Artigo para dia 24
de outubro de 2012, quarta-feira:
Dom Fernando Arêas Rifan*
Milagre é um fato
extraordinário, que não se explica por causas naturais, atribuído
à intervenção sobrenatural de Deus, para o bem espiritual dos
homens. Deus governa o mundo por leis físicas, químicas e
biológicas por ele criadas. Daí que as exceções a essas leis por
sua intervenção - os milagres - são raras e extraordinárias. Em
sua vida terrena, Jesus andou uma vez sobre as águas, mas não
sempre; curou alguns cegos, paralíticos e leprosos, ressuscitou
mortos, mas não todos. Ele usou de milagres para comprovar sua
divindade e missão divina.
Notícia
deste mês: uma religiosa italiana, Irmã Luigina Traverso, que
sofria de paralisia ciática meningocele lombar, foi curada
“miraculosamente” em Lourdes, França, “por intervenção
extraordinária de Deus obtida pela intercessão de Nossa Senhora”,
conforme reconheceu, no dia 11 de outubro passado, Dom Alceste
Catella, Bispo de Casale Monferrato, diocese italiana onde reside a
religiosa. Esta foi a 68ª cura “sem explicação” de Lourdes
oficialmente reconhecida. O Bispo da diocese de Tarbes e Lourdes, Dom
Nicolas Brouwet, assim como o Dr. Alessandro de Franciscis,
presidente do Bureau des Constatations Médicales de Lourdes
apresentaram os fatos em uma conferência de imprensa no último dia
12 de outubro.
O
mais interessante é que essa cura ocorreu em 23 de julho de 1965,
há, portanto, mais de 47 anos, mas só agora é que foi reconhecida
pela Igreja.
Em
Lourdes, onde Nossa Senhora apareceu a Santa Bernadete, muitas
pessoas são curadas. Para o exame e constatação dessas curas,
criou-se o Bureau Médical de Lourdes,
do qual participam médicos de todos os credos religiosos, inclusive
ateus, e os documentos ficam à disposição dos especialistas de
qualquer parte do mundo. Um processo para declaração de milagre,
feita no Bureau Médical de Lourdes,
leva, pelo menos, 5 anos, com várias instâncias a percorrer. Na
primeira instância, são feitos exames médicos e psiquiátricos
rigorosos; qualquer explicação natural da cura leva o caso a ser
encerrado. Ademais, só se aceitam doenças orgânicas e não apenas
funcionais. Espera-se um ano, antes de dar a comprovação da cura
definitiva. Na segunda instância, o caso é reapresentado à
discussão. Na terceira instância, um
relator leva o caso à Comissão Médica Internacional em Paris. Se o
caso passar por esse crivo, declara-se que tal cura extraordinária
não tem explicação na medicina, que o considera “milagre” e o
entrega à Igreja para um processo canônico. Uma comissão,
constituída pelo bispo do local onde mora a pessoa curada, examinará
minuciosamente o caso sob todos os aspectos físicos e morais e os
resultados médicos. Após todas as análises, o bispo confirmará,
não só apenas com os olhos da ciência, mas também com os olhos da
fé, o possível milagre.
Mais
de onze mil casos já passaram da terceira instância com a
confirmação médico-científica de que não há explicação para
tal cura. No entanto, até hoje, apenas sessenta e oito de todos
esses casos (incluindo o da Irmã Luigina) foram tidos como milagre
pela quarta instância, ou seja, pela Igreja, que se mostra, nesses
casos, mais rigorosa do que a própria medicina.
*Bispo
da Administração Apostólica Pessoal
São
João Maria Vianney
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