A Devoção à Nossa Senhora
é Sinal de Predestinação ao
Céu
“O ápice de todos os
incalculáveis benefícios do culto Mariano é marcado pelo fato de que uma
devoção sincera a Maria é um sinal luminoso de predestinação à glória do Céu.
Esse culto é, na verdade, uma arma de salvação, que Deus põe nas mãos daquele
que Ele quer salvar.
Vejamos, pois, brevemente nesta
instrução os termos do grande problema e suas provas.
I – Os Termos do Grande Problema
1. Importância Excepcional do Problema – Muitos,
importantes e difíceis são os problemas que
tem agitado e continuam a agitar o espírito humano. Não só na ordem
sobrenatural, mas também na ordem natural, o homem frequentemente se encontra
diante do mistério. É, porém, inegável que, entre todos esses
problemas importantes e difíceis, o mais importante e, juntamente, o mais
difícil é precisamente o que se refere à nossa predestinação à glória do Céu.
Este é um problema capaz de fazer tremerem a carne e os ossos. É o problema dos
problemas.
2. Existência dos Problemas – Que
exista este grande mistério da predestinação, é de Fé. Destinados por
Deus a vê-lo não só em seus efeitos, ou seja, através das coisas criadas, mas
também em Si mesmo, causa suprema; não só como em um espelho ou em
enigma, mas ainda no fulgor de sua Face, na grandeza de sua Majestade;
destinados, portanto, a um fim que supera todas as forças e exigências da
natureza, requer-se necessariamente uma destinação por parte de Deus para esse
novo fim. E esta destinação divina da criatura racional ao fim da vida
eterna não é outra coisa senão a predestinação.
3. Serei Eu Predestinado? – Diante
de um mistério tão grande, não há ninguém que, solicito por sua eterna
felicidade, deixe de fazer-se esta pergunta:
serei eu predestinado por Deus
à glória do Céu? Estará meu nome escrito no Livro da Vida? Só Deus o sabe.
O Concílio de Trento
nos ensina que 'ninguém, enquanto se acha
nesta vida mortal, deve ser, em relação ao arcano mistério da predestinação,
tão presunçoso que
se considere com certeza no número dos
predestinados, como se quem está em graça não pudesse mais pecar ou, pecando,
pudesse ter certeza da conversão. Com efeito,
sem uma revelação especial
não se pode saber quem esteja no número dos eleitos de Deus'. E é claro: o que
depende da livre vontade de Deus, ou seja, de sua livre predileção e escolha,
como é o caso da predestinação à glória eterna, só se pode conhecer por meio de
uma revelação.
Mas esta revelação é feita a poucos.
4. Tremor e Temor – Por
que a poucos, poder-se-ia perguntar, e não a todos? O Angélico nos dá uma dupla
razão: a primeira, por parte dos não predestinados que, sabendo-se tais, se
abandonariam ao desespero; a segunda, ao invés, por parte dos predestinados que,
considerando-se então seguros, se abandonariam à negligência.
Quer o
Senhor que nós trabalhemos em nossa salvação temendo e tremendo:
'Cum timore
et tremore vestram salutem operamini – Trabalhai na vossa salvação com temor e
tremor'.
E é precisamente esta incerteza
da eterna salvação o que fazia temerem e tremerem até os maiores Santos. Temia
e tremia um Santo Hilarião, não obstante ter servido ao Senhor em meio das
maiores austeridades, durante 70 anos. Temia e tremia um São Bernardo e dizia,
chorando: 'Ou uma, ou outra coisa: ou eternamente feliz com os eleitos, ou
eternamente triste com os réprobos'. Temia e tremia um São Francisco de Assis,
embora fosse 'todo seráfico em seu ardor' e, ajoelhado sobre um alto rochedo do
Alverne, exclamava chorando: 'Acima de mim, está o Céu; abaixo de mim, está o
Inferno; eu me acho no meio. Meu Deus, onde cairei?' Temia e tremia uma Santa
Maria Madalena de Pazzi, embora fosse uma alma candidíssima e, avizinhando-se a
morte, voltava-se para seu confessor e perguntava ansiosa: 'Padre, o Sr. crê
que eu me salvarei?' Pois bem, se temiam e tremiam estes grandes Santos, quanto
mais devemos temer e tremer nós, que somos grandes pecadores!
5. Os Sinais de Predestinação
– Contudo, não exageremos! E exageraria quem quisesse tirar do que temos
dito esta conclusão pessimista e desesperada: é, portanto, vã e infundada
qualquer esperança de salvação. Tal conclusão, com efeito, constituiria um dos
erros mais grosseiros e mais perniciosos, pois a esperança é indubitavelmente
um de nossos maiores deveres e, juntamente, um de nossos maiores confortos. Não
temos e nem podemos ter de nossa predestinação uma certeza absoluta de Fé,
mas podemos conseguir chegar a uma certeza moral, que é suficiente para
nos dar certa segurança e conservar-nos tranquilos e serenos. Para se obter
esta certeza moral de nossa eterna salvação, todos os teólogos admitem alguns sinais
de predestinação, ou seja, alguns indícios por que se pode deduzir, com bom
fundamento, que tenhamos sido amados e eleitos, de modo especial, por Deus,
isto é, predestinados à glória do Céu. Ora, entre esses sinais de
predestinação, um dos principais é precisamente a devoção à Virgem Santíssima.
É o que me proponho demonstrar brevemente nesta instrução, para nossa
consolação e para glória de Maria.
II. As Provas do Problema
1. A Voz da Igreja – Que a
devoção à Virgem Santíssima seja um sinal moralmente certo de predestinação, é
o que nos ensina claramente a Igreja, chamada pelo Apóstolo 'Coluna e
Sustentáculo da Verdade'. A Igreja, com efeito, em sua liturgia, aplica à
Virgem Santíssima alguns trechos dos Livros Sagrados dos quais se deduz, com a
maior facilidade e lógica, esta conclusão tão consoladora. Assim, são aplicadas
à Virgem Santíssima estas palavras dos Provérbios: 'Quem me encontrar, terá
encontrado a vida e receberá do Senhor a salvação' – '
Qui me invenerit,
inveniet vitam et hauriet salutem a Domino'.
São aplicadas à Virgem Santíssima as palavras do Eclesiástico: 'Os que me
ilustrarem terão a vida eterna' –
'Qui elucidant me, vitam aeternam
habebunt'.
Pois bem, quem não vê ou, melhor, quem não percebe nestas palavras as mais
explícitas e doces garantias dadas por Maria a seus devotos com relação ao
importante negócio de sua eterna salvação? Quem não reconhece um verdadeiro
nexo entre o culto mariano e o grande problema de nossa predestinação?
2. A Voz da Tradição – Que
a devoção à Virgem seja um sinal de predestinação, é o que ensina, de modo
tanto explícito, toda a Tradição Cristã. É um
São Pedro Damião, o qual
deixou escrito: 'Não poderá perecer ante o eterno Juiz aquele que se tiver
assegurado a ajuda da Mãe desse Juiz'.
E a ajuda
de Maria, não é com a devoção para com Ela que no-la asseguramos? É um
Santo
Anselmo, o qual nos assevera que
'é impossível que se perca quem se
volta com confiança para Maria e é por Ela bem acolhido'. É um
São
Bernardo, o qual nos convida a recorrermos a Maria e nos assegura que a
Virgem Santíssima,
'com suas súplicas eficazes, trata egregiamente dos
assuntos de nossa eterna salvação'. É um
São
Lourenço Justiniano, o qual, comentando as palavras dirigidas por Jesus, do
alto da Cruz, à sua Mãe Santíssima, põe nos lábios do Crucificado as seguintes
palavras:
'Nenhum devoto teu será por Mim desdenhado e nenhum de teus
devotos servos se verá definitivamente excluído de Minha presença'. É o célebre
Pelbardo de Temesvar, o qual formula a proposição que se tornou, depois,
clássica:
'Servir a Maria é um sinal certíssimo e seguríssimo de salvação'.
É um
São Luís Grignion de Montfort, o qual diz expressamente:
'Todo o
que é eleito e predestinado traz a Virgem Santíssima morando dentro de si, isto
é, em sua alma'. É um
Santo
Afonso de Ligório, o qual deixou escrito:
'É impossível que se perca um
devoto de Maria, que fielmente a serve e a Ela se recomenda'. E não
terminaria nunca, se quisesse citar todos os ditos dos Santos.
3. A Voz da Razão – Que a
devoção a Maria seja um sinal de predestinação, é o que nos confirma também a
própria razão, fundada na Fé.
a) A semelhança
com Cristo, efeito da devoção a Maria: Diz-nos o Apóstolo que todos os que
foram predestinados à glória do Céu, também foram predestinados a assemelhar-se
ao primeiro
dos predestinados, a Cristo:
'Quos autem praedestinavit conformes fieri imaginis Filii sui'. Portanto, a semelhança com Cristo é indício
mais certo e o sinal supremo de predestinação. A Virgem Santíssima, sendo a
mais semelhante a Cristo,
'a face que a Cristo mais se assemelha', é a
Rainha dos Predestinados. Pois bem, quem é verdadeiro devoto de Maria
agradar-lhe com o assemelhar-se a Ela e, assemelhando-se a Ela, se assemelha a
Cristo; assemelhando-se a Cristo, acaba tendo em si mesmo o indício mais
luminoso de predestinação.
b) As preces e a ajuda de
Maria: Há mais; embora a predestinação em si mesma, ou seja, como é
ab
aeterno, na mente divina, depende unicamente de Deus, causa prima, contudo,
o
efeito da mesma, ou seja, seu cumprimento no tempo, não se obtém com
certeza sem o concurso das causas segundas e, especialmente, como ensina Santo
Tomás,
sem a
oração dos Santos e as boas obras. Justamente por isso, as orações dos
Santos e as boas obras
são os dois indícios mais certos de predestinação,
pois com eles o homem vem a realizar em si mesmo a eterna predestinação de
Deus.
Pois bem, se, por
efeito
da predestinação, são tão eficazes
as preces dos Santos, quanto mais o
serão as preces da Rainha dos Santos?
'Muito mais vantajoso me é',
escrevia um célebre escritor mariano,
'ser devoto da Virgem só, que de todos
os Santos e Anjos juntos; e estarei muito mais seguro de minha salvação, se a
Virgem se ocupar dela, do que se todos os Bem-aventurados nisso empenhassem
todas as suas orações e todos os seus méritos'. E se a
Rainha dos Santos levanta suas mãos suplicantes a Deus em favor de todos,
quanto mais o fará por seus devotos!
Ainda mais: para se praticarem as
boas obras, outro indício de predestinação, não é necessário,
indispensável, a ajuda da graça divina? Sem esta, com efeito, não
podemos fazer nada que seja meritório para o Céu. E não é a Virgem
Santíssima, por disposição divina, a Medianeira de todas as graças? E dessas
graças (indispensáveis para praticar as boas obras), especialmente das
escolhidas, das eficazes, não será Ela particularmente pródiga para com os
que a invocam e a honram? Sua honra acha-se empenhada nisso! Faltar-lhe-iam
o poder e a vontade? Mas o Altíssimo não lhe deu o braço poderosíssimo de Mãe
de Deus e o Coração terníssimo de Mãe dos homens? O poder é a mão que se
estende e a bondade é a mão que se abre. O poder a avizinha de Deus e a bondade
a avizinha dos homens.
É evidente, portanto, que
ser devoto de Maria é realizar em si mesmo as condições da sabedoria divina
para se obter com certeza o efeito de nossa predestinação à glória do
Céu.
4. Que Devoção a Maria é Sinal
de Predestinação? – Poderiam perguntar-nos: bastará uma devoção qualquer a
Maria para estar moralmente seguro de haver sido predestinado por Deus à glória
do Céu?
Para se dar uma resposta adequada
a esta pergunta, é necessário distinguir-se uma tríplice devoção à Virgem Santíssima,
a saber: uma devoção perfeita, uma devoção imperfeita, uma
devoção falsa. Devoção perfeita, é a dos que, além de
louvar a Virgem, executam aquela ordem que Ela deu aos servos nas Bodas de
Caná: 'Fazei tudo que Ele (Jesus) mandar'. São, portanto, os que,
à veneração da Virgem, unem inseparavelmente a prática fiel dos Preceitos
divinos. Devoção imperfeita, é a dos que, embora vivendo em
pecado, ou seja, no desfavor de Deus e, portanto, sem se darem ao propósito de
imitar suas virtudes, rendem, contudo, à Virgem, com uma finalidade honesta, um
perene culto de louvor. Sua devoção é verdadeira, mas imperfeita. É verdadeira,
pois há nesses pobres pecadores uma verdadeira e pronta vontade de realizarem
as práticas que revertem em honra de Maria. É, contudo, imperfeita, pois seus
atos de devoção não são animados pela Caridade (teologal); são como belíssimas
flores presas por um laço falto de limpeza. Devoção falsa, é a
dos que, não só vivem em pecado, mas tiram de sua devoção a Maria, razões para
viver mais livremente e mais tranquilamente no pecado. É uma devoção corrompida
pela presunção, uma espécie de sacrilégio, pois profana uma coisa santíssima e
procura, de certo modo, tornar a própria Virgem cúmplice das ofensas feita a
Deus.
Isto posto, podemos dizer: a
certeza moral de estar no número dos predestinados convém em sumo grau à
devoção perfeita; em grau muito menor, à imperfeita; em grau nenhum, à falsa.
Por conseguinte, quanto mais alguém quiser estar seguro de sua predestinação à
glória, tanto mais deve procurar que sua devoção a Maria seja perfeita.
5. A Força dos Fatos – A
força dos argumentos é confirmada admiravelmente e talvez mesmo superada pela
força dos fatos. Quantos, por meio de Maria, escaparam do Inferno! Conta São
Leonardo de Porto Maurício que, um dia, São Domingos, esconjurando um
possesso, fez esta pergunta ao Demônio: Diga lá, ó animal imundo, já caiu no
Inferno alguém que tenha sido verdadeiro devoto de Maria? – Não respondia, não
queria responder o Demônio. Mas, por fim, forçado pela ordem do Santo,
respondeu: Confesso a contragosto que até esta hora não foi para o Inferno
ninguém que tenha sido verdadeiro devoto de Maria e que jamais irá!
Nas revelações de Santa Brígida
, lê-se o
seguinte fato, próprio para encher de confiança o coração dos devotos da Virgem
Dolorosa.
Vivia nos tempos da Santa um homem nobre e rico, mas celerado e
perverso na mesma medida. Havia cerca de sessenta anos que não se aproximava
mais dos Sacramentos. No meio de todos os vícios, porém, mergulhado em tantas
perversidades, tinha uma só coisa de bom: uma terna devoção à Santíssima Virgem
Dolorosa. Compadecia-se cordialmente de suas dores acerbíssimas todas as vezes
que se recordava delas ou ouvia falar nas mesmas. Finalmente, adoeceu e, bem
depressa, se viu reduzido à última extremidade. Nem um só pensamento, naquele
desgraçado, sobre a salvação de sua alma. Santa Brígida, por ordem recebida do
divino Redentor, lhe enviou um Sacerdote, para que o exortasse a fazer uma boa
Confissão. Mas, por bem duas vezes, ele o repeliu grosseiramente, dizendo que
não sentia necessidade disso. A Santa, então, mandou o Confessor pela terceira
vez, fazendo-lhe saber da parte de Deus que estava possuído por bem sete
Demônios, que em breve o iriam arrastar ao Inferno. Diante dessa mensagem
tremenda, o desgraçado ficou de tal modo abalado, que se confessou com
abundantíssimas lágrimas por bem quatro vezes naquele dia e, depois, comungou
com as melhores disposições. Alguns dias mais tarde, entregou a alma a Deus
tranquilamente.
Logo que expirou, o Senhor
revelou a Santa Brígida que aquela alma havia escapado do Inferno unicamente
pela devoção que tinha nutrido para com as dores de sua Mãe Santíssima.
Conclusão
A devoção à Virgem Santíssima
é, portanto, um sinal luminoso de predestinação à glória do Céu. O servo
de Maria não poderá, portanto, perder-se: 'Servus Mariae non
peribit!' Verdade muito consoladora, que eleva nossa alma para as serenas
regiões do Céu e lhe permite respirar ampla, profundamente, restaurando-se. E é
esta verdade muito consoladora que um pio autor, sob o nome de São Boaventura,
teria querido proclamar altamente a todas as cinco partes do mundo: 'Ó vós,
que almejais entrar no Reino dos Céus, escutai! Honrai à Virgem Maria e
achareis a vida e a salvação! Pois a piedosa invocação da Virgem é sinal de
salvação'. E com razão. Se se dissesse a um navegante: 'Eis um pequeno
barco sobre o qual é impossível naufragar-se'; se se dissesse a um soldado:
'Eis uma arma com a qual é impossível deixar de obter a vitória'; se se dissesse
a um enfermo: 'Eis um remédio por força do qual não podereis morrer'; com que
ardor o navegante, o soldado, o enfermo não se apegariam ao dom que lhes era
oferecido?
Não somos nós navegantes,
soldados, enfermos: navegantes que buscam o porto da eterna salvação, soldados
que desejam a vitória sobre todos nossos inimigos espirituais e enfermos que
suspiram pela saúde eterna? Pois bem, eis um grande segredo para alcançarmos o
porto, para cantarmos vitória, para obtermos a saúde: amar, invocar, venerar Maria.
Aproveitemo-nos dele, imprimindo sempre mais profundamente na fronte e no
coração este grande sinal, este selo sagrado: é o sinal dos predestinados, é o
selo dos eleitos.
Na devoção a Maria acharemos
aquela pérola preciosa de que fala o Evangelho, com a qual poderemos conquistar
o Reino dos Céus. Na devoção a Maria, teremos a prova da verdade daquela grande
e consoladora promessa:
'Quem me encontrar, terá encontrado a vida e a
salvação'”.
A Devoção à Santíssima
Virgem,
é Necessária a Todos os
Homens,
para Conseguirem a Salvação.
“O douto e piedoso Suárez, da
Companhia de Jesus, o sábio e devoto Justo Lípsio, doutor da Universidade de
Lovaina, e muitos outros, provaram incontestavelmente, apoiados na opinião dos
Santos Padres, entre outros, Santo Agostinho, Santo Efrém, Diácono de Edessa,
São Cirilo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João de Damasco,
Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernardino, Santo Tomás e São Boaventura,
que
a devoção à Santíssima Virgem é necessária à salvação, e que é um sinal
infalível de condenação – opinião do próprio Ecolampádio e vários outros
hereges –
não ter estima e amor à Santíssima Virgem. Ao contrário,
é
indício certo de predestinação ser-lhe inteira e verdadeiramente devotado.
As figuras e palavras do Antigo e
do Novo Testamento o provam; a opinião e os exemplos dos Santos o confirmam; a
razão e a experiência o ensinam e demonstram; o próprio Demônio e seus
asseclas, premidos pela força da verdade, viram-se muitas vezes constrangidos a
confessá-lo a seu pesar. De todas as passagens dos Santos Padres e Doutores,
que compilei para provar esta verdade, cito apenas uma, para não me alongar:
'Tibi devotum esse, est arma quaedam salutis quae Deus his dat quos vult salvos
fieri...' (S. João de Damasco) – 'Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é
uma arma de salvação que Deus dá àqueles que quer salvar'.
Eu poderia repetir aqui várias
histórias que provam o que afirmo. Entre outras, 1º aquela que vem narrada nas
crônicas de São Francisco, em que se conta que o Santo viu, em êxtase, uma
escada enorme, em cujo topo, apoiado no Céu, avultava a Santíssima Virgem.
E
o Santo compreendeu que aquela escada ele devia subir para chegar ao Céu;
2º a outra, narrada nas crônicas de São Domingos: Quando o Santo pregava o Rosário
nas proximidades de Carcassona, quinze mil Demônios, que possuíam a alma de um
infeliz herege,
foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar
muitas verdades grandiosas e consoladoras, referentes à devoção a Maria. E
eles, para própria confusão, o fizeram com tanto ardor e clareza que não se
pode ler essa autêntica narração e o panegírico, que o Demônio, embora a
contragosto, fez da devoção mariana, sem derramar lágrimas de alegria, ainda
que pouco devoto se seja da Santíssima Virgem”.
Como Entra Maria no Plano
Divino
“E como entra a Santíssima Virgem
nesta idealização eterna?
Totalmente, respondemos.
Isto é, Maria não entra e não pode entrar nos segredos irrevogáveis de Deus
como um auxílio secundário e esporádico, que, uma vez utilizado,
vai perder sua razão de ser. Sua inclusão no plano salvífico é total
porque divina e irrevogável.
Maria, por assim dizer, preocupa
Deus eternamente, devido à excelência e à extensão de seu papel. Trata-se
de formar uma digna Mãe de Deus no tempo e trata-se de outorga-lhe um papel tão
extenso e durável quanto toda a obra 'ad-extra' de Deus.
O Infinito não faz as suas
obras pela metade e nem imperfeitamente. Logo, Maria será o que há de
mais excelente em dignidade e de mais duradouro em sua função. A sua atuação na
grande obra de Deus será tão duradoura quanto esta própria obra.
Não se trata, pois, somente, da
predestinação inaudita à Maternidade divina, o que é uma visão parcial
do desígnio eterno sobra Maria. Trata-se da predestinação da Virgem a tudo
o que se realizar mediante a Encarnação do Verbo.
Tem-se salientado suficientemente
a idealização eterna de uma Mãe de Deus, ornada de todos os favores e
privilégios e graças.
Mas tem-se esquecido que Nossa Senhora não é só isso.
Deus idealizou sua Mãe completa, que é também nossa Mãe na ordem
da graça. Se idealizou-a em ordem à Encarnação, idealizou-a também em ordem à
Redenção, em ordem à Eucaristia, em ordem à vida sobrenatural da Igreja, em
ordem à Mediação Universal. Porventura não tem Maria Santíssima o seu papel
em tudo isto? Portanto, a tudo isto foi predestinada
'ab aeterno'.
Consequências para a Teologia
– A predestinação de Nossa Senhora assim compreendida mostra-nos que todas
as graças que Deus lhe outorgou tem um alcance mais vasto do que simplesmente
prepará-la à Maternidade divina. Destinam-se a prepará-la à Mediação Universal
das graças.
Toda a relação eterna de Deus
para com Maria, se assim posso dizer, tende, portanto, mais sinteticamente, a
formar a divina Medianeira entre Deus e os homens. A formação da Medianeira
Universal inclui a formação da Mãe divina.
Sob este aspecto, a teologia
marial recebe um novo fulgor muito mais acariciante ao coração do homem, para
quem em última análise Maria Santíssima é idealizada nos planos de Deus. Vê-se
então a Deus como 'sumo bem que se difunde', cogitando de dar-se a nós por meio
de Maria, ao mesmo tempo que cogita receber alguma coisa de nós por meio de
Maria.
A preparação de Nossa Senhora,
quer pela sua Conceição Imaculada, quer pelo crescimento contínuo de suas
graças em várias plenitudes, projeta-se, portanto, na totalidade da obra
salvífica de Maria, ou seja, na Mediação, e não só na sua Maternidade divina.
E é neste sentido que podemos falar, com exatidão teológica, de Nossa Senhora
das Graças no plano eterno de Deus.
A última realidade na execução é
a primeira nos planos, sentenciam os filósofos. Sobretudo em Deus, é isto
verdade de longo alcance. O que por último se executa no tempo foi o que por
primeiro se idealizou na eternidade.
E, na ordem do desenvolvimento
dos Dogmas marianos, assim como o último que se propõe às almas é a Mediação de
Maria, assim foi ele o primeiro intencionado nos planos divinos.
O Fato da Mediação no
Evangelho – Por isto mesmo, nada que tenha mais plena realização no
Evangelho e na História da Igreja do que a Mediação de Maria. Nossa Senhora
aí aparece ligada a toda a estrutura vital do Cristianismo. Ela está no
princípio da vida cristã – a Encarnação – e prende-se tão intimamente com Jesus
Cristo, Verbo Encarnado, que é dEle inseparável no tempo e na eternidade.
Impossível separar Cristo de
Sua divina Mãe em todos os Mistérios, desde a própria Trindade, cujo Verbo,
anteriormente ao tempo, já se determinara a ser o Filho de Maria.
Nasceu a Vida nova, sobrenatural,
para os cristãos, graças ao Sangue de Cristo Redentor. E Maria foi quem lhe
deu este Sangue, quem formou nas puríssimas entranhas o Corpo Sacrossanto,
Vítima futura do Calvário, de cujo lado aberto nasceu a Vida. É Maria
continuando a ser um fato no plano salvífico.
Deste mesmo coração transpassado
de Cristo nasce a Igreja, Esposa de Jesus – diz Santo Ambrósio.
E Maria
Santíssima é, não só a primeira que à Igreja se incorpora, mas também a
primeira que a assiste, conforta e ensina, continuando, com os Apóstolos, a
obra de Jesus. Muito mais que simples incorporada e continuadora, com os
Apóstolos, da obra de Cristo,
Maria – primeira resgatada e incorporada –
começa logo a cooperar com Jesus na própria
Redenção objetiva. É
Corredentora, não no sentido vulgar em que nós também podemos ser
corredentores, na aplicação dos méritos, mas lá, na aquisição deles.
Vão os Apóstolos para o Cenáculo.
Está a sociedade divino-humana que Jesus fundou prestes a ser promulgada
solenemente com a descida do Paráclito.
E Maria Santíssima lá está com a
Igreja, orando e certamente assistindo como Mãe aos primeiros fiéis. Inegável à
luz da mais sã teologia, que a prece da Virgem forçou poderosamente o Coração
do Pai e do Filho para a missão visível do Espírito Santo, como anteriormente
abreviara as esperanças do Messias, apressando a Encarnação do Verbo. E é
por isso, que o Autor dos Atos tem o particular cuidado de mencionar-lhe o nome
entre os Apóstolos reunidos no Cenáculo: 'Todos eles perseveravam unanimemente
na oração,
juntamente com... Maria, a Mãe de Jesus'.
Nos primórdios da Igreja, Nossa
Senhora já era a Senhora dos primeiros cristãos, a Mãe de todos eles, não só
por títulos de afeição, mas por evidente disposição divina. Mediante Maria,
cremos, comunicava Deus as primeiras graças à Sua Igreja.
Maria enche, assim, o plano
sobrenatural, e sua colaboração estende-se a todos os Mistérios. Encarnação,
Redenção, nascimento da Igreja, vinda do Espírito Santo, fração do pão ou
Eucaristia – e consequentemente a vida cristã através dos séculos, a qual
dimana destes Mistérios – tudo está preso, inquebrantavelmente, à oração de
Maria, à Mediação Universal de Maria.
Conclusão
Grande e sublime verdade! Deus
quis, desde a eternidade, que uma simples mulher regesse, a bem dizer, toda a
vida sobrenatural dos homens. Maria Santíssima é a imprescindível
Medianeira entre Cristo e nós.
Assim, querido este 'fato',
desde o princípio dos tempos, até o fim dos mesmos tempos, Deus o levará à
execução.
Começará por preparar Maria. A
infinidade de seus dons, Deus os derramará em Maria.
Totius boni
plenitudinem posuit in Maria – diz São Bernardo.
E Ela há
de ser 'cheia de graça' –
gratia plena.
E tudo terminará por constituí-la
Deus, Dispenseira destes mesmos bens. E a não ser por Ela e dEla, ninguém
receberá a graça de Deus.
Omnia nos habere voluit per
manus Mariae, completa São Bernardo.
Cheia
de graça para Si, Deus a quis mais cheia ainda para nós. Plena sibi,
superplena nobis.
Sim, t
udo o que descer do Céu
será embalsamado pela fragrância de suas preces e trará o hálito celeste de
seus beijos de Mãe!”
Inacreditáveis Palavras
de S. Luís Maria Grignion de
Montfort
“Se você rezar o Rosário
fielmente até a morte,
eu lhe asseguro que, apesar das gravidades de seus
pecados 'alcançareis a incorruptível coroa da glória' (1 Ped. 5, 4).
Mesmo
que você esteja à beira da condenação eterna, mesmo que você já tenha um pé no
Inferno, mesmo que você já tenha vendido sua alma ao Diabo como os feiticeiros
fazem ao praticar a magia negra, e mesmo que você seja um herege obstinado,
como um Diabo, inevitavelmente você se converterá, consertará sua vida e Jesus
salvará sua alma. Guarde bem o que eu vou dizer, se você rezar o Santo
Rosário devotamente cada dia até à morte, com o propósito do conhecimento da
verdade, você obterá a graça do arrependimento e o perdão de seus pecados”.
As Quinze Promessas de Maria
aos Devotos do Rosário
I – Quem constantemente Me
servir recitando o meu Rosário receberá alguma graça particular.
II – Prometo grandes graças
e Meu especial auxílio aos que devotamente recitarem o Meu Saltério.
III – É o Rosário uma arma
poderosa contra o Inferno, ele extinguirá os vícios, dissipará o pecado e
extirpará as heresias.
IV – Fará reflorescer as
virtudes e as boas obras, atrairá às almas pias copiosas bênçãos de Deus e
substituirá nos corações dos homens, o amor vão do mundo pelo amor de Deus e
das coisas eternas. Oh! Quantas almas não se hão de santificar por este meio!
V – A alma que, por meio
do Rosário, recorrer a Mim, não perecerá.
VI – Quem devotamente
recitar o Meu Rosário, considerando os sagrados Mistérios, não será acabrunhado
pelas desgraças, não morrerá repentinamente, mas converter-se-á, se pecador, e
conservar-se-á em graça, se justo, e merecerá a vida eterna.
VII – Os verdadeiros
devotos do Meu Rosário, não morrerão sem receber os Santos Sacramentos.
VIII – Quero que os que
recitam o Meu Rosário, recebam, em vida e na morte, o lume e a plenitude das
graças, e assim na vida como na morte, participem dos méritos dos
Bem-aventurados.
IX – Eu, cada dia, tiro do
Purgatório as almas dos devotos do Meu Rosário.
X – Os verdadeiros filhos
do Meu Rosário, gozarão grande glória no Céu.
XI – Tudo o que se Me
pedir pelo Meu Rosário alcançar-se-á.
XII – Socorrerei todos os
que propagarem o Meu Rosário, em todas as suas necessidades.
XIII – Eu alcancei de Meu
Filho, que todos os Confrades do Rosário, tenham por irmãos toda a Corte
celeste, tanto em vida como na morte.
XIV – Todos os que recitam
o Meu Rosário, são filhos Meus e irmãos do Meu Unigênito Jesus Cristo.
XV – É grande sinal de
predestinação, o ser devoto do Meu Rosário.
Estas Promessas, segundo a tradição, foram feitas pela Santíssima Virgem ao Patriarca São Domingos e ao Beato Alano, e vêm referidas por Coppestein (B. Alani, Op., e nas mesmas obras do Beato Alano, publicadas em Imola, em 1847); por Miecoviense, por V. Sarnelli, por Santo Afonso de Ligório, por Ariemma, por Morassi, por Reveglione d. C. d. G., por Pasucci, por Lavazzuoli, por Pradel; e enfim, por muitos Breves dos Sumos Pontífices (Textos extraídos do Periódico La Vergine del Rosario, que publica-se em Roma, na Tipografia Vaticana, que o Sumo Pontífice Leão XIII, a 13 de Fevereiro de 1888 aprovou e recomendou - Veja-se: o fascículo de 31 de Outubro e o de 30 de Novembro de 1889).
Fonte: Mons. João Filippo, "A Ave Maria", pp. 149-150; Esc. Prof. Salesianas do Liceu do Coração de Jesus, São Paulo, 1924.
A Devoção Reparadora do
Imaculado Coração de Maria,
é Sinal, também, de
Predestinação à Glória Celeste.
Origem da Devoção – “O que
é o Segredo?... Bem. O Segredo consta de três coisas distintas, duas das quais
vou revelar.
A primeira foi, pois, a visão do
Inferno.
Nossa Senhora mostrou-nos um
grande mar de fogo, que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo,
os Demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou
bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas,
que delas mesmas saiam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os
lados, semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem
equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia
estremecer de pavor. Os Demônios distinguiam-se por formas horríveis e
asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros.
Esta visão foi um momento. E graças à Nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha
prevenido com a promessa de nos levar para o Céu!
Se assim
não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.
Em seguida, levantamos os olhos
para Nossa Senhora, que nos disse, com bondade e tristeza: 'Vistes o Inferno
para onde vão as almas dos pobres pecadores.
Para as salvar, Deus quer
estabelecer no Mundo a devoção a Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu
vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas, se
não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI
começará
outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida,
sabei que
é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o Mundo de seus crimes, por
meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre.
Para a
impedir, virei pedir a consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a
Comunhão Reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a
Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo,
promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo
Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas.
Por fim, o Meu
Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia,
que se
converterá, e será concedido ao Mundo algum tempo de paz'.
Formal Pedido de Nossa Senhora
– À irmã Lúcia, no “dia 10 de Dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima
Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem luminosa, um Menino. A Santíssima
Virgem, pondo-lhe no ombro a mão, mostrou-lhe ao mesmo tempo, um Coração que
tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo tempo, disse o Menino: 'Tem
pena do Coração de Tua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos, que os
homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de
reparação para os tirar'.
Em seguida, disse a Santíssima
Virgem: 'Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens
ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos,
vê de Me consolar, e dize que, todos aqueles que durante cinco meses, no
primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um
Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze Mistérios
do Rosário, com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da
morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas'.
No dia 15 de Fevereiro de 1926,
apareceu-lhe, de novo, o Menino Jesus. Perguntou-lhe se já tinha espalhado a
devoção a sua Santíssima Mãe. Ela expôs-Lhe as dificuldades que tinha o
confessor, e que a Madre Superiora estava pronta a propagá-la; mas que o
confessor tinha dito que ela, só, nada podia. Jesus respondeu: 'É verdade
que a tua Superiora, só, nada pode; mas, com a Minha graça, pode tudo'.
Apresentou a Jesus a dificuldade
que tinham algumas almas em se confessar ao sábado, e pediu para ser válida a
Confissão de oito dias. Jesus respondeu: 'Sim, pode ser de muitos mais
ainda, contanto que, quando Me receberem, estejam em graça, e que tenham a
intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria'.
Ela perguntou: 'Meu Jesus. As
que se esquecerem de formar essa intenção?' Jesus respondeu: 'Podem
formá-la na outra Confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que
tiverem de se confessar'.
No dia 17 de Dezembro de 1927,
foi junto do sacrário perguntar a Jesus como satisfaria o pedido que lhe era
feito: Se a origem da devoção ao Imaculado Coração de Maria estava encerrada no
Segredo que a Santíssima Virgem lhe tinha confiado.
Jesus, com voz clara, fez-lhe
ouvir estas palavras: 'Minha filha, escreve o que te pedem; e tudo o que te
revelou a Santíssima Virgem, na Aparição em que falou desta devoção, escreve-o
também; quanto ao resto do Segredo, continua o silêncio'.
O que em 1917 foi confiado a este
respeito, é o seguinte: Ela pediu para os levar para o Céu. A Santíssima Virgem
respondeu: 'Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve; mas tu ficas cá mais
algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer
estabelecer no Mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. A quem a abraçar,
prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas
por Mim a adornar o Seu trono'.
Em que Consiste a Devoção? –
A devoção consiste em,
durante 5 meses seguidos, ao primeiro sábado, receber
a Sagrada Comunhão, rezar um Terço, e fazer 15 minutos de companhia a Nossa
Senhora, meditando nos Mistérios do Rosário, e fazer uma Confissão com o mesmo
fim. Esta poder-se-á fazer noutro dia. Se não me engano, o bom Deus promete
terminar a perseguição na Rússia se o Santo Padre se dignar fazer, e mandar que
o façam igualmente os Bispos do mundo católico, um solene e público ato de
reparação e consagração da Rússia aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria,
prometendo, Sua Santidade, mediante o fim desta perseguição
aprovar e
recomendar a prática da já indicada devoção reparadora...
Mas é muito fácil.
Quem não
pode pensar nos Mistérios do Rosário?! Na Anunciação do Anjo e na humildade da
Nossa querida Mãe, que, ao ver-se tão exaltada, chama-se escrava?! Na Paixão de
Jesus, que tanto sofreu por nosso amor?! Quem não pode assim, nestes santos
pensamentos, passar 15 minutos, junto da Mãe mais terna das mães?!
Por que hão de ser '5
sábados', e não 9 ou 7 em honra das Dores de Nossa Senhora? – Ficando na
capela, com Nosso Senhor, parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio de
1930, e falando a Nosso Senhor das duas perguntas..., senti-me, de repente,
possuída mais intimamente da divina Presença; e, se não me engano, foi-me
revelado o seguinte: 'Minha filha, o motivo é simples: São 5 as espécies de
ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria'.
1ª – As blasfêmias contra
a Imaculada Conceição;
2ª – Contra a Sua
Virgindade;
3ª – Contra a Maternidade
divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
4ª – Os que procuram
publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e
até o ódio para com esta Imaculada Mãe;
5ª – Os que A ultrajam
diretamente nas Suas sagradas imagens. Eis, minha filha, o motivo pelo qual o
Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e, de
atenção a ela, mover a Minha misericórdia ao perdão para com essas almas que
tiveram a desgraça de A ofender. Quanto a ti, procura sem cessar, com as tuas
orações e sacrifícios, mover-Me à misericórdia para com essas pobres almas.
E quem não puder cumprir com
todas as condições no Sábado, não satisfará com os Domingos?
'Será
igualmente aceita a prática desta devoção no domingo seguinte ao 1º sábado,
quando os Meus sacerdotes, por justos motivos, assim o concederem às almas'”.
Terrível e Consolador
Exemplo
“É célebre a história de Teófilo,
escrita pelo clérigo Eutiquiano de Constantinopla, como testemunha ocular que
foi do fato que passo a relatar. Segundo o Padre Crasset, confirmam-no S. Pedro
Damião, S. Bernardo, S. Boaventura, S. Antonino e outros.
Era Teófilo arcediago da igreja
de Adanas, na Cilícia. Tanto o estimava o povo que o quis para Bispo, dignidade
que ele por humildade recusou. Caluniado, porém, por alguns malvados, e por
isso destituído de seu cargo, ficou de tal maneira desgostoso, que, fora de si
pela paixão, foi-se valer do auxílio de um mágico judeu. Este o colocou em
comunicação com o Demônio, o qual prometeu a Teófilo auxiliá-lo, mas sob a
condição de assinar ele, de próprio punho, um papel pelo qual renunciava a
Jesus e Maria, sua Mãe. Acedeu Teófilo e assinou a execranda renúncia. No dia
seguinte, o Bispo reconheceu a falsidade das acusações contra Teófilo e
pediu-lhe perdão, restituindo-lhe o cargo que ocupara. Mas o infeliz chorava
sem cessar, tendo a consciência dilacerada de remorso pelo enorme pecado que
havia feito. Finalmente, vai à igreja, ajoelha-se diante da imagem de Maria e
lhe diz: Ó Mãe de Deus, não quero desesperar; ainda Vós me restais, Vós que
sois tão compassiva e poderosa para me ajudar. Durante quarenta dias viveu
chorando e invocando a Santíssima Virgem. Uma noite apareceu-lhe a Mãe de
misericórdia e disse-lhe: Que fizeste, Teófilo? Renunciaste à Minha amizade e à
de Meu Filho e te entregaste àquele que é teu e Meu inimigo! Senhora, respondeu
Teófilo, haveis de me perdoar e de me obter o perdão de vosso Filho.
Vendo Maria tão grande confiança,
acrescentou: Consola-te, que vou rogar a Deus por ti. Reanimado, redobrou
Teófilo as lágrimas, as preces e as penitências, conservando-se sempre aos pés
da imagem de Maria. Reapareceu-lhe a Mãe de Deus e amavelmente lhe diz:
Teófilo, enche-te de consolação. Apresentei a Deus tuas lágrimas e orações; de
hoje em diante guarda-lhe gratidão e fidelidade. Senhora minha, replicou o
infeliz, ainda não estou plenamente consolado; ainda conserva o Demônio o ímpio
documento em que renunciei a Vós e a Vosso Filho; podei fazer que mo restitua.
E eis que três dias depois, acordando Teófilo à noite, achou sobre o peito o
referido documento. No dia seguinte, foi à igreja e ajoelhando-se aos pés do
Bispo, que justamente oficiava, contou-lhe por entre soluços tudo quanto havia
acontecido. Entregou-lhe o ímpio documento, que o Bispo fez queimar
imediatamente diante dos fiéis presentes, enquanto choravam todos de alegria,
exaltando a bondade de Deus e a misericórdia de Maria para com aquele pobre
pecador. Teófilo, entretanto, voltou à igreja de Nossa Senhora, onde no fim de
três dias morreu contente e cheio de gratidão para com Jesus e Sua Mãe
Santíssima”.

Oração
“Oh! Virgem Poderosa, persuadido
estou do quanto podeis junto de Deus, pelo que inteiramente me submeto à vossa
proteção.
E certa é a vossa proteção, visto
que nunca falta. Poderosa, porque vence todos os obstáculos. Universal, porque
não faz acepção de pessoas.
Sou filho culpado do meu Pai,
indigno de Deus portanto, indigno de que Ele me escute, se não recorro a Vós
como a minha Mediadora. Oh! Mãe do meu Deus, dignai-vos velar sobre mim,
regulai os meus passos em todo o tempo e por toda parte! Porquanto, os perigos
temporais e espirituais por toda parte se vêem, em todo o tempo nos colhem.
À vossa proteção recorro
principalmente neste dia fatal, depois do qual não haverá mais tempo nem graças
que esperar de Deus.
À vossa proteção recorro
principalmente nessa hora última, crítica e decisiva, a qual porá o ponto final
no meu exílio e começará a minha eternidade!
Não que pretenda eu, cheio de
esperança em vós, dormir doravante o sono criminoso dos ociosos na Fé e no Amor
a Deus.
Tal não é o espírito dos vossos
servos. Mas, ajudado pela graça de Jesus, que eu vos rogo obter para mim, irei
empós dos vossos cuidados e solicitudes, agirei segundo os vossos desejos, a
fim de chegar a essa morada da eterna ventura, para onde quereis conduzir todos
os que vos servem!”
2 comentários:
Prezado irmão confesso que fico fascinado com esses seus estudos. Além dos textos serem muito bons, noto que você utiliza uma vasta bibliografia, especialmente livros antigos que acredito não serem mais editados. Se me permite perguntar: onde você consegue essas obras raras? E que autores antigos você me recomendaria para conhecer melhor as riquezas da fé?
Salve Maria!
Tentei acessar o seu blog, mas ele está com acesso limitado.
Caso queira manter uma via de contato, favor enviar-me pelo e-mail: vieiradesouzaalexandre@hotmail.com
Será um prazer trocarmos orações e conhecimentos, apesar de eu ter pouco tempo livre, ainda assim, será um prazer.
Salve Maria!
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