Pela
Tarde, foi-lhe também fazer uma visita o Clérigo salesiano Félix
Ortiz, que se achava no Colégio
de Junín por motivo de saúde.
Seis
anos depois, já sacerdote, ele assim revocava suas lembranças num
jornal de Viedma:
“Também
eu fui visitar Laura.
O
rosto pálido, os olhos encovados davam a impressão que o Anjo da
Morte já lhe tinha estampado o gélido ósculo sobre a fronte.
Sorriu
ao ver-me chegar; pareceu reanimar-se; e tomando nas mãos a
estatueta de Maria Auxiliadora que eu lhe tinha levado alguns dias
antes, disse-me com um fio de voz: – É Maria quem me dá
força e alegria nestes momentos.
Aproximei-me
da cama, e depois de algumas perguntas sobre as suas condições –
perguntas às quais respondeu com serenidade que nada mais desejava
senão o Divino beneplácito – eu quis saber o que mais a alegrava
naqueles difíceis momentos.
Sempre
sorridente Laura me sussurrou ao ouvido: – o que mais me
consola nestes momentos é ter sido sempre devota de Maria. Oh, sim!
Ela é minha Mãe… é minha Mãe!… Nada me põe mais feliz do que
pensar que sou Filha de Maria!
Acrescentou
outras frases que trago gravadas na alma, pois que se referiam
somente a mim; a recordação delas muitas vezes me tem renovado as
energias interiores”.
À
guisa de comentário dessa sua evocação o Pe. Ortiz ajunta: “–
É minha Mãe… é minha Mãe!...”
“Naquela
expressão estava o segredo da vida de Laura: vida inocente, serena,
sem mancha, mais de Anjo que de criatura”…
Nas
poucas horas de que fala o Pe. Ortiz outras coisas aconteceram à
cabeceira da moribunda.
Chegou
antes de tudo a enfermeira Irmã Marieta Rodríguez, que ficara
sozinha no Colégio Maria Auxiliadora com algumas meninas em férias.
Laura
tinha desejado sua presença para lhe agradecer os serviços, e para
lhe pedir perdão das faltas que tivesse cometido contra ela.
“Encontrei-a – escreve ela – resignada à vontade de Deus; e
entre outras coisas me disse: – espero que minha mãe se
decida a levar uma vida boa: depois morrerei feliz”.
Depois
pediu-lhe que lhe mandasse Merceditas e Maria Vera. A amizade cobrava
a sua dívida: Laura não podia eximir-se: era uma necessidade do
coração.
As
duas irmãs foram logo, e compreenderam que a grande hora estava
iminente.
A
menina não conseguiu erguer-se no leito. “Convidou-me – narra
Mercedes Vera – a chegar meu ouvido aos seus lábios; e
permanecendo deitada cingiu-me com aqueles braços por onde passava
já o frio da morte”.
Depois
de algumas palavras íntimas, acrescentou penosamente: –
“querida Merceditas, seja sempre devota de Jesus Sacramentado e de
Maria Auxiliadora… Seja constante na virtude… Fomos companheiras
na terra: não deixarei de ajudar você, do Céu… Adeus… Beijarei
por você também os pés de Nossa Senhora, que espero ver dentro em
Breve!”
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Fonte:
Rev. Pe. Luís Cástano, S.D.B., “Laura Vicuña – A Heroica Filha
de Maria dos Andes da Patagônia”, Cap. XVII, pp. 247-258; Livraria
Editora Salesiana Ltda., São Paulo, 1958.
Um comentário:
Que lindo! Louvado seja Deus! Salve Maria.
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