O
douto e piedoso Suárez, da Companhia de Jesus, o sábio e devoto
Justo Lípsio, doutor da Universidade de Lovaina, e muitos outros,
provaram incontestavelmente, apoiados na opinião dos Santos Padres,
entre outros, Santo Agostinho, Santo Efrém, Diácono de Edessa, São
Cirilo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João de
Damasco, Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernardino, Santo Tomás
e São Boaventura, que a devoção à Santíssima Virgem é
necessária à salvação, e que é sinal infalível de condenação
– opinião do próprio Ecolampádio e vários outros hereges, –
não ter estima e amor à Santíssima Virgem. Ao contrário, é
indício certo de predestinação ser-lhe inteira e verdadeiramente
devotado.
As
figuras e palavras do Antigo e do Novo Testamento o provam; a opinião
e os exemplos dos Santos o confirmam; a razão e a experiência o
ensinam e demonstram; o próprio Demônio e seus asseclas, premidos
pela força da verdade, viram-se muitas vezes constrangidos a
confessá-lo a seu pesar. De todas as passagens dos Santos Padres e
Doutores, que compilei para provar esta verdade, cito apenas uma,
para não me alongar: “Tibi devotum esse, est arma quaedam
salutis quae Deus his dat quos vult salvos fieri...”
(S. João Damasc.) – Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é
uma arma de salvação que Deus dá àqueles que quer salvar.
Eu
poderia repetir aqui várias histórias que provam o que afirmo.
Entre outras, 1º
aquela que vem narrada nas Crônicas de São Francisco, em que se
conta que o Santo viu, em êxtase, uma escada enorme, em
cujo topo, apoiado no Céu, avultava a Santíssima Virgem. E o Santo
compreendeu que aquela escada ele devia subir para chegar ao Céu; 2º
a outra, narrada nas Crônicas de São Domingos: Quando o Santo
pregava o rosário nas proximidades de Carcassona, quinze mil
Demônios, que possuíam a alma de um infeliz herege, foram
obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar muitas
verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção a Maria. E
eles, para própria confusão, o fizeram com tanto ardor e clareza
que não se pode ler essa autêntica narração e o panegírico, que
o Demônio, embora a contragosto, fez da devoção mariana, sem
derramar lágrimas de alegria, ainda que pouco devoto se seja da
Santíssima Virgem.
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Fonte:
São Luís
Maria Grignion de Montfort, “Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem”, Cap. I, Art. II, Segunda Consequência, § 1,
n. 40, pp. 43-45; 10ª Edição, Editora Vozes Ltda, Petrópolis/RJ,
1979.