Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

QUANTO IMPORTA OBSERVAR A MODÉSTIA E NÃO A DESPREZAR.



Sem a Modéstia não verdadeira Santidade e Perfeição

 

A Doutrina exposta a seguir sobre o desprezo das coisas pe­quenas, aplicare­mos para a Modéstia nos trajes, e daí tirare­mos abundan­tes pontos de medita­ção e valiosos frutos de conversão. Onde hou­ver as palavras “pequenas coi­sas” mudaremos, virtualmente, para a palavra “Modés­tia”.

► “Qui spernit modica paulatim decidet: Quem despreza as coisas peque­nas, pouco a pouco virá a cair (Eclo. 19, 1). Este é um ponto de muita importân­cia, especial­mente para os que tratam de perfeição; porque as coisas maio­res por si mesmas estão recomendadas; porém, nas peque­nas costumamos mais facilmente descuidar-nos e tê-las em pouco, parecendo-nos de menor mon­ta e que vai pouco nelas; e é grandíssi­mo engano, porque nelas nos vai mui­to. Por isso, nos avisa o Espírito Santo pelo Sá­bio nestas palavras, que nos guardemos de tal perigo, porque quem despreza as coisas pe­quenas e não faz caso delas, pou­co a pouco virá a cair nas grandes. Bastava esta razão para nos persuadir e nos cau­sar te­mor, pois é razão e aviso do Espírito Santo.

São Bernardo trata com muita clareza este ponto: 'Por faltas leves princi­piam os que depois vêm a cair em grandes males' (“de ord. Vitoe et mor instit”). Desen­ganai-vos, diz, que é verdadeira aquela sentença comum: Ninguém de repen­te (ge­ralmente falando) vem a ser muito mau nem mui­to bom, mas pouco a pouco vai crescendo o bem e o mal. Assim como as enfermidades graves do corpo pou­co a pouco se vão gerando, assim as enfermi­dades espirituais e males grandes da alma se vão também gerando pouco a pouco; e as­sim, quando virdes quedas gra­ves de alguns servos de Deus, não imagineis, diz o Santo, que então principiou o dano (S. Bern., “Serm. Contra vit in­gratitud”) porque nunca quem perseverou e vi­veu muito bem, veio a resvala e cair em alguma coi­sa grave de repente, se­não por se ter des­cuidado primeiro em coisas miúdas e pequenas, com as quais se foi en­fraquecendo pouco a pouco a virtude da sua alma, e mereceu que Deus levantasse um pouco a Mão, e assim com facilidade pode ser vencido depois na tentação gran­de que se lhe ofereceu.

Cassiano declara esta verdade com uma comparação mui própria, e é compara­ção do Espírito Santo. 'As casas, diz, não caem de repente, mas primeiro se abrem pequenas fen­das por onde en­tra a água que pouco a pouco vai apodrecendo as madeiras do edifício, penetrando as paredes, enfraquecendo-as e arruinando-as até chegar aos alicerces, e as­sim vem a casa a arruinar-se e a dar consigo em terra em uma noite: 'Pela preguiça irá se abatendo o teto, e pela debilidade das mãos virá a chover em toda a casa' (Eclo. 10, 18)'. Por preguiça de não reparar a casa ao princípio quando era pequeno o dano, por não a concer­tar e acudir-lhe em tempo, veio a amanhecer caída em uma manhã. 'Dessa mesma sorte, diz Cassiano, vêm os ho­mens a dar grandes quedas e parar em grandes males; entram pri­meiro nossas afeiçõezinhas e nossas paixões, como pequenas goteiras e vão pouco a pouco pe­netrando, debilitando e enfraquecendo a virtude de nossa alma, e desta sorte se vem a arruinar todo o edifício, só porque não se reparou o dano ao princípio quan­do era pequeno, porque se descuidou em acudir a uma pequena goteira; porque não quis fazer caso de coisas pequenas, por isso veio a amanhecer um dia tenta­do, e no outro fora da Religião' (Cass., Col., & Abb. Theodor.). Provera a Deus que o não experimentássemos tanto. Verdadeiramente causa grande temor e espanto ver que por coisas tão miúdas, principiou a perdição de alguns, que vie­ram a grande mal. Sabe muito o Demônio; não acomete os servos de Deus ao primeiro golpe com coi­sas graves. É' mais astuto que isso! Pouco a pouco, e sem se fazer sentir, com coisas peque­nas e miúdas, faz ele melhor o seu negócio que se acometesse com coisas grandes; porque, se logo os tentasse com pecados mor­tais, seria facil­mente sentido e despedido, e entrando por ou­tras coisas pequenas e miú­das, nem é senti­do, nem despedido, mas admitido.

Por isso, diz São Gregório (3. P. Pastoral. Adm. 35), que em parte é maior peri­go o das coisas pequenas, que o das grandes; porque estas quanto mais clara­mente se conhecem, tanto mais, com o conhecimento de maior mal, movem a que se evitem e a que mais de­pressa se emendem, quando se tenham cometido. Mas as culpas pequenas, quanto me­nos se conhecem, menos se evi­tam, e como se têm em pouco, repetem-se e continuam-se, e fica-se nelas muito descansadamen­te e não se acaba nunca de resolver nem determi­nar-se varonilmente a lançá-las de si e des­te modo brevemente de pequenas se vêm a fa­zer muito grandes.

Com esta doutrina concorda singularmente São João Crisóstomo (Hom. 27, sup. Math.). Diz, pois, este Santo uma coisa, a que chama maravilhosa: Uma coisa maravi­lhosa me atrevo a dizer, a qual vos parecerá nova e nunca ouvida, e é que algu­mas vezes é necessário pôr mais cuidado e dili­gência em evitar os pecados peque­nos, que os grandes; porque os grandes de si mesmos trazem consigo horror, para que os aborreçamos e fujamos deles; porém os outros, por serem pequenos, nos fa­zem frouxos e negligentes; e como deles fa­zemos pouco caso, nunca acabamos de sair de­les, e assim vêm-nos a fazer grande dano.

Por esta causa estima tanto o Demônio essas ninharias e por elas en­tra a acometer o reli­gioso e o servo de Deus; porque sabe muito bem que por esse ca­minho poderá ter entrada para depois os fazer cair em coisas maiores. Diz Santo Agostinho: 'Que importa que por pequena ou grande ruptura tenha entrado à água no navio, se enfim chega a ir ao fundo?' (Ep. 108, ad Seleuc.). Tanto o primeiro como o segundo caso tudo vem a ser o mesmo. Do mesmo modo pou­co se lhe dá ao Demônio entrar antes por coisas pequenas que por grandes, se finalmente alcança o que pretende, que é derrubar-nos e destruir-nos.

'De gotinhas de água multiplicadas, diz São Boaventura, se vêm a fazer en­chentes e inun­dações que lançam por terra grandes muros e castelos fortes; por uma pequena fenda, e por um resquício, ocultamente e pouco a pouco, entra a água no navio, até que o mete no fundo' (pro. 5, cap. 10).

Pelo que, diz Santo Agostinho (sup. Ps. LXVI; Et gentes in terra dirigis): As­sim como, quando no navio entra água é necessário estar sempre dando à bomba, tiran­do-lhe a água, para que não se vá a pi­que, assim nós com a oração e exame de consci­ência, havemos de andar sempre tirando as faltas e imperfeições que em nós vêm entrando pouco a pouco, para que não nos metam no fundo e nos afoguem. Este há de ser o exercício do religioso; é ne­cessário dar à bomba, quando não, corremos mui­to perigo. Em outra parte diz o mesmo Santo Doutor (sup. Ps. XXXIX; Multiplicatae sunt super capil­los capitis mei.): Fugistes e esca­pastes da fúria das ondas, tempes­tades, e perigos grandes que há neste tempestuoso mar do mundo; vede e repa­rai, não venhais cá no porto da Religião a encalhar na areia; vede não venhais a perigar e a perder-vos por amor de coisas miúdas, porque desta sor­te pou­co vos aproveitará ter fugido e escapado das coisas grandes, como aproveitará pouco ao navio ter es­capado de grandes cachopos e penhascos, se no porto vem a encalhar na areia” (San­to Afonso Rodrigues, “Exercício de Perfeição e Virtudes Cristãs”, Tomo I, Tratado I, Cap. IX, pp. 59-63; Versão do Castelhano pelo Fr. Pedro de Santa Clara, Ed. da Federa­ção das Congregações Marianas do Estado de São Paulo, 1926).

 

Ultra Importante



► “Também por outra razão mui principal importa muito fazer caso das coi­sas pe­quenas, e vem a ser, que se nós somos descuidados e negli­gentes nas coisas pequenas e fazemos pou­co caso delas, temos muito que temer nos negue Deus por essa causa seus particulares e espe­ciais auxílios e graças, assim para resistirmos às tentações, e não cairmos em pecado, como para alcançarmos a Virtude e Per­feição que desejamos, vindo assim a cair em grandes males.

Para que melhor se entenda isto, é necessário pressupor uma teologia mui clara, que nos ensina o Apóstolo São Paulo, escrevendo aos de Corinto, e vem a ser que Deus Nosso Se­nhor a ninguém nega o auxílio e socorro sobrenatural, necessário e suficiente, para que ao menos não seja venci­do das tentações, mas possa resistir e ficar vitorioso. Diz o Após­tolo: 'Deus é fiel, não permitirá que sejais tentados mais do que podem as vossas forças; antes fará que tireis ainda vantagem da mesma tentação, para a poderdes suportar' (I Cor. 10, 18). Fiel é Deus, bem seguros podeis estar que não há de permitir que sejais tentados mais do que podeis; e se acrescentar maiores tra­balhos e vos vierem maio­res tentações acrescentará tam­bém maior socorro e favor, para que possais sair delas não só sem prejuízo, mas com muito pro­veito e acrescentamento. Porém, há outro auxílio e socorro de Deus mais especial e particu­lar, sem o qual poderia cada um resistir e vencer a tentação, se se ajudasse como devia, do pri­meiro auxílio sobrenatural, mais geral. Muitas vezes, contudo, não resistirá à tenta­ção com aquele primeiro auxílio, se Deus não lhe der outro mais particular e especial, não porque não possa, mas porque não quer, que se quisesse, bem podia com aquele auxílio primeiro resistir, porque para isso é suficiente, se cada um se vale dele como deve; e des­ta sorte o cair em tal caso, e ser vencido da tentação, será culpa sua, porque cai por sua vontade; e se Deus então lhe desse o outro au­xílio especial, não cairia.

Vindo, pois, a nosso propósito, este segundo auxílio e socorro especial, superabun­dante e eficaz, não o dá Deus a todos, nem todas as vezes, porque é liberalidade e graça particularíssima. Concedê-la-á Deus a quem for servido, dá-la-á aos que para com Ele fo­rem liberais, conforme aquelas palavras do Profeta: 'Com o santo, Senhor, sereis santo; e com o benigno, serás benig­no; e com o liberal e sin­cero, sereis liberal e sincero; e com o que não for tal, lho pagareis na mesma moe­da' (Salm. 12, 29-30). É o que nosso Padre nos pôs na Regra: 'Quanto mais um se li­gar com Deus Nosso Senhor, e mais liberal se mos­trar para com sua Divina Majes­tade, tanto mais liberal O achará consigo; e ele estará mais disposto para re­ceber cada dia maiores graças e dons espirituais' (Reg. 19, Summ. Const.). É Dou­trina de São Gregório Nazianzeno e de outros Santos (Greg. Naz., orat. De paup. Amor, et Mach. Aegypt., Hom. 49).

Que seja, ou em que consista ser o homem liberal para com Deus, enten­der-se-á bem, pelo que é ser liberal com os homens. Ser liberal com outro con­siste em dar-lhe não o que deve, e a que está obrigado, mas, mais do que deve e está obrigado: isto é liberali­dade, aquilo, justiça. Da mesma sorte quem anda com mui­to cuidado e diligência para agradar a Deus não só nas coisas de obrigação, mas nas de super-rogação e perfei­ção, e não só nas maiores, mas também nas me­nores, é liberal com Deus, e com estes, é também Deus mui liberal. São os mimo­sos de Deus, a quem faz mercês: a estes dá-lhes não só auxílios gerais que bastam para resistir e vencer as ten­tações, mas também os es­peciais, superabundantes e eficazes, com os quais de nenhuma sorte hão de cair em ten­tação. Mas se não sois liberal com Deus, como quereis que seja Deus liberal convosco? Se sois para Deus escassos, mereceis que também Deus seja escasso para vós. Mes­quinho e apou­cado, andais tenteando e medindo, como por compasso, se estais ou não obri­gado, se obriga ou não a pecado, se chega a mortal ou só a venial; isto é ser escasso para com Deus. Não quereis dar mais do que sois obrigado e talvez ainda a isso fal­tais; tam­bém Deus será para convosco escasso, e não vos dará senão o que está obrigado por Sua Palavra: dar-vos-á os auxíli­os gerais e necessários que dá a to­dos, e são suficientes para poder resistir às tentações, e não cair nelas; po­rém po­deis temer com muita razão não vos dê aquele auxílio especial, superabun­dante, e eficaz, que costuma dar aos que são li­berais para com Ele, e assim che­gueis a ser venci­do da tentação e cair em pecado.

Isto mesmo comumente dizem teólogos e Santos (Aug., Serm. 244, de temp post me­dium, et Serm. 88, prope initium. Et in Ps. LXVI. Et gentes in terra dirigis; Hi­er., ad Celam, Epist. 1; Chrys., in c. 2. Gen; Hom. 2 et Hom. 87, in Math., et Serm. De lev. Peccat. Peric; Bern., Serm. 59 in Cant; Isid., lib. 2, de sum. Bono; Basil., orat. 3, de jejun prope init. In Reg. Brevior., q. 4; Greg., 1. 10. Mor. c. 14, et 3p. Past. Adm. 24. gl. Ibid; S. Thom., 1-2ª q. 88. as. 3 et alii), que um pecado costuma ser pena de outro peca­do. Desta sorte se há de entender a razão, por que aquele primeiro pecado desmereceu ao homem este auxílio especial e particular de Deus, e se fez indigno dele; e assim veio a cair noutro pecado. O mesmo dizem dos pecados veniais, e ainda, o que é mais, das faltas, negligências e descuidos com que cada um vive. Por isso também dizem, que pode o homem desmerecer e fazer-se indigno daquele auxílio especial e eficaz de Deus, com o qual vencerá certamente a tentação e sem ele será vencido e cairá em pecado. Desta sorte explicam alguns Santos aquelas palavras do Sábio: 'O que despre­za as coisas pequenas, pouco a pouco cairá' (Eclo. 19, 1). Por desprezar coisas pe­quenas e fazer pouco caso delas, vai-se desmerecendo aquele auxílio especial de Deus, e vai-se tornan­do indigno dele, e assim vem a cair nas grandes. Da mes­ma sorte explicam as palavras no Apocalipse: 'Porque tu és morno... começar-te-ei a vo­mitar da Minha boca' (3, 16). Ao tíbio ain­da Deus não tem de­samparado de todo, po­rém já principiou a desamparar; porque pela frouxidão com que anda, e pe­las fal­tas que advertidamente comete, vai desmerecendo aquele auxílio especial e eficaz, sem o qual cairá e o acabará Deus de desamparar e expul­sar de si.

Consideremos, pois, com quanta razão devemos temer não desmereça­mos e faça­mo-nos indignos deste auxílio especial de Deus por nossa tibieza e frouxi­dão. Quantas ve­zes nos vemos perseguidos de tentações, e em grande perigo; e nos achamos em dúvida, se me detive ou não me detive; se consenti ou não con­senti; se chegou ou não a pecado. Oh! Quanto nos valeria para es­tes apertos e transes ter sido liberais para com Deus e ter-nos tornado dignos daquele auxílio es­pecial com o qual estaríamos bem seguros e sem­pre ficaríamos em pé e sem ele nos veremos em grande perigo e talvez ficaremos venci­dos.

São João Crisóstomo apresenta este meio como muito principal para vencer as tenta­ções. Vai fa­lando do Demônio nosso inimigo e da contínua guerra que nos faz, e diz: Bem sa­beis meus irmãos, que temos no Demônio um contínuo inimigo, que sempre está nos fa­zendo guerra, porque nunca dorme nem descansa; nunca com este tirano há tréguas, e assim vos é necessário andar sempre mui apercebidos com grande cuidado e vigilância, para não serdes dele vencidos. E como nos aper­ceberemos e prepararemos bem para não sermos vencidos, mas vencer e sobrepujar sempre este traidor? Diz São João Crisóstomo: O meio único e singular para isso é ter antes negociado este auxí­lio especial de Deus com a nossa boa vida (Hom. 60, sup. Gen.).

Desta sorte venceremos sempre: Et non aliter. Note-se a palavra: E não de ou­tra sorte. O mes­mo nota São Basílio por estas palavras: O que deseja ser ajudado do Senhor, nunca deixa de fazer o que deve; e o que isto faz, nunca é desamparado do favor Divino, pelo que havemos de ter muito cuidado que em nada nos remorda a consciência. Com muita ra­zão infere São Basílio o fruto que da­qui havemos de tirar: que é andar com tanto cuidado e desvelo nos exercícios espirituais e em to­das as mais obras que de nenhuma coisa nos remorda a consciência, para que sejamos dignos e merecedores deste auxílio especial de Deus. Daqui se vê claramente quan­to nos importa fazer muito caso de coisas pequenas, se pequenas se podem cha­mar as que nos granjeiam tanto bem, e nos podem causar tan­to mal. Por isso disse o Sábio: 'O que teme a Deus em nada se descuida' (Eclo. 7, 19), em ne­nhuma coisa dei­xa de ter cuidado, por mínima que seja, porque sabe muito bem que das coisas me­nores se vem pouco a pouco a cair nas maiores, e porque teme que, se deixar de ser liberal para com Deus nestas coisas, deixará também Deus de ser li­beral para com ele.

Em conclusão digo que é isto de tal valor, e o havemos de estimar tanto, que pode­mos dar esta re­gra geral: enquanto cada um fizer caso de coisas pequenas e miú­das, andará bem e o Senhor lhe fará mercês; mas pelo contrário, quando não fi­zer caso de coisas pequenas e miúdas, andará em grande perigo, porque por este ca­minho costuma entrar o mal no re­ligioso. Bem no-lo deu a enten­der Cristo Senhor Nosso, quando disse: 'Quem é fiel no menos sê-lo-á também no mais; e quem é infiel no pouco também o será no muito' (S. Luc. 16, 10). Quando cada um quiser ver como vai o seu apro­veitamento, (que é justo muitas vezes fa­çamos reflexão sobre isto), exa­mine-o por esta via, vendo se faz caso das coisas peque­nas, ou se vai adquirin­do li­berdade para não fazer caso delas; e se acha que já não repara em coisas miú­das nem lhe remorde a consciência como costumava, quan­do falta nelas, procure reme­diá-lo com todo o cuidado. O Demônio, diz São Basílio, quando vê que não nos pode apartar da Religião, procura com todas as suas forças persuadir-nos que não nos demos à perfeição, e que não façamos caso das coisas pequenas, enganando-nos com falsa segu­rança de que por causa de coisas miúdas não se perde a Deus, Nós pelo contrário devemos pro­curar que, assim como não nos pode apartar da Reli­gião, assim também não nos possa impedir a perfeição, antes nos demos a ela com todas as nossas forças fazendo muito caso de coisas pe­quenas e miúdas (Serm. De Renunt. Saeculi istius, & spirituali perfect.)” (Santo Afonso Rodrigues, ob. cit., cap. X).


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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".
 

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