Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 16 de abril de 2020

O PEQUENO GIGANTE SÃO LUÍS ORIONE.

S. Luís Orione, no Santuário de N.S. do Bom Conselho, em Genazzano.


Mesmo naqueles últimos anos, consumido por viagens e sobrecarregado de dívidas, Dom Bosco não se afastou jamais, dos seus jovens. Vê-los, ouvi-los, dar dez passos em sua companhia, era coisa que lhe restituía a saúde mesmo após dias massacrantes.

Em outubro de 1886, aceitara-se um menino de 14 anos de Pontecurone. Chamava-se Luís Orione. Era filho de um pobre calceteiro. Ajoelhara-se também ele junto ao papai, horas e horas, com os joelhos na areia úmida, a colocar pedras, uma a uma, e fincá-las no solo a golpes de martelo. Quisera fazer-se frade em Voghera, mas enfermara-se e, por isso, obrigado se viu em retornar à casa. Tinham-no aceitado os salesianos de Valdocco.

Luizinho ficou logo fascinado, cheio de encanto por Dom Bosco. Quando desce ao pátio (“Cada vez mais raramente nos últimos tempos”, recorda), os jovens, a dezenas, a centenas, rodeiam-no, disputam os lugares mais próximos, contentes de receberem dele ao menos uma palavra.

Luizinho avança também, em meio aos outros, o mais que pode. Dom Bosco mira-o, sorrindo, e pergunta-lhe se a lua na sua aldeia é grande como em Turim e quando percebe que está rindo, diz-lhe brincando: “T’ses prope ‘n fa fiôché” (És mesmo um “fa nevicare”, um simplório). Tem um grande desejo, o Luizinho Orione: queria confessar-se com Dom Bosco. Mas como fazer?

Dom Bosco está no extremo de suas forças. Confessa somente alguns salesianos e os alunos da quinta classe do ginásio, que se preparam para entrar no noviciado. De modo quase inexplicável obtém esse singularíssimo privilégio. Precisa preparar-se seriamente.

Narrou o próprio P. Orione: “No exame de consciência que fiz, locupletei três pequenos cadernos”. A fim de não deixar escapar nada, consultara alguns formulários. Copiou tudo, acusou-se de tudo. Só a uma pergunta respondeu negativamente: à interrogação: cometeu assassínio?”. “Oh, isso, não!” – escreveu. Depois, com os cadernos no bolso, uma mão no peito, olhos baixos, tomou lugar na fila com os outros, aguardando a sua vez. Tremia de emoção.

Que dirá Dom Bosco quando ler todos estes pecados? – e com a mão apalpava os cadernos. Chegou a sua vez. Ajoelhou-se. Dom Bosco o contemplou, sorrindo.

Dá-me os teus pecados.

O rapaz tirou do bolso o primeiro caderno. Dom Bosco o tomou, pareceu sopesá-lo um átimo, depois o fez em pedaços.

Dá-me os outros.

Tiveram a mesma sorte. O rapaz ficou a olhá-lo, desorientado.

Agora a confissão está feita – disse Dom Bosco. – Não penses mais em tudo o que escreveste.

E lhe sorriu. Luizinho não esquecerá nunca mais aquele sorriso. Depois daquela confissão, ainda fez outras. Um dia Dom Bosco o olhou firme nos olhos:

Lembra-te de que nós dois seremos sempre amigos.

Luís Orione não se esqueceu daquela promessa. Quando souber que Dom Bosco está em fim de vida, oferecerá a Deus a sua em troca. Quando se tornar pai de uma Congregação com oratórios e casas para rapazes paupérrimos, dirá, pensando em Dom Bosco:

Seria capaz de caminhar sobre brasas bem acesas a fim de vê-lo ainda uma vez e demonstrar-lhe minha gratidão.

Dirá dos três anos passados em Valdocco: “a estação feliz da minha vida”.1

Anos mais tarde, em 1899, funda a Pequena Obra da Divina Providência. Em 1915, funda a Congregação das Pequenas Irmãs da Caridade.

Foi beatificado em 1980 e Canonizado em 2004 por São João Paulo II.



São Luís Orione
aos Padres Musicistas

São Luís Orione, depois de uma semana rezando, escreveu esta carta sobre o Canto Oficial da Igreja, e que os Sacerdotes deveriam meditá-la com seriedade:

O Canto Gregoriano é o Canto da Igreja… Repito: pouco importa que os filhos da Divina Providência saibam música, o que importa muitíssimo é que saibam o Canto Gregoriano… Tenho conhecimento e conheço alguns, a que o estudo de música tem feito esmorecer e sair da reta estrada, e dos que apostatam do Sacerdócio ou da Vida Religiosa, metade em média, são amantes da música e dados extraordinariamente à música. Raros são os Sacerdotes musicistas de verdadeiro espírito: frequentemente se tornam frívolos, vaidosos, exaltados, entibiam na piedade, faltam à seriedade, tomam um modo de agir secular e mundano, e fazem pior do que os leigos, vão levados pela música, e por todo o gênero de música até perderem-se… Se se executar o Canto Gregoriano com a conveniente distinção de vozes e dos vários coros, nada deixará a invejar à música, porque o Canto Gregoriano até conseguirá maior fruto espiritual para as almas… o Superior vigie sempre para que a música não enfraqueça o espírito de piedade nem a Vida Religiosa, e veja que não se estudem óperas ou autores profanos...”.2


___________________________

1.  Terésio Bosco, “Dom Bosco - Uma Biografia Nova”, pp. 469-470. Editora Salesiana Dom Bosco, São Paulo/SP, 1983.

2.  Carta a D. Cremaschi, de 02/10/1931.

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