Maria deu ao mundo seu Filho primogênito
e envolveu-O em pobres faixas,
reclinando-O num presépio,
por não encontrar
abrigo nas estalagens.
(Luc. 2, 7)
AUGUSTO, senhor do mundo, ordenou um recenseamento geral, e preparou assim, embora sem o saber, a realização das profecias. Maria e José tiveram de ir a Belém por este motivo. À falta de um teto hospitaleiro, tiveram de se acolher a uma gruta, que servia de abrigo a uma vaquinha. Foi ali que nasceu, no inverno, o verdadeiro Senhor do mundo! Envolvido em pobres faixas, e deitado numa manjedoura, em cima de palha, só foi aquecido pelo amor materno e paterno e pelo hálito da vaca dos pastores e do burrinho dos viajantes. A estas primícias de homenagem, associou-se toda a criação espiritual e material: primeiro os Anjos anunciaram o Salvador ao povo de Deus e aos humildes, na pessoa dos pastores, que logo acorreram; depois, uma estrela misteriosa guiou três Magos ou sábios, primícias da gentilidade e dos grandes. Toda a terra era então convidada a entrar no divino aprisco. Glória a Deus, paz aos homens!
Meditação sobre o Nascimento de Jesus
I. A pobreza de Jesus Cristo feito homem, deve inspirar-nos o desprezo das riquezas e o amor da pobreza. Jesus está abandonado de todos; não tem luz, só uns pobres paninhos para se preservar dos rigores do inverno. É a primeira lição, que Deus nos dá, ao vir ao mundo: como a aceitamos? Que amor sentimos pela pobreza? Jesus amou-a tanto que desceu do Céu para a praticar. Que remédio se há de dar à avareza, se a pobreza do Filho de Deus a não curar? – Santo Agostinho.
II. A humildade manifesta-se com um brilho admirável, no Nascimento de meu divino Mestre. Quer nascer num estábulo, de Mãe pobre, esposa de um pobre operário: tudo neste Mistério nos prega a humildade. Deixar-nos-emos arrastar ainda pela vaidade? Ainda teremos ambições pelas dignidades e honras? Aprendamos hoje a conhecer o que devemos amar e apreciar: convençamo-nos de que a verdadeira grandeza do cristão é imitar Jesus e humilhar-se.
III. Foi o amor de Jesus pelos homens que O reduziu a estado tão pobre e tão humilde. O homem perdera-se por querer tornar-se semelhante a Deus: Deus resgata-o assumindo a natureza e a fragilidade do homem. Jesus quis fazer-se semelhante a nós: correspondamos ao seu amor, procurando tornar-nos semelhantes a Ele. Quer nascer em nossos corações pela graça: não lhe fechemos a porta, e, quando vier, conservemo-lO, praticando boas obras. Cristo nasce nas almas, nelas cresce e se desenvolve: peçamos-Lhe que nelas não fique muito tempo pobre e fraco. – São Paulino.
Humildade. – Orar pela Igreja.
Oração: Deus onipotente, que o novo Nascimento, segundo a carne, de vosso Filho único, nos livre da antiga escravidão, que ao pecado nos acorrentava. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
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Fonte: Vida dos Santos com uma Meditação para cada dia do ano, pelo Pe. João Estevam Grossez, S.J., 25 de Dezembro, pp. 373-374. 2ª Parte, Edição Portuguesa, União Gráfica, Lisboa, 1928.
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