“Vinde,
e
narremos
em
Sião
a
obra
do
Senhor
Nosso
Deus”
(Jer.
51, 10).
No
início “um e outro,
isto é, Adão e sua mulher,
estavam nus; e não se envergonhavam” (porque
ainda estavam na inocência original).
Mas, após o Pecado
Original “os olhos de
ambos se abriram; e, tendo conhecido que estavam nus,
coseram
folhas
de
figueira,
e
fizeram
para
si
cinturas” (Saiotes).
E Deus, não satisfeito
com a criação não somente insuficiente, mas ainda indecente,
do engenho humano decaído, eleva-o acima da vergonha primeira
através do pudor, da castidade e da modéstia, que é a guarda
das duas primeiras; e traça-lhes o perfil do vestuário à ser
usado: túnicas,
que lhes cubram a nudez do corpo, sujeito a partir de então das
forças corruptíveis das concupiscências desordenadas, e não
saiotes
que os expõem à novas quedas: “Fez
também
o
Senhor
Deus
a
Adão
e
a
sua
Mulher
umas
túnicas
de
peles,
e
os
vestiu” (Gên.
2, 25; 3, 7-11. 21). Eis aí
a condenação Divina das vestes que exponham o corpo
humano.
► “Rigorosa foi
esta sentença (Gên. 3,
16-20); porém, castigo
pequeno para tão grande pecado. Por ela ficaram Adão e
Eva obrigados a fazer, em todos os dias da vida, penitência da
sua culpa; porém, já ficavam restituídos à Divina Graça. Com a
culpa, apareceram aos olhos um do outro nus e
envergonhados; porque o pecado os tinha despidos da Graça
Original, que lhes servia de gala; e como não podiam recuperar
outra vez a Primeira Inocência, não foi conveniente que lhes
servissem de vestido ao corpo a Graça recuperada. A esta
desnudez corporal remediou o Senhor fazendo a Adão e a Eva
umas túnicas de peles de animais, que foi o vestido, de
que usaram em toda a larga vida de novecentos e tantos anos” (R.
Pe. Fr. Antônio do Sacramento, “Ventura do Homem Predestinado e
Desgraça do Homem Precito”, Disc. I).
► “A roupa não é
um mero adorno do corpo, nem apenas um abrigo contra o frio. Na
Bíblia é dito que os primeiros pais da humanidade estavam nus
enquanto viviam em estado paradisíaco. Tão logo,
porém, cometeram o pecado, sentiram a necessidade de se
cobrirem da nudez que antes não notavam. O próprio Deus
aparece dando-lhes uma veste de peles. A Doutrina aí contida é:
a veste tem como objeto principal defender a fraqueza humana
contra os botes da concupiscência” (R.
Pe. José Ricart Torrens, “O que o Concílio não disse”, Cap.
IV, Art. 9).
► "A veste, com
efeito, que cobre o corpo, foi instituída pelo próprio Deus. Porque
o corpo humano saiu perfeito das Mãos divinas, não se segue
que o homem não o tenha deformado. Ora, o que a Sagrada
Escritura e a Doutrina Católica ensinam é que o pecado
alijou do homem, além da Graça, o Dom da Integridade.
Ao perder o Dom da
Integridade, sentiu o homem a desordem dos sentidos rebelados
contra a razão. Sentiu e percebeu as consequências. Tentou
desviá-las com uma tanga de folhas de figueira.
Foi quando,
compadecido da miséria humana, Deus interveio fazendo para nossos
primeiros pais túnicas de pele. Fê-las e Ele mesmo os cobriu
(Gên.
3). Por fidelidade a
Nosso Senhor, a Igreja sempre se ocupou da modéstia no trajar,
ditando mesmo Normas sobre o assunto (cfr.
Instrução da S. C. do Conc. 1930; Conc. Plen. Bras., Decret.
139, etc.)... Não
nos esqueçamos que Jesus Cristo é de sempre. Assim
também a sua Doutrina. E é à fidelidade a esta Doutrina
perene que nos levará ao Céu..." (D.
Antônio de Castro Mayer, "Monitor Campista", de
13/05/1984).
Finalidades
das
Vestes
► “A necessidade
de uso de vestes, para os que têm Fé na Palavra Escrita de
Deus, proveio do primeiro pecado de nossos primeiros pais, Adão
e Eva.
'Então os seus
olhos se abriram e vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira
(haleh te henáh),
coseram-nas e fizeram cinturas (hagarót)
para si' (Gên.
3, 6-7).
As faixas de folhas
(hagarót ou minissaias, as
primeiras de que se tem notícia na história da humanidade)
não agradaram a Deus que fez túnicas de peles (catenot
hor) e os vestiu (Gên. 3,
21).
A veste, triste
recordação do Pecado Original, tem quatro fins: Espiritual,
Moral, Físico e Estético.
Fim
Espiritual
ou
Simbólico:
A veste lembra a Graça perdida e que deve ser recuperada.
Lembra ainda a Graça recuperada pelo Santo Batismo e pela Confissão
dos pecados, e que deve ser conservada pela recepção dos
Sacramentos e pela prática das boas ações e virtudes cristãs.
Dá idéia de castigo do pecado e da penitência que deve ser feita
para recuperá-la.
Este sentido
espiritual supõe
Fé
Católica.
Para quem não a possui, a veste é apenas uma exigência natural,
coisa secundária ou marginal, sem importância alguma.
Fim
Moral
ou
Social:
Deve-se respeitar a
sensibilidade e delicadeza alheia. A comodidade do corpo não
deve prevalecer ao bem espiritual da alma, própria e alheia.
Deve-se, pois, evitar de causar má impressão aos outros, de
dar mau exemplo e de escandalizar o próximo. Por esse motivo se
recomenda o recato, o pudor , a modéstia, a simplicidade e
suficiência no modo de vestir-se.
Fim
Físico
ou
Higiênico:
A veste visa suprir no homem aquilo que nos animais, nas aves, nos
peixes, e mesmo nas plantas, agasalha, defende, protege o corpo
contra as intempéries, as enfermidades e outros males exteriores.
Antes do Pecado, os homens se assemelhavam a Deus e aos Anjos; depois
do Pecado, aos animais inferiores. O homem é um ser decaído. Depois
de resgatado pela Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo a
veste é usada para lembrar a Graça que deve ser conservada.
Fim
Artístico
ou
Estético:
Serve para encobrir os
defeitos físicos e realçar as verdadeiras belezas
espirituais e morais, antes que os dotes corporais e passageiros.
As
Vestes
pertencem
à
categoria
de
sinais
Os sinais externos
classificam-se em naturais, convencionais e simbólicos.
Manifestando-se aos sentidos, ao mesmo tempo manifestam outras
realidades, inclusive espirituais.
A fumaça, por exemplo, é
um sinal natural do fogo, pois, manifestando-se, ao mesmo tempo
manifesta a presença do fogo.
Os uniformes dos
militares, dos estudantes, das associações, dos religiosos,
manifestando-se, manifestam as classes de pessoas a que
pertencem. São sinais convencionais escolhidos pela livre
vontade das pessoas.
O ósculo é ao mesmo
tempo sinal natural e convencional. Naturalmente manifesta a
afeição, o respeito, a gratidão. Mas convencionalmente é
escolhido para manifestar a reverência religiosa. É sinal
simbólico baseado na semelhança ou proporção existente
entre o significado e o sinal.
A veste pode ser profana
ou sagrada. A primeira é usada pelos leigos, pelos seculares; a
segunda, pelas pessoas consagradas ao serviço de Deus.
Importância
das
Vestes
Ninguém nega que a
veste, como veste, em si mesma, seja do material e do feitio que
for, não passa de veste, coisa material, moralmente indiferente. Em
si mesma é coisa marginal, secundária. Mas em relação ao
fim, ao objeto, à pessoa a que ela se destina, ela toma menor
ou maior importância conforme a importância menor ou maior
do objeto, do fim ou da pessoa à qual se refere.
Portanto, pelo que ela
representa, lembra, simboliza, não deixa de ter sua importância,
e não pequena, como o corpo, veste da alma, é secundário em
relação à alma, mas muito importante para a constituição
essencial do homem, que não existe sem o corpo.
A alma, elemento mais
importante em relação ao corpo é secundária em relação à
Graça sobrenatural que faz de um homem natural, um
cristão, irmão de Cristo, co-herdeiro do Céu.
Mesmo essa Graça
sobrenatural criada, tão importante em relação à alma racional,
é secundária em relação à Graça Incriada que é a mesma
Trindade Santíssima da qual provém.
Secundária em relação
aos elementos superiores, quem poderá negar a importância da
Graça Santificante, da alma humana, do corpo e também da veste que
representa, lembra, simboliza realidades espirituais e
sobrenaturais?
A primeira ideia que
a veste evoca, é do Pecado Original. Nossos primeiros pais logo
que cometeram o pecado, sentiram a necessidade de se cobrirem.
Ela lembra, pois, o Pecado Original, a Graça perdida, a Graça que
deve ser recuperada, conservada e cultivada. Lembra as
tristes consequências do Pecado Original: as necessidades de
agasalho, de encobrir defeitos, de destacar valores espirituais,
como a dignidade humana de que tanto se fala em nossos dias, a
dignidade de Cristão de que pouco se medita, da autoridade,
do Sacerdócio, da pessoa consagrada ao serviço de Deus e do
próximo.
Nestes pontos, a veste
não é coisa marginal, secundária, sem valor, sem importância.
Quando os Bárbaros,
Gôdos, Visigodos, Suevos, Vândalos, Hunos, Hérulos,
Ostrogodos, Lombardos, desde o ano 402, invadiram a Europa,
introduziram entre os seculares o uso de vestes curtas e
estreitas, naqueles tempos consideradas exóticas. As calças,
camisas, blusas, paletós provém desses povos Bárbaros do
Norte da Europa, enquanto os Eclesiásticos, por determinação dos
Concílios dos séculos IV e V conservaram, não sem contradição, a
túnica e a toga ampla e sacerdotal” (Mons.
José Ribeiro Viana, “Disciplina Eclesiástica – A respeito do
Hábito Talar”, Caps. II e III).
► "Os vestidos têm
um triplo fim: 1. Proteger a
modéstia. 2. Garantir-nos
contra as incomodidades das estações.
3. Adornar-nos com moderação
e pudor, como
diz São Paulo.
O ornato deve ser
proporcional ao estado de cada um,
e então, diz São Tomás, pertence
à vida da piedade, por isso, que manifesta nesses objetos
exteriores a condição de quem os traz.
Devem-se evitar os dois
extremos: uma afetação e uma negligência excessivas. A
afetação é contrária à moderação cristã, e a negligência
é contrária à ordem, que pede que cada um se vista segundo o
seu estado: Ester como rainha, Judite como viúva, Abigail como
senhora e Agar como serva.
Eis um erro
fundamental de que deves guardar-te: pensar que os costumes e
exigências −
nobres e legítimos −
do teu tempo ou do teu ambiente, não podem ser ordenados e
ajustados à santidade da Doutrina Moral de Jesus Cristo.
Observa que precisei:
os nobres e legítimos. Os demais não têm direito de
cidadania" (São
Josemaría Escrivá de Balaguer, "Sulco", Cap. "Cidadania",
nº 307).
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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".
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