Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 25 de agosto de 2024

SÃO BARTOLOMEU, APÓSTOLO.

24/25 DE AGOSTO1


Bartolomeu era galileu, de condição humilde, como os demais Apóstolos e pescador de profissão. Os seus costumes eram muito puros. Era filho de Tolmai, como o dá a entender o seu próprio nome, porque Bar em hebreu significa filho. Julgaram alguns que Bartolomeu seria aquele Natanael que Felipe levara à presença do Salvador, de quem o mesmo Senhor fez aquele belo elogio, quando disse: “Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo nem artifício”. Mas Santo Agostinho impugna esta opinião, assegurando que Jesus Cristo não escolheu a Natanael para o Apostolado, precisamente porque era doutor da lei, e não queria servir-se para o Ministério evangélico de letrados, nem de sábios, mas de homens rústicos e grosseiros, a fim de que, resplandecesse visivelmente a Sua Onipotência em obra tão grande, na qual a sabedoria humana não devia ter parte alguma.

Foi este grande Apóstolo um dos que mostraram mais generosidade e mais fervor em seguir a Jesus cristo. Logo que foi chamado ao Apostolado, deixou tudo, e nunca pensou em retomar o que uma vez deixara. Alguns outros Apóstolos, depois da sua vocação, voltaram ao exercício da pesca, mas São Bartolomeu não mais saiu do lado de seu divino Mestre, sendo um dos mais diligentes em acompanhá-Lo a toda a parte, dos mais atentos às Suas instruções e dos mais afeiçoados à Sua divina Pessoa. Fois fiel companheiro de Jesus, e testemunha contínua dos Seus prodígios. Achou-se presente em Cafarnaum, quando o Salvador curou o criado do Centurião; em Naim, quando ressuscitou o filho da viúva; e foi testemunha da miraculosa cura daquele homem possuído do Demônio, que, tendo-se tornado senhor do seu corpo, o privara do uso da língua e da vista. Assistiu também às Bodas de Caná, onde foi testemunha do milagre da conversão da água em vinho. Enfim, poucos milagres fez o Salvador durante a Sua vida a que não estivesse presente São Bartolomeu.

Havia muito tempo que o Salvador, acompanhado dos seus Apóstolos, ia de cidade em cidade, e de povoação em povoação, pregando sem cessar nas sinagogas, não perdendo ocasião de anunciar aos judeus o reino de Deus e confirmando a Sua doutrina com a milagrosa cura dos enfermos, quando determinou conferir a Sua missão aos Apóstolos, que até então se haviam contentado com segui-Lo. Para neles despertar o zelo da salvação das almas, virtude tão necessária aos obreiros evangélicos, vendo um dia a multidão que O rodeava, mostrou-se muito condoído de que perecesse tão grande número de almas à míngua de pregadores e mestres, andando como ovelhas sem pastor, dispersas por aqui e por ali, expostas a mil perigos, consumidas de enfermidades, e totalmente desamparadas. Penetrado o seu Coração de uma dor compassiva, e todo enternecido, voltou-se para os Discípulos e disse-lhes: “A messe é grande, e não há quem a recolha; rogai ao Senhor da messe que mande operários para ela”. Então, declarou a seus Apóstolos, que a eles os tinha escolhido para esta safra; e depois de lhes haver comunicado aqueles dons que mais podiam contribuir para autorizar a sua missão, isto é, um poder absoluto sobre os Demônios e sobre as enfermidades, os enviou dois a dois, para que se ajudassem mutuamente, pondo sempre São Pedro à frente de todos como o principal e cabeça deles. São Bartolomeu foi dado por companheiro a São Felipe, e mostrou-se um dos mais zelosos da salvação das almas.

Em toda a parte pregavam as máximas evangélicas, exortavam à penitência, davam saúde aos enfermos, e expulsavam os Demônios dos corpos. Enfim, voltaram depois gloriosos, tendo combatido os Demônios e curado as mais rebeldes enfermidades.

Preso o Salvador do mundo, pelos judeus, foi geral a consternação nos Apóstolos. Embora estivessem muito prevenidos por tudo quanto tinham ouvido ao Filho de Deus acerca da sua Paixão, contudo, possuíram-se de tristeza, de espanto e de terror. Foi tal a dor do nosso Santo ao ver o Seu divino Mestre tão maltratado, que esteve encerrado todos os três dias da Paixão na casa onde se haviam hospedados em Jerusalém, derramando contínuo pranto.

Enxugou-lhe a Ressurreição do Salvador. Até à Ascensão esteve com os outros na escola de Jesus Cristo, e desde aqui até ao Pentecostes esteve em oração no Cenáculo. Neste dia, o quinquagésimo depois da Ressurreição, naquela soleníssima festa, o Espírito Santo, cuja imensidade enche o universo, sem deixar o Céu, veio à terra, santificada já pelos trabalhos do Redentor, tornando sensível a Sua particular presença pela admirável profusão de Seus dons e por uma comunicação particular da sua Pessoa, de sentirem cheios todos os Apóstolos e Discípulos. De fato, acharam-se todos abrasados daquele Divino Fogo, iluminados com luzes sobrenaturais, receberam o milagroso Dom das Línguas.

Na distribuição que entre si fizeram de todas as regiões do universo, tomou o nosso Santo a Licaônia, a Albânia, as Índias e a Armênia. Para toda a parte levou o Evangelho em hebreu, escrito por São Mateus. Propagou a fé por todas as províncias, por onde passou, e não foi menor o número dos seus milagres do que a multidão das conversões que fez. Diz São João Crisóstomo, que até os próprios gentios se admiravam da mudança repentina de costumes.

Tendo dado todas as providências que julgou necessárias para a conservação da fé na Licaônia, na Albânia e nas Índias, deixando nelas operários formados por sua mão, passou ele próprio à Armênia, que um dia havia de ser campo mais fértil da sua messe e o mais glorioso teatro do seu zelo. Chegou a uma das cidades principais, onde então estava o rei com sua corte; logo que o Santo entrou no templo, onde o Demônio dava oráculos por boca de um ídolo, chamado Astaroth, emudeceu este, silêncio que encheu de pasmo os armênios e de consternação toda a cidade.

Acudiram a outro ídolo, chamado Berit, para inquirirem a causa de tão funesto sucesso.

Respondeu o Demônio por sua boca, que a causa era a presença de certo homem, chamado Bartolomeu, Apóstolo do verdadeiro Deus, e que o mesmo sucederia a ele, se tal homem chegasse a entrar em seu templo. Acrescentou que Astaroth não daria oráculos enquanto não expulsassem semelhante homem, porque cem vezes ao dia e outras tantas de noite fazia oração a Deus, acompanhada de uma prodigiosa milícia de Espíritos Bem-aventurados, que o escoltavam e defendiam.

Ficou o povo admirado deste testemunho que, obrigado por Deus e a seu pesar, deu o Demônio da virtude prodigiosa do nosso Santo e entrou em uma impaciente curiosidade de conhecer o Apóstolo. Mas, vendo os sacerdotes que viria por terra o seu prestígio, se o Santo chegasse a ser reconhecido, puseram em movimento todos os seus artifícios para o perder. Buscaram-no por espaço de três dias, mas em vão; porque Deus tornou-o invisível; até que, tendo expulsado muitos Demônios, e curado muitos enfermos, despedidos os seus próprios milagres o descobriram.

Divulgada a sua fama por toda a parte, já não o conheciam senão pelo nome de Apóstolo do verdadeiro Deus e operador de milagres. Chegou à corte o ruído de tantas maravilhas; e como o rei tinha uma filha possessa do Demônio, desejava ansiosamente ver o Santo Apóstolo. Logo que este apareceu na presença da filha do rei, ficou livre daquele infernal hóspede. Quis o rei mostrar-lhe o seu reconhecimento com magníficos presentes, mas o Apóstolo deu-lhe a entender que não tinha vindo em busca de ouro ou de pedras preciosas, mas de almas. “Venho, disse o Santo, dar-vos a conhecer o verdadeiro Deus, Criador de tudo; só Ele é digno do nosso amor, da nossa adoração e dos nossos religiosos cultos. Os vossos ídolos são órgãos do Demônio; adorais o que há de mais execrável na natureza; esses que chamais deuses são Demônios; e para convencer-vos, senhor, da verdade do que vos digo, quero que o mais acreditado de vossos deuses confirme tudo quanto vos prego”. Foi logo aceito a condição; o rei, acompanhado de toda a sua corte e do Santo, encaminhou-se para o templo; mas, logo que o Santo pôs nele os pés, o Demônio começou a gritar, que não era Deus, que nem havia, nem podia haver mais que um só Deus, e que esse era Jesus Cristo, a quem o Apóstolo pregava.

Feita esta confissão, mandou o Santo ao Demônio em nome de Jesus Cristo que no mesmo instante e sem réplica que se fizessem pedaços todos os ídolos da cidade. Obedeceu, e num instante todos ficaram reduzidos a pó. À vista de tão estupenda maravilha, ficaram tão impressionados os corações, como convencidos os entendimentos; converteu-se toda a cidade; depois de algumas instruções, recebeu o Batismo o rei e toda a sua corte. Seguiram o mesmo exemplo doze das principais cidades. O Santo, cultivando aquela vinha por algum tempo, proveu-a de dignos Ministros do altar, Bispos e pregadores.

Era impossível que as potestades infernais, vendo-se tão maltratadas, deixassem de pensar na desforra. Os sacerdotes dos ídolos eram opróbrio da nação; conhecendo eles que não era possível perverterem o rei Polímio, em cujo coração lançara profundíssimas raízes a religião, voltaram-se para Astiages, irmão do príncipe, que reinava em uma parte da Armênia. Era um idólatra ferrenho, por isso, resolveu vingar no estrangeiro a ofensa feita aos seus deuses. Convidou-o traiçoeiramente a passar aos seus estados. São Bartolomeu, que nada ansiava no mundo tanto como derramar o seu sangue por Jesus Cristo, correu pressuroso a receber a coroa do Martírio.

Assim foi. Mal o teve às mãos, mandou-o esfolar vivo. Não podia haver tormento mais cruel; mas o Santo sofreu com tanta paciência, que os próprios pagãos ficaram assombrados. E como não cessava no meio de tão cruel tormento de pregar a Divindade de Jesus Cristo, o tirano apressou-se a mandar-lhe cortar a cabeça. Crê-se que fora isto a 25 de Agosto (A.D. 71), e que na Véspera tinha sido esfolado vivo por amor a Cristo, sendo este o motivo porque algumas igrejas celebram a sua festa no dia 25, que foi o da sua morte, e outras a 24, que foi o do seu suplício.

Não tardou o Céu em vingar a morte do Santo com um terrível castigo. Tanto Astiages, como os sacerdotes, no delito, ficaram logo possuídos do Demônio, que, depois de os haver atormentado de um modo horrível por espaço de trinta dias, no termo deles afogou-os. Os cristãos apoderaram-se do corpo de São Bartolomeu e sepultaram-no. Passados muitos anos apoderaram-se os gentios do lugar onde estavam as Santas Relíquias, e atiraram-nas ao mar, o qual transportou o caixão à ilha de Lipari, perto da Sicília; mas, tendo-se apoderado os sarracenos desta ilha por meados do século IX, foi trasladado este precioso tesouro para Benevento, donde no ano de 983, sendo imperador Otão II, foi transportado para Roma, onde é reverenciado com singular devoção dos fiéis.



MEDITAÇÃO SOBRE

SÃO BARTOLOMEU2


1. Para ser verdadeiro Apóstolo, isto é, embaixador de Jesus Cristo, é preciso ser fiel, tomar a peito os interesses de Deus, pondo de parte os interesses próprios. Foi o que fez São Bartolomeu; tudo deixou para seguir a Jesus Cristo, para pregar o Evangelho; sacrificou prazeres e interesses; deu a própria vida para ganhar almas para Ele, e para estender o Seu reino. Que fazemos pela glória de Jesus Cristo, pela salvação das almas? E, todavia, não podemos fazer coisa mais agradável a Deus.

2. Um embaixador deve conhecer perfeitamente a vontade do príncipe, para em tudo a seguir. São Bartolomeu orava cem vezes ao dia, para nos ensinar que Jesus Cristo quer que imploremos as Suas luzes e o Seu auxílio. Podemos trabalhar quanto quisermos: se as nossas ações não forem conformes com os desígnios de Deus, perdemos o tempo. Quantas vezes oro em cada dia, e como o faço eu? Meu Deus, cumpra-se em mim a vossa santa vontade!

3. Um embaixador precisa de muita prudência para levar a bom termo os negócios de seu amo; precisa coragem para resistir aos inimigos e para dar a própria vida, se tanto for necessário. São Bartolomeu teve ambas as qualidades. Tê-las-emos nós? Tão prudentes somos nas coisas do mundo e tão crianças nas que dizem respeito à salvação. Nada nos custa, quando os nossos interesses estão em jogo, e o menor obstáculo nos detém, quando se trata da glória de Deus! Ah! Como hoje, há poucos obreiros apostólicos! Para onde foi o espírito dos Apóstolos? Onde para a humildade, os trabalhos, o zelo da Igreja primitiva? – São Bernardo de Claraval.

Paciência. – Orar pela conversão dos povos asiáticos.

Oremos: Deus Onipotente, que nos inspirais santa alegria na solenidade do Apóstolo São Bartolomeu, concedei à vossa Igreja a graça de amar a doutrina, em que acreditou, e de pregar a que ensinou. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


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1.  Rev. Pe. Croiset, “Ano Cristão”. Volume VIII, pp. 303-307. Traduzido do Francês pelo Rev. Pe. Matos Soares; O Tradutor - Seminário do Porto, Porto, 1923.

2.  “Vida dos Santos – com uma Meditação para cada dia do Ano”, pelo Pe. João Estevam Grossez, S.J., Segunda Parte, 24/25 de Agosto, pp. 121-122. Edição Portuguesa, “União Gráfica”. Lisboa. 1928.


Recepção de Batina - Missa Solene na Festa de São Bartolomeu. Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, de Campos dos Goytacazes/RJ.

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