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S. Luís Orione, no Santuário de N.S. do Bom Conselho, em Genazzano. |
Mesmo
naqueles últimos anos, consumido por viagens e sobrecarregado de
dívidas, Dom Bosco não se afastou jamais, dos seus jovens. Vê-los,
ouvi-los, dar dez passos em sua companhia, era coisa que lhe
restituía a saúde mesmo após dias massacrantes.
Em
outubro de 1886, aceitara-se um menino de 14 anos de Pontecurone.
Chamava-se Luís Orione. Era filho de um pobre calceteiro.
Ajoelhara-se também ele junto ao papai, horas e horas, com os
joelhos na areia úmida, a colocar pedras, uma a uma, e fincá-las
no solo a golpes de martelo. Quisera fazer-se frade em Voghera, mas
enfermara-se e, por isso, obrigado se viu em retornar à casa.
Tinham-no aceitado os salesianos de Valdocco.
Luizinho
ficou logo fascinado, cheio de encanto por Dom Bosco. Quando desce ao
pátio (“Cada vez mais raramente nos últimos tempos”, recorda),
os jovens, a dezenas, a centenas, rodeiam-no, disputam os lugares
mais próximos, contentes de receberem dele ao menos uma palavra.
Luizinho
avança também, em meio aos outros, o mais que pode. Dom Bosco
mira-o, sorrindo, e pergunta-lhe se a lua na sua aldeia é grande
como em Turim e quando percebe que está rindo, diz-lhe brincando:
“T’ses prope ‘n fa fiôché” (És
mesmo um “fa nevicare”,
um simplório). Tem um grande desejo, o Luizinho Orione: queria
confessar-se com Dom Bosco. Mas como fazer?
Dom
Bosco está no extremo de suas forças. Confessa somente alguns
salesianos e os alunos da quinta classe do ginásio, que se preparam
para entrar no noviciado. De modo quase inexplicável obtém esse
singularíssimo privilégio. Precisa preparar-se seriamente.
Narrou
o próprio P. Orione: “No exame de consciência que fiz,
locupletei três pequenos cadernos”.
A fim de não deixar escapar nada, consultara alguns formulários.
Copiou tudo, acusou-se de tudo. Só a uma pergunta respondeu
negativamente: à interrogação: “cometeu
assassínio?”. “Oh, isso, não!”
– escreveu. Depois, com os cadernos no bolso, uma mão no peito,
olhos baixos, tomou lugar na fila com os outros, aguardando a sua
vez. Tremia de emoção.
– Que
dirá Dom Bosco quando ler todos estes pecados? – e com a mão
apalpava os cadernos. Chegou a sua vez. Ajoelhou-se. Dom Bosco o
contemplou, sorrindo.
– Dá-me
os teus pecados.
O
rapaz tirou do bolso o primeiro caderno. Dom Bosco o tomou, pareceu
sopesá-lo um átimo, depois o fez em pedaços.
– Dá-me
os outros.
Tiveram
a mesma sorte. O rapaz ficou a olhá-lo, desorientado.
– Agora
a confissão está feita – disse Dom Bosco. – Não penses mais em
tudo o que escreveste.
E
lhe sorriu. Luizinho não esquecerá nunca mais aquele sorriso.
Depois daquela confissão, ainda fez outras. Um dia Dom Bosco o olhou
firme nos olhos:
– Lembra-te
de que nós dois seremos sempre amigos.
Luís
Orione não se esqueceu daquela promessa. Quando souber que Dom Bosco
está em fim de vida, oferecerá a Deus a sua em troca. Quando se
tornar pai de uma Congregação com oratórios e casas para rapazes
paupérrimos, dirá, pensando em Dom Bosco:
– Seria
capaz de caminhar sobre brasas bem acesas a fim de vê-lo ainda uma
vez e demonstrar-lhe minha gratidão.
Dirá
dos três anos passados em Valdocco: “a estação feliz
da minha vida”.
Anos
mais tarde, em 1899, funda a Pequena Obra da Divina Providência. Em
1915, funda a Congregação das Pequenas Irmãs da Caridade.
Foi
beatificado em 1980 e Canonizado em 2004 por São João Paulo II.
São
Luís Orione
aos
Padres Musicistas
São
Luís Orione, depois de uma semana rezando, escreveu esta carta sobre
o Canto Oficial da Igreja, e
que os Sacerdotes deveriam meditá-la com seriedade:
“O
Canto Gregoriano é o Canto da Igreja… Repito: pouco importa que os
filhos da Divina Providência saibam música, o que importa
muitíssimo é que saibam o Canto Gregoriano… Tenho conhecimento
e conheço alguns, a que o estudo de música tem feito esmorecer e
sair da reta estrada, e dos que apostatam do Sacerdócio ou da Vida
Religiosa, metade em média, são amantes da música e dados
extraordinariamente à música. Raros são os Sacerdotes musicistas
de verdadeiro espírito: frequentemente se tornam frívolos,
vaidosos, exaltados, entibiam na piedade, faltam à seriedade, tomam
um modo de agir secular e mundano, e fazem pior do que os leigos, vão
levados pela música, e por todo o gênero de música até
perderem-se… Se se executar o Canto Gregoriano com a conveniente
distinção de vozes e dos vários coros, nada deixará a invejar à
música, porque o Canto Gregoriano até conseguirá maior fruto
espiritual para as almas… o Superior vigie sempre para que a música
não enfraqueça o espírito de piedade nem a Vida Religiosa, e veja
que não se estudem óperas ou autores profanos...”.
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