(Ven. Pe. Manuel Bernardes, Oratoriano)
Vinde, ó Luz verdadeira.
Vinde, eterna Vida.
Vinde, Tesouro que não tem nome.
Vinde, Alegria eficiente,
Sol que não conhece ocaso,
Esperança fiel de todos os que se salvam.
Vinde, ó Virtude poderosa,
que só com o aceno realizais,
utilizais e renovais todas as coisas,
ficando Vós imutável.
Vinde, ó Primeiro Móvel,1
dos universos místicos do nosso espírito.
Vinde, Grinalda florida,
que não sabe murchar-se.
Vinde, Cíngulo de brilhante pedraria,
que vence as estrelas em claridade.
Vinde, Refúgio altíssimo
e seguríssimo.
Vinde, Dedo da Mão direita
da Augusta Majestade do Altíssimo.
Vinde, Semeador de conselhos sábios
e propósitos santos,
que frutificam honra e glória.
Vinde, Eterno Abraço com que o Pai
e o Verbo exprimem entre Si,
o seu Amor infinito.
Vinde, Luz dos Profetas,
Doutrina dos Apóstolos,
Fortaleza dos Mártires,
Testemunha das Virgens,
Selo de todos os Justos,
Coração de toda a Igreja Católica.
Vinde, vinde; porque a minha pobre alma, por misericórdia vossa Vos deseja, Vos invoca e Vos espera.
Graças Vos dou, porque Vós sois o meu alento, a minha vida, o meu gozo, a minha glória e a luz formosa do meu mundo interior.
Graças Vos dou, porque sendo Vós o Espírito de Deus, Vos dignais infundir-Vos em meu espírito, e dentro dos seios de minhas potências, entrando nas Vossas, cultivais os favos de vossa doce consolação.
Graças Vos dou, porque Vós sois o meu Alimento diário, que nunca pode acabar; o meu Maná que a tudo sabe; o Leite racional e sem engano, que brota como fonte do fundo de meu espírito, e enche todas as partes dele de refrigério e suavidade.
Graças Vos dou, porque Vós sois a minha Armadura e a Lâmina de meu gládio, que lançam de si vibrantes esplendores, onde os Demônios ao se aproximarem se queimam, e ao olharem ficam cegos.
Graças Vos dou, porque Vós sois o meu Batismo, significado pelas santas lágrimas, que jorram da montanha viva de minha alma, ferida com a vara prodigiosa de vossa Presença.
Graças Vos dou, porque estando eu, miserabilíssimo pecador e o mais ingrato dos nascidos, morto e já em decomposição sobre as abominações e horrores de minhas maldades, quisestes por compaixão, ressuscitar-me com vosso sopro e renovar-me na vossa semelhança, e separar-me do infeliz número das vítimas, onde se alimenta a Morte que não morre.
Graças Vos dou, porque acendestes no tenebroso caos da minha alma aquela luz que é o selo da Face de Deus, e sugere discernimento para separar o miserável do precioso, o transitório do eterno, a Lei Santa do Senhor das leis tirânicas, as mentiras do mundo e os pecados.
Graças infinitas Vos dou, porque, sendo antes a minha alma pocilga de animais imundos, esconderijo de feras e hospedaria de assaltantes infernais, Vós a convertestes e consagrastes com vossa Unção mística em Templo do Altíssimo, onde existe sacrifício matutino e vespertino de Seus louvores, e o incenso da Oração evapora e recende nos altares de Sua Presença, que edificou vossa graça liberal e clementíssima.
Ó Espírito Santíssimo, Terceira Pessoa daquele Deus incriado, que é de todas as Essências, Princípio sem princípio!
Ó fidelíssimo Amigo e dulcíssimo Hóspede das almas, que lavou o Sangue do Cordeiro de Deus! Agora, Senhor, eu estou aqui sozinho conVosco, e estando somente conVosco, estou com todo o Bem.
Rogo-Vos com aqueles gemidos inexplicáveis, que Vós mesmo me inspirais, não desampareis a minha morada. Ficai comigo sempre, porque já vem caindo a tarde da minha vida mortal.2
Não Vos ausenteis minha Pombinha prateada; não Vos ausenteis das cavernas de minha parede e dos seios de minhas potências: Fica conosco, Senhor: Não Vos ausenteis, porque eu Vos porei incenso que Vos delicie, dando-me Vós, incenso que Vos ofereça.
Senhor, dai-me um coração humilde, bondoso, pacífico, conformado; um coração desapegado de tudo o que não é Deus, e unido conVosco inteiramente. Ensinai-me a verdade, ensinai-me a aprender o vosso ensinamento; convertei-me a Vós, sempre mais e mais, para a maior glória vossa; Vós, que com o Pai e o Filho, viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Amém.
2 Luc. 24, 29.