trabalhos, empresas, e em todo o gênero de tentações, o poderoso Nome de JESUS, que vale para todo o bem, e contra o mal, Nihil ita (diz São Bernardo) irae impetum cohibet,7 superbiae tumorem sedat, sanat livoris vulnus, restringit luxuriae fluxum, extinguit libidinis flammam, sitim temperat avaritiae, ac totius indecoris fugat pruriginem, quam nomen, JESU. Especialmente se as tentações forem de desconfiança da salvação (que em sujeitos espirituais fazem chaga no coração que arde muito), é necessário remédio, derramar-lhe em cima, como óleo o Nome do Senhor, que é salvação: Oleum effusum nemen tuum.8 E podes dizer com Santo Agostinho: O bone JESU: si ego commisi unde me damnare potes, tu non amisisti unde salvare soles.9 Ó bom JESUS: se eu cometi, por onde me podeis condenar, Vós não esquecestes por onde costumais salvar.

Ó Nome suavíssimo, Nome admirável, Nome sempre novo, sempre doce, sempre poderoso, Nome sobre todo o nome; eu Vos adoro, louvo e glorifico; eu Vos escolho, para luz em minhas perplexidades, alívio em meus trabalhos, proteção em minhas tentações, despertador de meus afetos, e fundamento de minhas esperanças. JESUS, sede para mim JESUS e salvai-me.



O azeite afugenta os parasitas asquerosos, que se criam no leito: e o Nome de Jesus (afugenta) os pensamentos torpes que se criam no ócio: Oleum effusum nomen tuum.10


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Fonte: Ven. Pe. Manoel Bernardez, Oratoriano, Luz e Calor – Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminho de Perfeição”, 2ª Parte, Opúsculo III, Meditação XXXIII, 100º Ponto, pp. 404-406. Nova Edição, Lisboa, 1871.

1.  Marulus lib. 6, c. 16.

2. Insinuat Divin. piet. lib. 4, c. 5.

3. I 10, H 8 = 200; O 70, Y 400 = 200. Total 888.

4. Vide Avendan. in Amphitheatro Divinae misericordiae § 4. discurs. Isagog. À n. 26.

5.  Apoc. 21, 16.

6.  Praedentius in Apotheosi adversus Judaeos ante med.

7.  Ser. 15. super. Cant.

8.  Cant. 1, 2.

9.  In Medit. c. 39.

10.  Cant. 1, 2.


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