Esforcemo-nos, peço-vos, para corrigir-nos em tudo, e para transformar em seus contrários as paixões, que se agitam em nossa alma em cada fase de nossa existência... Nossa vida é um vasto mar. Nos mares verdadeiros há certas regiões onde corremos o risco de sofrer acidentes diversos... O mesmo acontece no que diz respeito à nossa vida.
O mar que primeiro se apresenta à nossa frente, é o mar da infância, fortemente agitado, devido à ausência de razão, à mobilidade, à natureza instável dessa idade; por isso, colocamos ao lado das crianças, pedagogos e mestres, para que eles, como o faz sobre o mar a ciência da navegação. Ao sairmos da infância, entramos no mar da adolescência, onde os ventos sopram forte, enquanto a concupiscência toma vulto em nossa alma. Nesta idade, raro é aquele que se consegue corrigir, não só porque as perturbações nesta fase são mais violentas, mas ainda porque aí as faltas não constituem objeto de censura, tendo-se, a partir de então, suprimido a assistência de mestres e pedagogos. Quando, pois, os ventos são mais violentos, quando o piloto está sem forças e sem ninguém para assisti-lo, podeis imaginar as proporções atingidas pela tempestade. Depois deste período da vida, vem a maturidade, à qual incumbe a tarefa da administração doméstica; chega então o momento em que o homem se casa, possui uma família, cria filhos, e se vê assaltado pelas espessas nuvens das preocupações. Nesta idade florescem sobretudo a avareza e o ciúme…
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Fonte: São João Crisóstomo, "Homilia LXXXI, sobre o Evangelho de São Mateus, 3.
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