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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Beato João XXIII queria que se pregasse mais sobre o inferno.




ROMA, 24 Out. 12 / 11:42 am (ACI/EWTN Noticias).- O Beato Papa Juan XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II, queria que os teólogos e sacerdotes falassem mais sobre o inferno aos fiéis, conforme assinala o jornal do agora Cardeal Roberto Tucci que nos anos prévios a esse grande evento eclesial se reuniu em várias oportunidades com o Pontífice em sua condição de diretor da revista La Civiltà Cattolica.

O vaticanista italiano Sandro Magister conta este relato que foi publicado em 22 de outubro na mencionada revista, apresentando um resumo dos diálogos do "Papa bom" com o então Padre Tucci. Na "LaCiviltá Cattolica", revista dos jesuítas de Roma, os artigos são previamente aprovados pelas autoridades do Vaticano.

Na segunda reunião do sacerdote com João XXIII, em 1 de fevereiro de 1960, dois anos antes do início do Concílio, o Papa falou da necessidade de atualizar a linguagem da teologia e a doutrina católica. O Santo Padre disse também que "terei que falar do inferno aos fiéis, ressaltando, entretanto ‘que o Senhor vai ser bom com muitos’".

Também fez um comentário de brincadeira sobre o inferno: "certamente, todos podemos ir, mas me digo a mim mesmo: ‘O Senhor não vai permitir que o seu Vigário vá, não?’".

Em 7 de junho de 1960, o Papa João XXIII comentava que se sentia como um "prisioneiro de luxo" no Vaticano e se referia à pompa que o rodeava e que lhe incomodava.

"Não tenho nada contra estas boas guardas nobres – confiou o Pontífice –, mas tantas reverências, tanta formalidade, tanta pompa, tanta procissão me fazem sofrer. Quando desço (à Basílica de São Pedro) e me vejo precedido por tantos guardas, sinto-me como um prisioneiro, um malfeitor; em troca, desejaria ser o 'bonus pastor' para todos, próximo às pessoas. (…) O Papa não é um soberano deste mundo. Conta como lhe incomodava ao princípio ser levado na cadeira gestatória através das salas, precedido por cardeais frequentemente mais velhos e decrépitos que ele (acrescentando também que nem sequer era muito seguro para ele, porque no fundo sempre se estava instável sobre ela)".

A "Guarda Nobre" a que se refere João XXIII foi suprimida pelo seu sucessor, o Papa Paulo VI, assim como a cadeira gestatória na qual o Pontífice era transladado. Além disso, a coroação com uma tiara papal foi suprimida logo depois por João Paulo I, o "Papa do sorriso".

O Beato conversou também com o Padre Tucci sobre a preparação do Concílio, quando as comissões encarregadas de redigir os esquemas que deviam levar-se ao evento já estavam nomeadas.

"O Papa tem a intenção – escrevia o Padre Tucci – de implicar no esforço de preparação não somente à cúria romana, mas também um pouco a toda a Igreja. Observa que frequentemente no exterior a identificam somente com a cúria romana, como se a Igreja estivesse toda ela em mãos dos 'romanos'; há tantas belas energias também em outros lugares, por que então não tentar envolve-las?".

O artigo assinala que na audiência de 30 de dezembro de 1961, o Papa falou "sobre a situação política e sobre a necessidade de que a Igreja abandonasse os velhos esquemas de contraposição ideológica, e trabalhasse para a reconciliação dos homens".

Naquela oportunidade o Santo Padre se lamentou das críticas que lhe dirigiam em alguns ambientes eclesiais por ter respondido à mensagem de felicitação que lhe tinha enviado o presidente da União Soviética, Nikita Kruschev.

Sobre isto o Padre Tucci escreve: "o Papa não é um ingênuo, sabia muito bem que o gesto de Kruschev estava ditado por fins políticos de propaganda; mas não responder teria sido um ato de descortesia injustificada. A resposta, entretanto, estava calibrada. O Santo Padre se deixa guiar pelo sentido comum e o sentido pastoral".

Nos últimos meses antes do final da longa fase preparatória, João XXIII esteve ocupado lendo com grande atenção os esquemas redigidos pelas comissões, antes que estes fossem enviados aos padres conciliares.

O Papa não estava muito satisfeito com ditos esquemas e falou disso com o diretor do Civiltà Cattolica na audiência de 27 de julho de 1962.


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