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Ó Sabedoria eterna e Encarnada |
Os meus leitores – se os tenho –
façam o favor de me acompanhar até o fim destas linhas. Católicos ou não,
velhos ou moços, senhoras e senhoritas, homens de imprensa e de letras, leiam,
desapaixonados, as ligeiras reflexões que se vão seguir.
HIPPÓLITO TAINE, historiador e
crítico francês, não morria de amores pela Igreja Católica e foi sempre livre
pensador. Entretanto, o notável político escreveu em sua História da
Communa:
“Todos os malvados, foragidos, petroleiros, todos os
ébrios, todos os maus, toda a gente merecedora de presídio são inimigos do
Sacerdote. O fato é inegável. Por outro lado, a gente de bem, a gente honrada,
as pessoas decentes, caritativas, estimáveis, delicadas, tem para com ele
respeito”.
Acham fortes e enérgicas as
palavras do filósofo?
Queixem-se, então, de Taine. O
testemunho é esmagador e eloquentíssimo.
Do Ódio Eterno ao Padre
Ódio eterno ao Padre – é o começo
do hino infernal, cantado pela boca da impiedade furiosa, tresloucada, infame e
traidora.
Ódio eterno ao Padre – é o plano
infamíssimo, organizado nas trevas e nas noites de agonias intermináveis, pelo
supremo esforço dos Judas modernos, na campanha hedionda de cobrir de lama ao
Ministro de Deus no cumprimento do dever e da honra.
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São Pio V |
Ódio eterno ao Padre – é o desejo
insaciável dos infelizes sem ideal e sem crença que, em ânsias demoníacas
blasfemam dia e noite, contra o Céu e a terra.
Ódio eterno ao Padre – é a
sentença proferida pelos corifeus da incredulidade hodierna, sentença acolhida
com ódio entranhável pela turba multa dos inconscientes e dos nulos.
Ódio eterno ao Padre – é a
história profundamente triste da soberba humana, história cujas páginas são um
eterno gemido de lágrimas.
Ódio eterno ao Padre – é a voz de
todos os vícios hediondos, em coro infernal porejando rancor.
Ódio eterno ao Padre – é a
campanha inglória da ciência ímpia e bastarda, desta ciência infamíssima que se
envergonha de confessar o Nome de Deus, escrito na extensão dos mares, na
vastidão do espaço, nas montanhas alterosas, nas florestas seculares, nas
campinas “verdes e alegres”, nos rochedos indestrutíveis, nos monumentos, na
consciência dos povos e no bronze da História.
Ódio eterno ao Padre – é o
desafio atirado em pleno dia, pelo sorriso dos céticos e pela audácia dos
ignorantes.
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Beato Pio IX |
Ódio eterno ao Padre – é a
palavra mater, dirigida às sociedades humanas pela voz do modernismo ímpio e
anarquizador, cujo fim é exterminar o reino da virtude e do amor, com o
desterro do Sacerdócio.
Ódio eterno ao Padre – é o desejo
insaciável de todos os perversos, em cujos corações nunca penetrou um raio de
luz.
Ódio eterno ao Padre – é a mais
ardente paixão dos condenados que, em transes dolorosíssimos, se cobrem de lama
e de pus, atormentados pelo remorso terrível e acabrunhador, justo castigo do
Eterno Deus de justiça.
Ódio eterno ao Padre – é a
história dos grandes perseguidores e tiranos, cujos nomes já receberam as
maldições dos povos e o desprezo soberano da humanidade sofredora.
Ódio eterno ao Padre – é o tema
antigo e sempre novo de todas as literaturas, de todas as escolas, de todos os
sistemas, de todos os livros, de todas as publicações e de toda a imprensa,
quando, por um desígnio insondável da Providência, todas estas maravilhas do
engenho humano se acham em poder dos grandes adoradores do deus-matéria.
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São Pio X |
Ódio eterno ao Padre – é, sem
dúvida, a mesma continuação do ódio de morte a Jesus Cristo, ódio cuja duração
já vai por vinte séculos, atestando, deste modo, toda a grandeza e
indestrutibilidade do Sacerdócio Eterno de Cristo.
Ódio eterno ao Padre – é a última
palavra pronunciada, em sua linguagem, pela boca da impiedade, cuja demência já
chegou ao ponto de pretender apedrejar as estrelas, atirando salpicos de sangue
para a altura incomensurável do Céu.
O único privilégio, que o nosso
século, ébrio de sangue, oferece ao Padre, é o privilégio do ódio e das
perseguições.
Há, contudo, no segredo deste
ódio profundo uma luz deslumbrantíssima. É um reflexo do sol da eterna verdade,
derramando catadupas de luz por toda a parte, abrindo os olhos dos cegos
voluntários e espancando as trevas do erro e da ignorância.
É a eterna poesia do Amor divino.
Em presença de um espetáculo tão
grandioso, vem, insensivelmente, ao espírito humano, esta pergunta misteriosa e
quase celeste: Por que, ó homens de pouca fé, ó filósofos da incredulidade, por
que tanto rancor ao Padre? Por que tanto ódio e desejo insaciável de morte
contra o Ministro de Deus?
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Venerável Pio XII |
Ainda mais: que força misteriosa
é esta que, a milhares e milhares de anos, tem sustentado o Sacerdote Católico
em todo seu esplendor e grandeza, apesar dos choques de todos os séculos
coligados contra ele? Como explicar, em face do mundo e dos povos abismados,
cena tão grandiosa e nunca vista em todas as obras humanas? Como explicar a
vida e a força do Sacerdócio Católico através de todas as perseguições e de
todas as épocas, se, como narra a história, já tem caído por terra as maiores
instituições, os impérios mais poderosos, e as coroas dos grandes e poderosos
reinos? Como encontrar o segredo desta força sem igual?!
– Ah! Míseros mortais! O homem,
em sua cegueira deplorável e na dolorosa agonia de sua inteligência desvairada
não quer ver o Dedo de Deus agindo em Seu Sacerdócio!
O segredo, a incógnita deste
problema insolúvel para a grande multidão dos infelizes é exclusivamente – Deus
e só Deus.
Eis a força misteriosa, eis a
força sobrenatural que dá vida ao Sacerdote Católico, cujo extermínio da face
da terra realizar-se-á no último dia dos tempos ou, melhor, na consumação dos
séculos, segundo as promessas de Jesus Cristo, escritas nos Livro das Verdades
Eternas.
Donde nasce, porém, este rancor
contra o Ministro de Jesus?
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Beato João Paulo II |
– Nasce pura e simplesmente, diz
o bom senso, da vida austera e irrepreensível do Padre, quando ele se compenetra
verdadeira e profundamente, da sua missão e cumpre, humilde e
desassombradamente, o seu dever, praticando todas as virtudes, a começar pela
virtude raríssima da intransigência em matéria de consciência e de fé.
Só o Padre, portanto, é o alvo do
ódio da impiedade tripudiante, porque possui a coragem cristã e o heroísmo das
fortes energias, para propagar o reinado da virtude e do bem e perseguir dura e
fortemente, todos os vícios e todas as perversidades humanas, no chamado século
das luzes, ou, para falar cristãmente, em pleno século das mentiras deslavadas
e de todas as infâmias e torpezas vomitadas pelo Inferno.
É a época da máxima desvergonhada
e do nojo.
Um homem que se levanta contra as
ondas furiosíssimas das paixões ardentes de todos os gozos bestiais, tem, por
isso mesmo, atraído todo o rancor dos “grandes miseráveis”, na expressão
verdadeira de um grande poeta.
O Padre que, cônscio do seu
dever, zela até à morte a sotaina preta que traz sobre o corpo, é, aos olhos dos maus, a reprovação viva, o
ferro em brasa aplicado impiedosamente na ferida mortal de todos os vícios e
misérias humanas. Daí, o ódio eterno ao Padre. Daí a guerra sectária contra ele
movida, a cada passo, pelos gênios do mal.
Mas, altos e insondáveis
desígnios de Deus!
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Papa João Paulo I |
O Sacerdócio não morre!
O mundo tem assistido, de olhos
abismados, toda a história da humanidade, e é testemunha desta verdade
belíssima.
Vinte séculos já se foram,
levando, em sua passagem, os maiores monumentos e as mais soberbas construções
de que haja memória entre os filhos dos homens.
Tudo já voltou ao pó, o tempo já
destruiu as obras mais admiráveis e grandiosas, levantadas pelo orgulho humano,
durante 20 séculos continuados.
No entanto, homens de pouca fé,
ainda permanece, em toda a sua vitalidade, o Sacerdócio eterno de Cristo, para
confusão do mundo, desesperação dos maus e alegria dos bons e puros de coração.
O ódio eterno ao Padre, ódio de
morte pela grande multidão inconsciente, continuará sempre impotente até o fim
dos tempos.
O Sacerdócio de Cristo não morre!
***
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Papa Emérito Bento XVI |
Levantem-se os sistemas; venham
os ardis do filosofismo ímpio e anarquizador; apareçam os sofismas da “grande”
ciência; blasfemem os ímpios; riam-se os condenados; organizem-se os maus; fale
a incredulidade; caluniem miseravelmente; persigam a inocência e a verdade;
jurem ódio de morte à virtude; cumpram o programa do mal; executem os planos
tenebrosos; ponham em prática as resoluções tomadas nas noites de agonia e dos
gemidos eternos; atirem salpicos de sangue homicida para o Céu; cubram de pus e
de lama a honra das almas sadias e fortes; derramem lágrimas de sangue;
pervertam as multidões em delírio; profanem o santuário das consciências;
vomitem blasfêmias e torpezas; prostituam a justiça, escarneçam do direito e
das leis; anarquizem as sociedades modernas; enfraqueçam os governos; façam as
grandes revoluções; revoltem os exércitos; propaguem as calúnias mais infames;
entreguem-se aos gozos impuros, em pleno delírio das febres sensuais; procurem
sufocar a consciência, ataquem desapiedadamente os sentimentos mais puros e
generosos; reprovem as virtudes benéficas; prestem homenagens ao vício
triunfante; dirijam o punhal assassino ao coração angélico das virgens;
crucifiquem novamente ao doce e eterno Jesus; mas fiquem sabendo, ó pérfidos
e traidores, que, apesar de toda esta campanha de sangue, de lágrimas e de
gemidos, ficará sempre com o sopro da vida, o Ministro de Deus, para levar a
luz da verdade santa e salvadora a todos os povos e nacionalidades.
É a história eterna do Sacerdócio
de Cristo.
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Papa Francisco |
Continue, portanto, o
soldado de Cristo, a cumprir corajosamente sua missão, sofrendo tudo por amor
da verdade e da justiça. Na defesa das Verdades da Fé salvadora, o sacrifício
da vida é pouco.
Continue o Padre no caminho
rigoroso do dever, reprove sempre o vício tripudiante, dê mão forte e amiga aos
fracos, dê ânimo e mais energia aos bons e puros de coração e perdoe a todos os
inimigos de sua fé, a exemplo do Divino Mestre.
Faça assim o Padre, cumpra o
magno Mandamento da Caridade evangélica, conserve pura a sua alma, ame
desinteressadamente aos homens, odiando profundamente os vícios e, deste modo,
terminará sua missão com as bênçãos de Deus e dos homens de boa vontade...
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Fonte: Côn. Mello Lula, “Vozes
de Páscoa”, pp. 83-84 e 143-150; Escolas Profissionais Salesianas, Niterói,
1930.
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