Natal
não é só a festa suprema do amor e da doçura, da consolação e
da paz; é também o cântico imortal da eterna Verdade, derramando
luz por toda a parte.
O
Divino Infante, nascido na Gruta de Belém, é o próprio Cristo,
Deus e homem verdadeiro, cuja grandeza soberana e ilimitada não é
dado ao homem compreender.
Natal
é uma noite sagrada e única, solene e deslumbrante, cheia de um
grande e assombroso Mistério.
Os
desígnios de Deus são admiráveis e profundos como Ele mesmo.
Quis
o Eterno Pai, que o Filho, segunda Pessoa da Santíssima Trindade,
nascesse em Belém num presépio miserável, em meio das provações
dolorosas de uma pobreza absoluta.
Realizavam-se
as profecias com o nascimento do Messias prometido.
Desde
esse dia sem igual na história do mundo, raiou uma luz que nunca se
extingue.
Natal
é o cântico magnífico da Paz e da Justiça, do Amor e da Razão,
enchendo a terra e os Céus de suaves consolações.
A
sabedoria humana não pode compreender esse Mistério, nem tão pouco
descrever as belezas empolgantes da noite calma e profunda do Natal.
Há
dois mil anos que, na pequenina e abençoada Belém, o Divino Infante
viu a luz do mundo, sendo Ele a própria Luz, a Beleza sempiterna, o
Amor supremo.
Jesus-Menino
é o Homem-Deus, o Verbo encarnado, o Salvador do mundo. Deus eterno
e onipotente, cujo poder infinito, velado milagrosamente na pobreza
de uma manjedoura, quis sujeitar-se aos cuidados de uma Mãe-Virgem e
de um pai justo e castíssimo, sendo Ele, a Divina Criança, o
Criador supremo desta Mãe admirável e deste pai modelo.
Eis
aí o grande e impenetrável Mistério do Natal, profundo como o
abismo, augusto e adorável como a voz de Deus.
Ah!
O Natal!
O
Natal não se descreve.
A
comemoração do Natal é universal.
Nas
igrejas suntuosas e nas ermidas dos campos, nas cidades luxuosas e
nas aldeias, nos palácios soberbos e nos tugúrios, nas reuniões
dos nobres e dos plebeus, nos mares bravios e nas montanhas
altaneiras, nas verdes campinas e nas florestas seculares, no riso
das crianças e na doce gravidade dos velhos, nos gorjeios dos
pássaros e na alegria dos pobres, por toda a superfície do globo
celebra-se, entre os esplendores da Fé e as doçuras da Caridade, o
Natal de Jesus, o Messias prometido que foi de todos os povos, e o
Desejado que é de todas as nacionalidades bem formadas.
O
Natal não se descreve.
O
acontecimento desse dia é tão grande e tão admirável, tão
assombroso e tão estupendo, que a orgulhosa e estúpida ciência do
homem, limitada como ele, não pode compreender-lhe a razão.
Natal,
Natal, ilumina e conforta-me na estrada dolorosa da vida…
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Fonte:
Cônego Mello Lula, “Vozes de Páscoa”,
Cap. “O Natal”,
pp. 131-133. E. Prof. Salesianas, Niterói/RJ, 1930.