O Sagrado Coração de Jesus e as Criancinhas.
Jesus
está sentado e, em redor d'Ele, estão os Discípulos; lá adiante,
por entre a multidão, Seu olhar paternal descobre umas criancinhas
que tímidas se aconchegam às mães; Jesus estende-lhes os braços
como a chamá-las.
Os
pequenos compreendem esse convite afetuoso e logo correm a Jesus que
os abraça, abençoa, detém junto de Si e lhes fala do Céu. Os
Apóstolos, temendo que eles incomodassem o divino Mestre, queriam
afastá-los… “Não, diz
Jesus, deixai que as criancinhas se cheguem a Mim”.
Que
cena tocante! Ó Jesus, também eu sou criança e também, como elas,
corro a Vós: acariciai-Me, abençoai-Me, falai-Me do Céu.
Se
me conservar simples, inocente, afável, me haveis de querer: não é
assim, meu Jesus? Afastai-vos, pois, pensamentos, desejos, afeições,
que arrancaríeis do coração o que agrada a Jesus.
Nellie:
a
Pequena Violeta
do
Santíssimo Sacramento.
Deixai
os pequeninos virem a Mim, porque deles é o Reino dos Céus (Mat.
19, 14). Foram certamente essas
palavras partidas do Coração de Jesus que ditaram a Seu Vigário na
terra o Decreto sobre a Comunhão dos meninos, mandando que se lhe a
dê logo que neles se acende o lume da razão e saibam distinguir
entre o pão da alma e o do corpo. E os fatos providencialmente se
têm encarregado de provar que, ao invés de retardar a Primeira
Comunhão para além do primeiro decênio da vida, é justo muitas
vezes permitir a até do primeiro lustro… Um desses casos é o de
Nellie, chamada a pequena violeta do Santíssimo
Sacramento, morta aos 4 anos e
meio de idade, a 2 de fevereiro de 1908, no Convento do Bom Pastor,
em Cork na Irlanda, e cuja vida
corre impressa num volume de 225 páginas sob os auspícios e bênção
de Pio X. Nellie, a primeira vez que viu a Sagrada Hóstia exposta,
exclamou radiante: Ali está o Deus Santo!
E dizia depois muitas vezes: “É preciso que vá hoje
à Casa de Deus Santo: eu quero conversar com Ele”,
abraçando com efusão as pessoas que haviam
comungado, sem que lhe O houvessem dito, lhes declarava: “Eu
sei que hoje recebeste o Deus Santo”.
Quando, ferida de uma enfermidade mortal, lhe anunciaram que faria a
sua Primeira Comunhão, deu um grito de alegria, exclamando: Terei,
então, em breve o Deus Santo em meu coração!”
E, no curso de sua dolorosa enfermidade, recebeu muitas vezes a
Hóstia Sacrossanta, recolhendo-se com fervorosas ações de graças,
que duravam duas e três horas e suportando seus padecimentos
até o fim com uma resignação admirável e edificante, nunca vista
em criança de sua idade.
A
Revista do Coração Eucarístico
de julho de 1911, menciona também o caso de certa aluna de uma Casa
Religiosa de Roma, onde se asilaram cerca de 100 meninas salvas do
terremoto de Messina. Admitidas a audiência pelo Papa, quando este
falava, sentiu-se mais de uma vez puxado pelas vestes, e perguntou:
“Quem é que me sacode assim?”
Uma voz argentina responde logo: “Sou eu”. Era
uma pequena de 5 anos; as superioras quiseram repreendê-la, mas Pio
X acudiu: “Povera fanciulla, que queres de
mim?” – “Eu
tenho cinco anos; queria fazer minha Primeira Comunhão, e as
Religiosas não querem!” –
“Não sabes talvez bastante o Catecismo”,
observou o Papa sorrindo. – “Examinai,
replicou ela, eu responderei”.
O Pontífice fez-lhe diversas perguntas, e as respostas foram
satisfatórias; admirado voltou-se para as Irmãs, e disse: “Dai-lhe
a Santa Comunhão amanhã”.
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Fonte:
Mês do Sagrado
Coração de Jesus,
Traduzido das “Palhetas
de Ouro”,
por
Mons. Dr. José Basílio Pereira, Meditação
I, pp. 10-12. Tipografia de São Francisco, Bahia, 1931.
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