Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O AUTOR, A ORIGEM E A FINALIDADE DAS VESTES.



Vinde, e narremos em Sião



a obra do Senhor Nosso Deus


(Jer. 51, 10).



No início “um e outro, isto é, Adão e sua mulher, estavam nus; e não se envergonhavam” (porque ainda estavam na inocência original).

Mas, após o Pecado Original “os olhos de ambos se abriram; e, tendo conhe­cido que esta­vam nus, coseram folhas de figueira, e fizeram para si cinturas” (Saio­tes).



E Deus, não satisfeito com a criação não somente insuficiente, mas ainda inde­cente, do engenho humano decaído, eleva-o acima da vergonha primeira através do pu­dor, da castidade e da modéstia, que é a guarda das duas primeiras; e traça-lhes o perfil do vestuário à ser usado: túnicas, que lhes cubram a nudez do corpo, sujeito a par­tir de então das forças corruptíveis das concupiscências desordenadas, e não saiotes que os expõem à novas quedas: Fez também o Senhor Deus a Adão e a sua Mulher umas tú­nicas de peles, e os vestiu” (Gên. 2, 25; 3, 7-11. 21). Eis aí a condena­ção Divi­na das vestes que exponham o corpo huma­no.


► “Rigorosa foi esta sentença (Gên. 3, 16-20); porém, castigo pequeno para tão gran­de pe­cado. Por ela ficaram Adão e Eva obrigados a fazer, em todos os dias da vida, peni­tência da sua culpa; porém, já ficavam restituídos à Divina Graça. Com a culpa, apare­ceram aos olhos um do ou­tro nus e envergonhados; porque o peca­do os tinha despidos da Graça Original, que lhes servia de gala; e como não podi­am recuperar outra vez a Pri­meira Inocência, não foi conveniente que lhes servis­sem de vestido ao corpo a Graça re­cuperada. A esta desnudez corporal remedi­ou o Se­nhor fazendo a Adão e a Eva umas túni­cas de peles de animais, que foi o vesti­do, de que usaram em toda a larga vida de nove­centos e tantos anos” (R. Pe. Fr. Antônio do Sacramento, “Ventura do Homem Predestinado e Desgraça do Homem Preci­to”, Disc. I).

► “A roupa não é um mero adorno do corpo, nem apenas um abrigo con­tra o frio. Na Bí­blia é dito que os primeiros pais da humanidade estavam nus en­quanto viviam em esta­do paradi­síaco. Tão logo, porém, cometeram o pecado, senti­ram a necessidade de se co­brirem da nudez que antes não notavam. O pró­prio Deus apa­rece dando-lhes uma veste de peles. A Doutrina aí contida é: a veste tem como ob­jeto principal defender a fraqueza hu­mana contra os botes da con­cupiscência” (R. Pe. José Ricart Torrens, “O que o Concílio não disse”, Cap. IV, Art. 9).

"A veste, com efeito, que cobre o corpo, foi instituída pelo próprio Deus. Porque o cor­po humano saiu perfeito das Mãos divinas, não se segue que o ho­mem não o tenha de­formado. Ora, o que a Sagrada Escritura e a Doutrina Católi­ca ensi­nam é que o pecado ali­jou do homem, além da Graça, o Dom da In­tegridade.

Ao perder o Dom da Integridade, sentiu o homem a desordem dos sen­tidos rebela­dos con­tra a razão. Sentiu e percebeu as consequências. Tentou des­viá-las com uma tan­ga de folhas de fi­gueira.

Foi quando, compadecido da miséria humana, Deus interveio fazendo para nossos pri­meiros pais túnicas de pele. Fê-las e Ele mesmo os cobriu (Gên. 3). Por fidelidade a Nosso Se­nhor, a Igreja sempre se ocupou da modéstia no trajar, ditan­do mesmo Normas sobre o assun­to (cfr. Ins­trução da S. C. do Conc. 1930; Conc. Plen. Bras., Decret. 139, etc.)... Não nos esqueça­mos que Je­sus Cristo é de sem­pre. Assim também a sua Doutrina. E é à fidelidade a esta Dou­trina perene que nos levará ao Céu..." (D. Antônio de Castro Mayer, "Monitor Campista", de 13/05/1984).




Finalidades das Vestes


► “A necessidade de uso de vestes, para os que têm Fé na Palavra Escri­ta de Deus, pro­veio do primeiro pecado de nossos primeiros pais, Adão e Eva.

'Então os seus olhos se abriram e vendo que estavam nus, tomaram folhas de fi­gueira (ha­leh te henáh), coseram-nas e fizeram cinturas (hagarót) para si' (Gên. 3, 6-7).

As faixas de folhas (hagarót ou minissaias, as primeiras de que se tem notícia na his­tória da humanidade) não agradaram a Deus que fez túnicas de peles (catenot hor) e os vestiu (Gên. 3, 21).

A veste, triste recordação do Pecado Original, tem quatro fins: Espiritual, Moral, Físico e Estéti­co.

Fim Espiritual ou Simbólico: A veste lembra a Graça perdida e que deve ser recu­perada. Lembra ainda a Graça recuperada pelo Santo Batismo e pela Confissão dos pecados, e que deve ser conservada pela recepção dos Sacramentos e pela prática das boas ações e virtu­des cristãs. Dá idéia de castigo do pecado e da penitência que deve ser feita para recuperá-la.

Este sentido espiritual supõe Católica. Para quem não a possui, a veste é apenas uma exigência natural, coisa secundária ou marginal, sem importância alguma.

Fim Moral ou Social: Deve-se respeitar a sensibilidade e delicadeza alheia. A comodi­dade do corpo não deve prevalecer ao bem espiritual da alma, pró­pria e alheia. Deve-se, pois, evi­tar de causar má impressão aos outros, de dar mau exemplo e de escandalizar o próximo. Por esse motivo se recomenda o recato, o pudor , a modéstia, a simplicidade e suficiência no modo de vestir-se.

Fim Físico ou Higiênico: A veste visa suprir no homem aquilo que nos animais, nas aves, nos peixes, e mesmo nas plantas, agasalha, defende, protege o corpo contra as intempéries, as enfermidades e outros males exteriores. Antes do Pecado, os homens se assemelhavam a Deus e aos Anjos; depois do Pecado, aos animais inferiores. O homem é um ser decaído. Depois de res­gatado pela Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo a veste é usada para lembrar a Graça que deve ser conservada.

Fim Artístico ou Estético: Serve para encobrir os defeitos físicos e real­çar as verdadei­ras belezas espirituais e morais, antes que os dotes corporais e pas­sageiros.




As Vestes pertencem à categoria de sinais


Os sinais externos classificam-se em naturais, convencionais e simbólicos. Manifestan­do-se aos sentidos, ao mesmo tempo manifestam outras realidades, inclusive espirituais.

A fumaça, por exemplo, é um sinal natural do fogo, pois, manifestando-se, ao mesmo tempo ma­nifesta a presença do fogo.

Os uniformes dos militares, dos estudantes, das associações, dos religiosos, manifestan­do-se, manifestam as classes de pessoas a que pertencem. São sinais convencio­nais escolhidos pela livre von­tade das pessoas.

O ósculo é ao mesmo tempo sinal natural e convencional. Naturalmente mani­festa a afei­ção, o respeito, a gratidão. Mas convencionalmente é escolhido para manifes­tar a reverência reli­giosa. É sinal simbólico baseado na semelhança ou propor­ção exis­tente entre o significado e o sinal.

A veste pode ser profana ou sagrada. A primeira é usada pelos leigos, pelos se­culares; a segun­da, pelas pessoas consagradas ao serviço de Deus.






Importância das Vestes

Ninguém nega que a veste, como veste, em si mesma, seja do material e do fei­tio que for, não passa de veste, coisa material, moralmente indiferente. Em si mes­ma é coisa marginal, secundária. Mas em relação ao fim, ao objeto, à pessoa a que ela se des­tina, ela toma menor ou maior importância confor­me a importância menor ou mai­or do ob­jeto, do fim ou da pessoa à qual se refere.

Portanto, pelo que ela representa, lembra, simboliza, não deixa de ter sua impor­tância, e não pe­quena, como o corpo, veste da alma, é secundário em relação à alma, mas muito impor­tante para a cons­tituição essencial do homem, que não existe sem o corpo.

A alma, elemento mais importante em relação ao corpo é secundária em re­lação à Gra­ça sobre­natural que faz de um homem natural, um cristão, irmão de Cristo, co-her­deiro do Céu.

Mesmo essa Graça sobrenatural criada, tão importante em relação à alma racio­nal, é se­cundária em relação à Graça Incriada que é a mesma Trindade Santíssima da qual provém.

Secundária em relação aos elementos superiores, quem poderá negar a importân­cia da Graça Santificante, da alma humana, do corpo e também da veste que representa, lembra, simboli­za realidades espirituais e sobrenaturais?

A primeira ideia que a veste evoca, é do Pecado Original. Nossos pri­meiros pais logo que cometeram o pecado, sentiram a necessidade de se cobri­rem. Ela lembra, pois, o Pecado Original, a Graça perdida, a Graça que deve ser re­cuperada, conservada e cultiva­da. Lembra as tristes consequências do Pecado Ori­ginal: as necessidades de agasalho, de encobrir defeitos, de destacar valores espi­rituais, como a dignidade humana de que tanto se fala em nossos dias, a digni­dade de Cristão de que pouco se medita, da autorida­de, do Sacerdócio, da pessoa consa­grada ao serviço de Deus e do próximo.

Nestes pontos, a veste não é coisa marginal, secundária, sem valor, sem importância.

Quando os Bárbaros, Gôdos, Visigodos, Suevos, Vândalos, Hunos, Hé­rulos, Ostrogodos, Lombardos, desde o ano 402, invadiram a Europa, introduziram entre os secula­res o uso de vestes curtas e estreitas, naqueles tempos considera­das exóticas. As calças, camisas, blu­sas, paletós provém desses povos Bárbaros do Norte da Europa, enquanto os Eclesiásticos, por determinação dos Concílios dos séculos IV e V conservaram, não sem contradição, a túni­ca e a toga ampla e sa­cerdotal” (Mons. José Ribeiro Viana, “Disciplina Eclesiástica – A respeito do Hábito Ta­lar”, Caps. II e III).


"Os vestidos têm um triplo fim: 1. Proteger a modéstia. 2. Garantir-nos contra as incomodi­dades das estações. 3. Adornar-nos com moderação e pu­dor, como diz São Paulo.

O ornato deve ser proporcional ao estado de cada um, e então, diz São To­más, per­tence à vida da piedade, por isso, que manifesta nesses objetos exterio­res a condição de quem os traz.

Devem-se evitar os dois extremos: uma afetação e uma negligência exces­sivas. A afeta­ção é contrária à moderação cristã, e a negligência é contrária à or­dem, que pede que cada um se vista segundo o seu estado: Ester como rainha, Ju­dite como viúva, Abigail como senhora e Agar como serva.

Eis um erro fundamental de que deves guardar-te: pensar que os cos­tumes e exi­gências nobres e legítimos do teu tempo ou do teu ambiente, não podem ser ordena­dos e ajustados à santidade da Doutrina Moral de Jesus Cristo.

Observa que precisei: os nobres e legítimos. Os demais não têm direi­to de cidada­nia" (São Josemaría Escrivá de Balaguer, "Sulco", Cap. "Cidadania", nº 307).


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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".

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