"0 meu preceito é este:
Amai-vos uns aos outros,
como eu vos amei.
Não há maior amor
do que dar a própria vida
pelos seus amigos"
(Jo. 15, 12-13).
Diz a Lei de Deus: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor".1
A Lei do amor, está em consonância com o divino Legislador, que disse: "Dou-vos um novo Mandamento: Que é que, assim como Eu vos amei, vos ameis também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros".2
E o Sagrado Evangelista narra a Lei praticada: "E a multidão dos que criam tinha um só coração e uma só alma; e nenhum dizia ser sua coisa alguma daquelas que possuía, mas tudo entre eles era comum".3
E o Apóstolo das Gentes ensina o que reza a Lei: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver caridade... nada (disto) me aproveita... A caridade nunca há de acabar (nem mesmo no Céu)... Segui a caridade".4
E o Vigário de Cristo na terra, não deixou de confirmar os Irmãos nesta mesma Lei: "... Honrai a todos, amai os irmãos, temei a Deus...".5
E São Tiago, Apóstolo, com firmeza ensina o que está escrito na Lei: "Se vós contudo cumpris a Lei Real, segundo (dizem) as Escrituras (na seguinte passagem): 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo',6 fazeis bem; mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis um pecado, sendo condenados pela Lei como transgressores...".7
E o Apóstolo do amor, derrama a doutrina que ele sorveu do Sagrado Coração de Jesus: "Caríssimos, eu não vos escrevo um Mandamento novo, mas um Mandamento velho,8 que vós recebestes desde o princípio; este Mandamento velho é a palavra (do Evangelho) que ouvistes. Por outro lado, eu vos escrevo um Mandamento novo, o qual é verdadeiro nele (Jesus Cristo) e em vós... Quem diz que está na luz, e odeia o seu irmão, está ainda nas trevas. Quem ama o seu irmão, permanece na luz, e nele não há escândalo...".9
E nas sagradas sendas da Lei do amor, voa o Santo de hoje, Santo Achardo, Abade de Jumieges, na França, no século VII, ao deixar o seu testamento aos seus filhos espirituais, dizendo:
"Amados filhos meus, nunca esqueçais os meus últimos conselhos, que são o testamento do vosso moribundo pai. Em nome do nosso divino Salvador, Jesus Cristo, vos admoesto e vos conjuro a que vos ameis uns aos outros, sem dardes nunca entrada em vosso coração, à mínima coisa que possa esfriar ou alterar aquela perfeita caridade, que é em parte o característico dos escolhidos. Em vão teríeis passado largos dias, no exercício das mais heroicas virtudes; em vão vos teriam nascido as cãs no exercício da mais exata observância, bastaria uma aversão a qualquer de vossos Irmãos, para irritardes contra vós o Coração de Deus. Nem mesmo o martírio seria bastante para vos tornar agradáveis aos olhos de Deus, se não amardes de coração a vossos Irmãos. Conservai sempre entre vós esta fraternal caridade, que é como a alma de todas as Comunidades".
Ao pronunciar estas palavras, levantou os olhos e as mãos ao Céu, e morreu da morte dos justos a 15 de Setembro de 687.10
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1. Lev. 19, 18.
2. Jo. 13, 34-35.
3. At. 4, 32.
4. I Cor. 13, 1-13; 14, 1a.
5. I Ped. 2, 13-17.
6. Lev. 19, 18.
7. Tg. 2, 8-13.
8. Dt. 6, 5; Mt. 22, 36-40.
9. I Jo. 2, 7-11.
10. Rev. Pe. Croiset, "Ano Cristão", Vol. IX, pp. 185-189. Tip. Porto Médico, Porto, 1923.